Spanish Eyes
Carmesim e oliva. Meio-dia de algum dia.
E o sol veria quando os calos dos dedos mergulhassem no emaranhado de cachos desfeitos, uma massa castanha, úmida e quente no topo da cabeça morena. Douraria as dobras expostas, salgaria a pele espanhola, sussurrando que decidisse, quando não havia real diferença.
"Si, si" - o soluço não disse.
As pernas abertas, o suor das coxas tinha o mesmo sal dos olhos febris. O que, então, o que? Se ele sabia que a diferença –a real diferença– estava onde o sol o cegava, onde não podia ver? Sob o carinho dos dedos entre as coxas, fora um gemido ou um grito?
"Ou geme ou chora." - pediria ao sol que não se intrometesse, mas já havia muita gente intrometida.
Era um sorriso que descosturava seu rosto de um canto a outro, então. Carmesim no chão e na pele oliva. O sol queimava a tez lustrosa, brilhava nos cachos eninhados. As unhas marcavam a virilha, ele soluçou uma vez mais.
Não havia sol na Rússia.
"¿Francisco, calmarás este dolor?"
Elvis tocava ao fundo.
