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Disclaimer: Os personagens pertencem a criatura infeliz e malditamente milionária da J.K. E essa fic foi escrita sem fins lucrativos. É mero divertimento.

N.A/¹ Little Things não é realmente uma fic, é um jogo de rpg que está se desenvolvendo no orkut atualmente. Eu só achei bonitinho e quis publicar. Eu e minha amiga Kaorih (fofa, linda e fodona para escrever 3 melhor Draquinho evar 3), estamos jogando no orkut. Eu interpreto o Harry e ela interpreta o Draco 3 a trama está bonitinha *---* espero que apreciem.

N.A/² A história se passa quatro anos após Deathly Hallows...

N.A/³ E se quiserem ler as fics que a Kaorih escreve, aqui está: http : / / w w w . fanfiction . Net / u / 1457606 / KaoriH

retirem os espaços xD e eu recomendo as fics dela 3

Little Things

Capitulo I

POV Draco

— Draco Lucius Malfoy, alta traição, associação com os 'Comensais da Morte', uso de maldições imperdoáveis e conspiração. Como você se declara, diante das acusações?

Todos os olhos dos presentes passaram do ministro para o rapaz de cabelos platinados no meio da sala, com as mãos acorrentadas atrás das costas.

— Inocente, excelência.

Das pessoas que assistiam vieram vaias e gritos, alguns chamavam-no de Comensal, assassino, e até faziam referências sobre a sua casa de Hogwarts. Nada daquilo poderia afetá-lo.

— Silêncio! Ou serão todos retirados dessa audiência!

A voz poderosa de Shacklebolt, o Ministro da magia, fez com que a baderna fosse parando rapidamente, a platéia daquele circo iria se comportar bem dali em diante. Era o dia de sua audiência. Draco Malfoy, estava preso à quatro anos em Askaban, e apenas agora tivera um julgamento que iria decidir seu destino.

Realmente o herdeiro da fortuna dos Malfoy havia mudado à olhos visto em Askaban. As melenas platinadas, antes tão bem tratadas e cortadas regularmente agora estavam muito mais cumpridas do que o normal, tocando o queixo com facilidade, a barba por fazer dava-lhe um aspecto quase doentio, não parecia combinar com o rosto de feições altamente aristocráticas dele, havia perdido peso, as roupas – os trapos, na verdade – folgavam-lhe no corpo. Era só uma sombra do que já havia sido. Ergueu os olhos acinzentados, procurando a reação do conselho de julgamento.

Fora informado de que haveriam pessoas famosas na sua audiência, mas a ironia era que ele conhecia os tão famosos membros do júri. O trio de ouro. Oh isso era perfeito! Iria ser jogado em uma cela de Askaban e esquecido para sempre. Um esgar vazio tomou os lábios com lasso incomparável, Granger-sangue-ruim estava torcendo o nariz em sua direção, como se cheirando algo que lhe desagradasse... se lembraria de fazer uma piada com isso se escapasse dali. Weasley-traidor-do-sangue também o fitava com desgosto, mas no rosto dele era possível ler uma certa satisfação, de certo por observar Draco como inferior naquele momento, cm certeza aquilo seria histórico para um notável palerma quanto Weasley.

E para fechar o trio, Santo Potter, testa rachada! O sorriso se alargou quase maligno, iria se dar muito mal ali. Analisando Potter, assim como fizera com os anteriores, ele não parecia satisfeito – claro que não, era muito superior para se alegrar com a desgraça alheia –, nem parecia desagradado – idem –, sua expressão era mais como... curiosidade, ou algo que se assemelhasse. Potter era esquisito, realmente, a cabeça rachada deveria estar lhe afetando. Draco parou de confabular quando novamente a voz do Ministro fez-se audível na sala, depois de um pigarro particularmente desagradável.

— Senhor Malfoy, o conselho irá deliberar e decidir o que deverá ser feito, enquanto isso o senhor será acompanhado para outra sala, guardado por aurores.

Draco meneou a cabeça, e acompanhou os aurores que já haviam se posicionado ao seu lado. Agora tinha que... aguardar. Em algumas horas, minutos ou menos saberia que passaria o resto de seus dias trancafiado em Askaban. Aquilo não era muito animado, de fato. O conselho de guerra não era formado apenas pelo Trio de Ouro, tinha até mesmo visto alguns dos conhecidos entre os conselheiros mais distantes, como Blás Zabini, mesmo assim... tinha quase certeza de que se os três votassem contra ele, não haveria escapatória. Sentou-se, ainda sob o olhar dos aurores e puxou o ar com força, cerrando os olhos e deixando a cabeça pender para trás por alguns segundo, a imagem da curiosidade de Potter ainda estava lá, assim como os olhos verdes, mais do que nunca, brilhando na sua direção. Não sorriu quando ouviu a porta abrindo, não moveu quando escutou passou, mas desejou secretamente estar errado em suas teorias.

POV Harry

Harry olhava com grande interesse para a cena que se desenrolava à sua frente. Estar ali naquela sala e naquele julgamento lhe trazia inúmeras lembranças, um passado que o atormentava e desejava esquecer. Pôde reparar no quão diferente Malfoy estava e sentiu lástima por ele, se lembrou vagamente de seu próprio julgamento no quinto ano e de como ficou nervoso naquela época. Malfoy estava agindo simplesmente como... Malfoy, sem tirar nem pôr, e este simples pensamento o fez rir interiormente. Apesar de estar sujo, fraco, deplorável, ainda assim não perdia a pose e a arrogância.

"Até quando manterá a pose Malfoy?"

Harry havia mudado um pouco nesses quatro anos, havia amadurecido fisicamente, adquirido alguns músculos bem definidos, e seu cabelo como sempre rebelde e indomável estava um pouco acima de seus ombros, caindo por seus olhos e escondendo a cicatriz em forma de raio. Há mais ou menos um mês quando soube do julgamento do ex-Sonserino, Harry já havia arquitetado um plano em sua mente, e iria colocá-lo em prática. Seus amigos provavelmente não seriam a favor e iriam enchê-lo de perguntas, mas o próprio Harry não sabia a razão de estar fazendo aquilo. Agia impulsivamente como sempre, ou talvez seu complexo de herói estivesse lhe cutucando naquela hora.

"Todos merecem uma segunda chance... mas o que Malfoy faria se tivesse essa chance?

Harry saiu de seus devaneios quando ouviu novamente a voz de Shacklebolt mandando o prisioneiro para uma outra sala, estava na hora de agir. Conseguiu se esquivar de seus amigos e conversou discretamente com o Ministro, alguns minutos foram necessários para conseguir o que queria.

- Tem certeza disso, Harry? - Shacklebolt indagou curioso, o rapaz a sua frente o olhava sério, decidido.

- Sim...

Logo Harry andava com passos firmes para a sala em que Malfoy se encontrava detido, parou na frente dos aurores que guardavam a porta e com algumas poucas palavras os tirou dali. Harry entrou no recinto e olhou ao redor, vendo o loiro sentado numa cadeira, com o olhar baixo. O ex-Grifinório se aproximou lentamente dos outros aurores que estavam do lado de Malfoy e ao falar seu tom foi autoritário:

- Me deixem sozinho com o prisioneiro.

- Mas...

– Tenho a permissão do Ministro, agora saiam.

Os aurores se entreolharam e sem mais perguntas saíram da sala, deixando apenas Harry e Malfoy sozinhos naquele lugar. Havia se passado muito tempo desde a última vez em que estiveram tão próximos e Harry não sabia o porque, mas queria ouvir o que o outro tinha a dizer, precisava ouvir ou simplesmente provocá-lo, ver sua reação.

– Aproveitando as férias Malfoy?

Deu alguns passos em sua direção e rodeou a cadeira em que o outro estava sentado, encarando-o de frente. Sua expressão era ilegível.

– Tenho uma pergunta para te fazer...

POV Draco

Os passos cessaram tão subtamente quanto havia começado. E a voz que soou pelo cômodo obrigou-o a abrir os olhos. Potter? O rosto no qual mantinha a natural fachada de desinteresse foi assombrado pelo espanto por alguns segundos. Então o menino-que-insistia-em-não-morrer queria dar-lhe as boas novas pessoalmente? Potter um sádico, essa era uma nova piada. Não muito boa, mas realmente nova.

Me deixem sozinho com o prisioneiro.

Merlin lhe desse bondade, e agora o quê? Não sabia que o ex-colega de escola era adepto de tortura corporal aos presos. Essa frase era a que ele normalmente ouvia antes de uma boa seção de espancamento em Askaban, ou coisa bem pior. O fato dos aurores protestarem contra o desejo de Potter, na opinião do louro, era a prova absoluta de que eles eram patéticos. É claro que ele tinha permissão, quem em sã consciência negaria qualquer coisa para ele? Não para o menino dos olhos do ministério. Shacklebolt estava nas mãos dele, assim como o antigo diretor de Hogwarts, como os outros ministros e como todo o restante de palermas que precisam estar bem nas mátérias podres que o Profeta Diário faz questão de publicar todos os dias. O sistema é falho, sujo, vermelho e dourado.

Concentrou-se no rosto de Potter, já voltara a manter a mesma aparência indiferente, não deixando espaço para notar a curiosidade pela escolha de São Potter para falar com ele. Será que estariam tentando salvar a sua alma, a essa altura?

Aproveitando as férias, Malfoy?

Quem era aquele, mesmo? A ironia não parecia combinar tanto com um grifinório, como fazia com um sonserino. Deve ter treinado em casa ponderou um tanto diabolicamente, deixando o esgar alargar-se em seus lábios, formando um sorriso desgraçado, desprovido de qualquer emoção latente. Nem ódio, nem felicidade, apenas uma insignificante forma de expressão completamente vazia. O deboche na voz do moreno deu-lhe ansias de proferir um palavrão, porém isso não era o mais indicado para alguém que pertencia a tão boa família quanto os Malfoy. Oh não, Draco tinha que esforçar-se, a ofensa era uma arte muitíssimo apreciada por ele, desde sempre.

Todos os impétuos de agir como um animal foram contidos mais rapidamente do que uma pessoa comum conseguiria fazer, afinal a dissimulação estava em seu sangue. Dos dois lados da família. Manteve o sorriso vazio, sem nunca perder os olhos verdes de foco. O que quer que Potter tivesse em mente não lhe parecia muito boa coisa, e de mãos amarradas nas costas fica mais fácil de ser surrado. Draco sabia muito bem disso. Soltou um muxoxo, antes de que a fala arrastada tivesse início.

— Você tem uma pergunta. Interessante. Eu também tenho uma Potter. O veredicto já foi concebido? Ou ainda esperam pela sua benção final? Dependendo da sua resposta, você poderá fazer uma pergunta e receber uma resposta quase bem educada.

O pequeno monólogo foi interrompido por vontade própria, e finalmente ele deixou os olhos caírem do rosto do seu 'interrogador' ( ora! se queria fazer-lhe perguntas passando a fitar um ponto sem especial significancia na parede oposta. Esquecia-se de que não estava negociando. Ele era o prisioneiro e estava agindo como um juíz prepotente. Era puro instinto de fato, atacar antes que lhe ataquem, algo que faltava para muitos e sobrava para ele.

POV Harry

Estava tão perto de Malfoy, se desse mais dois ou três passos e estendesse a mão, com certeza poderia tocar seu rosto com a ponta dos dedos. Focou sua atenção na face desprovida de sentimentos do outro, aquela máscara de gelo estava de volta. Momentos antes quando os aurores saíram da sala, Harry pôde jurar ter visto surpresa e medo em seus olhos, mas agora não tinha mais certeza. Poderia ver perfeitamente o que aqueles anos em Azkaban lhe fizeram, iria demorar algum tempo até Malfoy voltar a ser o que era.

Achou que o outro fosse falar alguma coisa, depois de sua pequena provocação. Algumas palavras ácidas, arrogantes e cheias de veneno, os velhos e saudosos insultos, ou simplesmente o mandasse calar a boca. Mas Malfoy simplesmente o encarou, com aquele sorriso frio no rosto, aquela expressão vazia. Um calafrio percorreu seu corpo e se centrou totalmente no loiro, tentando definir o que exatamente se passava na mente dele. Ao ouvir suas próximas palavras, revirou os olhos e balançou a cabeça numa negativa.

- Uma resposta educada, de você?

Quase teve vontade de rir, mas se segurou e passou lentamente as mãos pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais.

- Tem tanta vontade assim de saber qual vai ser o seu futuro, Malfoy? Claro que tem...

Estava falando isso mais para si mesmo do que para o outro a sua frente. Olhou para os trapos que o ex-sonserino estava usando, Harry o estava avaliando descaradamente, pois não sabia ser discreto algumas vezes. Um olhar de pena cruzou sua face por alguns segundos.

- Não... Ainda não deram o veredicto...

Suas palavras tinham um tom cansado, melancólico, naquele momento percebeu que não deveria estar naquela sala, não tinha nenhum motivo para estar falando com Malfoy, vê-lo depois de tantos anos, naquele estado. O moreno começou a andar calmamente até a porta, não olhou para o loiro.

- Eu não devia ter vindo.

Parou em frente à porta e segurou a maçaneta, antes de girá-la, porém, falou novamente:

- Boa sorte, Malfoy.

Do lado de fora alguns aurores caminhavam pelo corredor, em direção à sala, falando alto e despreocupadamente.

- Vocês ouviram? Parece que uma nova testemunha apareceu, o Ministro vai ouvi-la em breve.

Continuaram a falar enquanto iam se aproximando, Harry endureceu sua expressão.

POV Draco

Qual era a real intenção dele? Alguma coisa em Potter – fosse o modo como ele o encarava, ou o aparente desapontamento em sua voz – intrigava-o. Preocupação com o julgamento, somente isso. Ou era isso que insistia em afirmar veementemente.

Tem tanta vontade assim de saber qual vai ser seu futuro, Malfoy? Claro que tem...

Não precisaria se esforçar muito naquela conversa, se Potter continuasse a dar as respostas certas. Veja só! Estava se dispondo a ser educado ( ou próximo disso ) com Potter, para conseguir aquela informação e ele simplesmente fugia da pergunta com outra? Aquilo era injusto. E quem era ele para falar sobre justiça? Os olhos perdidos procuraram o moreno, quando ele declarou que o veredicto estava em aberto, mas Malfoy só conseguiu encarar-lhe as costas. Ao contrário do louro, Potter era um exemplo de saúde e parecia que os anos haviam feito-lhe muito bem. Não que ele estivesse reparando, claro.

Boa Sorte, Malfoy.

Boa Sorte? Boa Sorte? Depois de passar quatro anos em Askaban, apodrecendo em uma cela imunda, quando fora apenas um joguete nas mãos de Dumbledore, Boa Sorte era a única coisa que Potter tinha a dizer?

— Eu não preciso de sorte, Potter. Preciso que você vote por mim.

Aquelas eram palavras de um homem desesperado. Toda a sua vida estava nas mãos de um outro homem, o qual ele sempre fizera questão de desprezar durante toda a vida. Quando Potter fechou a porta, sem olhar para trás, Draco chutou a poltrona onde antes estivera sentado, fazendo algum estardalhasso. A dor no pé não ajudava a pensar, mas dissipava a raiva. Se tivesse sido mais agradável! Se tivesse se comportado melhor, fingido algumas lágrimas... se mostrado arrependido. Se tivesse atuado melhor, estaria fora dali. Os aurores entraram na sala, depois de ouvir o barulho – obviamente ele não devia ser deixado sozinho – ambos com expressões debochadas no rosto. Mas não disseram nada além de:

— Sente-se senhor Malfoy. Ou nós faremos isso por você.

Draco respondeu com uma reverência irônica, mantendo os olhos cinzentos neles, antes de sentar-se. Respirou fundo. Havia estragado tudo? E se fosse a sua última chance... bem, aí então teria de descobrir um jeito de virar um animago sem usar a varinha, e fugir de Askaban do mesmo modo que o lendário Sirius Black – que agora era chamado de herói e tinha estátuas no ministério, como um pedido de perdão póstumo do ministro – fugira de lá. Respirou fundo e fechou os olhos novamente, tinha que esperar. E esperar. A porta se abriu novamente e se fosse Potter ele estava extremamente disposto a... pedir... Pedir desculpas por seu comportamento abusivamente deturpado. Iria colocar a culpa em uma infância traumática... eles adoravam ouvir sobre uma infância traumática. Mas não era Potter. A bruxa de meia idade cabelos quase azuis e olhos puxados sorriu para os aurores e sua voz, anormalmente fina, anunciou quando ela finalmente dirigiu o olhar à ele.

— Senhor Malfoy, o conselho dará seu veredicto. Acompanhe os aurores, a ultima testemunha já foi ouvida.

Última testemunha? Todas as testemunhas haviam sido ouvidas antes de queele fosse levado ao ministro... a não ser que... Potter. Potter era a última testemunha, tinha de dizer se ele havia mudado ou continuava o meu mau-caráter Comensal. Havia terminado. Levantou-se, sem perceber os movimentos que o corpo fazia, apenas acompanhou, sem a máscara gélida e sem a arrogância costumeira os aurores que os levavam até a sala do julgamento. Novamente os olhos colocavam-se sobre ele. Não havia emoção em seu rosto. Nem arrogância. Nem sofrimento. Puxou o ar com força para os pulmões antes de levantar os olhos, que fixou em Potter.

— Todas as testemunhas foram ouvidas. Qual a decisão do conselho?

Era isso. Permitiu-se suspirar resignado, o ar pareceu tornar-se mais pesado a medida em que Potter se levantava. O presidente do conselho iria pronunciar-se.

POV Harry

Antes de fechar a porta pôde sentir aquele olhar sobre si, um leve estremecimento percorreu seu corpo, mas resolveu ignorá-lo. Não era hora para dúvidas ou confusões, deveria agir, seu instinto de herói gritava por isso. Harry passou pelos aurores, a face endurecida e um único objetivo em sua mente. Se afastou daquele corredor rapidamente, com a imagem de Malfoy gravada em sua mente e alma.

Minutos depois se apresentou perante o Ministro, o conselho estava reunido. Dizer que ficaram surpresos ao descobrir quem era a testemunha de última hora seria dizer pouco. A face chocada de Ron deveria ter sido registrada em uma foto. Harry andou firme até a cadeira que ficava em frente a todos, e sem hesitar se sentou.

- Sr. Potter, o que tem a nos dizer sobre o acusado?

A sala estava em total silêncio, muitos pareciam esquecer de respirar, somente aguardando o que Harry tinha para dizer. O mesmo respirou profundamente e encarou a todos de maneira desafiante.

- Malfoy é inocente. Estava sendo manipulado por Voldemort. O que o levou a seguir por este caminho foi o medo excruciante de perder seus pais. Um adolescente assustado é capaz de muitas coisas para proteger as pessoas que ama, e digo isso por experiencia própria.

Harry se calou por um momento e olhou ao redor, procurando por seus amigos, cada um com uma expressão própria, muitos na sala haviam se mexido desconfortáveis em seus lugares, ao ouviram o nome daquele-que-não-deve-ser-nomeado. Se endireitou na cadeira e continuou a falar.

- Malfoy foi uma vítima, eu sei disso... eu estava lá...

Harry continuou a falar, relatou os acontecimentos passados, a morte de Dumbledore na torre de Astronomia, o sexto ano conturbado de Malfoy em Hogwarts e seu desespero por querer salvar seus pais. Sua voz era calma enquanto relatava os fatos, ao final olhou para cada um dos bruxos naquela sala.

- È realmente certo querer condenar um garoto por querer proteger seus pais? Sua família?

Estava feito, a cartada final era apelar para o emocional deles, sorriu internamente. Seu lado Slytherin não estava perdido afinal. Ao terminar de falar, muitos cochichos rodearam o recinto, aquele seria o momento da decisão. Enquanto decidiam o futuro de Malfoy, a mente de Harry começou a vagar novamente, voltou para aquele último ano em que conviveu com seu nêmesis.

Seus anos em Hogwarts, toda aquela pressão só foi suportável porque Malfoy estava ali para desafiá-lo, afrontá-lo. Com Malfoy... Harry se sentia estranhamente "vivo". Voltou a realidade quando Hermione tocou seu ombro e lhe sorriu serenamente, dando certa confiança. A decisão já havia sido tomada e mandaram chamar o prisioneiro, Harry voltou para seu assento junto com o conselho e se remexeu desconfortavelmente quando o loiro adentrou na sala. O olhar do outro sobre si o deixava estranhamente desconfortável. Queria sair dali, precisava sair.

— Todas as testemunhas foram ouvidas. Qual a decisão do conselho?

Todos se levantaram e o presidente do conselho se pronunciou.

– Draco Lucius Malfoy é considerado inocente das acusações. Porem terá que cumprir serviços sociais na comunidade mágica e muggle durante um ano por ter se associado com os Comensais da morte.

Hermione rolou os olhos e encarou Ron, aquela havia sido sua idéia, uma maneira infantil de tentar humilhar Malfoy.

- Essa audiência está encerrada, senhor Malfoy, é um homem livre agora.

Harry olhou para o loiro, tentou colocar uma máscara de seriedade em sua face, mas muitos sentimentos se confrontaram. Se sentiu confuso, perdido. De repente aquela sala se tornou pequena demais, sufocante demais. Precisava sair dali, e foi o que fez.

POV Draco

— Draco Lucius Malfoy é considerado inocente das acusações. Porém terá que cumprir serviços sociais na comunidade mágica e muggle durante um ano por ter se associado com os Comensais da morte.

Não pareceia ser real. O ministro deu-lhe um sorriso mínimo, de fato o parabenizando por aquele resultado. Podia ver Zabine sorrir abertamente na parte de trás da bancada dos juízes do concelho. Lia com perfeição as expressões desgostosas da maioria dos outros presentes. Aparentemente, ninguém o queria livre, mas... ele estava. Livre. E nada disso parecia real. O peso das suas mãos foi aliviado e pela primeira vez, depois de ouvir a sentença, moveu-se.

Os olhos acinzentados pararam sobre o par de algemas mágicas que agora pendiam nas mãos do auror que o havia acompanhado desde a outra sala. Estava... livre? Estava realmente livre? Não sorriu. O rosto parecia desacostumado à expressar algum sentimento verdadeiro, qual fora a última vez em que havia sorrido de forma branda, ou havia sorrido sem ter a intenção de ironizar algo? Não se lembrava. Sentia os músculus faciais se contraindo, mas conteve-se, pelo menos ali iria se conter ao máximo. Mesmo assim os cantos dos lábios repuxaram aos poucos. Ao menos tentou fazer com que o sorriso não pudesse ser notado.

Levou a mão, agora livre – Merlin, ele adorava o som dessa palavra! – , aos cabelos e os colocou para trás, sentindo prazer em poder mover-se sem restrições. Era como se todo um mundo terrível de pesadelo tivesse acabado de ser desfeito. Não iria para Askaban, não iria apodrecer, não iria enlouquecer Narcissa. Não, Draco Lucius Malfoy era um homem livre. Repetia a mesma palavra em sua mente sentindo o prazer quase imoral de assim fazê-lo.

— Sua varinha lhe será devolvida assim que o senhor sair do prédio do Ministério senhor Malfoy, e saiba que os serviços que serão-lhe designados serão lhe informados a seguir.

— Sim senhor, senhor Ministro.

Até mesmo a educação parecia melhorar. Agora ele podia. Algumas pessoas retiravam-se das 'arquibancadas' montadas para o julgamento, outras ainda cochichavam fitando-o com aparente desconfiança, outras... bem ele não se importava, de qualquer modo. O que poderiam fazer, prendê-lo? Ironizou em pensamento. Estivera tão distraído com a sensação de que agora nada mais devia, que não viu Granger e Weasley se aproximando, de fato só quando ele começou a falar deu-se ao trabalho de fitá-la.

— Senhor Malfoy, sobre o cumprimento da sua sentença alternativa eu gostaria de informá-lo de que ela será feita em conjunto com um membro designado pelo conselho e esse membro do conselho será a pessoa que avaliará a sua prestação de serviços.

Ela era estritamente profissional, não havia em sua voz nem mesmo um tom que mostrava que o conhecia antes daquele dia. A sangue-ruim estava bloqueando as memórias ou era apenas frígida daquele modo todo o tempo? Conteve o comentário maldoso e, como ela, limitou-se a tratar do assunto dos seus trabalhos forçados.

— Certo. E quem será esse membro exemplar do conselho.

Ela não sorriu, mas o ruivo prostrando logo atrás dela fez com que os receios de Malfoy aumentassem consideravelmente.

— Harry Potter, senhor Malfoy.

O destino é um bastardo.

Continua...