Erros
por Ireth Hollow
Havia momentos em que só querias esquecer, momentos em que desejavas nunca me ter conhecido. Negas? Não, não o faças, porque não irias conseguir mentir-me. Nunca conseguiste, inocente Ginevra…
Tom, não sei o que se passa comigo. Acordo nos sítios mais improváveis, quando deveria estar a dormir no meu dormitório…
Estavas a perder o controlo das tuas acções e essa certeza ia-te consumindo, lentamente. Só não sabias que também as tuas emoções já não te pertenciam, que era eu quem as manipulavas. Duvidas, ingénua Ginevra?
Tom, as minhas roupas estão cheias de penas…
Tom, as minhas mãos estão cobertas de tinta vermelha…
Não te lembravas de tudo o que fazias, pois não? Pensavas que estavas a enlouquecer, porque, simplesmente, não sabias como é que aquilo sucedia. As tuas recordações eram apenas parciais, mas tu querias que eu, de algum modo, as reconstruísse para ti, não era, pequena Ginevra?
Tom, acho que estou a ficar louca…
Pois estavas, Ginevra, mas não pelos motivos que me apontaste.
Eu compreendia as tuas lacunas de memória, porque eram da minha responsabilidade. Contudo, o que fugia do meu entendimento era a razão que te levava a suplicar, mesmo exigir, que eu pegasse nas tuas quase-memórias e as juntasse num todo, reconstituindo as partes que faltavam.
Tom, eu acho que ando a atacar toda a gente!
Tu já suspeitavas que eu era o responsável desse teu infortúnio… Sabias por intuição que eu te levava a fazer coisas contra a tua vontade e que, depois, as apagava da tua mente. Sabias que essas coisas não eram do teu agrado. Então, por que motivo desejavas que eu te mostrasse as peças perdidas do teu puzzle? Querias horrorizar-te, querias culpar-te, querias magoar-te? Querias? Sim? Então, estavas mesmo a ficar louca.
Foi nessa altura que o desejo de te afastares de mim venceu o fascínio em que eu te mergulhara. Quiseste esquecer tudo o que estava associado ao diário, tudo o que te conduzia a mim. Abandonaste-nos a ambos, julgando que poderias esquecer-me, que poderias ignorar aquela sensação de incompletude, aquelas falhas nas tuas lembranças.
Lembro-me de ter sentido medo, pela primeira vez. Medo de que a tua irracionalidade tivesse comprometido o êxito do meu plano. Medo de que o meu poder de sedução não fosse, afinal, imbatível. Medo de ter encontrado alguém que eu não pudesse manipular…
Esse foi um dos meus erros, doce Ginevra. Eu sobrestimei-te, quis elevar-te acima dos restantes humanos. Quase que te coloquei ao meu nível… Quase.
Ainda bem que não o fiz, porque tu voltaste atrás, regressaste ao teu manto de fraquezas humanas. Recuperaste o diário, pensando que me recuperavas a mim. O problema, Ginevra, era que eu nunca te pertencera. Mas tu sempre foste minha, mesmo quando duvidaste de mim.
Ainda agora és minha, mesmo casada com o teu amado Potter. Ainda agora eu sou dono da tua mente, embora tenhas sido tu quem decidiu apagar as tuas suspeitas, deixando apenas aquela imagem angelical que idealizaste de mim: o teu Tom.
N/A: Fic escrita (à pressão) para o II mini-challenge de TG, no 6V. Agradecimentos à Rebecca, por me ter devolvido a vontade de participar em challenges e à miss Krum (mais uma vez), por me ter apresentado TG :D
