"Os olhos são as janelas de nossa alma", lembro-me até hoje do dia no qual meu mentor me direcionou essas palavras. Na época, esse pensamento pareceu-me estranho; afinal, como poderia uma alma ter janelas? Sim, eu tive esse típico e limitado pensamento infantil, já que ainda contava com a idade de 6 anos - penso eu, que não era tão brilhante quanto me taxavam.
Admito que, por longos anos, permaneci com a idéia de que essa frase era vinda de uma mentalidade idiota, e estava convicto de que nada poderia mudar minha opinião. Bem, o estava até que o encarei - possa essa parecer uma frase clichê ou não. Quando o observei, não pensava em nada disso, apenas o estudava ingenuamente; e até hoje penso em quem de nós era o mais ingênuo, eu ou ele.
Com seus cabelos negros e desalinhados, fundas olheiras e sorriso torto, ele me lembrava de alguém que mais tarde eu perceberia ser eu. Uma semelhança estranha, anormal e absurda. Estranha como nossos vícios. Anormal como o que alguns me consideravam. Absurda como o modo que ele agia, como ele.
Depois, eu descobriria que essa não era a melhor palavra para descrevê-lo. Não, de longe a melhor era... Psicótico. Completamente psicótico. Perseguidor de uma sombra e obcecado pela idéia de alguém. E mais uma vez eu me depararia com a resposta de que esse alguém era eu.
Por quê? Qual o motivo de tudo isso se nunca nos vimos? Qual o motivo de tal loucura e moléstia se me conhecera apenas por nome, e ainda, profissional? E, então, mais uma descoberta foi feita.
Ele não me conhecia apenas por nome. Ou melhor, não pelo que todos me chamavam. Não. Ele conhecia meu verdadeiro nome, aquele que eu nunca revelara a ninguém; e que eu tinha inclusive dúvidas se era o real, o original. Mas ele sabia, ele tinha certeza que aquele era o nome certo, porque me estudara e sabia segredos sobre mim que até eu mesmo desconhecia.
Assim, descobri que vivia na mesma cidade que uma cópia minha, e que ela queria me superar. Se eu gostava de doces, ele os amava. Se eu sentava de modo estranho, ele o fazia de modo bizarro. Sempre tentando transformar o próprio original no falso, contudo, eu sabia que isso seria impossível desde a primeira vez que o vi.
Seus olhos, ao contrário dos meus, eram vermelhos. Tão rubros quanto o sangue que ele libertava do corpo de suas vítimas, e tinha tanto orgulho de exibir em manchas por suas roupas. Tão vermelhos quanto seu doce preferido, que eu descobri ser, geleia de morango. Tão vermelhos quanto à tinta da caneta que riscara seu nome na lista do local de onde eu vinha. E tão cruéis e vis quanto à alma corrompida do dito ser.
Olhos que me perseguiriam em meus mais belos sonhos e mais profundos pesadelos.
'Extremos opostos' era como nos demarcavam. Eu era o bem, ele era o mal. Eu era a justiça, ele era o réu. Eu era o detetive, ele era o criminoso.
Eu era L, ele era B.
– Apesar disso, seus olhos vermelhos... Eram tão parecidos com os meus.
Por que eu sabia que, na verdade, não era ele que queria ser eu. Era eu que queria ser ele.
N/A: Hey! Tudo bem com vocês?
Espero que gostem da fic, nee? Geehe (risada do Gajeel).
Os personagens não me pertencem, infelizmente.
Beijos,
DBS.
Ps.: "Kare no me" significa "seus olhos". A fic tem esse nome devido à frase no final dela e ao que ela fala, basicamente.
