Bless the Child

"I was born amidst the purple waterfalls.
I was weak, yet not unblessed.
Dead to the world. Alive for the journey.
One night I dreamt a white rose withering,
a newborn drowning, a lifetime loneliness.
I dreamt all my future, relived my past
And witnessed the beauty of the beast"

("Eu nasci cercado por cascatas roxas

Eu era fraco, mas não impuro

Morto para o mundo. Vivo para a jornada

Uma noite sonhei com uma rosa secando

Um recém-nascido sufocando uma solidão eterna

Sonhei com todo o meu futuro. Revivi meu passado

E testemunhei a beleza da fera")

Ouviu um grito ecoar pelo quarto, seguido por muitos gemidos de dor.

- Está quase vindo, só mais um pouco – disse uma mulher de branco aos pés da cama – De novo, Milene, agora!

- SHAKAAAAAA – ela gritou por ele, mas ele não podia segurar a sua mão, não podia limpar suas lágrimas, não podia nem ao menos lhe dar um beijo e dizer que estava tudo bem.

Então um choro de bebê preencheu todo o ambiente.

- É um lindo e perfeito menino – disse a médica mostrando o bebê para a mãe – Logo vocês dois vão poder ficar as sós – completou entregando o recém-nascido para uma enfermeira.

Where have all the feelings gone?
Why has all the laughter ceased?

Why am I loved only when I'm gone?
Gone back in time to bless the child

How can I ever feel again?
Given the chance would I return?

(Para onde foram todos os sentimentos?

Por que as risadas cessaram?

Por que só sou amado depois que parti?

Voltei no tempo para abençoar a criança

Como posso algum dia sentir novamente?

Dada a chance, eu voltaria?)

Ele sorriu enternecido pela presença de seu filho, tinha lágrimas nos olhos. Queria tanto pegá-lo no colo, abraçá-lo, contar histórias... Mas nada daquilo seria possível. Não poderia nem ao menos vê-lo crescer, dizer suas primeiras palavras, dar seus primeiros passos... Só lhe foi permitido voltar para abençoá-lo.

Foi até a sua esposa e tentou acariciá-la, mas sua mão trespassou o rosto dela. Retirou-a imediatamente e seguiu a enfermeira.

Why am I loved only when I'm gone?
Gone back in time to bless the child
Think of me long enough to make a memory
Come bless the child one more time

(Por que só sou amado depois que parti?

Voltei no tempo para abençoar a criança

Pense em mim o suficiente para ter uma lembrança

Venha abençoar a criança mais uma vez)

Ao sair do quarto, viu seus pais e seu irmão na sala de espera. Torceu o nariz. Se pudesse impedir que qualquer um deles chegasse a menos de três metros de seu filho, o faria. Um deles era o responsável pela sua desgraça e jamais os perdoaria.

E agora eles estavam ali, fingindo que se importavam, fingindo que sentiam por ele não poder estar ao lado de sua esposa naquele momento.

Talvez eles o amassem agora que estava morto, mas era tarde demais.

I've never felt so alone in my life
As I drank from a cup which was counting my time
There's a poison drop in this cup of Man
To drink it is to follow the left hand path

(Nunca me senti tão sozinho em minha vida

Enquanto bebi um cálice, estava contando meus dias

Há uma gota de veneno neste cálice do homem

Beber nele é seguir o caminho da mão esquerda (?))

Eles nunca tinham lhe perdoado por abandonar a Índia para ficar com uma estrangeira, não entendiam o que era o amor.

Estava com medo de que eles tentassem algo contra Milene. Apesar de ser com uma estrangeira, seu filho ainda era um filho homem e pertencia a uma casta na Índia e não seria de se estranhar se eles tentassem levá-lo.

Pois que tentassem logo, Milene era o terror dos tribunais, a juíza mais influente da Grécia e uma vez recuperada do parto, jamais deixaria seu filho nas mãos da família do marido.

Why am I loved only when I'm gone?
Gone back in time to bless the child
Think of me long enough to make a memory
Come bless the child one more time
Think of me long enough to make a memory
Come bless the child one more time

(Por que só sou amado depois que parti?

Voltei no tempo para abençoar a criança

Pense em mim o suficiente para ter uma lembrança

Venha abençoar a criança mais uma vez

Pense em mim o suficiente para ter uma lembrança

Venha abençoar a criança mais uma vez)

Acompanhou enquanto a enfermeira banhava, vestia e levava o pequeno bebê para o berçário e foi lá que ele abriu os olhinhos pela primeira vez. Eram azuis, como os do próprio Shaka, mas o tufo de cabelo era castanho, assim como os de Milene.

O pequeno mal abriu os olhos e os focou no lado em que estava Shaka, estendeu uma mãozinha e soltou uma risada gostosa.

O indiano estava pasmo, seu filho podia vê-lo e estava tentando tocá-lo. Estendeu uma de suas mãos e o bebê tentou agarrá-la, mas quando viu que sua mãozinha trespassava a imagem que via, ele riu de novo.

"Where have all the feelings gone?
Why is the deadliest sin - to love as I loved you?
Now unblessed, homesick in time,
soon to be freed from care, from human pain.

("Para onde foram todos os sentimentos?

Porque o pecado mortal é amar como eu amei?

Agora impuro, com saudades de meu antigo lar

Prestes a ser livre de atenção, de dores humanas.)

Então era verdade. Crianças tinham mesmo o dom de ver o mais do que os adultos. Só elas, em sua inocência se permitiam ver o que estava além das coisas materiais, simplesmente porque crianças não sabem que aquilo o que vê não é material, não sabem nem o que é material e ninguém lhes ensinou ainda que não é possível ver o que está além de seu mundo.

Shaka sorriu enternecido.

- Lembre-se meu filho – ele disse vendo o bebê ficar sério – Sem inocência, a esperança é apenas ilusão e o amor nada mais é do que uma palavra. Acredite no amor e nunca perca a sua inocência, daqui a pouco você não poderá mais me ver, e nem ao menos se lembrará do meu rosto, mas as minhas palavras sempre estará na sua mente, não é?

O pequeno soltou mais uma gargalhada gostosa e tentou agarrar os fios dourados que pendiam da imagem, mas suas mãos sempre atravessavam a imagem, e ele parecia se divertir com isso.

Inocência.

Shaka sorriu, sua mulher estaria em boas mãos.

My tale is the most bitter truth:
Time pays us but with earth & dust, and a dark - silent grave.
Remember, my child: Without innocence the cross is only iron,
hope is only an illusion & Ocean Soul's nothing but a name...

(Minha história é a mais amarga verdade:

O tempo nos paga com terra e pó e um túmulo escuro e silencioso

Lembre-se, minha criança: Sem inocência a cruz é apenas ferro,

Esperança é apenas uma ilusão e a alma do oceano não é nada além de um nome...)

Voltou ao quarto onde Milene repousava. Ela estava de olhos fechados e parecia cansada.

Ele aproximou-se da cama e simulou um beijo na testa da amada.

- Temos um filho abençoado. Cuide bem dele, pois ele cuidará bem de você. Eu te amo – sussurrou em seu ouvido.

- Shaka... – ela murmurou.

Não, ela não fora capaz de ouvi-lo, estava apenas sonhando, mas tinha certeza de que ela seria uma mãe extraordinária.

Saiu do quarto e voltou para a sala de espera, olhou bem para a sua família e suspirou.

- Eu não os perdoo, mas meu filho um dia o fará. Apenas quando esse dia chegar, vocês serão abençoados, até lá, vocês não são melhores do que os párias que vocês tanto odeiam.

The Child bless thee & keep thee forever"

(Que a criança te abençoe e guarde para sempre)

XXXXXXxxxxxXXXXX

N/A: Oies!

Eu sei, a música não combinou muito, mas foi a melhor que eu achei t.t

É Bless the Child, do Nightwish.

Podem me bater, sei que ando sumida x.x Talvez agora que os vestibulares acabaram eu possa voltar para cá... Pelo menos por dois meses x.x

Pure, minha gatinha de rua, feliz níver! Tudo de bom pra vc e pra sua família.

A todos aqui do FF, um Feliz Natal, Ano Novo excelente e que possamos nos encontrar aqui por mais tantos anos, que um dia nossos filhos nos perguntarão "quem são essas pessoas com quem você tanto se relaciona?" e nós responderemos "são as pessoas mais maravilhosas que eu tive o prazer de conhecer".

Obrigada por fazerem desses três anos e meio que estive aqui, os melhores da minha vida.

Amo muito vocês,

Bjkas!