Armas e Rosas
Notas Iniciais: Realmente, a inspiração pode surgir a qualquer momento e de uma forma muitas vezes, pouco imaginável. Foi o que aconteceu comigo. Um fanart foi a inspiração que eu tive para escrever o meu primeiro fic U.A. tendo como protagonista principal, o maravilhoso personagem Shun. Como se trata de um fic em um Universo Alternativo, devo alertar que o nome de alguns lugares e da cidade onde se passa a trama não são os mesmos da nossa realidade, nem da realidade da trama de Saint Seiya.
Essa fanfic havia sido postada anteriormente no site Pandora's Box e agora eu resolvi traze-la para o Quero então agradecer a quem acompanhava esta história no outro site e dizer que a atualização sairá em breve!
Arthemisys :.
Armas e Rosas
Primeiro Capítulo
Em um velho galpão localizado perto do Porto da cidade de Creta, um grupo de homens fortemente armados e vestidos com elegantes ternos estava rodeando um único homem que segundo as informações que haviam recebido, sabia demais.
- Eu não sei onde foi parar...
- Como assim não sabe onde foi parar!
- Eu já disse... Eu não estou mais com a mercadoria... Ai! – ele pára de falar, pois um potente soco em seu estômago o impede de prosseguir. Os ouvintes estão sérios em sua maioria. Aquela interrogação não estava dando os efeitos que realmente queriam.
- Nós já perdemos tempo demais com você, Gigars... Eu não serei punido pelo meu chefe por causa de suas mentiras. Por isso, será a última vez que eu pergunto: onde está a nossa mercadoria que você desviou? Se não me responder como eu quero, vou estourar os seus miolos! – Jabu, conhecido pelos seus companheiros como Unicórnio, pronunciava tal ameaça enquanto empunhava uma pequena pistola calibre 22 na testa do homem que deitado no chão por conta dos vários chutes e socos que recebeu, encarava Jabu com muito medo em seu olhar.
- Eu já disse... Os outros caras roubaram a mercadoria de mim enquanto eu fazia a travessia dela pelo rio Estige... Foram aqueles caras, eu juro por Zeus! – imediatamente, o homem começou a chorar copiosamente. Jabu apenas revirou os olhos como se não acreditasse no que estava ouvindo.
- Viram o que eu disse! Esse cara vai continuar mentindo até chegar ao Inferno! Eu não perco mais o meu tempo com ele!
- Mas Unicórnio, o chefe mais novo disse que não podemos matar o Gigars até ele chegar. – Hidra, outro comparsa de Jabu, intervém.
- Hidra está certo. Esse cara é do chefe mais novo. – Leão Menor, outro homem, dizia enquanto maneava a cabeça positivamente.
Jabu estava caminhando até o portão do galpão, mas ao ouvir a suplica dos companheiros, imediatamente dá meia volta, indo até Gigars aos berros. – Então esse imbecil vai viver porque o chefe mais novo quer! Ele pode até ser o maioral da organização, mas o chefe mais novo não está aqui certo! ELE NÃO ESTÁ AQUI! – e voltando a apontar a arma dessa vez engatilhada na cabeça do homem, diz. – Diga adeus Gigars!
Gigars fecha o olho direito – já que o esquerdo era apenas um globo vazio preenchido apenas por um rubi – e espera o disparo, mas o som que escuta é outro.
- Unicórnio!
Todos imediatamente olham em direção ao som de comando.
- Ihh... É o chefe mais novo... – Geki, o Urso Maior, diz ressabiado.
- E ele tá acompanhado do chefe mais velho... – Hidra complementa.
O portão entreaberto do galpão deixa transpassar alguns raios solares da tarde e junto com a luz, a silhueta de dois homens que se aproximam. A cada passo dado, pode-se notar que ambos vestiam roupas sociais. O mais alto respeitosamente chamado de "chefe mais velho" tinha cerca de um metro de noventa de altura e uma tez morena, muito bem contrastada por vívidos olhos azuis escuros, sensivelmente escondidos por um par de óculos escuros e ovalados. Seus cabelos azulados eram curtos, mas discretamente revoltos onde uma mecha escondia uma profunda cicatriz localizada entre seus olhos. Portava em mãos uma pistola semi-automática que naquele momento estava sendo acoplada a um silenciador de tiros. O outro rapaz que o acompanhava, era conhecido pela alcunha de o "chefe mais novo". Como vestimenta, usava uma camisa social preta e uma calça social do mesmo tom, presa por um suspensório também da mesma cor. Seus cabelos esverdeados caiam em mechas revoltadas pelo pescoço e morriam na altura de seus ombros. Seus olhos eram de um verde profundo e ao contrário de seu acompanhante, tinha um tom de pele mais claro e sem nenhuma cicatriz. Seus nomes eram respectivamente Ikki Amamiya e Shun Amamiya, gangsteres de uma das mais poderosas máfias do país: a Fênix Vermelha.
- Chefes... Eu não imaginava que vocês viriam até aqui... A gente já estava até terminando o serviço com o Gigars e... – ele pára de falar ao ver um sinal de mão feito por Shun que se aproximou do homem ferido ao chão e flexionou as pernas, dizendo:
- Pensei que você se arrependeria Gigars. – Shun disse após um suspiro de tristeza. – Todos sabem que foi você que facilitou o desvio da nossa mercadoria para os nossos inimigos. Traiu-nos. Por que fez isso?
- Chefe, eu juro... Juro que não trai vocês... Foram eles... Eles me ameaçaram de morte se eu não entregasse a encomenda... Eu não tive culpa...
Shun ouvia pacientemente o relato enquanto Ikki estava apenas calado, observando a cena.
- Chefe... – Gigars continua. – Me perdoa por ter falhado com a Fênix Vermelha! Eu prometo que isso não acontecerá mais. Eu não serei mais fraco novamente. Por Zeus, eu juro!
- Gigars. – Shun responde – Eu acredito em sua inocência. Seu erro foi ter deixado a mercadoria sem nenhuma proteção, mas isso já é passado. – o rapaz se levanta e vai até o irmão mais velho. – Que isso não se repita mais Gigars. – Shun completou.
- Sim... Sim, chefe! – o homem respondia maravilhado. Nunca imaginou que um Amamiya fosse tão piedoso a ponto de poupar a vida de alguém como ele. Seu renovo de vida era algo tão latente que Gigars conseguiu forças para se colocar de pé, mesmo ferido e de rir como uma inocente criança. Os subordinados dos irmãos olhavam a tudo calados.
- Vamos irmão. Não temos mais nada a fazer aqui. – Shun diz enquanto se aproximava de Ikki.
- Claro, vamos. – Ikki respondeu, dando as costas para os demais e ficando lado a lado com o irmão mais novo e assim, começaram a caminhar rumo a saída do galpão. – Como sempre, você me surpreende Shun. Sabe que ele é um infiltrado em nossa organização, viu uma carga milionária de estátuas roubadas cair nas mãos dos outros e ainda por cima, poupa a vida dele. Em suma: eu lhe admiro.
- Ikki. Isso não é um caso para se orgulhar de mim. Eu acredito apenas no poder do arrependimento. Por isso sei que Gigars não errará mais.
- Você tem certeza disso, Shun? – Ikki perguntou com um meio sorriso nos lábios finos.
- Sim, eu tenho. – o caçula respondeu com um belo sorriso também.
- Mas eu não. – Ikki arremata, girando os pés a um ângulo de 180 graus e com a arma em punho, dá um tiro certeiro na testa do homem que ainda estava rindo e que não percebeu quando o tiro lhe acertou. O impacto da arma foi tanta que antes de cair ao chão sem vida, com os olhos arregalados e ainda com um último sorriso em sua boca, a bala já tinha saído do crânio e ricocheteado em uma tubulação de gás que estava exposta no final do recinto. E antes mesmo que os outros presentes fizessem algo, Ikki mirou a arma para Jabu e o acertou na altura da cabeça. Esse por sua vez, caiu no chão, gritando de dor com as duas mãos postas na orelha direita que sangrava sem parar.
- Pare de choramingar Jabu! Eu infelizmente só acertei o lóbulo da sua orelha. – Ikki dizia com um ar de decepção no rosto. – Isso foi por você ter desobedecido às ordens do meu irmão e quase ter matado o homem sem a devida permissão.
- Ikki! Você matou Gigars! – Shun exclamava estarrecido. – Eu pensei que...
- Shun. – diz Ikki após um suspiro. – Você acredita nos seus ideais e eu nos meus. Agora, vamos parar de falar sobre esse pobre diabo e voltar para casa. Já está perto da hora do jantar. – sem mais nada a pronunciar, ele sai andando tranquilamente rumo a saída, enquanto assobiava alguma música antiga.
- Ikki... – o rapaz diz em um suspiro.
- Err... Chefe. O que fazemos com o corpo dele? – Geki pergunta para Shun que como se tivesse saído de um transe, diz com um tom de voz arrastado:
- Dêem um enterro digno a este homem. – e sem mais, volta seus passos, agora mais apressados, em direção ao irmão.
...x...x...x...
Desde que chegou a sua mansão, localizada em um bairro nobre daquela pitoresca cidade, Shun subiu as escadarias em estilo neoclássico, em direção ao seu quarto e de lá não saiu mais. Como era de costume, Shun usava o seu quarto para meditar sobre sua vida e sobre seus atos. Mas naquele dia, preferiu pensar sobre o ato que o irmão mais velho cometera. Sim. Ikki havia mudado drasticamente e sabia muito bem o motivo que ocasionou a sua mudança... Aquele fato que nem mesmo Shun queria se lembrar novamente. Pois lembrar daquele fato, seriam como vivencia-lo novamente e viver tudo novamente, seria a mesma coisa que morrer uma segunda vez. Sim, sabia que Ikki estava certo: eles tinham crenças em ideais muito diferentes. Mas também sabia que isso nem sempre fora assim. Shun continuaria a pensar mais, embalado pelo som de uma conhecida música clássica executada em uma antiga vitrola – querida herança que havia recebido de sua mãe -, mas isso não foi mais possível: seu irmão mais velho acabara de entrar no quarto.
- Shun. – Ikki falou em um tom baixo, fazendo com que o irmão se virasse na escrivaninha onde estava parado, com as mãos cruzadas sobre o queixo, para o olhar melhor. – Estou atrapalhando?
- Claro que não, irmão. – Shun responde com um pálido sorriso, enquanto Ikki se acomodava na beirada da cama, próximo a ele. – Aconteceu alguma coisa?
- Você não saiu do quarto hoje. Ainda está pensando no homem que eu matei?
- Bem... Não é isso Ikki. Não estava pensando sobre isso.
- E estava pensando sobre o que?
Shun não teve resposta a dar a essa pergunta. O que ele estava pensando era algo que não queria que seu irmão soubesse. Sabia que Ikki não merecia ouvir nenhum sermão sobre sua conduta – que a cada dia parecia estar mais fria e distante – pois ainda assim, a sua relação com ele permanecia a mesma: a do irmão mais velho sempre tentando proteger e ensinar ao irmão mais novo, como sobreviver numa vida tão perigosa quanto aquela que eles tinham. Procurou assim, alguma outra resposta em sua mente que não fosse tão estúpida e disparou:
- Eu estava pensando... Que há tempos não saímos mais! São tantos compromissos com a organização que acabamos nos esquecendo de que somos jovens, não concorda?
Ikki não deixou de arquear uma sobrancelha com aquela afirmativa do irmão mais novo.
- É. Você tem razão. – e depois de um breve instante de silêncio, Ikki diz. – O que acha então de sairmos hoje para nos divertirmos heim?
- Hoje!
- Sim. Não foi você que disse que nós não saiamos há tempos? Agora tome um banho e troque de roupa, pois aonde iremos as mulheres não gostam muito de homens que não usem um bom perfume e uma roupa limpa.
Assim o jovem sai do quarto do irmão que pelo sim ou pelo não, resolveu atender acatar os seus conselhos, começando primeiramente a procurar uma roupa limpa no closet.
...x...x...x...
Depois de mais algumas horas, ambos já estavam em pé sob um suntuoso tapete vermelho, indicação de que ali era a passagem para que os mais abastados entrassem no disputadíssimo Moulin Rouge, uma casa noturna que tinha a fama de conter em suas paredes as mais belas e desejáveis mulheres e os mais ricos e poderosos homens do país.
- Como descobriu esse lugar Ikki? – Shun perguntava de certa forma, curioso.
- Cisne me indicou. – e após uma pequena risada, ele arremata. – Devo admitir que o bailarino conhece o lado bom da vida.
Shun também não conteve a risada ao ouvir o irmão chamando Hyoga, um dos homens fortes da Fênix Vermelha, de "bailarino".
- Boa noite senhores. Sejam bem vindos ao Moulin Rouge. Devo adverti-los que hoje a casa está com um publico selecionado e que não terão nenhum problema por conta de inimizades. – um homem careca e elegantemente vestido, conhecido como Tatsumi, disse polidamente. – Por favor, me acompanhem. A casa selecionou uma mesa especial para os senhores.
Logo, os irmãos Amamiya já estavam acomodados em uma mesa reservada, próximo ao palco da boate. Prontamente, um garçom estacionou ao lado da mesa, um pequeno bar incrementado dos mais variados tipos de bebidas. Ikki pegou para si uma garrafa de uísque doze anos, da melhor marca e encheu seu copo com o líquido, sem gelo. Shun por sua vez, não viu no carrinho nada que o agradasse – ele não bebia nada alcoólico, fato que seu pai sempre estranhou – e pediu ao garçom, apenas uma água com gás.
- Agora é relaxar e curtir a noite. – Ikki diz com um sorriso debochado.
Shun apenas respondeu com um sorriso. Nesse momento, todas as luzes se voltaram para o palco, onde um homem de afeições robustas e porte gigantesco apareceu elegantemente vestido em um terno creme e segurando um microfone, começou a falar:
- Senhoras e senhores, boa noite! Permitam-me que eu me apresente: sou Aldebaran, o homem que nesta noite, selecionou o melhor e mais fino meio de diversão para os elegantes senhores que aqui estão. – houve nesse momento uma breve ovação de palmas, que logo cessou para que Aldebaran continuasse com o seu discurso. – E hoje, exatamente hoje, os senhores serão agraciados com essa bela visão, vinda diretamente do exterior, apenas para a apreciação de vossos olhos: Ela! A bela e sensual mulher que canta e encanta a quem ouvir a sua melodiosa voz! Com vocês... A misteriosa, a sensual... Camaleão!
Aldebaran aponta para a espessa cortina vermelha do palco e todas as luzes focalizam a mira apontada. Porém, nada se move e o próprio mestre de cerimônia, fica surpreso com a ausência de sua maior estrela da noite. Mas pelo visto, aquela seria uma apresentação de muitas surpresas.
- So much for my happy ending, oh oh, oh oh, oh oh…(O meu final feliz já era...) - a belíssima voz que entoava o começo de My Happy Ending, vinha do outro lado do palco, que imediatamente, perdeu a sua luminosidade, para dar luz ao caminho que a bela cantora percorreria.
Quando a luz finalmente atingiu o corpo da cantora, todos os convidados da casa não conseguiram conter um "oh" de surpresa com a beldade que estava sendo visualizada por seus olhos. Camaleão como era conhecida, estava vestida em um suntuoso e minúsculo vestido vermelho de seda que a cada passo que ela dava, mostrava discretamente o começo da cinta-liga – também vermelha – o que deixava os convivas cheios de pensamentos dúplices. Sua maquiagem era pesada, mas nada que desgastasse a visão de quem poderia vê-la. Os olhos azuis estavam bem contornados com uma sombra escura e seus lábios carnudos, bem evidenciados em um batom de tom vermelho vibrante. Seus cabelos estavam presos em um coque desleixado, em parte escondidos por um chapéu preto que talvez, faria parte decisiva em sua apresentação. E assim, bela e poderosa, a misteriosa Camaleão continuou com a sua apresentação, acompanhada apenas por um único instrumento: um piano, que era muito bem executado por um belo francês conhecido como Kamus du Pont.
- Let's talk this over, It's not like we're dead, was it something I did? (Vamos conversar, a gente não morreu, foi alguma coisa que eu fiz?)
Ao vê-la, a reação que Shun teve não foi diferente a dos outros homens da casa. A bela mulher que cantava quase que sussurrando uma letra de amor acabado, fez com que seu coração desse contrações e saltos pouco encabulados. Mas ao contrário dos demais, o jovem rapaz não a via como um objeto de desejo – se bem que isso era quase impossível de não pensar – mas sim, como um... Anjo!
- Shun. Shun acorda! – Ikki deu um pequeno cascudo na cabeça do irmão a fim de desperta-lo mais rápido de seus sonhos.
- O que foi! - Shun perguntou um tanto desorientado.
- A loira parece que gostou de você, moleque. Veja: ela está vindo até aqui.
Imediatamente, Shun caiu na realidade: a cantora realmente estava a poucos passos de sua mesa, o olhando fixamente. Imediatamente sentiu que suas mãos começavam a soar e que sua boca havia secado de repente. Ainda pensou em tomar alguns goles da água que a essa altura, não tinha mais nenhum resquício de gás, mas já era tarde: Camaleão já estava em sua mesa.
- You were all the things I thought I knew and I thought we could be…(Você foi todas as coisas, que eu queria e que era para ter dado certo, mas não deu...) - ela cantava melodiosa enquanto se sentava em cima da mesa, cruzando as pernas bem em frente a um Shun completamente enverbecido pelos belos olhos azuis da cantora. - You were everything, everything that I wanted... (E todas as nossas melhores lembranças desapareceram. Você estava fingindo o tempo todo...) – ela continuava com o seu show e sorrindo graciosamente enquanto entoava o refrão da música, tocou o rosto do jovem em sua frente e sentiu um leve tremor percorrer o seu corpo quando se viu dentro dos olhos verdes do rapaz. Não fazia a menor idéia de quem realmente seria, mas tinha apenas uma certeza: era o homem mais belo que os seus olhos haviam visto em toda a sua vida. E com destreza, sua mão logo percorreu até a gravata que ele usava e com um ato de dominação, ela o puxou para mais perto de si, ficando a apenas alguns centímetros de distância um do outro. Shun conseguia sentir o hálito doce da jovem bater em seus lábios, enquanto ela os entreabria ao sussurrar: - All this time you were pretending, so much for my happy ending, oh oh, oh oh… (Você estava fingindo o tempo todo, o meu final feliz já era...).- Não. O seu final feliz não acabou... – Shun dizia completamente embriagado com a magia do momento. E inclinando um pouco o rosto para frente, fechou os olhos e entreabriu os lábios, que estavam incrivelmente sedentos pelos vermelhos lábios da cantora que para ele, era a mais nítida visão de um "ange rouge".
Continua...
