Inuyasha © Rumiko T.
Akira H. © SilverDrops-6593
Nota: Keiko é o nome que encontrei para a mãe da Kagome, já que nunca foi revelado o nome dela nem no manga, nem no anime.
Capítulo 1 – Promete que não vai desistir?
CRASH!!!
Souta se encolheu embaixo da cama, abraçando com mais força o pobre gato da família. O vovô que dormia do outro lado do quarto num colchão, mal se mexeu, e continuou babando pelo canto da boca. E sua irmã nada mais do que suspirou. Ela fazia muito isso ultimamente.
-Eu não consigo entender.-Ele murmurou, enfiando a cabeça pra fora.
Kagome olhou pra baixo. Não se deu ao trabalho de mover a cabeça que descansava sobre seus braços cruzados sobre o travesseiro, enquanto ela deitava de atravessado na cama com os pés pra cima atrás de si, por causa dos limites implicados pela parede.
-O que? Como o vovô consegue dormir enquanto a mamãe destrói o primeiro andar da casa ou como ninguém chamou a policia ainda?
-Não.-O caçula deu uma pausa á espera de mais sons de objetos sendo remessados contra a parede.-Eu não consigo entender porque eles brigam tanto. Pensei que se amassem.
-Você é criança demais pra entender, Souta.-A adolescente deitou a cabeça de lado nos braços.-Você não sabe nem a metade da história.
-Porque você se recusa á me contar.-Defendeu-se o garoto.-Por favor, mana. Eu quero entender.
-Você não vai entender.-A colegial suspirou.
-Por que não? Por que nasci depois e não vi nada?-Ele fez bico.
-E você não sabe o quão sortudo é por isso.-Ela lhe lançou um olhar de canto, antes de descruzar os braços, que penderam pela beirada da cama, e enterrou o rosto no travesseiro.-Vai dormi, vai.
-Mas como?
CRASH!!!
Souta correu se esconder debaixo da cama, batendo a cabeça com força no caminho. Kagome suspirou ao ouvi-lo morder o choro debaixo da cama, então esticou o corpo para a beira e olhou de cabeça para baixo para o irmão escondido.
-Você está bem?
-T-to...
Kagome simplesmente revirou os olhos, e esticou a mão para puxá-lo. O trouxe para a cama e o deitou ao seu lado, acariciando o galo que começava á se formar na cabeça do menino.
-Acha que isso tudo vai acabar bem, mana?-Souta perguntou num fio de voz, começando á sentir-se sonolento com os carinhos gentis de sua irmã.
-Eu não sei Souta, mas você sabe que não podemos fazer muito sobre isso. É um assunto deles.
-Eu sei, mas... é tão difícil assistir sem fazer nada.
-Eu sei.
~*~*~*~*~*~*~*~*___Flash_Back___*~*~*~*~*~*~*~*~
Kagome voltava de mais uma viagem ao passado, acompanhando o irmão caçula que estava por acaso no interior do templo do poço, quando ambos notaram alguém parado diante da Goshinboku, observando os ramos altos com olhares longínquos. Não precisaram observar muito para reconhecerem o 'estranho'. Era quase por instinto. Dispararam em sua direção.
-PAPAI!!!
O homem de cabelos negros e olhos azul-cinzentos sorriu quando avistou a dupla. Perdeu o equilíbrio quando os dois pularam aos risos nele, mas tudo o que importava era saber que seus filhos estavam bem.
-Meus filhos...-Ele murmurou orgulhoso, abraçando Kagome e Souta.-Como cresceram! Olha você Souta! Olha você Kagome!
-Olha você, pai!-Os dois exclamaram juntos.
-Você deixou o cabelo crescer um pouco de novo?-Kagome passou as mãos nos cabelos do pai.
-É, e tirou aquelas costeletas horríveis!-Souta riu enquanto passava as mãos no rosto dele.-Você parecia Elvis Presley depois que você foi embora!
-Você tinha só 3 anos, Souta. Como você lembraria?-A colegial bagunçou os cabelos do irmão.
-Claro que lembro! O papai tava horrível!
Os três caíram na risada.
-Hei pai, mas por que a diferença no visual? Você ta quase do jeito que... que...-Kagome olhou o pai de cima á baixo, o sorriso sumindo.-Do jeito que...
-Que fez sua mãe se apaixonar por mim?-Ele sorriu fraco.-É, eu sei. Eu estava exatamente assim quando a pedi em casamento, exatamente aqui. Eu só queria poder...
-Kagome! Souta! O jantar estará pronto em dez mi...-A Sra. Higurashi paralisou na porta dos fundos, e sua expressão geralmente tão calma e serena, fechou-se numa raríssima carranca de pura raiva.-O que faz aqui, Akira Higurashi?
-Keiko...-Ele murmurou, enquanto Souta e Kagome recuavam como se tivessem levado um choque.
-É Sra. Higurashi pra você.-Ela lançou um olhar severo para os filhos, fazendo-os encolherem-se imediatamente.-Quanto á vocês: já pra dentro. Agora!
Imediatamente os dois correram pra dentro de casa, sem nem olhar pra trás. Souta até pensou em hesitar, mas Kagome o pegou pelo colarinho e o arrastou pra dentro. E ele nem sabe o quão agradecido deveria estar.
~*~*~*~*~*~*~*~*___Flash_Back___*~*~*~*~*~*~*~*~
CRASH!!!
-Só pelo som, esse foi o vaso de mil anos do vovô. Ele vai chorar uma semana inteira quando ele descobrir pela manhã.-Kagome sorriu quando Souta soltou um riso baixo.
-Talvez o resto do mês.-O menino completou.-Mana, posso dormir com você essa noite?
-Está bem, mas só hoje. Você já é crescido demais pra vir dormir comigo por medo de escuro.
-Eu não tenho medo de escuro!
-Monstro no armário?
-Kagome!
-Eu só to brincando, maninho fofo do meu coração!-Imitando uma voz mimada, Kagome abraçou e beijo o rosto do irmão, que esperneou para se afastar.-E monstros debaixo da cama? Ok, parei! Parei!
POW!!!
-Isso foi a porta?
-Do banheiro, eu acho.-Kagome se levantou e foi até a janela, espiado com cuidado para fora.-É, foi a do banheiro.
Foi a vez de Souta suspirar.
-Se ele desistir... não o veremos de novo, não é?
-Ele não vai desistir, Souta.-Kagome se aproximou e abraçou o caçula.-Nunca irá.
~*~*~*~*~*~*~*~*___Flash_Back___*~*~*~*~*~*~*~*~
Era quase 3 da manhã. Duas horas atrás, Keiko entrou ás lágrimas em casa, e agora dormia um pouco mais calma. Ela não sabia que Akira ainda estava lá fora, sob a Goshinboku. E muito menos sabia, que sua filha mais velha saiu de casa com um cobertor, um travesseiro e um prato de comida fria que sobrou do jantar.
-Está com fome? Frio?-Kagome perguntou, parada ás costas do pai sentado diante da árvore sagrada.
-Kagome.-Ele murmurou o nome que havia escolhido para a filha 16 anos atrás.-Como estão?
-Hum?-Ela sentou-se ao lado dele e pediu com um olhar que fosse mais específico.
-Você, Souta, sua mãe, o vovô... Como estão todos?
-Bem... eu acho. Não tem sido exatamente a mesma coisa depois que você partiu.
Akira suspirou.
-Você não tem idéia do quanto me arrependi de ter feito isso, filha.
-Eu ouvi o que você disse pra mamãe.-Kagome sorriu.-Ela chorou por horas, sabia?
-Agora?
-Também, mas depois que você partiu. Horas, dias, quase por meses.
-Eu pensei que ela me odiasse o bastante para comemorar minha partida. Ela só não o fez porque...-Ele arregalou os olhos e passou a mãos nos cabelos.-Oh céus. Souta! Ele havia acabado de... de...
-Sair das fraldas?-Kagome sorriu divertida.-Sabe, pai, não tem como odiar uma pessoa que você amou por tanto tempo. Mamãe não te odeia pelo que você fez, ela só está... ferida.
-Eu sei. E a feri á tal ponto que não tenho certeza se posso recompensar. Eu só queria...-Ele olhou para a Goshinboku.-...uma segunda chance.
Kagome acompanhou o olhar do pai.
-Você me ensinou, pai: nada no mundo vem de graça.
-Sim.-Akira concordou.-É uma pena que elas também não venham menos complicadas e difíceis.
-E quanto mais difíceis, mais recompensador é.-A colegial olhou com um sorriso para o céu.-Você voltou até aqui esperando que a mamãe te perdoasse e permitisse que você fizesse parte de nossas vidas outra vez... Ela não vai dar tudo isso á você de graça.
-Eu sei.
-E por causa disso você vai desistir?
Akira olhou surpreso para a filha. Ela não tinha nem metade de sua idade, e tudo o que ela lhe disse eram muito sábias. Como se ela soubesse o que era lutar para entrar novamente na vida de alguém importante para o coração. Será que sua moçinha havia se apaixonado e sofrido por alguém durante os anos que esteve ausente?
-Kagome. Filha.-Ele pôs a mão no ombro dela.-Você está apaixonada, não é? Sofreu ou está sofrendo por amar alguém?
-Bom...-Ela abaixou os olhos.-Não haveria outra maneira para que eu entendesse o que você está sentindo, não é?
Akira sorriu.
-Amar não é errado pra ninguém, filha. Todos nascem para amar e serem amados. Mas nem sempre é fácil.-Ele olhou para a Goshinboku.-Eu não vou desistir. Não vou desistir da sua mãe, não vou desistir de você e nem vou desistir de Souta. Eu vou lutar para conseguir ao menos o perdão das pessoas que realmente são importantes pra mim: vocês.
-Promete que não vai desistir?
-Prometo.
~*~*~*~*~*~*~*~*___Flash_Back___*~*~*~*~*~*~*~*~
Kagome olhou pela janela, avistando o lugar sob a Goshinboku onde seu pai havia dormido por três dias. Ele estava fazendo de tudo para conseguir o perdão da mulher e dos filhos. Mas condenar era quase tão difícil quanto perdoar, e Kagome sabia que não tinha o direito de interferir na escolha da mãe. Ela foi a que mais sofreu, e tinha o total direito de não permitir que aquele homem voltasse á fazer parte da família.
A colegial olhou para o colo. Souta dormia tranquilamente, pelo menos um pouco mais em silêncio do que o avô. O garoto ficaria arrasado se não tivesse a chance de viver momentos de filho-e-pai com Akira. Ele era pequeno demais para lembrar dos poucos que teve. O vovô não falou muito para ajudar as causas do filho. Ele também sabia que o que ele fez foi errado e que Keiko estava realmente magoada. Talvez ele entendesse melhor que a neta para não defender o próprio filho.
Kagome suspirou.
-"Estamos todos na mesma barca sem remos numa corredeira."-Pensou enquanto ajeitava o travesseiro de encosto á parede e deitou com cuidado, com as mãos sob a cabeça. Ela fitou o teto fracamente iluminado pelo abajur.-"Desde que o papai voltou, três dias atrás, todos estão dormindo no meu quarto. Não é a toa: é o único lugar na casa que a briga parece ser um pouco mais baixa. Meio que invasão de privacidade, mas sei o que é ter que ouvir os pais brigando noites á fio."-Ela olhou para o irmão mais novo. Suspirou mais uma vez.-"Fazer o que?"
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
E aí? O que acham?
Não é minha primeira fanfic, mas também não é lá aquelas coisas. xP
