Disclaimer: Os personagens nesta fic são todos de Teen Wolf, mas a fic é toda Universo Alternativo, então nada de lobisomens e caçadores. Só usei os personagens pq a personalidade e os atores são lindos demais... E tirando a Mel, nenhum personagem aqui me pertence. Infelizmente.

Ah, a fic é slash, ou seja relacionamento homoafetivo entre dois homens, no caso Derek e Stiles. Não gosta, não leia! Gosta, então leia, comente e faça uma autora feliz XD

Stiles estava parado na porta do quarto há pelo menos 10 minutos olhando a bagunça que parecia ter sido provocada por um pequeno furacão. Respirou fundo e entrou no cômodo, abaixando-se para recolher do chão os brinquedos e roupas espalhados por todo lado.

Abriu o baú de madeira feito por seu pai e guardou as oito Barbies que achou pelo caminho, o dinossauro cor de rosa, a boneca da Tinker Bell, algumas panelinhas, uma jarra, duas bolas da Hello Kitty e uma caixa de legos. Colocou os livros infantis na prateleira acima da escrivaninha colorida e as roupas sujas na cesta de plástico que levaria para a lavanderia.

Só então alcançou a janela e abriu as cortinas cor de rosa. Uma coisinha pequena reclamou, embolada no edredon florido sobre a cama de grade amarela.

- Hmmm, pai... Só mais um pouquinho...

Ele sorriu para o nada, pensando o quanto aquela coisinha loira, agora sentada na cama, coçando os olhinhos e com o cabelo desgrenhado, era preguiçosa.

- Nada disso, moça! Hora de levantar. Hoje você tem dever de casa especial, lembra?

- É hoje que eu vou pra clínica do Tio Scott? – o tom de voz da garotinha mudou completamente – por que não me chamou antes? Poxa, pai, eu quero que o meu dever seja o melhor da escola! E olha a hora – ela apontou para o relógio em forma de borboleta em cima da mesinha de cabeceira – Nem vai dar para aproveitar direito.

Ela saltou da cama, tentando arrancar a camisola pela cabeça e depois balançando os pés para se livrar das meias. Abriu a porta do guarda-roupa procurando o que vestir, mas Stiles já havia se adiantado.

- Sua roupa está ali na cadeira, Melanie. Vou pra cozinha preparar seu cereal. Não demore.

Ela olhou para onde o pai apontava e sorriu: a calça verde preferida, a blusa listrada de lilás e branco e os tênis brancos com estrelinhas amarelas. Se tinha uma coisa que Melanie gostava em seu pai mais do que tudo é que ele sempre a deixava se vestir de "colorido". Assim que se vestiu, a garota foi até a cozinha, levando a escova de cabelo e uma gominha.

Enquanto comia o cereal, Stiles penteava seu cabelo e o prendia num rabo de cavalo. E em cinco minutos eles saíam de casa, entrando no velho jipe azul e seguiram para o centro da cidade, onde a garota faria o tão esperado dever de casa.

Enquanto ouvia tudo o que ela tinha a dizer e comentar sobre as pessoas na rua, sobre o trânsito, sobre as aventuras de seus colegas de escola e suas bonecas preferidas, Stiles pensava em como uma criatura tão pequena podia ter mudado tanto a sua vida.

Há cinco anos, ele teve um envolvimento muito conturbado com Erica. Uma moça bonita, mas um tanto rebelde. Erica engravidou quando estavam terminando a High School e desapareceu da cidade assim que Melanie nasceu, deixando a garota para que Stiles criasse. Ele ainda tentou levar uma vida normal, mas criar Melanie, trabalhar e estudar eram coisas difíceis de conciliar. Por fim, trancou a faculdade e conseguiu um emprego de analista comercial, podendo trabalhar em casa apenas analisando as variações dos mercados de valores.

Seu pai ajudava como podia, em geral paparicando a neta que ganhou o nome da avó e que, segundo o xerife Stilinski também tinha os olhos da mãe de Stiles. Olhando a menina ali, sentada a seu lado no carro que ela vivia dizendo que estava na hora de trocar, ele pensava que estava conseguindo fazer um bom trabalho.

Quando chegaram à clínica em que Scott trabalhava, Melanie era pura excitação. Arregalava os olhinhos e torcia as mãos ansiando pelo dever. Stiles abriu a porta da frente e a sineta fez Scott sair para a recepção.

- Tio Scott! – a menina gritou, correndo para se jogar nos braços do padrinho.

- Oi Mel! Estava esperando você.

- Pois é, meu pai não me acordou antes. Por isso demorei.

- Mas vamos ter tempo de sobra para fazer o seu dever.

- Quem é ele? – ela apontou para o rosto moreno de olhos claros que apareceu, sorrindo discretamente, atrás de Scott.

- Ah este é o meu sócio, Mel. O nome dele é Derek Hale.

- Prazer, Derek. Eu sou Melanie Stilinski. Mas sócio, tio Scott? Eu não sabia que você era sócio, achei que fosse veterinário.

- Eu sou veterinário, Mel. – Scott respondeu, sorrindo para a afilhada – Mas quando digo que eu e Derek somos sócios, significa que nós dois trabalhamos juntos aqui.

- Scott, eu tenho que ir ao mercado. Volto em meia hora para buscar a Mel. Espero que ela não cause problemas. – Stiles falou, querendo sair dali o mais rápido possível. Havia esquecido que Derek Hale era sócio de Scott. E havia esquecido mais ainda o quanto ele era bonito.

- Sem problemas! – Scott respondeu ao melhor amigo, e virando-se para a garotinha ainda em seu colo falou - Vou mostrar tudo na clínica para você e depois a gente senta e conversa sobre o seu animal preferido, ok, Mel?

Assim que Stiles saiu, Scott começou a explicar para Melanie como a clínica funcionava e nem cinco minutos se passaram, seu celular tocou. Ele pediu licença e saiu para atender, pelo vidro transparente que separava a recepção do consultório, dava para notar que a ligação era séria.

- Algum problema? – Derek perguntou, vindo da área de pet shop.

- A Louise tá sentindo dores de novo e Mr. Randall está com medo que os filhotes não sobrevivam. – Scott apertava as têmporas de olhos fechados.

- Você vai ter que ir ver. Nós sabíamos que ela não ia aguentar ter dois de uma vez. É uma vaca pequena apesar da raça.

- Eu sei, mas o que faço com a Mel? Não posso arrastá-la até a fazenda comigo. Eu sei que ela iria adorar, mas não sei quanto tempo vou ficar lá.

- Eu fico com ela. O pai dela disse que volta logo, certo? O que pode acontecer em vinte minutos com uma criança de cinco anos? – Derek sorriu e deu um tapinha no ombro de Scott.

Se ele soubesse que o celular de Scott tocaria novamente, com um Stiles desesperado porque o carro havia quebrado em cima de uma ponte e ele não podia deixar o veículo antes do reboque chegar, avisando que demoraria mais do que o previsto, talvez não tivesse sido tão prestativo com o sócio.

Scott achou melhor não comentar que havia deixado a afilhada sozinha com Derek Hale na clínica para não deixar Stiles ainda mais nervoso. Acreditava mesmo ser capaz de resolver o problema de Louise e voltar para a clínica antes de Stiles aparecer para buscar Melanie.

Enquanto isso, na clínica, Melanie ouvia todas as explicações que Derek dava sobre o trabalho de veterinário e aceitou feliz quando ele ofereceu para anotar os detalhes que ela achava mais interessante. Depois de uns quinze minutos, ele ofereceu a ela um suco e os dois se sentaram na pequena cozinha do local em silêncio.

- O que o tio Scott foi fazer mesmo? – ela perguntou, limpando a boca com as costas da mão.

- Ele foi cuidar da Louise, a vaca de um amigo nosso, que está com problemas para ganhar os bezerrinhos que está esperando.

- Ah, mas por que ela precisa de ajuda? Ela não dá conta sozinha?

- Bom, Mel, você sabe como um bezerrinho nasce?

- Eu sei que vacas não botam ovos. A senhorita Morell nos contou que existem bichos que botam ovos e bichos que tem filhotes na barriga, igual gente. As vacas são assim. Não é?

- Isso mesmo. E o normal é que as vacas tenham apenas um bezerrinho de cada vez. Mas a Louise vai ter dois.

- Nossa, para que tudo isso?

- Não sei, realmente não sei, Mel. – ele respondeu, rindo do jeito prático da menina – Mas do mesmo jeito que nascem crianças gêmeas, nascem bezerrinhos gêmeos. E coelhos, cachorros, gatinhos. E a Louise é uma vaca pequenininha para a espécie dela. Então o seu tio Scott vai lá dar um remédio para tirar a dor e ajudar os bezerros a nascer.

- Por que o dono dela não chamou uma ambulância e levou ela pro hospital?

- Não existe ambulância e hospital para bichos, Mel.

- Ah devia existir. Se existe médico de animal, devia existir hospital também. Você e o tio Scott podiam abrir um.

- Vou pensar na sua ideia, ok? Agora vamos, ainda temos que terminar seu trabalho. O Scott me disse que você precisa aprender tudo sobre o seu animal preferido. E qual é ele?

- Cachorros. Eu adoro cachorros. Mas não é qualquer um não, eu amo mesmo aqueles grandes, de pelo amarelo, que sabem nadar.

- Labrador?

- Isso! Labrador. Você já cuidou de um? – os olhinhos dela eram vivos e curiosos.

- Bom, acho que hoje é seu dia de sorte, Dona Melanie Stilinski. Eu estou cuidando de um labrador hoje mesmo. Ou melhor, uma cadela da raça labrador. Quer ver?

E ele não precisou convidar duas vezes, pois ela já havia saltado do banquinho e perguntava onde estava o animal.

Derek limpou as mãos, vestiu seu jaleco novamente e seguiu com a garota para uma sala mais afastada. Deitada sobre uma espécie de caixa plástica, forrada com um pano branco, estava a cachorra, um pouco sonolenta.

- Venha aqui, Mel, pode chegar perto que ela é mansinha. O nome dela é Princesa Léia. E ela, assim como a Louise, também vai ter filhotes em breve.

- Por isso a barriga dela está tão grande?

- Isso, e por isso ela parece tão cansada. Já deve estar nos dias de ganhar. O dono dela precisou viajar a trabalho, e como não podia deixa-la sozinha, trouxe para cá. Nós estamos cuidando dela há três dias. Ela é uma boa garota.

Ele acariciava a orelha da Princesa, que deixava a cabeça pesar na mão do veterinário.

- Posso fazer carinho nela?

- Claro. Primeiro deixa ela cheirar a sua mão. Assim. Agora pode fazer carinho. Se quiser, coloca a mão na barriga para tentar sentir os cachorrinhos mexerem.

A menina obedeceu e colocou a mão na lateral da barriga da cachorra. Mas quando mexeu os dedinhos, Princesa Léia soltou um ganido e ela pulou, assustada.

- Eu não fiz nada. Só encostei de levinho.

- Eu vi, Mel. Não se preocupe. Mas alguma coisa está fora do normal.

- Ah com certeza, porque tem uma coisa nojenta e gosmenta saindo aqui da... do... desse buraquinho aqui de trás. – ela apontou para o rabo da cadela, com uma expressão mista de nojo e curiosidade.

Derek foi observar o que a menina havia mostrado e se alarmou. Princesa Léia estava entrando em trabalho de parto, três dias antes do previsto. Ela ganiu de novo, agora mais alto e começou a se inquietar, querendo levantar, mas sem aguentar muito bem o próprio peso.

- Ótimo! Vamos ter que ajudar aqui a Princesa. – o veterinário olhava o relógio, percebendo que o pai de Melanie estava atrasado e torcendo para ele chegar antes que tivesse que deixar a garota sozinha para poder fazer seu trabalho.

- Onde você quer que eu me sente e fique quieta? – Mel perguntou, a expressão infantil levemente preocupada.

- Como é? – Derek pensou se havia dito suas preocupações em voz alta.

- Bom, é que sempre que quero ajudar meu pai em alguma coisa ele me fala "quer me ajudar, então senta ali e me espera quietinha".

O comentário arrancou uma risada involuntária de Derek, que balançou a cabeça e teve uma ideia.

- Mas eu não sou seu pai e hoje eu preciso de uma enfermeira. Será que você pode ser a minha enfermeira hoje, Mel? Quem sabe, se você for bem, quando eu e seu tio abrirmos o hospital de bichos, você vem trabalhar com a gente.

Os olhos da menina brilharam de emoção. Ela assumiu um ar sério e responsável e balançou a cabeça concordando.

- Ótimo. Então, primeiro vamos lavar as mãos. Depois você vai vestir o jaleco do seu tio e me ajudar a pegar alguns panos limpos.

Minutos depois, estavam os dois ao lado de Princesa, que já não parecia tão inquieta. O primeiro filhote já começava a nascer e enquanto Derek vigiava os sinais vitais da cadela, Mel conversava com ela, falando em voz baixa que tudo ia ficar bem. O veterinário havia dito que toda boa enfermeira sabe acalmar seus pacientes, e a menina se empenhava nesta função.

No fim de quase duas horas, Stiles chegou na clínica e encontrou sua filha toda orgulhosa. Princesa Léia já tinha dado a luz a três filhotes, fortes e saudáveis. E ela se sentia uma verdadeira enfermeira.

- Me desculpe, mesmo! – Stiles falava para Derek, segurando Melanie no colo, as bochechas coradas de vergonha – Não sei o que aconteceu. De verdade, eu estava a caminho do mercado quando uma nuvem de vapor começou a sair do capô e eu encostei o carro e depois ele não ligava mais, aí acabou o sinal do celular e eu tive que andar até uma curva para chamar um guincho e ligar para o Scott e... Onde está o Scott? Bom, não importa, depois eu falo com ele.

- Está tudo bem! – Derek interrompeu, achando graça na falação de Stiles. – Melanie foi uma excelente companhia e me ajudou muito aqui na clínica.

- Derek, meu pai pode ver os filhotes da Princesa? – ela entrou no meio da conversa.

- Bom, se ele quiser.

- Pai, você precisa ver. Eles são lindos! O meu preferido eu acho que passou do ponto, mas ainda assim parece ser o mais esperto.

- Passou do ponto? – os dois homens perguntaram praticamente ao mesmo tempo.

- É, oras. A Princesa é amarelinha, e o filhote dela é todo marrom escuro, parece que assou demais, igual um bolo de chocolate.

- Ah Mel, labradores são assim mesmo. Podem ter filhotes amarelinhos, marrons e até pretos. – Derek explicou paciente, indicando o caminho para que Stiles fosse ver os filhotes.

Mel explicava qual deles nasceu primeiro, como ela ajudou o veterinário e como tinha se tornado amiga da Princesa. Stiles prestava atenção na filha e sorria para ela, orgulhoso daquele pingo de gente que ele criava.

Sentia os olhos de Derek sobre sua nuca, enquanto estava abaixado, acariciando a nova mamãe e fazia força para se concentrar em qualquer coisa que não fosse aquela sensação de estar sendo observado.

Quando olhou o relógio, levantou apressado, chamando Melanie para ir embora se não quisesse se atrasar para a escola.

- Volte mais vezes, Mel. Você é agora uma enfermeira honorária da clínica, ok? – Derek brincou, abaixando-se para ficar na altura da garota e esticou a mão para cumprimenta-la.

Ela, por sua vez, ignorou as formalidades como toda criança ignora e jogou os braços ao redor do pescoço do veterinário, que quase caiu para trás. Ela deu um abraço apertado, um beijo estalado na bochecha e respondeu:

- Ah eu volto. Você é quase tão legal quanto meu tio Scott.

- Quase tão legal? – Derek fingiu estar indignado.

- É, quase. É que meu tio me leva para tomar sorvete e brinca de barbie comigo. E ele também carrega meu pai para uns lugares de gente grande para ele destressessar.

- Desestressar, Mel! – Stiles corrigiu, rindo e balançando a cabeça para esconder o constrangimento.

- Isso. Ele passa lá em casa na sexta a noite, eles saem, eu fico com meu vô assistindo desenho e no sábado meu pai nem parece ele mesmo.

- Bom, vamos mudar de assunto. Hora de ir embora, dona Melanie. Obrigado mais uma vez, Derek. E desculpe pelo furacãozinho aqui.

Ele já abria a porta da clínica para Melanie passar quando Derek acenou para ele com um gesto de cabeça e um sorriso e falou para a menina:

- Mel, o convite tá feito. Quem sabe você não aparece aqui amanhã para ver os outros filhotes da Princesa? E pode trazer uma das barbies para conhece-los também. E sexta eu passo na sua casa com um pote de sorvete de chocolate para você e levo o seu pai para desestressar em algum lugar. Afinal, não posso perder para o Scott, né?

Stiles soltou a porta, arregalando os olhos para aquela conversa. A porta voltou, batendo em seu dedo e ele só não falou um palavrão porque Melanie estava perto. O dedão inchou na mesma hora e ele recusou a ajuda para fazer um curativo, saindo da clínica antes que sua filha aprontasse mais alguma coisa que o deixasse ainda mais envergonhado.

Quando entrou no carro emprestado pela oficina que estava cuidando do jipe, depois de ajeitar Melanie em seu assento e colocar o cinto de segurança nela, ouviu Derek Hale gritando da porta:

- Te espero amanhã, Mel. As 9 horas, ok?

- Perfeito! – a menina respondeu pela janela – Enquanto isso você pode falar com o Tio Scott e descobrir onde ele leva meu pai nas sextas-feiras. O Tio Scott conhece meu pai muito bem.

E ele não esperou para ouvir a resposta do veterinário, ligou o carro e arrancou dali, quase cantando pneus.