Amor Pirata
Capítulo 1 - Fuga
Devido a reparos que teria que fazer no seu navio, Inuyasha teria que parar na cidade mais próxima. Em geral esse tipo de situação não era um grande problema, mas, dessa vez, a cidade mais próxima, era sua cidade natal. Um lugar que ele abandonara havia muito tempo e onde não gostaria de voltar.
Embora, se pensasse bem, fosse um pouco perigoso, parar em qualquer cidade mercante, pois desde que se tornara um pirata, seu rosto era exposto em cartazes pelas cidades. Por sorte, nem todos de sua tripulação, eram piratas conhecidos.
Inuyasha era um meio-youkai, com cabelos prateados e olhos dourados, algo que o destacava em meio à sua tripulação, além é claro das duas orelhas de cachorro em sua cabeça. Podia-se dizer que ele levava a vida que sempre desejara, embora fosse uma vida cheia de perigos e suspeitas. O meio-youkai confiava em poucas pessoas. Sua tripulação era um dos poucos grupos de pessoas em quem confiava, mas as únicas pessoas em quem confiava cegamente eram, Mirok, seu primeiro em comando e melhor amigo desde a infância, e a esposa do mesmo, Sango, que também era sua amiga desde a infância e a cozinheira do navio. Neles, Inuyasha, confiaria sua vida de olhos fechados.
Apesar desses problemas, esta era a vida que ele pedira a Deus. Era muito feliz vivendo desse jeito, mas sua vida estava para mudar nas próximas horas.
- Estamos nos aproximando, capitão. – Disse um homem de cabelos curtos, que estavam presos por um elástico.
- Obrigado, Mirok. Avise aos homens que vão descer que não temos muito tempo. Levará no máximo uma hora, até que alguém nos note e avise as autoridades. – Respondeu Inuyasha, enquanto observava a cidade, que ficava cada vez mais próxima. – Peça a eles que não façam nada de errado e comprem o que precisamos. Nada de roubar hoje. Não quero confusão com essa cidade. – Somente Mirok e Sango sabiam o motivo de Inuyasha ter ido embora da cidade com apenas dez anos. Eles se conheceram um pouco depois disso.
- Você ainda pensa nisso? Achei que depois desses anos, já teria esquecido assunto. – O meio-youkai deu um leve sorriso.
- Apesar de ser uma criança na época, tem coisas que ficam com a gente pra sempre, Mirok. – Inuyasha bateu no ombro de seu amigo e foi andando para dentro do navio. – Estarei na minha cabine. Me avise se algo acontecer. – Provavelmente conseguiriam sair dali antes que qualquer problema acontecesse.
Kagome era uma jovem da realeza. Ela corria pelas cidades, disfarçada como uma plebéia. Tinha que sair daquela cidade. Seu pai passara dos limites. Ela iria para o porto e assim que visse um dos navios começar a partir, daria um jeito de entrar nele.
Tudo correra bem. Mirok não tivera que perturbar seu capitão. Poderiam partir em paz.
- Soltem as amarras! – Gritou Mirok, enquanto manejava o timão.
Kagome viu que um navio estava prestes a deixar o porto. Era sua chance. Antes que cortassem as amarras, ela conseguiu pular e se segurar numa das escotilhas. Com algum esforço conseguiu entrar, para cair bem em cima de Inuyasha, que estava deitado em sua cama sem camisa.
Ele acordou sobressaltado, e ficou muito surpreso ao ver aquela jovem sentada em sua barriga. Inuyasha Tentou se levantar, mas com a jovem em cima dele, era impossível fazer isso sem machucá-la.
- Será que dá pra sair de cima de mim, garota? – Perguntou ele, indignado. Como puderam deixar essa louca entrar no navio? Kagome o fitava fixamente, nunca vira um homem sem camisa. Ela pareceu despertar e saiu de cima dele.
- Me desculpe. Eu não queria assustá-lo. – Ela estava de pé, ao lado da cama e Inuyasha sentou na mesma.
- Como você entrou aqui? E mais importante por quê? O que pretende? – Inuyasha levantou e colocou a camisa, mas não fechou os botões. – Não importa. Vamos voltar imediatamente. Não quero ser caçado como um cão por seqüestrar alguém da realeza. – A jovem não entendia como ele tinha chegado a essa conclusão, mas não importava. Tinha que impedi-lo de levá-la de volta. – O meio-youkai se dirigia à porta, mas parou quando sentiu uma mão em seu braço.
- Por favor, não. – Pediu Kagome, à beira das lágrimas. – Eu te imploro. Eu posso pagar. – Ela lhe ofereceu algumas jóias que trouxera junto consigo. – Você pode me deixar na primeira parada que fizermos, mas não me leve de volta. – Inuyasha parou. Não gostava de ver mulheres chorando.
- Calma. – Disse ele, guiando-a até a cama, onde ela se sentou. Ele foi até uma garrafa e serviu um pouco da bebida num copo. – É rum. Beba um pouco e me explique o que está acontecendo. – Droga. Devia levá-la de volta imediatamente. Mas como poderia agir assim com uma jovem que estava lhe implorando o contrário? Kagome deu um gole na bebida e pareceu se acalmar o suficiente para se explicar. – Pronto. Agora me diga o que está havendo. Entenda bem, qualquer pessoa que tenha visto você entrando nesse navio vai nos procurar até o fim do mundo.
- Ninguém me viu. Tenho certeza. Eu tomei bastante cuidado. – Explicou ela. – Estou planejando isso há dias. – O meio-youkai também parecia mais calmo.
- Por quê? – Kagome mordeu os lábios, apreensiva. – Se você espera que eu sequer pense em levá-la a algum lugar precisa me contar. – Ela concordou com a cabeça.
- Meu pai quer que eu me case com alguém que eu não amo, simplesmente porque quer mais poder. Ele pretende se unir a essa família, só pra ficar mais rico. – Inuyasha fitou-a ceticamente.
- E não é isso que vocês da realeza sempre fazem? Não estão sempre em busca de mais?
- A maioria pode ser assim, mas eu não quero me casar com alguém que eu não ame.
- Certo. – Ele deu um sorriso zombeteiro. – Você é do tipo que pretende esperar pelo príncipe encantado.
- Não é bem assim. Se eu ao menos gostasse do meu noivo, poderia ser diferente, mas sempre me ensinaram que o casamento é uma promessa de amor eterno. Não posso prometer eternamente o que nunca senti momentaneamente. – Inuyasha ainda olhava para ela ceticamente. – Sinto muito se você não acredita nas pessoas da realeza ou se acha que todos somos porcos interesseiros, mas não vou trair meus princípios para me unir a um homem que me dá nojo. – Ele concordou com a cabeça. Mas o que ela estava pensando?
- E qual era o seu plano perfeito? Pular no primeiro navio que visse e pedir abrigo até outra cidade? Você faz ideia do que poderia ter te acontecido se pulasse no navio errado? – Inuyasha parecia um pouco nervoso. Com se realmente se preocupasse pela segurança da jovem. – Acho que esse tipo de coisa não te explicaram, certo? Nem todos os piratas são como eu, menina. Você acha que se você tivesse caído no colo de qualquer outro capitão pirata, ele não a teria violentado na hora?
- Pirata? Você é um pirata? – O meio-youkai teve que se segurar para não rir.
- Onde você achou que estivesse? Num navio de excursão? Isto é um navio pirata. O Intrépido, para ser mais exato. – Kagome arregalou os olhos. – Ainda tem certeza que quer ficar aqui até a próxima cidade? – Ela pensou por um momento.
- Você disse que não é como os outros piratas. E realmente não parece com os piratas das histórias que eu ouvi. – Ele deu um sorriso de lado.
- Não pense que só porque não violentei você até agora, que está a salvo. – A jovem deu um passo para trás, o que fez com que ele aumentasse seu sorriso. – Além disso, o que me impede de pedir um resgate por você? Aposto que pagariam bastante. – Kagome arregalou os olhos novamente e se ajoelhou na frente dele.
- Por favor, não faça isso. Eu te dou todas as jóias que eu trouxe. Mas não faça isso. – Ela começou a chorar. – Por favor. Eu posso ajudar na cozinha ou limpando o convés, mas não me mande de volta. – Inuyasha ficou envergonhado por sua atitude assustando a jovem.
- Tem certeza que quer abrir mão do luxo que sempre teve? – Perguntou erguendo a jovem pelos ombros. – Para qualquer lugar que você vá, pode ter certeza que não vai levar a mesma vida que tinha.
- Eu não me importo. – Eles se encaravam fixamente. – Você deve imaginar que a vida da realeza é uma maravilha, mas não sabe quantas noites eu pensei em fugir de tudo aquilo. De ser sempre comportada. De viver trancada e cercada de guardas. Qualquer vida deve ser melhor do que essa. – Inuyasha concordou.
- Certo. Mas estando aqui, você deve esquecer que algum dia foi da realeza. Todos nesse navio são iguais. Todos recebem ordens de mim. Não quero que você dê um chilique toda vez que quebrar uma unha ou...
- Eu roo minhas unhas.
- O quê?
- Esse era um dos problemas que eu tinha com meus professores de etiqueta. – Explicou ela. – Sempre roí minhas unhas. Não consigo evitar. Principalmente se estiver nervosa. Por isso você não me verá reclamando por quebrar minhas unhas. Elas são, praticamente, inexistentes. – Inuyasha sorriu. Era engraçado ouvir algo assim vindo de alguém da realeza.
- Certo, princesa às avessas. Mas você entendeu o que eu quis dizer? A vida aqui não é fácil. Vou colocar você na cozinha para ajudar Sango, ela é a única outra mulher a bordo. É esposa de meu primeiro em comando. Creio que vocês se darão bem. – Inuyasha soltou os ombros dela e começou a abotoar sua camisa. – Vou te apresentar à tripulação. – Assim que terminou de abotoar a camisa e calçar suas botas, ele a levou ao convés. Kagome estava apreensiva. Nunca antes estivera em um navio. Ainda mais um navio pirata. Será que todos eram asquerosos como ouvira falar? – Escutem todos. – Chamou Inuyasha, segurando a mão de Kagome. – Esta é Kagome. Ela vai ajudar Sango na cozinha. Creio que não preciso dizer duas vezes, que não devem perturbá-la ou terão que se entender comigo.
- O que é isso, capitão? O que ela pensará de nós? – Disse um jovem se aproximando. – Meu nome é Shippou, ao seu dispor, madame. – Falou ele beijando a mão dela.
- Ela é minha, Shippou, nem pense em dar uma de Mirok pra cima dela, ok? – O jovem deu um sorriso brincalhão.
- Pode deixar, capitão. – Falou Mirok se aproximando. – Ninguém vai assediar a senhorita, certo, homens?
- Certo. – Responderam todos. Ao escolher seus homens, Inuyasha se assegurou de escolher apenas homens honrados e que não fariam mal a ninguém desnecessariamente.
- Ótimo. Shippou leve Kagome até a cozinha e apresente-a à Sango. – Kagome não queria soltar a mão dele. Ainda não tinha certeza se estava segura. – Está tudo bem. – Inuyasha lhe sussurrou. – Ninguém lhe fará mal. Confie em mim. – Ela encarou os olhos âmbar e assentiu. Não tinha porque duvidar de Inuyasha. Até agora ele só a ajudara. Assim, ela soltou a mão dele e foi andando junto com Shippou, que conversava com ela amigavelmente, deixando-a mais à vontade.
- Essa não é... – Começou Mirok, assim que eles se afastaram.
- É. – Confirmou Inuyasha, ainda um pouco desnorteado.
- Como ela veio para aqui?
- Não faço ideia.
- Você vai saber lidar com a situação? – Perguntou Mirok preocupado.
- Ainda não sei, Mirok. – Respondeu suspirando. – Vamos ter que esperar e ver. – Mirok concordou com a cabeça, preocupado com seu amigo.
História baseada, em algumas partes, no filme da Dreamworks "Simbad - A Lenda dos Sete Mares", que vi ontem, pela primeira vez. Espero que gostem.
