RATED M para capítulos futuros. Esse daqui não tem smut... Suas pervas. xD


Capítulo 1: Bonding - Pt I.

Não adianta. Nos seus vinte e três anos, oito deles ela passou grudada com Santana – e provavelmente passará o resto da vida a tendo como melhor amiga e karma ao mesmo tempo -, e a latina não muda.

A recém-formada médica está escorada na bancada da sua nova cozinha lixando as unhas e ignorando completamente pânico estampado na sua face.

Isso mesmo.

Rachel estava em pânico.

- Santana!

O esforço para lhe dar atenção é mínimo: levanta as pálpebras lentamente, pausa o cuidado com as unhas e então revira os olhos em silêncio ignorando mais uma vez a emergência dentro daquele cômodo.

Não sabia dizer se estava ou não exagerando no pavor. Não é que fosse uma situação completamente inédita para ela. Já preparara jantares antes, era de praxe que pelo menos duas vezes ao mês parte da galera – aqueles que podiam comparecer, é claro – aparecer no seu antigo apartamento que dividia com o ser frio e calculista na sua frente, mas as coisas tinham mudado nas últimas três semanas.

Era mais um jantar.

Mas não era um preparado especialmente para os seus amigos.

Era um jantar importante. Carole e Burt estavam em New York City (provavelmente perambulando pela Times Square com Kurt e Blaine), seus pais deviam estar em casa se arrumando e Finn deveria entrar por aquela porta exatamente... Agora.

- Cheguei. – ele anunciou jogando as chaves em cima da mesinha de canto e se livrando do casaco e da mochila. Tivera um dia cheio na faculdade.

A presença dele só piorou o seu estado. Rachel começou a hiperventilar e rodopiar pela cozinha sem saber ao certo o que fazer primeiro. Finn estava com um sorriso de orelha a orelha somente com o cheiro bom de comida, contudo, ao notar o estado de sua namorada e o desprezo de Santana com a situação o seu sorriso murchou.

Compreendia a feição da melhor amiga de Rachel. Ela ainda tentava digerir o fato de que as duas não moravam mais juntas. Não imaginava que desapegar para a latina seria algo tão difícil, e como você acha que Santana reagiu? Patadas, fazendo Rachel de gato e sapato e inundando-a com culpa por abandoná-la quando as duas tinham prometido serem melhores amigas para sempre.

Um pouco infantil para Santana Lopez, não acha?

Mas foi exatamente isso o que ele ouviu aos choros engasgados da médica enquanto ela o atacava com tapas, socos e pontapés, fulminando de raiva e o acusando de roubar sua eterna Hobbit dela cerca de mais ou menos dois meses atrás.

As coisas funcionaram assim: Santana foi a última a se formar – óbvio, diante da graduação que cursava -, mas as três permaneceram morando juntas, não mais nas acomodações de jurisdição da NYU/Julliard, mudaram –se para um apartamento próximo à Broadway e por lá viviam por dois anos já. Ele, por outro lado, continuou vivendo naquele cafofo cheio de machos, menos Blaine que já tinha juntando suas coisas com Kurt e os dois já dividiam um apartamento. Foi numa conversa com o amigo advogado que ele decidira qie já estava na hora de dar esse passo no relacionamento com Rachel, afinal de contas eles estavam juntos por dois anos e meio.

Então caos e felicidade caminharam lado a lado. Rachel simplesmente não se continha de tanta alegria com a ideia de morar com o namorado e Finn estava com ela quando resolveram contar para os seus amigos e os pais dela sobre a novidade – vale acrescentar que Tina e Mike estava no viva-voz no telefone no meio da sala quando eles falaram, uma vez que estava em Los Angeles - . Grande parte, inclusive Hiram e Leroy apoiaram de imediato desejaram felicidades ao casal... Exceto Santana. A latina fizera uma cena bem à lá Rachel Berry: esperou que todos os olhares recaíssem sobre ela para então virar as costas e sair batendo a porta logo atrás.

Desde o fatídico dia ela e Rachel viviam às turras, com tratamentos de silêncio, patadas, desprezo, choros, telefonemas no meio da madrugada, mensagens acusatórias. Finn já convivia naquele meio por quase três anos e já aprendera a não se meter no complicado relacionamento de amizade que a sua namorada compartilha com Santana. Mesmo com esse caos todo, o casal começou a procurar apartamentos, visitaram dezenas até acharem um não muito grande, porém também não é um cubículo, e acessível monetariamente para eles. Atualmente Rachel estava num produção Off-Broadway o que rendia um bom dinheiro para ela enquanto Finn ainda fazia bicos como garçom no Journey's e contava com uma ajuda mensal (uma espécie de mesada) que Burt e Carole davam para ele e Kurt. Isso era o suficiente para mantê-los. As três últimas semanas foram de faxina no apartamento, declaração de mudança de endereço, política de contas, pequenos consertos - como aquele vazamento no banheiro – e mudanças, é claro.

O mais legal?

Ele e Rachel batizaram o apartamento inteiro cinco dias atrás quando se mudaram de vez. As lembranças ainda estavam frescas na sua mente e não via a hora de repetir aquilo.

Mas não era hora de pensar nisso. Rachel continuava nadando no pavor à sua frente, Santana ainda montada no desprezo e ele parado ali feito um babaca sem saber o que fazer.

- Ela se recusa a me ajudar! – Rachel exclamou. Finalmente tinha saído da inércia e abriu o forno verificando as suas lasanhas.

- Estou me divertindo com o seu pânico. – Santana respondeu parando momentaneamente o seu momento manicure.

- Tira ela daqui, Finn. Tira, antes que eu perca completamente a minha paciência com essa infantilidade. – a baixinha pediu com os dentes trincados. Cerrou os olhos, respirou fundo e tornou a finalizar a decoração do pavê que seria servido para a sobremesa.

- Você não vai encostar um dedo em mim, Frakenteen. – a latina disse ríspida e com um olhar ameaçador.


Se Santana se recusava a ajudar, Finn estava se mostrando proativo na cozinha. Lógico, sempre tentando ser sutil e delicado, já que era um desastrado por natureza devido ao seu tamanho. Enquanto Rachel fora para o banheiro tomar banho e trocar de roupa, ele se encarregou de seguir estritamente o modo como ela queria que a mesa fosse arrumada. Até o presente momento estava se saindo bem.

Nesse meio tempo Brittany chegou ao apartamento e isso melhorou um pouco o humor da latina, além da loirinha também de prontificar em ajudar. Rachel quase foi às lagrimas vendo o seu namorado e amiga montando a mesa e arrumando qualquer bagunça ainda à vista. Mas isso foi momentâneo, pois a baixinha já estava empurrando o grandão para o corredor e dando ordens diretas para que tomasse banho e que ele vestisse a roupa que tinha separado para ele.

O relógio marcou exatamente oito e dez da noite quando Hiram e Leroy Berry chegaram. Rachel os recebeu com calorosos abraços e de braço dado com Finn ostentava um olhar orgulhoso diante da visível aprovação estampada no pai parrudão e no pai franzino sobre o apartamento.

Era a primeira vez que eles estavam ali depois que tudo foi arrumado.

Conforme mandava a etiqueta, ela os acomodou na sala já servindo-os com vinho. Finn emergiu da cozinha trazendo aperitivos. Quando os depositou na mesa a campainha tocou de novo e foi justamente aí que todo o sangue do rosto de Rachel desapareceu. O pânico estava retornando.

- Rach? – Finn perguntou preocupado e se prostrando ao lado dela.

Subitamente ela girou nos calcanhares agarrando firme o tecido de linho da camisa social que ele vestia e enterrou a cabeça no peito dele dando longos suspiros como se estivesse tentando estabilizar a própria respiração.

- Tem noção que é a sua mãe e o seu padrasto do outro lado da porta, Finn? E se Carole me julgar uma péssima dona de casa? E se ela não aprovar a arrumação dos móveis? E se ela sentir que de alguma forma eu estou me impondo cem por cento nesse apartamento e que nada por aqui lembre você? Finn, me diz que isso aqui também a sua essência! – ela pausou brevemente para arregalar ainda mais os olhos. – Eu quero que ela me aprove em todos os quesitos, Finn! Não quero ser uma decepção para os meus sogros! – completou antes de voltar a jogar a cabeça contra o peito do namorado.

Finn escutou atentamente cada sentença com as sobrancelhas erguidas com a completa certeza de que estava encarando uma louca. E o pior é que não estava surpreendido com esse tipo de comportamento. Era algo bem típico dela, mas Finn só esperava que isso fosse se manifestar numa situação dessas. Já tinha perdido as contas de quantas vezes seus pais vieram para a Big Apple visitá-lo e visitar Kurt também, então não era como fosse a primeira vez deles aqui, logo o pânico não estava perfeitamente fundamentado.

- Você tem dois pais. Um deles me quase deslocou o meu maxilar, diga-se de passagem, e você está aqui em pé aterrorizada com o que a minha mãe vai pensar? – foi uma pergunta retórica. Riu de leve e ganhou uma expressão furiosa dela. – Você me salvou, okay? E minha mãe tem amará eternamente pelo bem que me faz. Não seja boba, Julliard.

Mesmo já tendo se formado ele continuava em chamá-la daquele jeito. Não era tanto quanto antes, mas de vez em quando o apelido lhe escapava. Outra coisa, era uma mania adquirida pouco menos de um ano... Sempre que ela dava uma brecha, Finn fazia questão de lembrá-la que ela o tinha salvado. Não via a situação desse jeito, pelo menos não na perspectiva dela, pois se é pra levar o heroísmo ao pé da letra, Finn era quem tinha sido o verdadeiro salvador naquela noite dois anos e meio atrás, além de ter defendido a sua honra diante do funcionário e sobrinho tarado de Sue, o Jacob. Portanto, o herói de direito ali era ele.

Gostava de dizer que tudo foi uma questão de destino. Que eles tiveram um grande impacto um na vida do outro que isso fez com que tanto ele quanto ela desejassem ser pessoas melhores. Em todos os aspectos. Usando essa lógica, ela só tinha dando um empurrãozinho e o resto foi por conta dele. Por vontade própria. Ele que quem tinha se salvado e não ela. O mesmo se aplica a Rachel.

Mas entrar nesse tópico era uma batalha longa e cansativa.

Sabia disso porque já perderam praticamente uma noite inteira de sono debatendo essa questão e ao final ela permaneceu com a opinião dela e ele com a dele.

- Você não me ajudou absolutamente em nada. – Rachel refutou saindo da segurança dos braços dele e seguindo para a porta.

Lá estavam os quatro perfeitamente arrumados e com sorrisos estonteantes nos lábios. Kurt foi o primeiro e se jogar em cima da amiga engolfando-a num apertado abraço. Blaine fez o mesmo. Burt a cumprimentou à sua característica: com beijo paternal na testa. E Carole praticamente a sufocou.

- Façam o favor de me darem créditos mais tarde, pois cada canto desse apartamento tem um dedo de Kurt Elizabeth Hummel. – falou se livrando da do charmoso chapéu que usava e ignorando com convicção o revirar de olhos simultâneos de Blaine, Rachel e Finn. – Se dependesse do casal aqui essa decoração ficaria um desastre.

- Kurt! – Finn e Rachel esbravejaram ao mesmo tempo.

- Ah vocês sabem que é verdade!

Antes que um deles tivesse a chance de darem continuidade naquela discussão, Carole falou:

- Não importa. Independente de quem decorou, eu , particularmente, amei. A ideia de que vocês deram esse passo importante no relacionamento indica que a coisa está mesmo séria. Agora é esperar o casamento, não é mesmo?

- Mãe... – Finn miou fervendo de vergonha enquanto Rachel achava super interessante observar os azulejos. Kurt segurava a risada e Blaine o olhava com desaprovação.

- Querida, o que foi que conversamos antes de embarcamos, huh? Finn e Rachel sabem a hora certa de dar cada passo e eles acabaram de se mudarem para esse lugar. Não os pressione. – Burt interviu para eterno alívio de Finn.

Pequeno detalhe? Não era a primeira vez que Carole expressava verbalmente a sua vontade de ver filho e nora logo no altar. Aliás, se é para sermos sinceros, Hiram também se mostrava um pouco impaciente. Ela e Finn já tinham conversado sobre isso e decidiram que o casamento só viria a acontecer quando ambos estivessem realizados e estáveis em suas carreiras profissionais. Finn ainda tinha mais alguns semestres na NYU antes de se formar e ela ainda estava numa produção Off-Broadway, portanto, casamento agora nem pensar.

Isso era a parte racional da situação.

Porque noite após noite Rachel se pegava pensando ou sonhando com esse dia.

O que é que dizem sobre a paciência...? Ah, que ela é uma virtude.


A paranoia dela foi sendo reprimida conforme Carole soltava um elogio do lar que ela e Finn agora dividiam. Burt também tecia lá os seus comentários, mas gostava mesmo era de acenar com a cabeça a qualquer coisa que a sua esposa falasse.

Aquilo tinha virado um passeio turístico, pois Rachel liderava tanto os seus pais quanto os sogros pelo apartamento, abrindo armários, exibindo as coisas, compartilhando histórias como semana passada Finn tinha martelado o próprio dedo ao colocar as prateleiras do banheiro e como eles dois tinham feito uma verdadeira zona com água e sabão quando foram fazer uma faxina no local.

As duas famílias, mais Santana e Brittany voltaram a se reunirem na sala dando continuidade ao pequeno social enquanto Rachel arrastara o namorado para cozinha para ajudá-la a trazer os dois tabuleiros de lasanha (uma vegetariana e a outra não). Mais vinho foi servido – refrigerante para Finn, é claro – e todos se prostraram para a refeição.

- Rachel, querida, não sei se isso é um dom ou se você é uma ótima cozinheira por excelência, mas essa lasanha está divina! – Burt foi o primeiro a aprovar, e isso desencadeou um efeito dominó, pois todos comentaram positivamente deixando-a corada de vergonha e ao mesmo tempo com um largo sorriso nos lábios.

Preciso dizer que Santana foi a única que permaneceu calada? Pois então, o jantar tinha tudo para ser maravilhoso, mas a ausência do característico timbre da latina nas conversas da mesa foi obviamente percebido, embora ninguém ousou perguntar o motivo ou verbalizar qualquer coisa a respeito.

Kurt e Blaine se prontificaram para ajudar Finn e Brittany a desfazerem a mesa quando todos finalizaram a sobremesa ("Não me interessa, mocinha. Não saio desse apartamento sem a receita desse pavê!", Carole disse minutos atrás arrancando risadas de todos.). Enquanto isso Rachel ficou com o restante na sala engajada numa conversa sobre Broadway – Kurt às vezes dava uns gritos da cozinha se metendo no assunto – e sobre a produção em que estava atuando com seus pais e os pais de Finn.

Quando o quarteto retornou das atividades domésticas, Rachel puxou Kurte Carole e Burt os seguiram corredor adentro. Brittany não sabia o que estava acontecendo e resolveu ir atrás. Santana fingiu que a seguiu, mas virou na primeira porta à direta que dava para o escritório, sobrando assim somente Blaine e Hiram e Leroy na sala.

- Como anda a faculdade, rapaz? – Leroy perguntou antes de bebericar sua taça de vinho.

- Prestes a passar noites sem dormir por causa da semana de provas. – respondeu surrupiando uma azeitona do pratinho de aperitivos. – Mas no geral, está tudo bem. – completou.

O celular de Blaine tocou e ele educadamente se retirou para atender dizendo que era do escritório. Os três homens se viram à sós e presos num silêncio completamente desconfortável.

O desconforto não tinha nada a ver com o que tinha acontecido no passado. Aliás, o passado de Finn era uma coisa que realmente tinha ficado enterrada lá trás, nem Hiram e nem Leroy impuseram mais nenhum obstáculo no relacionamento dele com a sua filha, pelo contrário, nesses dois anos e meio o que eles mais fizeram foi oferecer apoio. Nisso tanto ele quanto Rachel estavam eternamente agradecidos.

O problema era que Finn estava acostumado a interagir com Hiram e Leroy na presença de Rachel e eram raras as situações em que eles ficaram assim, um na presença do outro sem ela como ponte de comunicação.


Rachel saiu do quarto com o objetivo de chamar os seus pais para ouvirem Kurt dar uma descrição detalhada de como ele tinha coordenado as cores das paredes com a coloração dos móveis, mas ao passar em frente ao escritório notou Santana debruçada sobre a janela completamente alheia ao que estava acontecendo ao seu redor. Sorrateiramente ela fechou a porta isolando as duas. Isso a fez se virar no mesmo instante.

- Quer mesmo continuar com isso, Santana?

Não demonstrava fragilidade, medo, nada que indicasse um sinal de fraqueza por nos seus traços. Santana, por outro, remontou a murada de frieza e rispidez ao seu redor ainda ponderando se dava uma resposta ou não para a outra mulher.

- Você sabe que está ficando ridículo. Se soubesse que ficaria com essa cara amarrada durante o jantar inteiro eu nem teria me dado o trabalho de convidá-la. – falou num tom sério. Realmente estava chateada com a infantilidade dela.

- Ótimo, da próxima vez nem cogite a possibilidade. Com licença, porque eu tenho plantão a noite inteira e não tenho tempo de ficar nesse conto de fadas. – a latina refutou abrindo caminho até a porta e trombando violentamente contra Rachel.

A baixinha levou as mãos ao rosto e respirou fundo.


Enquanto isso na sala os três homens continuavam presos no silêncio desconfortável.

Finn tinha puxado o celular dos bolsos e tentava se distrair com qualquer joguinho babaca. Leroy achava mais interessante ficar checando as horas a cada trinta segundos e Hiram não parava de bater o pé contra o chão e olhar ansioso para o corredor desejando que Rachel voltasse para lá o mais rápido possível.

Nisso Santana emergiu com passos rápidos, deu um tímido tchau para os pais da sua Hobbit, escreveu um rápido bilhete endereçado a namorada e saiu em silêncio.


Foi despertada com o seu celular vibrando em cima da mesinha do escritório. Na esperança de ser a melhor amiga, Rachel correu para ver a mensagem de texto, mas era de Tina desejando estar lá com ela e mandando tudo de bom em nome dela e do Mike.

Sacudiu a cabeça. Tinha convidados do lado de fora daquela porta, ela tinha que sair daquela melancolia causada pela instabilidade na sua amizade com Santana e aceitar que a latina se reaproximaria com o tempo, era só dar um pouco de espaço para ela se acostumar com a ideia de que ela e Finn agora estavam dividindo um apartamento.

Com o ânimo renovado, Rachel abriu um sorriso e saiu do escritório quase trombando com o pelotão que tinha acabado de sair do seu quarto.

- Brittany avisou Santana foi para o plantão. – Blaine a informou e a segurando firme no lugar, pois tinha trombado justamente com ele. – Perdeu a aula de textura que Kurt deu lá no seu quarto com o Finn. Carole pareceu impressionada com a quantidade de conhecimento dele. – o advogado se gabou do namorado.

- Até onde eu sei, ele fez Artes Cênicas em Julliard... Por acaso vocês tinham alguma seletiva de design de interiores, querida? – a mãe de Finn perguntou ao escutar o diálogo dela com o Blaine.

- Não, não... Vamos dizer que Kurt tem dom para essas coisas... – respondeu seguindo-os em direção à sala.

Hiram só faltou dar uma pirueta no ar, porque ele literalmente saltou do sofá ao ver a filha. Finn e Leroy soltaram longos suspiros de alívio. Rachel tinha notado, mas preferiu não comentar nada. O social deu continuidade por mais algumas horas e aos poucos um a um foram embora. Carole e Burt foram cordialmente convidados a se hospedarem na casa dos Berry pelo resto do final de semana até pegarem o voo de volta para Ohio.


Finn fechou um dos livros da faculdade que estava lendo deitado na cama quando Rachel entrou no quarto se desfazendo do roupão e revelando-se com as pernas nuas e vestindo somente a velha camisa dos Beatles que outrora pertencera a ele.

- Nos saímos bem com a primeira refeição em família no nosso apartamento, não acha? – perguntou arrumando os travesseiros dela.

A jovem se jogou no colchão e se aninhou rapidamente nos braços dele deixando-se inundar pelo contentamento de sentir a pele quente e tão familiarizado cheiro de Finn contra ela.

- Mas só me lembre de não convidar a Santana da próxima vez. – comentou desgostosa. – Contudo, tirando isso... Acho que começamos bem essa vida a dois. – completou não evitando o sorriso escapar.

- Ela continua irresoluta nesse aspecto, huh? Queria ajudar, mas já aprendi a não me meter no meio de vocês duas... – Finn falou virando-se de costas para a cama e deixando que a namorada usasse o seu peito como travesseiro.

- Olha você, Mr. Hudson... Já adquirindo palavras desse porte ao seu vocabulário... – Rachel ergueu a cabeça e o zombou enquanto ele revirava os olhos. – Faculdade anda lhe fazendo um bem, professor. – deixou para a fala a última parte com um pouco mais de sensualidade.

- Eu definitivamente criei um monstro. Aposto que não vê a hora de se realizar na fantasia aluna/professor comigo, não é? – sussurrou contra o ouvido da baixinha antes de mordiscar suavemente sua orelha provocando arrepios nela.

- Não me provoque, Finn! – resmungou/gemeu/miou, tudo ao mesmo tempo. – E não me faça perder o foco dessa conversa, pois creio que não fui a única a ter problemas hoje. Ou acha que não percebi a tensão entre você e os meus pais na sala? – refutou se livrando da proximidade perigosa e fitando-o com seriedade.

O ex-baterista urrou incomodado com o rumo do papo e fechou os olhos esperando Rachel entrar no modo tagarela ao dar o seu parecer no que ela tinha visto. Mas o que recebeu foi o silêncio. Abriu um dos olhos e notou que ela esperava pacientemente uma resposta dele.

- Não é nada grave e não tem nada a ver com o que aconteceu no passado. Eu e seus pais sempre nos demos bem, o problema é que isso só acontece se você estiver presente entre a gente. Com você fora, nós perdemos essa ponte de comunicação, sei lá... Entende? – não tinha certeza se estava fazendo algum sentido, mas pelo menos tentou.

A viu unir as sobrancelhas e jogar a cabeça uma pouco de lado. Conhecia a sua baixinha gostosa muito bem a ponto de saber interpretar cada gesto, comportamento dela. Rachel estava pensando, organizando os fatos na cabeça e ao mesmo tempo à procura de uma solução para o problema evidente.

- A ideia que eu sou a única coisa em comum que vocês tem me deixa numa posição desconfortável. Quero que os meus pais e meu namorado sejam capazes de conversarem e se divertirem sem a minha presença. – disse voltando a se sentar no colchão. – Porque vocês não tentam achar alguma coisa que os unem, além de mim, é claro...? Assunto, hobby, esporte? Isso, esporte! – exclamou.

Ele ergueu uma sobrancelha completamente desconfiado com o plano que ela já estava tramando.

- Vocês são homens! Deve ter algum esporte que vocês gostam mutuamente! Vou ligar para eles amanhã, pois meus pais devem estar se sentindo que nem você e—

- Babe, babe... – Finn a interrompeu e ela se calou olhando para ele com intensidade. – Agradeço a sua boa vontade e entusiasmo para nos ajudar, mas eu nem disse se concordo com isso tudo ainda...

- Mas Fiiiinn! Por favor! Já disse que não quero ser a única razão para vocês trocarem palavras. Faça um esforço, tenho certeza de que podem achar algo que agrade ambos os lados! – Rachel contrapôs de forma teimosa.

Podia manipular a situação ao seu favor também. Não inteiramente ao seu favor, mas podia fazer uso de uma chantagem para liquidar o problema dela também.

- Tudo bem, eu aceito. – sua namorada bateu palminhas e pulou no pescoço dele. – Mas...

- Você – tapa. – É. – tapa. – Inacreditável! – tapa. – Estou quebrando a minha cabeça para te ajudar e você ainda tem a coragem de implicar em fazer uma chantagem comigo? – Rachel tornou a ficar emburrada. Finn achou uma graça.

- Não coloque desse jeito. Eu só aceito essa coisa toda se você se comprometer a trabalhar no problema que você e Santana estão passando. Sei que quer agir como se isso não estivesse te afetando muito, mas eu sei que está. E também sei da importância de Santana na sua vida, logo se vocês duas não estão bem tudo desanda. É como se o mundo saísse dos eixos, sei lá. Temos um trato, Julliard? – perguntou voltando a puxá-la para se deitarem.

Rachel cedeu, jogou a teimosia de lado e acenou em silêncio para o namorado. Realmente, a faculdade tinha mudado Finn. Às vezes ele se mostrava mais maduro do que ela em algumas situações e ele já era sério por natureza, depois que pegou gosto pela leitura o seu grau de seriedade aumentou. Adorava admirá-lo todo introspectivo, relaxado, com roupas velhas e confortáveis, cabelo bagunçado, barba por fazer com um livro nas mãos sentado na poltrona ao lado da janela do escritório numa tarde chuvosa em New York. Cansara de dizer que era uma das coisas mais lindas que ela tinha visto na vida e ele apenas abaixava a cabeça e dava o seu característico meio sorriso.

- Pinky promise. – Rachel estendeu o dedo mindinho para ele. Finn riu desacreditado, mas fez o mesmo.

- Pinky promise.

Fim da parte I.


Primeiramente. A fic AU da Rachel advogada está em hiatus. Não é um projeto que eu desisti ainda, mas como ela pede uma grande pesquisa e devido a sua complexidade, eu decidi deixar para fazê-la quando eu estiver em férias. De qualquer forma, agradeço a compreensão.

Mas olha quem voltou ao universo JMD? HEHE'

Já estava com essa ideia na cabeça mesmo antes de terminar JMD. Meu objetivo é fazer uma série de oneshots desde o epílogo e tendo como o último capítulo a oneshot da foto perfeita. Sem ordem cronológica, não vou seguir estritamente o epílogo, posso vir a acrescentar outras situações e vocês fiquem libres para me darem PROMPTS.

Enfim...

Reviews?

;)