Falta de Privacidade.
A madrugada espiava pelos cantos da janela aqueles dois camundongos, espreitados ligeiramente ofegantes na lareira, cansados de tanto blá blá blá. Bem, era cansativo mesmo, cansativo ter que agüentar sempre a mesma coisa, aquela velha historia. O nonsense.
Mas teria que fazer, era preciso, precisava tirar tudo o que a pregava, mesmo que sentisse que era uma falta de privacidade detestável.
Era detestável descobrir a si mesma? Ou melhor, detestável ainda mais descobrir a si mesma nos outros? Só podia ser, algumas coisas davam tão errado que nem uma poesia ou qualquer outro recurso fajuto ajudaria. Estava perdida.
Olhar aqueles dois era detestável, o canto que os separa era só a imaginação, mas mesmo assim se sentia uma intrusa.
Um loiro, com ódio – embora talvez nem seja tão ódio assim – e uma morena. E uma morena, essa morena não podia ter outra descrição. Não havia descrição. Eles apenas estavam sós, em algum canto empoeirado do castelo, fingindo que nada aquilo era real.
E nada era.
Malfoy e Granger foram só um tropeço do que poderia ser uma história.
Uma história em que a única realidade só existe na imaginação.
