Meu primeiro instinto foi empurrá-lo e virar as costas, subir no navio e deixar ele se virar, se precisasse de qualquer coisa, podia pedir ajuda pro nosso pai. Não que ele fosse ajudar, mas Arthur poderia ao menos pedir.
Parei, vendo o navio ser carregado e respirando fundo, olhando por cima do ombro. Maravilha, lá estava ele, parado, com aqueles olhos marejados de criança, ele já tinha doze anos, tinha que aprender a não chorar! Encarei-o, pra ver se ia embora, ele não se mexeu. Olhei em volta, procurando algo pra me distrair, mas meus olhos caíram nele de novo... Não podia deixar ele ali, sozinho. Só tinha doze...

Droga, estava deixando meu lado fraternal tomar conta de novo, pensei, grunhindo. Era melhor levá-lo comigo. Me virei de volta pro navio, tanta confusão, todos se despedindo da família e amigos, ninguém notaria se o levasse pra dentro...

- Merda. – Xinguei num mero sussurro, antes de me aproximar de novo de Arthur, me agachando na frente dele e encarando os olhos verdes dele com os meus próprios. – Você vem. Mas se me encher, te jogo no mar, ouviu?

Ele riu, assentindo, sabia que ele me levara a sério mesmo assim. Ele já me conhecia bem, eu não hesitaria em dependurá-lo pela janela da minha cabine.
- Prometo te obedecer! – Ele me certificou, antes que o jogasse por cima de um ombro, como um saco de batatas, e o cobrisse com meu casaco, subindo para o navio com calma, sem chamar atenção. Bati meus pés na madeira e sorri, tinha mesmo sido uma boa escolha vir, o mar era lugar pra mim. Nada como sentir aquele cheiro de sal e o vento dos oceanos batendo no rosto. Por mais clichê que soasse, era a pura verdade.
Os corredores internos estavam lotados de gente, bem vestidos, mal vestidos, pessoas de outros navios, carregadores, eram todos mais ou menos da minha altura, altos, o capitão não queria "molengas" ele havia dito, uns dias atrás, quando cheguei com um grupo para tentar me unir à tripulação. Éramos parte de uma escolta marinha, tínhamos que ser fortes. Um movimento de Arthur no meu ombro me fez lembrar de que ele estava de cabeça pra baixo, devia estar passando mal assim. Me apressei até minha cabine, abrindo-a sem cuidado, jogando meu irmão na cama e fechando a porta atrás de mim, dando graças à Deus que era uma cabine para uma pessoa. Podia deixar o pirralho ali que ninguém notaria.

- Muito bem, pivete, escute! – puxei meu casaco da cara dele, o rosto vermelho comprovando minha teoria, ficar de cabeça pra baixo não fazia muito bem. – Vamos ter umas regras, ouviu? – Dei um soco na cabeça dele, pra dar ênfase, e ele choramingou, como sempre, passando as mãos no lugar atingido e assentindo.
- S-sim, senhor! Ai, ai...!
- Primeiro de tudo, você só vai falar quando eu me dirigir à você, ouviu? E nada de sair desse quarto. NUNCA. Depois vamos ter que arrumar um lugar pra você dormir...

Olhei em torno, no quarto, não era grande coisa. Tinha uma cama, um baú apertado no canto e só. Na parede havia também uns ganchos, para pendurar casacos e afins, onde eu penduraria o Arthur quando me irritasse muito.
- Agora eu vou lá em cima falar com o capitão e ajudar a zarpar, você fica quieto. - Ele assentiu, e eu deixei a máscara cair um pouco, afagando os cabelos loiros dele, rindo baixo antes de sair. A tripulação principal estava sendo reunida na cabine do capitão, entrei sem cerimônias, parando ao lado dos companheiros de navio, sério, observava o capitão entrar. Era um sujeito alto, forte, com os ombros largos que me lembravam um pouco aqueles super-heróis americanos, tinha um longo bigode castanho e sobrancelhas finas que se arqueavam quando ele te olhava nos olhos. Ele pegou uma lista, e leu alto nossos nomes, aos quais respondíamos como uma chamada de escola, irritante...

- Patrick Kirkland Wallace! – Ele leu alto, levantando os olhos.
- Sim, senhor! – Respondi, meio entediado, mais interessado nas espadas penduradas na parede, bonitas. Uma delas parecia japonesa, uma katana, as outras duas era mais velhas, usadas, pareciam mais com espadas de...

- Você! O ruivo!
Me virei de volta para o bigodudo, arqueando uma sobrancelha, confuso.
- Sim, senhor?
- Mais concentração aqui! – Ele conferiu meu nome na lista – Kirkland!
Eu assenti, mentalmente ofendendo a quinta geração dele. Quem ele pensava que era pra me dar ordens? Ah,sim... Era o capitão. Ele nos passou a mesma idéia base que já escutávamos há uns dias, seriamos parte de uma frota de caça aos piratas, era perigoso, dizia ele, como se nos importasse isso. Já estávamos ali mesmo, não tinha mais volta.
- Essa frota de caça é a mais temida nos sete mares, espero que mantenham isso dessa forma, de acordo? – Ele falou, na sua voz grossa e irritante de capitão. Observei o bigode robusto dele subir e descer quando ele falava, me fazia lembrar uma morsa. Ri baixinho.

- Algo engraçado, Kirkland? Você parece ser um dos problemáticos!
- Mas com certeza serei um dos mais poderosos e bem preparados daqui, senhor! – Ri, respondendo no mesmo tom dele, me impondo. Ele pareceu que preparava uma resposta, sorrindo de leve:
- Você é dos meus, Kirkland. É dos meus.

Antes que eu pudesse agradecer, mais zombando do velho homem do que realmente me sentindo agradecido, a porta se abriu de leve, com a aparição de um outro homem, que me surpreendeu.

Ele tinha cabelos que lhe batiam no ombro, embora eu pudesse observar isso por pouco tempo, já que os prendeu enquanto entrava na sala, num pequeno rabo de cavalo, os olhos estavam abaixados, mas assim que ouviu se nome, deixou o cabelo em paz e levantou o rosto, revelando as íris azuis, não parecia ser exatamente um marinheiro, mas o uniforme me mostrava que ele pertencia à tripulação.
- Bonnefoy! Que bom que chegou, mandei chamá-lo faz meia hora! – O bigode falou , cruzando os braços e rindo, fazendo um gesto para que se aproximasse. – No que está pensando para o nosso primeiro jantar? Vamos zarpar agora mesmo!
Ah, era o cozinheiro. Bem que devia ter desconfiado, alguém daquela estatura não podia estar ali pra lutar contra piratas.
- Ah~ Oui, claro, me atrasei exatamente por isso, monsieur Jack! – O dito "Bonnefoy" respondeu, com um sorriso francês, que combinava perfeitamente com seu sotaque. Me perguntei como ele havia ganhado tanta intimidade pra chamar o capitão pelo nome. – Já arrumei meu cantinho, e espero ser liberado logo pra poder cozinhar, oui?
Ele passou uma mão no queixo, pela barba mal feita, enquanto ria um pouquinho e piscava para meus colegas de navio. Quanta... intimidade. Bufei, revirando os olhos e voltando a observar as paredes, quando dei de cara com os olhos azuis me olhando.
- Ah~! Quanta gente nova! Achei que eu seria mais velho que os novos marujos, mas eles parecem mais... digamos, avançados.
Eu o encarei, estava me chamando de velho? Olha, eu devia estar sem fazer a barba hoje, mas foi porque tive que me livrar do meu irmãozinho de manhã cedo, pra ele não me seguir, ok? ...de qualquer forma, tinha sido inútil, porque ele estava agora escondido em minha cabine.
- Hahah! Sim, são verdadeiros homens que convoquei! – Comentou animado o capitão Jack "Bigode" Brewster, liberando-nos com uma mão, despreocupado – Vão e arrumem suas coisas, tenho que tirar esse navio do cais!

Não demorei pra sair de lá, mas tentei não parecer muito apressado, queria passar na cozinha e pegar algo pra Arthur comer, já que não tinha visto o pequeno tomar café da manhã. Nem parei pra pensar o quanto isso não soava como EU falando. Passei para dentro do convés e segui por alguns corredores, enquanto os marujos menos importantes corriam de um lado para o outro, e o navio começava a se movimentar, me fazendo apoiar nas paredes ao abrir a porta para a cozinha. Não havia ninguém ali, era um quarto maior, com um fogão de quatro bocas e milhares e milhares de panelas dependuradas, que na verdade não pareciam muito limpas, haviam milhares de armários nas paredes, que deviam conter comidas não perecíveis, e haviam os barris de água e vinho, nos cantos da cozinha. Era um espaço bem apertado, portanto tive que costurar entre os objeto até abrir um armário com coisas mais novas, umas frutas, que deviam estar ali para serem consumidas nessa primeira semana. Peguei uma maçã, me virando pra ir embora, antes de bater de frente com outra pessoa, derrubando o dito no chão, enquanto eu permaneci em pé, arqueando uma sobrancelha e encarando o idiota que tinha cruzado meu caminho. Quem mais além do cozinheiro?
- O que você quer aqui, merda? Pare de me atrapalhar antes que te arranque um membro! – Gritei com ele, irritado, batendo na minha roupa como se estivesse limpando-a, olhando o homem passar uma mão na cabeça, ainda no chão. Me lembrou bastante o Arthur, quando batia nele.
- ...Ai... oras, eu que lhe pergunto, eu TRABALHO aqui, o que VOCÊ está fazendo na minha cozinha? – Assisti ele se levantar, quase pedindo pra que desse uma joelhada no estômago dele, mas me contive, o navio balançando um pouco com o vento e me fazendo apoiar no fogão com uma mão. Ele tinha um ponto, não que me importasse, merecia um soco de qualquer forma, depois de levantar a voz pra mim.
- Espera, isso aí é uma maçã? Não pode pegar comida antes da hora!
- Hah, fala como se eu ligasse. – Eu zombei dele, abrindo caminho pra sair da cozinha, mas ele segurou meu braço.
- Ei! Se isso sumir, vão me culpar!
- Acha mesmo que alguém vai ficar controlando comida no começo da viagem? Relaxe.
Revirei os olhos, percebendo que ele iria encher o saco por causa daquilo. Me virei pra ele, tentando mudar o assunto, rindo da cara confusa dele quando eu estendi a mão.
- Patrick Kirkland. – Me apresentei. – Não me irrite ou boto sua cabeça no forno.
Ele hesitou, meio pego de surpresa, talvez confuso porque estava falando sério. Mas acabou segurando minha mão:
- ..Francis. Bonnefoy. Não roube comida, ou vai sobrar pra mim.
Eu ri, dando um soco leve no ombro dele, tentando parecer camarada, não ia deixar meu irmão morrer de fome.
- Não faço de novo, amigo. Com licença. – Saí da cozinha antes que ele pudesse responder, todos os corredores mais vazios, todos no convés, ou em suas cabines, descansando talvez. Abri a porta da minha cabine, encarando o tufo de cabelos loiros que conhecia bem, enfiado embaixo da coberta.
- O que diabos está fazendo aí, pivete? –Deu um soco fraco onde pensava estar a cabeça dele, vendo-o, sair lá de baixo, olhando-me, meio emburrado.
- A-ai, Pat! Isso doeu, droga!
Encarei-o, e imediatamente ele se calou.
- Pare de fazer bagunça, ninguém pode saber que está aqui. – Estendi a maçã pra ele, assistindo-o comer como se estivesse morto de fome e suspirei, será que devia mesmo ter trago o garoto? Agora era tarde.
- Pat?
- O que é? – Olhei pra ele, irritado. Nunca tinha gostado desse apelido, mas ele insistiu tanto em me chamar assim (mesmo depois de algumas surras, diga-se de passagem) que acabei deixando pra lá.
- Pra onde esse navio vai mesmo? – Ele me olhou, percebi o brilho nos olhos do garoto e não contive um sorriso, bagunçando o cabelo dele, colocando mais pressão que era necessário.
- Oras, vai pra onde EU quiser! Eu sempre consigo o que quero, lembra?
Ele meio riu, meio tentou escapar, e eu até deixei que ele me abraçasse, quando desabei na cama, fechando os olhos. Arthur deitou ao meu lado, e eu percebi na hora que seria um saco dividir aquela cama com ele. Um homem precisa de espaço... pensei, olhando pro baú e me perguntando se o loirinho caberia ali.
- Pat...?
Que droga, menino, vá dormir, ou sei lá, algo assim.
- O que você quer?
- ... – Ele hesitou, me abraçando mais forte, eu revirei os olhos. - ... Acha que a mamãe teria me deixado vir...?
- Se ela estivesse viva? Nunca! Ela mal te deixava sair de casa, lembra?
Eu zombei, abrindo um olho pra observá-lo. Aquele momento estava muito fraternal pro meu gosto, quando ele ia dizer algo idiota, pra eu poder socá-lo?
- ... B-bom, eu gosto de estar aqui, mesmo assim! – Ele assentiu, parecia mais falar consigo mesmo que comigo. E eu aproveitei a deixa pra dar um empurrão nele, fazendo-o voar na parede e depois no chão.
-! AI! PATRICK!
- Silêncio, pirralho! Quer que ouçam?
Ele se calou, resmungando baixinho, antes de se sentar no chão, com as pernas pra cima da cama, emburrado.
Eu ri um pouco mais, voltando a fechar os olhos e respirando fundo, sentindo o leve balançar do barco, ouvindo barulhos de conversas bem ao longe e a música que Arthur começara a cantarolar bem baixinho. Era uma música de marinheiro, mas um pouco mais sombria, quase como uma música de pirata. Onde esse menino aprendia essas coisas? Não demorei muito pra cair no sono...

...

"Levantem as velas! Quantas vezes vou ter que falar! Façam o que eu digo!" Gritei, apontando os marujos mal vestidos que corriam pelo meu convés, meu chapéu quase saiu da minha cabeça com o vento forte que soprava, e as águas quase viravam meu pequeno, mas forte, navio.
"Carregar os canhões! Vamos chegar atacando! Quero ver todo o ouro no convés!" Ri alto,girando o leme, numa direção boa para atacar o navio inimigo. Eram da marinha? Cargueiro? Não me importava, desde que tivessem ouro! Iríamos pilhá-los agora, no meio da tempestade!

"Capitão Kirkland!" ouvi alguém chamar, olhando por cima do ombro e vendo meu mais fiel marujo se aproximar, era-

-

- Patrick! Patrick! – Fui balançado na cama, soltando um grunhido e abrindo os olhos, não soube dizer quanto tempo havia dormido, já estava escuro, mas pude destinguir os curtos cabelos loiros de Arthur na minha frente.
- O que quer AGORA? Estou dormindo!
- Bateram na porta..! – Ele sussurrou, indicando a dita cuja com a cabeça. Assenti, me sentando na cama e me espreguiçando, ouvindo baterem novamente.
- Kirkland? Suba, vamos jantar! – Eu ouvi algum idiota dizer, me levantando e apontando Arthur.
- Não saia daqui. Vá Dormir. – Mandei, antes de ir até a porta e sair, deixando meu irmão lá dentro pra acompanhar o outro marinheiro até o local onde faríamos as refeições. As estrelas estavam especialmente bonitas essa noite, não havia nuvens, logo todas elas pareciam iluminar o convés mais do que os lampiões velhos. Me aproximei dos outros marujos, que comiam, riam, bebiam e socializavam, e me sentei em meio à eles, acompanhando alguns casos compartilhados. Não reparei quando me deram um caneco com bebida, e nem que bebida era, mas bebi, bebi bastante, tanto que quase joguei algo no cozinheiro ao vê-lo surgir com outro prato e piscar pra mim. Ele sentou ao meu lado na bagunça, conversamos um pouco, rimos um pouco. Ele me contou que fazia parte da marinha há um tempo, mas nunca tinha realmente gostado, eu admiti que me sentia meio preso com as regras, e ele concordou, parcialmente. Na cabeça dele um furto à sua cozinha poderia se tornar um começo de amizade, creio. Mas era melhor manter amigos do que fazer inimigos, então joguei com ele, contando casos da minha vida mesmo.

- Hnm~, Monsieur Kirkland parece ter muitas aventuras pra contar~! – Ele riu, se fazendo de ouvinte, sedutor, passando uma mecha dos cabelos para atrás da orelha. – Porque não me conta mais algumas~?
Eu já estava bêbado o suficiente pra rir disso, dei mais um gole na bebida e virei-me para o céu, tentando soar poético:
- Se tudo correr como desejo... minhas aventuras estão começando agora.
Ele sorriu, não um sorriso paquerador dessa vez, um sorriso de quem concordava, assentindo. Deitei-me no chão de madeira e cruzei minha mãos sob a cabeça, respirando fundo. O ar estava fresco, a brisa marinha fazia as minhas mechas ruivas voarem no olho às vezes, me perguntei se era por isso que Francis mantinha o cabelo preso, ou se era para manter o cabelo longe da comida que preparava...
Demorei-me um pouco mais ali, cantei músicas de bebedeira, que conhecia tão bem, de minha terra natal. Mas quando bateu a falta de um moleque chato me falando que já tinha bebido muito é que me lembrei de Arthur, tinha que levar algo pra ele comer. Maldito peso morto. Arranquei umas coxas de frango da mesa e taquei-as nos bolsos, quem liga se não era higiênico? Ele teria que agüentar.
- Ah? Já está indo? – Francis arqueou uma sobrancelha, vendo-me me dirigir às cabines.
- Já bebi demais, amanhã talvez tenhamos trabalho. – Menti, dando um meio aceno antes de ir pro andar de baixo, sem olhar pra trás quando ouvi o "Bonsoir" dele.

Quando entrei na cabine, não via nada, no breu, fui tateando o ar, até tocar o pé de meu irmão, devia estar dormindo na cama. Já era bem tarde mesmo...
- Patrick...? – ouvi um sussurro, suspirando.
- E se não fosse eu, te descobririam na hora. - Murmurei, puxando as mãos dele e deixando a carne lá, sem ligar se o sujava da gordura – Coma isso, ou morra de fome.
Ele acendeu uma vela, deixando-a em cima do baú e começando a comer, enquanto me olhava, curioso.
- O que é agora, pivete?
- Está cheirando a vinho. – Ele assentiu pra si mesmo, comendo sem qualquer educação.
Eu assenti, expliquei que estávamos bebendo lá em cima, e procedi em dar um soco no estômago dele quando ele perguntou se podia beber um pouco. "Claro que não, MOLEQUE! Ainda é muito novo pra fazer merda, vai dormir!" foi o que respondi, ou algo assim, já estava me deitando na cama nesse momento. Arthur deitou ao meu lado, abraçando-me a apoiando a cabeça no meu peito. Eu fechei meus olhos, e me deixei levar pelo som da água batendo no navio, em pouco tempo estava adormecido.

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