Nota: Fanfic postada aqui e no Nyah! Boa leitura s2


— Sabe, Levi — A voz soou alta, cheia de fascinação. — Eu acho que o oceano é muito mais vasto do que imaginei.

A tarde estava apenas começando, com o sol bem alto no horizonte azulado com toda sua glória. O capitão sempre pensou que o cheiro do oceano fosse algo mais doce, independente de saber por meio de Armin que a água era salina. Talvez porque o fato de alcançar o mar era quase como um doce sonho, impossível. Mas o cheiro forte de maresia inundava em seu olfato, irritando seu nariz. Mas valia a pena afinal.

Ao seu lado, a figura do comandante reluzia graças aos raios solares. Seus olhos se estreitavam como o de uma criança.

— O Arlert repetiu isso tantas vezes que é impossível de esquecer. — disse o moreno, com a voz baixa e rouca. — É bonito.

— Hm… Sua voz não me convence.

— Não estou nem mesmo convencido de que você está ao meu lado, aqui e agora. É loucura. — Talvez fosse o sono depois de horas de expedição, ou algum truque mágico das águas que se estendiam diante de ambos. Havia lendas a respeito do oceano, sobre seres míticos que ali habitavam e encantavam os homens, e logo em seguida, os puxavam para as profundezas da morte. Quando Armin havia mencionado essa história em uma noite qualquer, apenas revirou os olhos e concluiu que essas coisas jamais iriam se equiparar ao terror dos titãs.

— Você está me vendo, não é? Isso já basta. — Erwin murmurou, não desviando o olhar do rosto de Levi. Se o outro virasse, perceberia o nítido olhar caloroso, um que ele só reservava às coisas que mais amava, como a verdade e Levi Ackerman. — Eu fiz minha escolha, Levi. — O capitão entreabriu os lábios, mas fora interrompido: — E você respeitou.

— Apenas cumpri… Ordens. — Levi esperava que os mortos não tivessem a capacidade de ler mentes, pois estava omitindo tudo o que realmente aconteceu. Ah, se ele soubesse o quão ensandecido havia ficado naquele telhado…

Ficaram em silêncio, apreciando a paisagem. Ao longe, Hanji parecia entretida com os pepinos-do-mar e os garotos.

— Erwin?

— Sim?

— O que você faria se estivesse entre nós agora? — Pela primeira vez, os olhos acinzentados cheios de dor encararam os do loiro, não vacilando.

E Erwin ficou calado, unindo as sobrancelhas em uma expressão tensa. Gostaria de dar uma resposta rápida e convicta. Poderia dizer que descobriria o mundo como o Arlert, ou que lutaria contra os inimigos como desejava Eren. Poderia dizer que formaria uma família com qualquer pessoa ou com o próprio Levi, em uma relação oculta e conturbada como a de antes. Mas…

— Eu acho que está melhor assim. Você fez a escolha certa. — E se levantou, deixando a capa balançar contra o vento forte, com a cor da esperança. Deu um último olhar ao oceano brilhante e agitado, com os jovens que ali se banhavam. Não era capaz de sentir qualquer estímulo vindo do mundo, como o calor do sol e o vento. Mas isso bastava.

— Eu tenho que ir, Levi.

— Quando voltará? — indagou o capitão, não disfarçando mais a tristeza que corroía seu interior.

Sua resposta fora um pequeno sorriso, porém repleto de significados.

Levi não acompanhou Erwin andando em direção ao campo verdejante que se encontrava logo atrás. Quando virou-se, viu apenas os cavalos presos contra tocos de madeira na areia.

Suspirou. Isto já é o suficiente.