Disclaimer: saint seiya não é meu, é do Kurumada.

Primeiro dia!

Observava a figura refletida no espelho. Não estava bem certo sobre o vestuário, usaria a azul ou a cáqui? Para uma primeira impressão talvez fosse melhor a cáqui, ou seria a azul ? Ficaria com cinza que estava usando mesmo, era mais sóbria. Mas não seria melhor ir de terno? Não, sério demais. E ninguém usa terno no primeiro dia. Ficaria com a camisa cinza mesmo. A melhor opção! O fato de não ter um terno era só um detalhe, porém, pode ter ajudado na decisão...

Acordara bem animado. O primeiro dia teria que ser simplesmente perfeito! Saiu tranquilamente de casa, não sem antes dar um suave beijo na mãe, e caminhou para o ponto de ônibus. O transporte estava atrasado, tudo bem ele tinha tempo. Tranquilamente observava a rua, crianças indo para a escola, o sol se filtrando pelas folhas das árvores... Quinze minutos. "Cadê esse ônibus?" Decidiu atravessar o bairro e ir até a avenida principal com outras linhas possíveis, e percebeu que ficaria eternamente no ponto sem ônibus algum passar. Estavam concertando o asfalto e a pista ficaria totalmente interditada por todo o dia! "Que coisa! Nem pra deixar aviso! Esperam que a gente adivinhe?" Mas deixaria esse pensamento de lado pra não ficar ainda mais irritado, precisaria do ânimo perfeito. Um ônibus! Que ótimo, até que veio rápido. Quando se acomodou confortavelmente na poltrona estranhou que o intinerário fosse retornar ao bairro de onde acabara de sair. "Aiiii não! Não acredito que eu fiz isso!!!" Havia pegado o ônibus na direção contrária. "Meu, que distração!" Desceu atabalhoadamente e retornou ao ponto, teve que esperar mais dez minutos até que a linha correta passasse e então, tomando o cuidado de verificar se estava certo mesmo dessa vez, rumar para seu grande dia que parecia estar perigosamente tendendo para a lei de Murfe.

Engarrafamento.

"Eu não acredito!"

Sim, era pior que a lei de Murfe. Gastara todos os minutos do adiantamento na confusão do ônibus e agora estava seriamente correndo o risco de chegar atrasado. "Logo no primeiro dia, que 'queimação de filme'!" Um angustia na boca do estomago começou a incomodar.

"Finalmente! Parecia até que eu não ia conseguir chegar nunca!" Desceu no ponto indicado e percorreu a rua até parar no número do endereço. O que foi ao mesmo tempo agradável e perturbador. O edifício, enorme e requintado com linhas retas modernas e janelas fumê, era tudo que sempre sonhou, mas o preço de provar se estava à altura o deixou momentaneamente inseguro. "Bom é hora mostrar pra esse povo quem é Milo!"

Break! Pernas e papéis para o ar!

Tão absorvido estava em seus pensamentos que não percebeu um rapaz baixinho, cara de 'office-boy', com um monte de pastas em sua frente, e o pobre foi atropelado sumariamente.

-Você está bem?

-Estaria melhor se a boiada não tivesse estourado!

- Me desculpe não te vi!

-Se tivesse visto e mesmo assim passado por cima seria ainda pior né!

-Ah... Eu já pedi desculpa! Você quer ajuda? – Lembrando-se que era sempre bom ser gentil com os outros, principalmente em seu primeiro dia.

-Já que ofereceu junte esses papéis de volta nas pastas. – Mas não esperava uma ordem tão imperativa e sem nenhuma gentileza - Nada me impedirá de levar todos esses memorandos para Srta. Saori! – Estranhou o jeito veemente do rapaz. "Essa Srta. Saori deve ser alguém bem importante... É melhor entrar antes de mais um desastre!"

Identificou-se ao porteiro, um sujeito bem estranho de olho puxadinho e cabelão preto.

-Te aguardam na sala 1108.

-Como?

-Do grupo indicado para essa sala só faltava o senhor.

"Cacete!!!"

Foi correndo para o elevador na esperança insana de que se apressando agora poderia reverter o fluxo do tempo e ganhar novamente os minutos do atraso, que antes já havia se insinuado com a confusão dos ônibus, agora era evidente por causa da confusão dos papéis.

O elevador estava descendo! "Santa batatinha roxa! É azararão demais pra um dia só!" E notou, horrorizado que o prédio tinha pelo menos uns cinco andares abaixo do hall de entrada apenas para garagens. A pequena angustia na boca do estomago cresceu assustadoramente ao reparar que além de atrasado estava destruído! A correria atrás do ônibus encheu seus sapatos de poeira, e o tombo arrancara os três últimos botões de sua camisa, dando-lhe uma aparência bêbada e desleixada. "Céus, o que faço agora?" Resmungou quase às lágrimas. Teve a brilhante idéia de colocar a camisa pra dentro na tentativa de esconder a falta dos botões, embora esta fosse inevitavelmente notada dependendo da forma que se movesse. Com um papel improvisado limpou porcamente a poeira dos sapatos deixando listras visíveis de terra, mas não havia mais tempo, a porta do elevador se abria, era o 11º andar

-Bom dia! – disse sorridente assim que abriu a porta.

-O senhor está atrasado, e seria muito mais educado se batesse na porta antes de abrí-la. – O gelo dessas palavras lhe atingiram em cheio a face. Por um instante quedou-se sem reação alguma, pois não esperava uma recepção tão fria e ríspida.

-Por gentileza, sente naquela cadeira senhor Milo. – Continuou a voz tão gelada quando antes, como que hipnotizado, seguiu a ordem dada sem nem mesmo notar seu interlocutor. Queria sumir no chão, desaparecer. Mesmo sem ver o rosto dos colegas, sentia o ar de zombação. Mal entrava na sala e já recebia seu primeiro sermão? E nem era culpa dele. Nem estava tão atrasado assim, afinal o que são dezessete minutos?

"E eu fiz de tudo pra chegar cedo... Isso não é justo!"

-Poderia fazer a gentileza de responder a pergunta senhor Milo? – Mais uma vez a voz, porém agora se acrescentava à sua frieza um leve toque de desprezo.

-Hã? Pergunta? Poderia repeti-la... por favor?

-Não, não posso. – Pelos deuses! O cara já estava implicando com ele.

Controlou-se, no entanto, e levantou os olhos, pela primeira vez, observando o que estava em seu redor, e tudo o surpreendeu. A sala espaçosa e clara tinha uma mesa oval de madeira vernizada ao centro, um datashow à esquerda e o quadro de vidro à frente, os móveis compunham um ambiente elegante. Aliás, elegância parecia ser a ordem do universo naquela sala, a começar pelos seus companheiros, pois além dele havia mais sete pessoas sentadas todos aproximadamente da sua idade duas moças e cinco rapazes. O que viu o deixou ainda mais desconfortável, todos os rapazes trajavam terno e as moças vestiam tailleur ajustado ao corpo realçando suas curvas sem nada de vulgar. Sentiu-se deslocado com sua camisa simples, e agora também sem botões. Nesse momento reparou a pessoa à sua frente procurando pelo dono daquela voz terrível, meio incrédulo por concluir que só poderia ser... ele! Longos cabelos vermelhos emolduravam um belo rosto de olhos profundamente azuis e gelados, vestido num terno, no mínimo maravilhoso desses que ele levaria anos pagando, formava uma figura tão bonita que era difícil associá-lo a uma voz tão... autoritária.

Decidiu que não deixaria eles o assustarem. Uma decisão, como ele viu a seguir, mais fácil de tomar do que cumprir.

-Iniciaremos nossas atividades de hoje nos apresentando mutuamente, creio ser isto importante para nosso relacionamento futuro. Quem gostaria de começar? – disse o ruivo de forma intimidadora.

-Eu me formei em sistemas da informação – disse um loiro de cabelo liso presos em uma trança que seguia até a cintura com uma pequena pinta vermelha, seu traço mais marcante, entre os olhos azuis. Sentado em frente a Milo na extremidade oposta, pelo crachá seu nome seria Shaka, bem estranho - fui agraciado como o melhor aluno da universidade, falo inglês, chinês e hindi, me formei em XXXXXX mas fiz intercambio com uma faculdade dos EUA, além de ter quatro artigos publicados na revista "American Scientific". Nas horas vagas eu estudo.

"Putz..."

-Ah... bem... Eu me chamo Aiolia – mais vermelho que um pimentão tinha cabelos e olhos castanhos e parecia bem embaraçado de falar para tantas pessoas, se estivesse em um auditório teria um colapso, era um desses que falariam até a morte com você, mas para falar com um grupo ficava subitamente tímido – eu fiz er... engenharia da computação...e eu falo inglês claro, acho que todo mundo fala isso – Milo achava que não, queria que isso fosse um diferencial para ele, mas descobria que parecia ser uma reles obrigação no mundo corporativo – e eu bem, nas horas vagas me divirto...- disse meio apressado temendo ser reprovado, talvez o certo seria estudar. Mas quem estudaria para se divertir?

-Já trabalhou senhor Aiolia?

-Ah... é já eu fiz um estágio na Microsoft...

"Putz...²"

-Eu sou Marin – bom, pelo menos essa parecia simpática, uma ruivinha bem jeitosa – estudei ciências da informação e fiz um intercambio numa faculdade do Japão intercalado com um estágio na Honda, portanto eu falo inglês e japonês. Gosto de relaxar pintando quadros e lendo.

"Putz...³"

Os cabelos eram de um tom loiro raro, olhos azul piscina que placidamente compunha uma bela figura, usava terno e a voz máscula anunciou seu nome – Eu sou Afrodite – "Nossa!" Milo precisou se segurar pra não gargalhar na cara do rapaz, o que seria bem constrangedor, mas que nome excomungado! – eu também fiz sistemas de informação e trabalhei um ano em uma empresa da Suécia, sou fluente em quatro línguas: inglês, sueco, francês e alemão. Participei de um projeto que rendeu um artigo na revista "Nature". E nas horas de lazer gosto de cultivar rosas. – "E admirar sua beleza! O cara toda hora olha pro tampo da mesa vernizada pra ajeitar o cabelo que nem ao menos se desajeitou... nem quero ouvir o oitavo! Cada um parece melhor que o outro, estou começando a me sentir o pior deles...".

-Eu me chamo Mu e fiz engenharia de controle e automação, participei de alguns artigos para a "American Scientific" também, e eu gosto de trabalhar com metal, pra me distrair, faço esculturas. – disse numa voz quase etérea, bem agradável aos ouvidos, mas não havia dúvidas de que era um cara estranhíssimo. Cabelos longos e muito finos de uma cor indefinível, olhos verdes com pitorescas "pintas" sobre os mesmos. E Milo ficou a cismar de onde uma pessoa assim podia ter saído quando uma voz irritante e pedinte de atenção ecoou:

-Bem como podem ver sou Shina! – parecia uma cobra pronta pra dar o bote, mas não se podia negar que era bem bonita – sou advogada e fiz algumas matérias em Harvard, mas esse também será meu primeiro emprego. Desnecessário acrescentar que sou fluente em inglês, italiano e espanhol – "Ah! que idiota, se é desnecessário pra que falar?" – Bom e eu adoro ficar em casa e cozinhar nos fins de semana – Milo não estava muito certo, mas havia certa ansiedade por aprovação no olhar que Shina lançou ao ruivo, como se dissesse aquilo para impressioná-lo...

"Não vou me intimidar com esse povo superintercambiado! Ninguém mais pode estudar sossegado em um só país? Tem que ficar por aí estudando com gringo?"

O último cara era muito sinistro – Economista, estagiei por dois semestres no Banco Central, falo inglês e italiano, e não faço nada quando posso. – Curto e grosso, além de parecer ser muito pouco gentil, um sujeito insuportável de cabelo castanho escuro meio espetado, o nome era Luigi MM. Talvez não fosse tão pior assim e sua auto-estima aumentou.

A primeira impressão desse grupo para Milo era simplesmente horrível! Afinal quando conseguira a vaga para trainee nessa empresa (uma mega empresa dos sonhos) ele imaginou que finalmente chegara o momento de colher os frutos de tantas horas estudando de madrugada, pois durante o dia precisava se matar entre milhões de monitorias, aulas particulares e meio horário na padaria da esquina pra manter seus estudos. Toda a gana que ele tinha pra vencer se resumia em uma palavra bem conhecida: ambição! Não era apenas ter um bom salário, tinha que chegar ao topo e conhecer aquele mundo de mordomias e riqueza. E tinha muitas expectativas sobre o que seria 'estar no topo' por exemplo, não precisar pegar ônibus, ter mais de cinco camisas para todas as ocasiões do mundo, e é claro não ter que escutar um chato te chamar a atenção por alguns minutos de atraso! Ele tinha ímpetos de sair de lá correndo. Mas tudo sempre pode ficar pior.

Era sua vez...

- Bom eu sou... er...Milo...

-Algo mais do que o seu nome? Que todos já sabemos, pois está escrito em seu crachá. – Disse o ruivinho, agora realmente sentiu que algumas pessoas queriam rir, gargalhar mesmo de sua situação ridícula. Droga! Era só o que faltava! Ficar nervoso justo agora? Até suas emoções estavam lhe traindo. Nunca tivera dificuldades em falar ao público, pra dizer a verdade não se podia considerá-lo uma pessoa tímida. Sempre tomava a frente de tudo, estava acostumado a chamar atenção. Então por que isso agora? Sentia que a presença dos cabelos vermelhos à sua frente estava o afetando mais do que imaginava.

-Bom... Eu considero um prazer enorme conhecer todos vocês, tão bem capacitados – "Pelo menos na teoria..." – Eu fiz engenharia de processos, e gostei bastante do curso, enquanto estudava fiz duas iniciações cientificas e muitas monitorias, e essa é toda a experiência que tenho, será a primeira vez que vou trabalhar em uma empresa. – claro que a padaria da esquina onde trabalhou como padeiro nas madrugadas durante os cinco anos da faculdade não contavam como experiência de engenharia, se bem que o dono dela lucrou com sua estadia por lá, já que Milo, muito metódico, melhorou todos os processos de produção dos pães. Empolgado era pouco! Ele simplesmente adorava o curso que fez - Estudei inglês na faculdade, embora não tenha ido pra nenhum país da língua. E sabe, quase sempre saio com meus amigos em festas e... outros lugares. Não suporto ficar muito parado – sentiu um olhar de censura do indiano – em outras palavras sou um cara normal! E espero nos entrosarmos bem e realizarmos um bom trabalho juntos! – e sorriu singelamente. Não percebeu, mas a sala estava completamente concentrada em suas palavras. Apesar de não ter diferenciais tão expressivos quanto os outros possuía um carisma tão natural que conquistava todos ao redor sem esforço. Fato notado pelo ruivo que agora olhava com curiosidade o rapaz que em um átimo saía da 'falta de jeito' ao 'domínio da situação'.

Demorou-se alguns instantes observando o loiro de cabelos cacheados, caiu em si e rapidamente retornou ao tom concentrado de antes:

-Agora que se apresentaram, devem ter percebido que são de áreas distintas. Mas o objetivo desse grupo é esse mesmo: uma classe interdisciplinar para resolver e aprimorar nossos negócios no setor de produção, por isso aqui estão os melhores dentre os candidatos, que foram muitos – Milo não se achava tão melhor assim – Eu sou Camus, como já puderam ver – Não, Milo não havia visto, mas ele conhecia esse nome e significava que – eu serei o coordenador direto de vocês – "Merda, merda, merda, merda! Esse cara é o chefe que me falaram! Eu achava que seria alguém mais velho... e menos chato!"- Formei-me em administração e também estudei em Harvard – Shina escancarou um sorriso de meia cara – A criação desse grupo é uma idéia minha para resolvermos problemas significativos que estamos enfrentando e o que espero de vocês é total dedicação a esse projeto. Isso inclui disciplina e inteligência. Conto com vocês! Agora está na hora do almoço, estão dispensados até as catorze horas. Sem atrasos, de preferência. – completou Camus com um sorriso sarcástico.

"Ele vai me alfinetar com essa história de atraso até o fim dos tempos? Mas que dia!"


Olá, sou novo por aqui, e também acho que Camus tem alguma coisa com o Milo... Sei lá, depois da bandeira que deram nas doze casas, teve aquela coisa na saga de Hades do Milo carregar o Camus, e depois só o Milo bater (esganar seria a palavra mais correta) no Camus, ficou assim pacional demais...love's in the air...

Então, se gostarem ou quizer dar uns toques ou sei lá quizer conversar comigo (hahahaha) é só mandar uma revisão, review, ou como preferirem!!!

E, bem ainda sou um reles estudante, então não sei direito como é uma empresa de engenharia, estou me baseando nos meus conhecimentos teóricos para tentar descrever a parte prática da coisa! Então não me mandem pedras se eu falar alguma bobeira nesse aspecto! XD