Esta fic é uma ADAPTAÇÃO do livro A Rainha da Fofoca, da Meg cabot. Portanto, a história não me pertence, assim como os personagens de Naruto também não.
CAPÍTULO 1
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Não dá para acreditar. Não acredito que esqueci como é a cara dele! Como é que posso ter esquecido a cara dele? Quer dizer, a língua dele já entrou na minha boca. Como é que eu pude esquecer a cara de alguém cuja língua já entrou na minha boca? Até parece que existem muitos sujeitos que já enfiaram a língua na minha boca. Só foram, tipo, três.
E um deles foi no Ensino Médio. E o outro descobriu que era gay.
Meu Deus, que coisa mais deprimente. Tudo bem, não vou pensar sobre o assunto agora.
E também não faz assim TANTO tempo que a gente se viu pela última vez. Só faz três meses! Qualquer um esperaria que eu me lembrasse da cara de alguém com quem estou saindo há TRÊS MESES.
Mesmo que, sabe como é, nós tenhamos passado a maior parte desses três meses em países diferentes.
Ainda assim. Eu tenho a foto dele. Bom, tudo bem, não dá para ver a cara dele, já que é uma foto da... ai meu Deus... bunda dele, pelada.
Por que alguém manda uma coisa dessas para outra pessoa? Eu não pedi uma foto da bunda pelada. Era para ser erótico? Porque não foi, de jeito nenhum.
Mas vai ver que o problema sou eu. Ino tem razão, preciso parar de ser tão inibida.
Mas é que foi mesmo muito chocante encontrar na caixa de entrada do meu e- mail uma foto enorme da bunda do meu namorado.
E, tudo bem, eu sei que era só brincadeira, dele e dos amigos. E eu sei que Ino diz que é uma coisa cultural, e que os britânicos se sensibilizam muito menos com a nudez do que a maior parte dos americanos, e que, enquanto cultura, nós deveríamos nos esforçar para ser mais abertos e mais desencanados, como eles.
Além do mais, ele também deve ter pensado, como a maioria dos homens pensa, que a bunda é seu melhor atributo.
Mas, mesmo assim...
Certo, não vou pensar sobre o assunto agora. Vou parar de pensar sobre a bunda do meu namorado. Em vez disso, vou procurá-lo. Ele tem que estar aqui, em algum lugar, ele jurou que viria me buscar...
Ai, meu Deus, aquele ali não pode ser ele, pode? Não, é claro que não. Não, claro que não é. Por que ele estaria usando uma jaqueta daquelas? A menos que esteja sendo irônico. Ou que seja o Michael Jackson, é claro. Ele é o único homem que me vem à mente que usaria couro vermelho com ombreiras. A menos que fosse um dançarino de break profissional.
NÃO PODE ser ele. Ai, meu Deus, por favor, não permita que seja ele...
Ai, não, ele está olhando para cá... está olhando para cá! Olhe para baixo, olhe para baixo, não faça contato visual com o sujeito de jaqueta de couro vermelho com ombreiras. Tenho certeza de que ele deve ser um homem muito simpático, é uma pena que precise comprar casacos de segunda mão dos anos 1980 no Exército de Salvação.
Mas eu não quero que esse cara descubra que eu estava olhando para ele, vai achar que eu estou afim ou algo do tipo.
Não que eu tenha preconceito contra quem mora na rua, não tenho: sei como alguns de nós estamos a apenas certos salários de distância de nos tornarmos sem-teto. Alguns de nós, aliás, estão a menos de um salário de nos tornarmos sem-teto. Alguns de nós, aliás, andam tão duros que continuam morando com os pais.
Mas não vou pensar sobre o assunto agora.
O negócio é que eu não quero que Sasori chegue aqui e me encontre conversando com um sem-teto qualquer usando jaqueta vermelha de dançar break. Quer dizer, esta não é, de jeito nenhum, a primeira impressão que quero passar. Não que, sabe como é, esta fosse a PRIMEIRA impressão que ele teria de mim, já que estamos juntos há três meses e tudo o mais. Mas vai ser a primeira impressão que ele vai ter da Nova Eu, a que ele ainda não conhece...
Muito bem, muito bem, agora está tudo certo. Ele parou de olhar.
Ai, meu Deus, que horror. Não acredito que seja assim que as pessoas são recebidas neste país. Quem chega é conduzido por uma passarela e fica todo mundo OLHANDO para nós... Parece que decepciono cada um que está aqui por não ser quem esperam. Isto é algo muito deselegante de se fazer com pessoas que passaram seis horas em um avião, oito no meu caso, se contar o vôo de Ann Arbor para Nova York. Dez, se contar as duas horas de espera pela conexão no aeroporto JFK...
Espere. Será que o jaquetinha-vermelha de break estava me olhando de novo?
Ai, meu Deus, estava SIM! O jaqueta de couro vermelha com ombreiras ficou me medindo, total!
Ai, meu Deus, que vergonha. E por causa da minha lingerie, eu SEI. Como é que ele sabe? Quer dizer, como ele sabe que não estou usando lingerie nenhuma? É verdade que não dá para ver a marca da calcinha na minha roupa, mas, até onde ele sabe, eu podia estar de fio-dental. Eu DEVIA ter colocado um fio-dental. Ino tinha razão.
Mas é tão desconfortável quando entra na...
Eu SABIA que não devia ter escolhido um vestido tão apertado para viajar, apesar de eu mesma ter subido a barra da saia para cima do joelho, para não tropeçar nela.
Mas, para começo de conversa, estou congelando: como pode estar assim tão frio em agosto, o auge do VERÃO?
E, em segundo, esta seda é toda justinha, por isso a questão da marca da calcinha.
Mesmo assim, todo mundo na loja disse que ficou ótimo em mim... apesar de eu não ter achado que um vestido mandarim (ainda que fosse vintage) pudesse mesmo cair bem em mim, já que sou branca e tudo o mais.
Mas quero estar bonita, porque faz tanto tempo que ele não me vê, e de fato perdi quinze quilos, e não ia dar para ver que emagreci tanto se tivesse descido do avião de moletom. Não é assim que as celebridades sempre aparecem na Us Weekly, naquela seção "Onde ela estava com a cabeça?". Sabe, quando descem do avião de moletom e aquelas botas de camurça do ano passado, com o cabelo todo maluco? Se você quer ser uma celebridade, tem que ter CARA de celebridade, mesmo quando está desembarcando de um avião.
Não que eu seja alguma celebridade, mas quero estar bonita. Eu me esforcei tanto, não comi nem um único farelo de pão durante três meses e...
Espere. E se ele não me reconhecer? Falando sério. Quer dizer, realmente perdi quinze quilos e cortei o cabelo e tal...
Ai, meu Deus, será que ele está aqui e não me reconheceu? Será que eu já passei reto por ele? Será que eu devia voltar para aquela coisa parecida com uma passarela e olhar? Mas daí vou parecer uma idiota completa. O que eu faço? Ai, meu Deus, isto é tão injusto, eu queria ficar bonita para ele, não ficar empacada em um país estrangeiro só porque estou tão diferente que nem o meu namorado me reconhece! E se ele achar que não vim e simplesmente voltar para casa? Eu não tenho dinheiro nenhum (bom, tenho mil e duzentos dólares, mas eles têm que durar até meu vôo de volta, no fim do mês)...
O JAQUETINHA VERMELHA DE COURO CONTINUA OLHANDO PARA CÁ! Ai, meu Deus, o que será que ele quer comigo?
E se ele fizer parte de algum tipo de esquema de escravidão branca que atua em aeroportos? E se ele fica aqui o tempo todo procurando turistas jovens e inocentes de Ann Arbor, no estado do Michigan, para serem seqüestradas e mandadas para a Arábia Saudita para se tornarem a décima sétima noiva de algum xeique? Li um livro em que isso tinha acontecido uma vez... mas devo dizer que a garota parece ter gostado bastante. Mas só porque no fim o xeique se divorciou de todas as outras esposas e ficou só com ela porque, além de ser pura, a garota também era boa de cama.
E se ele simplesmente pegar as garotas para pedir um resgate em vez de vendê- las? Só que não sou rica, de jeito nenhum! Sei que este vestido parece caro, mas comprei na Vintage to Vavoom por doze dólares (com meu desconto de funcionária)!
E o meu pai não tem dinheiro nenhum. Ele trabalha na universidade, com um acelerador de partículas Cyclotron, pelo amor de Deus!
Não me seqüestre, não me seqüestre, não me seqüestre...
Espere, que negócio é este aqui? Um ponto de encontro. Ah, maravilha! Serviço ao cliente! E o que eu vou fazer: vou mandar um recado para o Sasori. Assim ele pode vir aqui me encontrar. E vou estar a salvo do Jaqueta Vermelha de Dançar Break; ele não vai ter coragem de me sequestrar e de me mandar para a Arábia Saudita na frente do cara que dá os recados...
— Olá, você parece perdida. O que posso fazer por você?
Ah, o cara da cabine é tão legal! E que sotaque bacana ele tem! Mas aquela gravata foi mesmo uma má escolha.
— Oi, meu nome é Sakura Haruno — eu respondo. — Meu namorado, Sasori Akasuna, deveria ter vindo me buscar. Só que parece que ele não está aqui, e...
— Quer que eu mande um recado para ele, então?
— Ah, quero sim, por favor. Você faria isto? É que tem um cara me seguindo, está vendo ali? Acho que ele pode ser sequestrador ou operador de um esquema de escravidão...
— Qual deles?
Não quero apontar, mas sinto que tenho uma obrigação, sabe como é, de delatar o Jaqueta Vermelha de Dançar Break às autoridades, ou pelo menos ao atendente da cabine do ponto de encontro, porque ele parece MESMO muito esquisito com aquela jaqueta e CONTINUA olhando para mim, de um jeito muito grosseiro mesmo, ou pelo menos muito sugestivo, como se ainda quisesse me sequestrar.
— Ali — eu digo, apontando com a cabeça na direção do Jaqueta Vermelha de Dançar Break. — Aquele ali com aquela jaqueta horrorosa de ombreiras. Está vendo? Ele está olhando para cá.
— Ah, certo. — O atendente da cabine do ponto de encontro assente com a cabeça. —Já vi. Muito ameaçador. Espere um instante, vou chamar seu namorado aqui, e ele vai poder detonar com este esquisitão como ele merece, espere só um segundo. SASORI AKASUNA. SASORI AKASUNA. A SENHORITA HARUNO O ESPERA NO PONTO DE ENCONTRO. SASORI AKASUNA, POR FAVOR, A SENHORITA HARUNO O ESPERA NO PONTO DE ENCONTRO. Que tal? O que achou disso?
— Ah, foi ótimo — eu digo, em tom de incentivo, porque sinto um pouco de pena dele. Quer dizer, deve ser difícil ficar sentado em uma cabine o dia inteiro, berrando em um alto-falante. — Foi mesmo muito...
— Saky?
Sasori! Finalmente!
Só que, quando eu me viro para olhar, é o Jaqueta Vermelha de Dançar Break. Só que...
Só que ERA Sasori, o tempo todo.
E eu simplesmente não o reconheci porque fiquei distraída com a jaqueta... a jaqueta mais horrorosa que eu já vi. Além do mais, parece que ele cortou o cabelo. E não ficou muito bom.
Na verdade, ficou meio ameaçador.
— Ah — digo. É extremamente difícil esconder minha confusão. E o meu desalento. — Sasori. Oi.
Atrás do vidro da cabine do ponto de encontro, o atendente cai na maior gargalhada.
E percebo, com uma pontada, que fiz a mesma coisa de sempre. De novo.
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Oi, gente! Estou trazendo mais uma adaptação de uma obra da Meg Cabot pra vocês. Espero que gostem!
