Adaptação de: HerdeiroEsquecido - ElizabethPower

CAPÍTULO 1

Assim que colocou os olhos no homem de ombros largos que havia acabado de entrar pela porta do bar lotado, Bella soube que ele era o pai de seu filho.

Não suspeitava, ou achava, ou mesmo esperava. Simplesmente sabia.

Quando ela colocou a mão tensa na testa, ouviu Sam, seu colega de trabalho, perguntar:

— Você está bem?

O descontraído universitário de cabelo comprido, que, como ela, trabalhava no bar até que algo melhor aparecesse, franziu o cenho enquanto se distanciava da caixa registradora.

Bella balançou a cabeça. Não em resposta, mas na tentativa de depreender algum sentido da confusão de memórias distantes que pulavam caoticamente em seu cérebro.

Raiva. Hostilidade. Paixão. Acima de tudo, a paixão...

Alguém falou com ela, tentando entregar um pedido, e Bella olhou para eles com os olhos castanhos atordoados.

— Você se importaria de servir aquele cliente para mim? — pediu ao colega e, jogando a toalha atrás do balcão, correu para o isolamento do banheiro.

Agarrando a pia, esforçou-se para recuperar a compostura enquanto puxava ar para dentro dos pulmões.

Edward Cullen. Claro. Como deixaria alguém convencê-la de que seu filho poderia ser criado por outra pessoa quando sabia que não era o tipo de mulher que dormia com qualquer um, mesmo durante aqueles meses perdidos e irrecuperáveis de sua vida?

Sentia-se enjoada e ficou onde estava, inclinando-se sobre a pia até a náusea diminuir.

Os médicos haviam dito a ela para tentar não forçar as coisas e, com o passar dos anos, concluíram que as memórias que havia perdido poderiam nunca mais voltar. Mas elas voltariam. Mesmo que estivessem aparecendo como as formas distorcidas de um quebra-cabeça que teria que juntar. De qualquer maneira, naquele momento, pensou ao ouvir a porta externa aberta e um dos funcionários do bar chamando-a urgentemente, tinha que voltar e encarar a música. Mesmo que não conhecesse ou

gostasse da melodia.

À medida que as inúmeras pessoas na frente dele foram sendo servidas, e um jovem esguio finalmente pegou seu pedido, num primeiro momento Edward Cullen achou que estava imaginando coisas quando avistou a jovem que enchia copos mais adiante no bar.

Ela era magra, linda e impecavelmente fotogênica, com o cabelo magnífico preso para enfatizar as maçãs do rosto salientes, os deslumbrantes olhos escuros e uma linda boca acima do pescoço longo e elegante. A visão dela hipnotizou Edward. Como se estivesse vendo um fantasma. Ou alucinando.

Então, alguém a chamou, e ele percebeu que não estava imaginando coisas. Ela realmente era ela. Isabella Swam. A menina por quem ele quase sacrificou seu coração... E toda sua vida.

Ela estava olhando por cima do ombro, ouvindo algo que um homem muito mais velho, que ele acreditava ser o proprietário, dizia, e ele cerrou os dentes ao escutar sua risada tensa.

A última vez que ele ouvira aquele som foi quando ela ridicularizou sua falta de perspectivas, acusando-o de tentar prejudicá-la na brilhante carreira que pretendia seguir. E agora ali estava a srta. Swam servindo bebidas em um bar em West Country! Ele iria gostar dos próximos minutos!

Abandonando a posição que havia lutado para assegurar, Edward permitiu que sua curiosidade o levasse através do mar de festeiros de sexta-feira à noite.

Olá, Bella.

Sob seu simples vestido preto, Bella endureceu.

Era inevitável que ele a notasse, pensou, com seu coração acelerado. Falasse com ela. Bella, porém, não estava preparada para o que sua voz causaria nela ou para o impacto de sua masculinidade.

Edward... — Ela mal conseguiu falar quando encontrou seu olhar de safira, herança da ascendência inglesa de sua mãe. Ficou surpresa ao se lembrar disso. Bella se esforçou para recordar exatamente o que havia acontecido entre eles, mas não estava certa de nada além da sensação de que se separaram em condições ruins. Muito ruins.

Que surpresa — comentou ele secamente. — Para nós dois, imagino.

Naquele momento Bella reconheceu uma cadência transatlântica em seu sotaque que de alguma forma ela sabia que não havia estado lá há seis anos e, em um canto escuro de sua mente, ela reconheceu que o bronzeado saudável de sua pele devia-se tanto ao tempo gasto vivendo nos Estados Unidos quanto às raízes anglo- italianas.

Ele parecia maior, mais amplo e mais forte do que o jovem de suas memórias. Sua

maturidade se refletia em seus ombros largos e naquele ar autoritário enquanto a mandíbula e o cabelo escuro se enrolando acima da gola de sua camisa pareciam gritar sobre sua virilidade.

Tenho que admitir — disse ele. — Este não é o tipo de lugar em que eu esperaria encontrá-la.

Seu cinismo a impedia de dizer que o trabalho lá duas noites por semana era apenas um dos empregos dela. Que tinha um trabalho diurno como digitadora e em breve estaria melhor se o cargo para o qual havia sido pré-selecionada, e no qual depositava suas últimas esperanças, se confirmasse na próxima semana.

A necessidade de recuperar os meses perdidos de sua vida era mais urgente do que a necessidade de manter sua autoestima, então, superando o medo de qual poderia ser a resposta, ela perguntou:

O-Onde exatamente você esperava me encontrar? Ele deu um sorrisinho.

É algum tipo de piada?

A dureza de seus olhos fez Bella sentir como se estivesse sendo tocada por aço frio. Mas, independentemente do que Edward esperava, ele não sabia que ela havia perdido a memória, certo?

Bella queria contar, mas ele parecia tão hostil, e ainda assim ela estava tentando dar sentido ao fogo que havia inflamado seu sangue no segundo em que o vira entrar no bar.

Nem a sólida barreira do balcão entre eles poderia protegê-la das imagens explodindo em sua cabeça. Imagens daquele homem beijando-a. Despindo-a. De sua profunda voz sussurrando frases sensuais que a levavam à loucura enquanto ele satisfazia e adorava o corpo dela...

Bella podia ter esquecido, mas seu corpo, não. Contudo, as especificidades do conflito amargo entre eles continuavam a iludir sua memória.

Eu não me lembro de você.

Ela estremeceu ante a gargalhada estrondosa dele.

Você não quer — emendou Edward, sorrindo. Eu não me lembro do que aconteceu.

Ela colocou a mão na testa, tentando suavizar o caos jorrando daquela parte de seu cérebro que permanecia dormente.

Você era mais jovem. Mais magro.

E possuía apenas uma fração do dinamismo do homem que estava diante dela agora?

Muito provavelmente, eu tinha apenas 23 anos.

E trabalhava como um escravo no restaurante do pai.

De onde isso havia vindo? Bella levou a mão até a cabeça novamente.

Você está bem?

Através do burburinho de conversa, ela notou preocupação em sua voz.

Ter me visto novamente foi demais para você? Parece um pouco pálida.

Bem, qualquer um pareceria em comparação a você — disse Bella, percebendo que ele ainda não acreditava nela. — Parece repugnantemente saudável.

Sim, bem... — A boca dele se curvou em um gesto ao mesmo tempo familiar, preguiçoso e perturbadoramente sensual.

A vida tem sido boa.

Ele parecia precisar dizer isso, decidiu, vasculhando sua mente para tentar descobrir o que os levou de amantes à hostilidade de agora. Mas, justamente naquele momento, seu olhar caiu para os dois copos que Sam havia colocado no balcão na frente deles.

Um uísque com soda para Edward e uma garrafa de suco de laranja para...

Tentando não ser muito óbvia, Bella fez uma rápida observação do espaço lotado atrás dele, percebendo sua expressão de escárnio antes que fosse capaz de ver quem poderia ser a companhia de Edward.

Você vem sempre aqui? — perguntou ela rapidamente. Bella havia mesmo feito uma pergunta tão banal?

Nunca. — Ele pôs a mão no bolso enquanto Sam tirava a tampa da garrafa de suco.

Então o que o traz aqui hoje? — Bella engoliu em seco, perguntando- se por que estava perdendo tempo com tais trivialidades quando tudo o que queria fazer era agarrá-lo pela camisa e exigir que ele dissesse o que havia acontecido entre eles, apesar de ter medo de descobrir.

Ela ergueu os olhos castanhos até os dele. Sentiu um pequeno arrepio quando percebeu que Edward observava as linhas finas de seu corpo e que sorriu.

Quem sabe? Destino?

Por um momento, pelo jeito que ele olhava para ela e por sua bela voz, os anos pareceram desaparecer e Bella estava com 19 anos novamente. Espírito livre. Cheia de esperança. Leviana. Era como se lembrava de alguém a chamando naqueles dias. No entanto, independentemente de seus possíveis defeitos, ela agora sabia que havia sido desesperadamente, terrivelmente obcecada pelo homem diante dela.

Então, o que é isso? — Em tom depreciativo, ele apontou com o queixo para onde ela estava. — Um dinheiro extra entre trabalhos? Ou o mundo da moda não foi o que você esperava? — Edward jogou uma nota sobre o balcão para cobrir o custo das

bebidas.

Claro. Sua carreira de modelo. Ou a falta dela, pensou ironicamente. Porque nunca havia realmente decolado.

Nem tudo corre conforme planejado — respondeu Bella, calmamente.

Sério? Então, o que aconteceu com Rushford? O milagreiro?

Aquelas palavras queimaram dentro dela, e Bella não tinha certeza se por causa do som daquele nome ou do tom de voz de Edward.

Ele também não correspondeu às suas expectativas? E eu realmente tinha a impressão de que você iria longe com aquele cara.

Com James Rushford? Bella queria rir alto. Em vez disso, de repente estava desesperada com a forma como sua mente poderia deixá-la esquecer Edward e ainda manter uma memória torturante do agente de fala mansa que a promovera por um tempo.

Ela ficou confusa e teve que respirar fundo para conter a dor quase física de tentar se lembrar.

Bem, como eu disse... — Bella deu de ombros e sentiu uma onda de pânico quando percebeu que havia esquecido completamente o que ia dizer. Ainda acontecia algumas vezes. Momentos como agora, quando estava desconcertada e anormalmente estressada. — Nem... — Felizmente as palavras voltaram. — Nem... Tudo corre conforme planejado.

Evidente que não. — Ela olhou para Sam, que esperava o homem de meia- idade que pagava os seus salários resolver algum problema com a caixa registradora.

Bella desejou que ele se apressasse. Era um inferno ficar ali conversando com um homem tão claramente ressentido com ela enquanto seus sentidos a provocavam com o conhecimento de como era o toque de sua pele sob os dedos e como ele havia mostrado prazer como seu corpo inexperiente nunca havia sentido. Se houvesse sido inexperiente, pensou. Até onde sabia, poderia ter sido tão livre com seu corpo como sua mãe a levou a acreditar. Não tinha nenhuma lembrança daqueles meses perdidos de sua vida, mas seu cérebro entorpecido sempre rejeitou esse pensamento tão repugnante e totalmente alienígena para ela.

Então, o que aconteceu com a carreira? Será que Rushford deixou de cumprir suas promessas? Ou isso é apenas um rumor? Como o de que ele foi embora porque não queria enfrentar a responsabilidade da paternidade?

O fato de que aquele homem sabia que ela esteve esperando um bebê deixou os pensamentos de Bella confusos.

Sua mão foi para a testa. Observando como tremia, ela a abaixou rapidamente novamente.

Sinto muito — disse ele soando exatamente o oposto. — Isso ainda é um ponto

sensível?

Seu sarcasmo penetrou fundo, mas ela estava muito ocupada tentando ficar de pé para perguntar por que ele acreditava que Tony era filho de James Rushford.

Apoiou-se no balcão e respirou fundo.

— Eu prefiro não falar sobre meu filho, se estiver... Tudo bem por você. Não aqui.

Não em um bar.

Não em qualquer lugar. Não até eu saber o que aconteceu. O que eu fiz para fazer você me desprezar.

Ele assentiu.

Admito que estou surpreso que a garota que conhecia tenha deixado uma coisa pequena como a maternidade ficar no caminho de seus planos.

Bella ficou intrigada. Ela adorava Tony mais que qualquer outra coisa no mundo. Ele era a lua, as estrelas e a terra para Bella, pensou com um sorriso melancólico, e o amava tanto que doía.

Timidamente, colocando o braço sobre o balcão e apoiando o queixo com a mão, convidou:

Então, conte sobre a garota que você conhecia.

Eu realmente não acho que você gostaria de ouvir.

O azul brilhante de seus olhos tocou sua boca curvada para cima. Uma boca que muitos fotógrafos haviam elogiado, dizendo que havia um beicinho natural.

Rapidamente, Bella recuou.

Talvez você esteja me confundindo com outra pessoa — arriscou, na esperança de que pudesse ser verdade, mas sabendo que não era. A forma como sua mente e seu corpo haviam reagido no momento em que ela o viu entrar pela porta dissipava qualquer dúvida de que eles haviam sido amantes. — Ou talvez você simplesmente não me conhecesse muito bem.

Ah, acho que conheci.

Sua voz, embora suave, carregava um tom depreciativo e Bella desejou que alguém chamasse sua atenção, pedisse que fosse servido. Mas ninguém o fez. Ele, obviamente, impunha respeito demais para que alguém o desafiasse em seu monopólio sobre um dos funcionários do bar e ela se perguntou o que ele fazia para viver. O que dava aquele ar evidente de autonomia... Aquela confiança inata? Porque ele não tinha conseguido aquilo trabalhando em um restaurante italiano.

Bem, como eu disse, não me lembro. — Ela odiou admitir isso para aquele homem que estava sendo tão hostil e que soltou um som de crescente impaciência.

Você ainda está tentando negar que nós nos conhecíamos?

Ele soou tão severo e parecia tão proibitivo que Bella sentiu sua confiança

minguar, sentiu-se encolher por trás da cortina de autoproteção que havia criado a fim de esconder-se da vida até que estivesse pronta para cerrar os dentes e se permitir assumir novos desafios. Mas, determinada a não deixar o preconceito daquele homem desfazer todo o bem que os últimos anos de trabalho duro e perseverança haviam produzido, ela engoliu seus medos e mergulhou.

O que eu fiz? Parei de vê-lo por causa de outra pessoa? Ou foi a minha carreira? Fosse o que fosse, pelo menos você pode ir embora com a satisfação de saber que não realizei todos aqueles sonhos que pelos quais fui obviamente estúpida o suficiente para trocá-lo.

Seus lábios exibiam um sorriso que não ajudava em nada a aquecer o azul gelado de seus olhos.

Você está enganada — murmurou em uma voz suave. — Nosso pequeno interlúdio... Não foi suficiente para me gerar qualquer desejo de longo prazo de vingança, por isso não há necessidade de martirizar-se, Bella. — Seu tom sugeria que aquilo era a última coisa que ele esperava que ela fizesse. — Somos todos culpados, às vezes, especialmente quando somos jovens, de colocar nossa visão além do que podemos realisticamente alcançar.

Edward disse que não guardava qualquer desejo de vingança pelo que ela supostamente havia feito, mas era óbvio que estava gostando de vê-la agora.

Você ficaria surpreso com o que consegui ao longo dos últimos cinco anos. — Seu orgulho forçou-a a pronunciar as palavras antes que ela pudesse controlar o impulso.

Ah, sério? — A sobrancelha levantada. — Como o quê?

Como aprender a andar de novo. Como segurar garfo e faca! Como assumir a responsabilidade pelo próprio bebê. Como ficar viva!

Inconscientemente, ela tocou o colar vermelho e preto que ficava estrategicamente sobre uma de suas cicatrizes. Ele não precisa saber de nada disso. Ou sobre o curso de Administração que a tornou apta a se candidatar à nova vaga que esperava conseguir e que a tiraria de seu trabalho temporário dia e noite e proporcionaria um futuro melhor para ela e seu filho.

Não é importante — rejeitou ela derrotada.

O olhar de Bella caiu nas mãos masculinas que agora levantavam um copo do balcão. Mãos que ela sabia que já a haviam levado ao paraíso e que estavam desprovidas de aliança.

Mas havia dois copos. Duas bebidas...

Os olhos dele perceberam o seu interesse indisfarçável e Edward mudou de posição ligeiramente, criando uma brecha no meio da multidão e permitindo que ela visse a bem-vestida e muito atraente ruiva sentada em uma das mesas. Ela olhava para Edward com um sorriso de apreço indisfarçável.

Olhando rapidamente para Edward, Bella sentiu seus olhos descansando intensamente em seu rosto.

Como eu disse... — Sua boca se torceu com uma satisfação cruel. — A vida tem sido boa — reiterou ele antes de se afastar.

Bella ficou lá por um momento, como se houvesse acabado de lutar uma invisível batalha. Sentia-se mal, sua cabeça latejava e tudo o que queria fazer era fugir e se esconder. Mas alguém havia feito um pedido, e ela sabia que não poderia fugir sem fazer seu trabalho, mesmo que fosse sob o olhar presunçoso de um homem que claramente a desprezava.

Aquele cara é seu namorado? — perguntou Sam.

Ela murmurou negativamente enquanto balançava a cabeça.

Não? — Ele ergueu a sobrancelha. — Então por que ele parecia determinado a arrancar seu vestido?

Não seja bobo. — Apesar de aturdida, a observação de seu colega fez o coração de Bella disparar. — Ele está com alguém.

Ele estava.

O quê? — Ela não conseguia ver além da parede de clientes.

Eu juro que ele bebeu o uísque de uma vez só e apressou a namorada porta afora antes que ela tivesse tempo para respirar.

Por alguma razão o estômago de Bella revirou.

Sério? — Outra olhada para a mesa através da parede humana mostrou apenas um copo vazio e um copo intacto de suco de laranja que havia claramente sido abandonado às pressas. — E daí? Eles devem estar com pressa para ir a algum lugar — disse Bella, perguntando-se por que eles haviam partido com tanta pressa. Foi por sua causa? Ele não conseguia ficar sob o mesmo teto que ela por tempo suficiente para que a mulher terminasse sua bebida?

Ei! Você está bem? — perguntou Sam quando ela cambaleou, deixando cair a cabeça em suas mãos para tentar estancar a náusea surgindo.

Não, eu sinto muito. Você poderia me chamar um táxi? — pediu, antes de correr para o banheiro novamente.

Ele havia se comportado mal, pensou Edward enquanto voltava sozinho para casa, mas ver Bella novamente havia sido chocante e inquietante, muito mais inquietante do que queria admitir.

Ele tinha 23, e ela 19 anos. Edward era apenas um trabalhador no negócio decadente de seu pai quando se conheceram, e ainda assim deveria ter percebido imediatamente que tipo de garota ela era. Bella morava em um terraço acabado com a mãe devassa e alcoólatra, que nem sequer sabia quem era o pai dela!

Edward havia sentido pena. Por qual outro motivo se envolveria com Bella? Mas por trás daquela pergunta ilusória estava a verdadeira resposta, que aquecia suas veias e causava um pulsar forte em seu sangue.

Porque ela era apaixonada, excitante e mais bonita do que qualquer outra garota que Edward havia conhecido — e ele havia conhecido muitas, mesmo na época. No entanto, não o suficiente para aprender que mulheres como Bella Swam serviam apenas para uma coisa.

Ele cerrou os dentes.

Ela sabia que era linda. Esse era o problema. Uma recepcionista de meio período que estava em todos os books de agências de modelo, agarrando todas as oportunidades de capitalizar em cima de sua beleza. Isso quando não estava em casa, tentando retirar a mãe da embriaguez!

Eles haviam se tornado amantes quase à primeira vista, apenas alguns dias depois de começarem a se encontrar e apenas uma semana depois de ele vê-la no restaurante de seu pai com um grupo de mulheres durante uma festa de despedida. Surpreendentemente, Bella era virgem, ainda assim Edward desencadeou um fogo nela que foi tolo o suficiente para acreditar que queimava somente por ele.

Eles haviam feito amor em todo lugar.

Em sua van. No apartamento acima do restaurante. Em seu quarto escassamente mobiliado que parecia um oásis em meio à desordem e ao caos de sua mãe.

Não importava que sua família não gostasse dela, embora ele se perguntasse com sua mãe teria visto Bella se não houvesse morrido quando ele ainda era muito jovem. Sua avó estava totalmente fora de contato com pessoas de sua geração e seu pai...

Ele fechou a mente quando um poço de dor excruciante e reprovação ameaçaram invadi-la. Sua desaprovação, lembrou-se, só intensificava a emoção de estar com ela.

Claro que sabiam como Bella era. Haviam sido capazes de ver através do véu fino de sua beleza encantadora quando ele não havia. Ele foi cego e totalmente enganado por suas declarações de amor apaixonadas, mas vazias.

Edward era trabalhador, leal a seu pai, porém ambicioso. E havia, pelo menos, sido capaz de ver e reconhecer as falhas na maneira em que o pai gerenciava o restaurante. Carlisle Cullen muito mais eficiente como chef do que como homem de negócios. Era um homem orgulhoso e recusou-se a ouvir os planos radicais de Edward para salvar e desenvolver o restaurante.

Sobre o meu cadáver.

Edward ainda vacilava ao recordar as palavras exatas de seu pai.

Você nunca terá uma posição neste negócio. Dio mio! Nunca! Não enquanto for estúpido o suficiente para se envolver com aquela garota.

Ele havia sido um tolo cego e ingênuo por acreditar que o amor poderia superar tudo, que com Isabella Swam ao lado dele, encararia os preconceitos de sua família e a teimosia de seu pai. O que ele não percebeu foi que a bela Bella estava apenas se divertindo em sua cama, que, mesmo que ele estivesse se afogando no calor da paixão mútua, ela estava sexualmente envolvida com outra pessoa.

Edward não queria acreditar nas revelações presunçosas de seu pai, e não teria se não houvesse ido à casa dela inesperadamente e visto o carro de Rushford do lado de fora.

Ele havia ido embora naquela ocasião, incapaz de acreditar. Mas não tinha a prova gráfica de sua infidelidade?

— Você realmente acha que eu queria algo sério com você? — zombou ela, rindo histericamente na última vez que a viu.

Bella lançou um olhar depreciativo ao restaurante. Foi quando o informou de tudo o que seu precioso Svengali estava fazendo por ela e tudo o que pretendia alcançar.

Ele teve uma briga com Carlisle Cullen naquela noite. Uma de muitas. Mas esta foi diferente. Havia sido o embate de dois machos com a única intenção de vitória sobre o outro. Selvagem. Quase trocaram socos. Ele culpou o pai pelo resultado de seu relacionamento com Bella. Carlisle a xingara, e ele acusou o pai de estar com inveja de sua juventude e suas perspectivas, de o estar privando de seu direito de ser independente.

Seu pai morreu em seus braços naquela noite depois do discurso inflamado, que havia sido demais para seu coração inesperadamente fraco aguentar. Dois meses depois, sua avó colocou o restaurante à venda para pagar as dívidas, determinada a voltar para a Itália.

Algum tempo depois, quando Edward estava na América, alguém havia dito que Bella estava vivendo no luxo com um ricaço chamado James Rushford e que esperava um filho dele.

Sim, ele se comportou mal esta noite, refletiu enquanto entrava pelos portões de sua mansão em Surrey. Mas afinal, olhando para trás, decidiu que não havia se comportado mal o suficiente!