Não pude evitar por algumas expressões em inglês. Pra mim, é inevitável escrever/visualizar nossos personagens dialogando sem que seja em sua língua nativa. Mas me segurei bastante e reduzi ao máximo. Boa leitura, guys!

- Rizzoli & Isles, infelizmente, não me pertence. Direitos reservados a TNT, JTam e Tess Gerritsen.


Chapter 1

Boston – Estados Unidos, 1992.

Nos noticiários de todas as televisões da região se repercutia o assassinato de um dos membros de uma família simples, descendentes de italianos. Charles Hoyt, O Cirurgião, como era chamado, havia feito mais uma vítima. Seu trabalho, no entanto, havia sido interrompido pelo jovem promissor, policial Vincent Korsak.

O cenário gritava toques de Hoyt. Francesco "Frank" Rizzoli sentado em um dos sofás, mãos e pés amarrados e garganta perfeitamente cortada. Não que houvesse uma grande bagunça no local. Charles era, no mínimo, cauteloso. A sensação de êxtase que sentia em suas veias enquanto o brilho de medo transparecia nos olhos de suas vítimas, lhe causava orgasmos mentais. Angela Rizzoli havia sido estuprada. Felizmente ou não, estava inconsciente na maior parte do processo.

Era apenas a quarta família na série de assassinatos em Boston. Infelizmente, Hoyt encontrou a figura magra, trêmula, de cabelos longos, pretos e cacheados. A pequena garota de nove anos o encarava com um medo genuíno, que contrastava com a intensidade dos olhos castanhos.

"Ah... Jane!" – A voz distinta de Charles ecoou na sala antes de tudo acontecer como um borrão negro, doloroso e confuso.

Dois tiros; E a luz a cegou.


Lyon – França, 1992.

Pequenos dedos batucavam delicadamente a mesa de madeira velha e mal cuidada. Os fios de cabelo loiros presos numa fita e o vestido num tom rosa claro. Os nove anos não lhe faziam jus à extrema beleza e inteligência da garota que sentia o coração acelerar, sem querer, cada vez que a "Miss Happiness" aparecia em sua visita mensal. Os olhos claros, num tom caramelizado, atentos - Suplicantes, no fundo. Na noite anterior, havia ido para o quarto mais cedo: Olhara para as outras meninas e as viu rezar. Franziu o cenho, olhando para as próprias mãos e um pouco sem jeito, juntou-as numa tentativa de imitar as colegas de quarto. Fechara os olhos por alguns segundos, suspendeu a respiração e esperou. Nada. Nenhuma palavra. Balançou a cabeça, dando de ombros em seguida e fora deitar.

Sabia que a "Miss Witch" olharia os dentes e as unhas. Apontaria e xingaria aquelas que não estivessem bem cuidadas. Pobre dessas! Teriam que lavar os banheiros dos dormitórios masculinos. Mas a pequena Maura cuidava-se e preocupava-se em não dar trabalho. Fazia suas tarefas, ajudava as outras mulheres e obedecia, ainda que, por algum tempo, a "Miss Happiness" não a notasse.

Não naquele dia.

"Miss Hapiness" na verdade, era assistente social que buscava algumas crianças para casais que desejavam adotar crianças mais velhas. A "Miss Witch" era só aquela que se fazia ranzinza e intolerante a fim de manter o Orfanato nas rédeas. Mas isso Maura só soube depois.

O casal Isles, de classe alta, havia passado anos desde o casório na tentativa de ter um bebê. Frustrados após os abortos que Constance sofreu, decidiram pela adoção. Para Maura, que esperava por isso há anos, era mágico. No entanto, poucos meses após se mudar para a grande mansão de seus novos pais, a pequena dos cachos dourados percebera que não era tão diferente do Orfanato. Tinha uma cama maior, um quarto só pra si. Brinquedos, piscina, jardim. Não havia aquelas garotas maiores que zombavam e batiam. Não havia a "Miss Witch", nem a comida mal cozida. Mas a falta de carinho permanecia. O vazio de um abraço, um olhar, um carinho. Seus pais viajavam periodicamente e cada vez mais era raro vê-los juntos. Logo, Maura conheceu os livros. Interessou-se pela literatura, pela ciência, pela arte. Encantou-se pela moda e enxia-se de curiosidades que lhe surgiam durante as noites. Distanciou-se das pessoas e exiliou-se no quarto. Como boa garota, não fazia barulho. Não interrompia conversas; Não chamava atenção. Quando caía, ao brincar com alguns pássaros na varanda, segurava o choro e escondia a ferida. Cuidava-se sem ajuda. O escuro não fazia parte da lista de seus medos e nomes científicos extensos eram seus amigos.