Ostracismo
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Avatar - The Last Airbender pertence a Michael Dante Dimartino, Brian Konietzko e Nickelodeon.
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Os cabelos negros, outrora tão cuidados e brilhantes, agora estão hirsutos, desgrenhados e quebradiços. Os lábios, que já foram tão sedutores e vermelhos, estão maltratados e rachados. Há saliva seca ao redor de sua boca e coriza ao redor de seu nariz. Seus braços, delgados braços que já foram armas graciosamente letais, estão firmemente amarrados em uma camisa-de-força. Seu olhar – outrora perigosamente arguto – é agora opaco; o dourado de seus orbes não mais reluz. Sua mente, que já foi brilhante, está embotada por medicamentos. A antiga expressão perspicaz e calculista está agora arruinada; estupidificada. Carcomida pela insanidade.
Ela, que já foi tão temida e respeitada por seus súditos e inimigos, agora jaz esquecida em uma solitária cela de um sanatório. As chamas azuladas, antes tão perigosas e fatais, são agora trêmulas flamas amarelo-alaranjadas, que irrompem sem controle em ocasionais surtos de fúria.
Ela, que já possuiu legiões inteiras de soldados sob seu comando; que conseguiu derrubar sozinha um reino dito inexpugnável; que quase não possuía adversários à altura. Adorada por seu povo, por pouco tempo ela teve em suas mãos um império. Derrotada pelos oponentes que desprezava, traída por aliados que sempre julgou covardes, ela não agüentou; sua majestade escondia uma mente que transitava sobre o fio de uma navalha, uma frágil psique que por fim ruiu sobre si mesma.
Louca, dizem com pena os médicos, completamente louca.
Sim.
Mas nem sempre.
Por uma pequena janela no alto de uma das paredes de sua cela a luz prateado-dourada do luar se infiltra no recinto. É novamente noite de plenilúnio, como no mês passado, e no anterior, e no outro, e no outro, e no outro.
Como que desperta de um transe, ela volta seu olhar para a Lua cheia. Por uns momentos ela fecha os olhos, ouvindo os segredos sussurrados em seus ouvidos; embalada por uma cantiga de mistérios. Uma canção de luz feita para ela.
Quando ela abre os olhos ambarinos, eles mais uma vez reluzem perigosamente, como nos velhos tempos. A expressão narcotizada dá lugar a sua antiga astúcia.
Seus lábios se curvam em um sorriso perverso.
A princesa se senta ereta em seu colchão puído, e abraçada pela Lua ela espera.
N/A: Meu primeiro, sutil e estranho Yuri. Nem sei o que comentar... Espero escrever mais nesse estilo.
