Oi gente!

Bom, essa fic não é minha, ela é a tradução de "Head over heels" da Shinsei Kokoro, e eu espero que vocês gostem dela tanto quanto eu gostei!

Sem promessas, mas eu vou tentar traduzir o mais rápido possível!

Título: Head over Heels

Capítulo 1: Sem sorte

Autora: Shinsei-Kokoro, tradução por killera (eu!!!)

Sakura Kinomoto P.O.V

Uma droga.

Tudo era uma droga.

Tudo naquela semana foi uma droga. Droga. Droga!

Vertical! Caído de um precipício! Qualquer coisa que vocês quiserem chamar.

Desde o dia que eu caí da escada, escutando as gargalhadas do Touya, que devo dizer só acrescentou ao azedume extra quando meu pai anunciou a notícia que nós estaríamos saindo de Tóquio até o dia que eu pisasse em frente ao meu novo lar.

Olhando para suas... err... partes exteriores.

Uma casa amarelo-ouro típica de cidades de interior. Sabe aquelas que você costuma ver em cidades do interior?

Tipo Tomoeda? Uma típica cidade do interior?

Isso mesmo gente. Tomoeda. Exatamente esta cidade que eu nunca tinha ouvido falar até o dia que meu pai me contou a "novidade". Exatamente esta cidade que eu tive que procurar no mapa para descobrir.

Essa era a cidade que eu teria que morar até... pelo menos até a faculdade.

E era uma droga.

Deus... Você consegue escutar uma frase repetida?

Não?

Deixe-me clarear pra você então. Uma DROGA!

E você quer saber o que era uma droga?

O fato que eu não viveria mais numa cidade grande.

O fato que eu tinha que abandonar minha escola e todos os meus amigos!

O fato que eu não poderia mais ver meu vizinho gostoso... que, por falar nisso, eu já estava gostando dele há meses!

O fato que eu teria que me acostumar a andar dormindo pela casa nova (já disse que sou sonâmbula?).

O fato que eu teria que ir para uma nova escola... e fazer novos amigos.

O fato que eu ficaria abatida e sem graça por aí sentindo falta de tudo que eu deixei pra trás em Tóquio... É... Isso aí... Eu estou chorando... Bom, pelo menos aparentemente eu estou.

Eu poderia listar alguns outros fatos... mas... Eu não posso deixar minha mente perturbada ficar... ainda mais perturbada.

Enquanto eu afundava ainda mais na minha tristeza, senti alguma coisa molhada batendo contra minha perna, e quando olhei para baixo, arranhei a orelha suja do meu Golden Retriever.

"Eh, Kero... é isso aí. Nossa casa nova. Provavelmente vai ser ruim pra você, já que você vai acabar pegando o jornal do vizinho. Mas se eu vou ter que sobreviver a tudo isso, você também terá, garoto".

"Pelo amor de Deus, Sakura... você prefere passar seu tempo conversando com o cachorro que ajudando a levar suas coisas pra dentro?" Eu virei quando escutei a voz grave do meu irmão retumbando em meus ouvidos.

Aquele é o Touya. Meu irmão idiota. Ele foi enviado do inferno pra fazer da minha vida... bem... um inferno.

"Ta bom. Ta bom" Eu suspirei enquanto marchava na direção dele, e peguei uma mala relativamente grande, que ele tinha separado para mim.

"Você pode parar de fazer esta cara?" Touya resmungou quando eu parei para levantar a mala na frente dele "O papai já está se sentindo culpado por ter vindo... então você devia desistir... já que a gente ta aqui mesmo". Eu olhei para ele. Será que eu esqueci de mencionar o quanto eu o odiava?

O odiava por estar sempre certo?

"Eu sei..." Eu comecei a carregar a mala, depois de confirmar que ela era realmente pesada. "Mas é fácil pra você dizer."

Após explicar a um dos moços da mudança onde era para colocar a TV, ele virou pra mim novamente, "Hei... Eu também estou indo pra uma nova universidade".

Eu nem me importei em virar "Bem... É mais difícil fazer amigos num colégio do que na universidade. Você só tem que ir às aulas... Mas sou eu que tenho que ficar sete horas insuportáveis numa escola alienada".

Touya me deu um daqueles olhares aborrecidos, enquanto passava por mim com duas malas em cada mão, "Não existe a palavra alienada, sua retardada".

Eu parei de carregar a mala e o encarei, enquanto ele se encaminhava para o interior da casa.

"Hei! Essa palavra existe no meu dicionário. E eu posso falar qualquer palavra que eu quiser! Então cai fora!". Eu gritei pra ele, e continuei a carregar minha mala relativamente pesada pelos portões de ferro.

Desculpe-me aqui. Eu não costumo ser impaciente assim... mas hoje... na verdade, a semana toda... tem sido bem triste... e chorosa.

Mas antes de começar a andar no meu próprio ritmo agora que estava dentro de casa, um homem que estava vindo atrás esbarrou em mim.

"Se você está tentando apostar corrida com uma lesma Sakura, não se incomode... uma monstrenga como você sempre perde." Touya chegou perto de mim com um sorriso sínico, pegou minha mala e se dirigiu ao andar de cima.

O que havia de tão engraçado?

Após me desculpar com o homem atrás de mim, que ainda estava tentando carregar a geladeira para dentro, eu segui Touya lá para cima, subindo de dois em dois degraus.

"Touya, quando é que o papai vem mesmo?" Eu perguntei enquanto olhava dentro de cada quarto pra ver qual era o meu. Quando cheguei ao último quarto, no fim do corredor, ouvi Touya responder.

"Hoje à noite... as seis e alguma coisa, eu acho".

Eu fiquei realmente surpresa ao ver todas as minhas coisas lá. Cinco malas ao redor dele e seis caixas de papelão.

"O que você tem em todas essas caixas? Bombas nucleares?"

"Há há há " Eu dei uma risada sarcástica, enquanto empurrava Touya para fora do quarto "Talvez eu consiga colocar uma dentro do seu cérebro... e whoopee!"

Ele revirou os olhos e andou de volta pelo corredor. "Interessante essa sua imaginação virtual, mas melhor sorte da próxima vez, pulga". Cansada de mais para dizer qualquer outra coisa, eu fechei a porta com um chute e pulei na minha cama de casal.

"Ah", suspirei sem nem dar uma olhada pelo quarto.

Já vi tudo... provavelmente vou levar o ano todo para desempacotar todas essas coisas.

Bom... pelo menos eu ainda tinha a minha cama.

Mas na hora que fechei meus olhos, não pude deixar de pensar sobre tudo de novo.

Como seria minha escola nova?

Eu faria amigos?

Como é que ela chamava mesmo? Err... ah é... Sanron Hight.

Uma escola pública. Meu pai disse que ela era bem conhecida por aqui.

Mas ele não falou por quê...

Bem, tanto faz... eu acho... que isso eu é que terei que descobrir.

E você sabe o que? Eu não tenho que esperar mais.

Porque na manha seguinte... no segundo que eu pisei fora do precioso carro do meu irmão... tudo estava bem na minha frente.

E eu estava muito errada de achar que ela era pequena... porque... Sanron Hight era gigantesca. Eu to falando sério. Gigantesca. Com uma quantidade gigantesca de alunos zunindo que nem abelhas.

Hmm... nunca realmente vi abelhas se beijando. Eu estava olhando pra um garoto quase sugando o rosto da menina que estava com ele.

"Vai embora. Se eu tiver que ficar aqui olhando até que você desapareça vou chegar atrasado pra minha entrevista de emprego." Ah é. Touya estava pegando um trabalho de meio expediente. Mas ele não me falou aonde...

"Ta bom. Eu te vejo às três e meia em ponto então." Eu disse aborrecida.

"Até mais tarde, pulga!" Ele pisou fundo no acelerador.

Você sabe o quê? Eu podia até escutar sua risada maléfica ecoando no ar até que ele atingiu alguns metros de mim.

Lamentando, eu voltei a encarar minha nova escola.

Tanto por um irmão mais velho prestativo.

"Qual é o seu nome mesmo?" O homem calvo à minha frente espiou pelas lentes de seus óculos de leitura.

"Sakura Kinomoto, senhor", eu disse ao me acomodar na cadeira em que estava sentada, olhando para um zumbido em particular em volta da cabeça do homem.

Aparentemente eu estava na sala do diretor... e ele estava preenchendo algum tipo de formulário. Talvez um daqueles de admissão.

"Idade?"

"Hum... Dezessete"

"Localidade e nome da última escola?"

"Tóquio... Seijuu Hight School."

"Suas três opções?"

"Hum... computação... biotecnologia... e música".

"Nome do pai?"

"Fujitaka kinomoto"

"Mãe?"

"Divorciada".

A mosca tinha pousado na careca do homem agora.

O homem acenou sinceramente. "Ah sim".

Ele respirou fundo e revisou rapidamente o que já tinha escrito sobre mim de A até Z.

Eu não pude dar meu número de telefone ainda... já que eu não fazia idéia de qual era.

"Então está bem, senhorita Kinomoto. Eu gostaria que você levasse isto à secretaria. Eles lhe darão seu horário... e a lista de livros que você precisa... que você terá que comprar ou que pegar emprestado. Já que o segundo semestre já começou há pouco... dê um jeito de aprender logo a matéria do primeiro semestre."

"Sim senhor". Eu concordei ao levantar e me dirigir à porta. "Obrigada de novo".

"Ah, senhorita Kinomoto..." o homem me interrompeu antes que eu pudesse abrir a porta.

"Sim?" Eu dei uma olhada para ele, que tinha o rosto sério.

"Tome cuidado aqui, por favor".

"Uh..." Eu encarei o homem, a mosca ainda zunindo em volta de sua careca.

"Ta bom. Obrigada" E com isso eu fechei a porta.

Estranho. O que será que ele quis dizer com aquilo?

Confusa, eu deixei pra lá e fui até a secretaria, onde o diretor me mandou ir.

"Um..." Eu olhei para a moça através do vidro da divisória "Eu sou nova aqui." Eu resmunguei ao passar os papéis em minha mão pela fenda que havia na parte inferior da vidraça.

"Ah tá..." Ela respondeu, analisando os papéis.

Mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, o sinal – que estava a alguns metros acima dos meus ouvidos – soou.

Eu praticamente rodopiei de medo... mas voltei-me para a divisória após uma olhada rápida no instrumento oval e vermelho, dando um sorrisinho nervoso para a moça.

"Vejamos..." Ela começou, abaixando o cursor do seu computador de tela plana, "Eu tenho que achar uma sala pra você agora..."

Ela franziu o cenho, quase que para ela mesma, concentrada em qualquer coisa que ela estava olhando.

Atrás de mim, estudantes começaram a andar. Alguns conversando... Alguns rindo... Eu pude até ouvir alguns garotos se xingando.

Então eu simplesmente fiquei parada de costas para todos, enquanto batia meus dedos nervosamente na quina da mesa.

Na hora que o sinal tocou pela segunda vez, todos os alunos desapareceram dentro do colégio.

Mas pelo canto dos meus olhos eu ainda pude ver uns cinco ou seis alunos conversando perto das quadras, um deles com uma bola de basquete nas mãos.

"Aqui está..." A moça da secretaria disse de repente, me entregando três papeis e um cadeado... eu suponho que seja para o meu armário.

"Hm..." Eu resmunguei, folheando cada papel.

"Um deles é seu horário de aulas..." A moça continuou, "E o horário que o sinal toca... o outro tem todos os livros que você precisa arrumar. Quatro deles você pode pegar na biblioteca, e dois você vai Ter que comprar. O último é seu mapa da escola. Eu tenho certeza que você vai ficar perdida por alguns dias".

"Tá bom..." Eu olhei para ela. Obrigada pelo aviso. Depois ela escreveu rapidamente alguma coisa num papelzinho de recados verde.

"Este é o número da sua sala de economia doméstica e do seu armário".

"B 18", eu li.

"O bloco B é naquela direção", ela apontou para algum lugar à minha direita.

"Tá bom..."

"Eu sugiro que você vá para a aula de economia doméstica agora, depois pegue seus livros na biblioteca... e depois vá para as outras aulas."

"Tá bom moça. Obrigada." Ela deu um aceno de leve e voltou a mexer no computador.

Suspirando, eu caminhei até o bloco B, virando a direita.

Economia doméstica foi normal. Como eu estava esperando, o professor não pediu pra me introduzir. O que foi um alívio.

Ele só me disse pra sentar, após ter escrito meu nome na lista de chamada.

Mas o que eu não estava esperando foi a atenção dos alunos.

Eles estavam todos olhando para mim enquanto eu sentava na penúltima carteira. Aham. Como se eu tivesse duas cabeças.

"Hei, garota... qual é o seu nome?" perguntou um menino quando eu passei por ele.

Eu olhei pra ele por um segundo e encolhi os ombros.

"Sakura" Eu disse e sentei atras dele, já que era a única cadeira vazia que não ficava na frente.

"Wooow..." o menino que estava do meu lado sorriu. "Saa...kuu...raa" ele enrolou, marcando cada sílaba.

"Isso aí", eu resmunguei baixinho, "Três sílabas".

O garoto na minha frente virou pra mim, me encarando com um sorriso largo.

"Bom Sakura... é um prazer conhecê-la!"

Eu ergui uma sobrancelha para ele, me sentindo o centro das atenções do grupo ali.

A garota que estava do meu lado se inclinou na minha direção, "Você é nova aqui, né?".

Eu afirmei com a cabeça.

"Aham..." Ela continuou, "Eu a vi perto da secretaria" Ela disse como se estivesse falando para os meninos ali em volta.

"De onde você é?" O garoto que estava na minha frente perguntou.

"Tóquio".

"Legal... por que diabos você resolveu sair da cidade então?"

"Uh..." Eu não sabia o que dizer "Meu pai...".

A garota ao meu lado ergueu a cabeça, "Eu sou a Rika" .

"A patinha" Um outro garoto atras de mim completou debochando.

"Cala a boca Van" Ela fechou a cara para ele.

"Eriol..." O indivíduo na minha frente se apresentou, me encarando por trás de seus óculos de aro fino.

"Oi", eu disse sem muito interesse.

"Só pra constar...", um menino na minha diagonal me olhou mal humorado "lentes estão fora de moda..."

Eu lhe dei um olhar assassino, "Eles não são lentes"... seu morcego cego... Eu acrescentei para mim.

Sério... Por que as pessoas sempre acham que ter olhos verdes é tão fora do normal?

O sinal tocou após algum tempo, e todo mundo se apressou para sair da sala, correndo como se tivesse um maremoto atras deles.

Resmungando para mim mesma, eu fui a última a sair da sala.

Depois, de repente, eu me lembrei daquilo que a Rika me disse a

alguns minutos atras, "Tome cuidado", mas... o que isso significa?

Jesus... se eu não soubesse melhor... as pessoas nessa escola são cheias de charadas sem sentido.

E enquanto eu caminhava pelo corredor, passando armários e armários, rostos desconhecidos e desconhecidos... eu pude sentir alguns olhares aqui e ali me encarando. Okay... estranho.

Juntando minha coragem pela centésima vez nesse dia, eu caminhei pelas quadras quase vazias novamente.

Após algumas viradas erradas vez ou outra... e perguntando pra um garoto que com certeza sabia que eu estava perdida, eu finalmente consegui entrar na biblioteca.

Na hora que eu entrei sozinha, os estudantes que estavam nas mesas começaram a olhar curiosamente para mim, e depois voltavam para o que quer que eles estavam fazendo.

Estremecendo, eu fui até a carteira de informações, e coloquei meu papel gentilmente sobre a mesa.

"Um... Eu estou aqui para pegar esses livros?" Eu resmunguei para a professora à minha frente, que simplesmente pegou o papel sem dizer nada e desapareceu no quarto atrás.

Humph. Ela era muda ou alguma coisa assim?

Mas eu não me incomodei em dizer mais nada, enquanto ela apareceu depois de dez minutos, com quatro livros grossos.

Ela colocou um formulário de empréstimo na minha frente, e me deu um cartão pequeno, que mais parecia um cartão da biblioteca. Depois de preencher o formulário, eu enfiei o cartão no bolso da minha calça jeans, e disse um "obrigada" para a Srta. Muda.

Pegando os quatro livros, eu caminhei para fora da biblioteca, lembrando subitamente que estava muito atrasada para minha primeira aula...

Já que não tinha ninguém em volta... exceto por um casal se agarrando, e um menino com óculos fundo-de-garrafa, que me deu um olhar sonhador quando eu passei por ele carregando os livros.

E para piorar ainda mais as coisas... eu levei pelo menos vinte minutos para encontrar a área do meu armário.

Então ao olhar para seus números, frustrada, cansada, e com mãos pesadas, eu logo me encontrei, parada frente a um armário aberto.

Empurrando os livros de baixo de um braço, eu o abri complemente, e enfiei todos os quatro livros lá dentro.

Suspirando... Eu descansei minhas costas contra os armários, e procurei em todos os bolsos do meu casaco pelo meu maldito cadeado.

Virando de frente para os armários de novo, eu tateei a traseira do meu jeans. Depois abri meu casaco, e olhei nos dois bolsos da minha camisa.

Eu soltei outro longo suspiro... ao segurar o cadeado dourado, e ficar encarando-o por um certo tempo. Cadeado estúpido.

Eu resmunguei, enquanto o abria com a chave que me tinha sido dada. Bem nessa hora eu ouvi passos atrás de mim. Ugh. Provavelmente um zelador. Vamos lá Sakura... ande logo.

Apressadamente eu tirei meu casaco e o soquei rapidamente dentro do armário.

Os passos subitamente pararam bem ao meu lado, e um par de braços masculinos começou a mexer no armário do lado.

Suspirando eu realizei que era só um garoto.

Batendo a porta gentilmente, eu franzi a cara quando a porta abriu com um barulho bem alto.

Sentindo os olhos do menino em mim, eu firmemente empurrei a porta mais devagar desta vez.

Vergonha estava estampada no meu rosto, no momento em que a porta rangeu e abriu novamente.

Soltando um suspiro frustrado, eu bati a porta de novo... desta vez mais forte... mas ainda assim... ela bateu e voltou.

Então eu fechei de novo... tentando manter a calma... já que o menino ao meu lado ainda estava tateando alguma coisa dentro de seu armário.

Pelo canto dos olhos eu vi seu rosto de perfil, com cabelo castanho escuro caindo em cima de seus olhos, e um brinco na orelha.

Ele estava usando uma jaqueta de couro preta, e uma calça skatista preta, pelo que pude ver. Eu quase me senti com vontade de morrer quando ele fechou seu armário, e voltou a me encarar.

Hey! Pare com isso! Eu gritei para ele... mentalmente.

Não era minha culpa que essa porcaria de porta não queria fechar... provavelmente estava enferrujada pela falta de uso.

"Sai da frente" a voz grossa, mas ao mesmo tempo macia do garoto falou, fazendo com que eu virasse para ele, e cambaleasse pra trás um pouco... não porque ele tinha me mandado fazer isso, mas pela aparência dele. Vou te contar; um cara gostoso de morrer.

Mas minha mente simplesmente explodiu no momento que eu o vi mirando um soco pra porta do meu armário.

"Ei! Que diabo foi isso-", eu parei de falar bem no meio da frase; ao olhar para a porta do meu armário fechada... então virei novamente para o garoto.

"Heh..." eu dei uma risada nervosa, e senti meus joelhos tremerem um pouco, quando seus intensos olhos dourados encararam os meus, "Hum. Obrigada?".

Ele me encarou fixamente por um segundo, como se estivesse me analisando, depois franziu o rosto um pouco, virando e indo embora no processo.

O quê? Eu falei alguma coisa errada? Ele não gostava de meninas com calças jeans? Eu não deveria agradecê-lo? O que era? E foi quando eu mentalmente comecei a puxar os cabelos da minha cabeça. Por que é que todo garoto que eu achava que era gostoso, acabava me dando aquele olhar de "eu te acho uma esquisita". Por que, por quê??

Suspirando... mais uma vez... para sua forma de valentão, eu me virei, e rapidamente encaixei o cadeado no buraquinho do armário.

"Vamos andando pra aula de História, Sakura..." eu disse mal humorada, "...não tem lógica deixar seu queixo cair ainda mais".

SYAORAN LI P.O.V

Eu estava atrasado... como sempre.

Eu não me importei de dizer nada enquanto passava pelo professor que estava parado frente ao quadro, falando alguma porcaria sobre o passado de Hitler.

Sentando na minha carteira usual no canto do fundo, eu dei um olhar irritado para os meninos à minha frente que se viraram para me olhar com desprezo.

Sim sim... o que tinha de novo? Desgraçados.

Puxando uma perna para cima, eu prendi meu joelho na carteira e lancei a cabeça contra a parede. Hora de tirar aquele cochilo...

Mas antes que eu tivesse pelo menos a chance de divagar, teve uma batida apressada na porta,

Eu não me importei de olhar para quem era, mas tudo que ouvi foi um resmungo baixo, um chamado alto de "gatinha" vindo de um garoto e a sala inteira assobiando.

"Claro! É a nova guria da cidade, cara!" eu ouvi a voz alta do Van dizer.

Nova guria? Eu abri meus olhos rapidamente, e deixei o cenário em volta me rodear. Eu franzi o cenho intimamente.

Aquela garota.

"Classe" a professora continuou mesmo com os comentários de todo mundo, "fiquem quietos!" ela gritou; enquanto a garota se encaminhava para a carteira que lhe tinha sido indicada.

Uma na última fileira, do outro lado da sala.

Eu voltei para o meu cochilo, ignorando os comentários dos meninos e dos xingamentos violentos das meninas.

Que inferno... eu nem sei porque que me importei de vir para cá...

"Ahem!" a professora fez um som com a garganta, tentando aquietar a classe, mas tudo que ela conseguiu foi um pequeno zumbido.

Considerando isso uma recompensa, ela continuou, "Só porque nós temos uma aluna nova não quer dizer que vocês podem ficar o resto da aula falando sobre ela".

Credo... fale de uma professora sem a menor delicadeza com as palavras...

Mas a turma continuou de novo... e eu me vi constantemente encarando a menina pelo canto dos olhos.

Ela estava encarando intensamente a porcaria qualquer que a professora estava escrevendo no quadro e anotando algumas coisas de vez em quando.

O nome dela- eu descobri por meio de espionagem legal- era Sakura alguma coisa. A novata. Eu resmunguei sem maneiras.

Por isso ela me agradeceu quando eu dei um murro no armário dela. Não sabia com quem ela estava falando... Eu não deixei de reparar alguns meninos perto dela tentando capturar sua atenção... E eu certamente não deixei de reparar quando ela olhou para mim incerta com uma leve expressão de surpresa.

Ela sorriu para mim... e eu rapidamente forcei meus olhos de volta para o quadro. Eu não acho que alguém viu isso.

Porque as meninas dessa escola não andavam por aí sorrindo pra mim... em vez disso elas mandavam seus garotos em cima de mim.

Ao ficar encarando o teto, eu senti do nada, vontade de colocar um cigarro na boca.

Levantando da minha carteira monotonamente, eu andei pela sala, passei pela professora, e pela porta... nem me importando em parar ou dizer qualquer coisa para ela.

Eu só tinha que sair dali. Preso numa sala cheia de desgraçados e cadelas não era exatamente onde eu gostaria de gastar a maior parte do meu tempo.

Acendendo um cigarro ao andar pelo corredor, eu não deixei de ver Minas encostada na porta do Almoxarifado.

Dando um sorrisinho cínico, eu joguei fora o cigarro numa lata de lixo mais próxima, e a deixei se jogar em mim, ao empurrá-la pela porta que ela estava se escorando. Sim... ela beijava bem... isso é tudo.

A lanchonete estava cheia como sempre na hora que eu cheguei lá. Algumas pessoas se viraram nas suas mesas e me mandaram olhares reprovadores, mas eu simplesmente passei por eles.

Meus olhos rodearam a área pelo menino que eu estava procurando. Mas ao invés disso eu encontrei os olhos da mesma menina, a que eu tinha dado um murro no armário.

No momento que ela me deu aquele sorrisinho meio disfarçado no meio de amigos que estavam andando com ela, eu me retirei rapidamente pelo grupo de pessoas ali sem a menor educação.

Eu achei o Yamazaki se arrastando contra a porta de trás da lanchonete com outro garoto do seu lado.

Eu resmunguei no segundo em que eu estava frente a frente com ele, "Você falou perto da porcaria da janela" eu o repreendi baixo.

"Calma cara..." Yamazaki riu de mim, depois ele socou o braço do menino que estava do lado dele, "Esse cara tem alguns sacos bem pesados de heroína, to te falando"

"Quanto?" eu perguntei fazendo uma carranca para o garoto.

"Uns mil dólares" o garoto respondeu todo convencido.

"E a encomenda?"

"Eu tenho lá em casa...".

"Quando é que a gente vai pegar?"

"Quando é que eu vou pegar o dinheiro?"

Eu dei um tapinha na bochecha do garoto, "Logo. Mas eu preciso do pacote primeiro"

Ao vê-lo me olhar com desconfiança, eu acenei pro Yamazaki e saí pela porta de trás, pegando outro cigarro.

Negociar com caras de outras escolas era patético... mas valia a pena... especialmente para coisas que te fazem feliz. Oh sim. Feliz.

Eu olhei para trás, depois continuei meu caminho pela grade do campo, aonde a Chiharu ia me introduzir para um grupo de meninas de uma escola só para garotas aqui de perto.

Sakura Kinomoto P.O.V

Eu estava chorando. Vou te falar. Eu estava praticamente chorando... dentro da minha mente, óbvio.

Ele tinha acabado de ir embora.

Deus. Por que é que é tão difícil conseguir reações de garotos!?

Mas antes que eu pudesse continuar lamentando, a menina do meu lado me trouxe de volta da terra dos sonhos.

"Sakura. Você tá bem?" ela me perguntou franzindo a testa.

"Sim Tomoyo. Eu to bem..." eu respondi minha nova amiga.

Naquele momento eu estava na lanchonete... com um monte de amigos que eu fiz no meu primeiro dia. Eu estava orgulhosa de mim mesma... mas eu nunca fui muito longe... bem... quando ele simplesmente saiu depois que eu tive que juntar toda coragem que eu tinha para sorrir para ele... duas vezes. Quão triste um garoto podia ficar, huh? Ele não podia pelo menos sorrir de volta, e me deixar feliz?

"Tá parecendo que você acabou de voltar de uma viagem para a terra da dona Lá-lá", a Rika sorriu para mim. Sim, exatamente a mesma garota da minha aula de economia doméstica. Na verdade, foi ela quem me introduziu para todo mundo depois da nossa aula de química.

"E aí... quem é o garoto, eh?" uma outra garota me olhou, seus óculos brilhando.

"Ninguém Naoko..." eu disse bem baixo, meu rosto quente. Eu era um livro aberto ou o quê? "Não é ninguém," eu repeti firmemente.

"Com certeza"

"Verdade"

"Certo"

Eu suspirei. Verdade... não.

Depois do almoço, a Rika decidiu me dar um tour... dizendo que eu ficaria perdida uma vez ou outra. Mas a primeira coisa que eles me levaram foi para o Quadro de Avisos.

"Aqui. Sakura. Antes de qualquer outra coisa. Você tem que saber das regras", a Tomoyo disse quase séria.

"Regras? Que regras?" Eu perguntei hesitante.

Naoko simplesmente as apontou pra mim. Um grande pedaço de papel, que parecia um pouco marrom. Eu não pude deixar de perguntar, "Quantos... quantos anos... tem isso?".

"Sei lá..." Rika disse, encolhendo os ombros, "Só alguns anos eu acho"

Eu tive que, praticamente, ficar na ponta dos pés para ler as linhas.

"Regra número um. Você deve ter no máximo 10 detenções por ano. Desse jeito todos ficarão no mesmo nível." Eu olhei para a Tomoyo confusa, "Huh?".

"Eu tenho seis até agora" ela me respondeu e me fez virar novamente.

"Número dois. Se você não se adequar a nenhum grupo, por favor, mude de escola. Um deve manter a escola sempre divertida para permanecer nela" Aham. Estranho

"Três. Professores são pestes. Eles vivem só para caçar. Então se você se apaixonar por eles, prepare-se para seu pesadelo."

Rika riu com isso, "Eu me lembro e quando eu costumava gostar do professor Terada, no Ensino Fundamental"

"Número quatro." Eu continuei, "Se você trair o rei ou a rainha da formatura do ano anterior diga adeus para a sua reputação"

Naoko me ajudou nisso, "Eriol e Rika", ela me disse, e eu acenei que sim com a cabeça. Eu não acho que eu os trairia por enquanto.

"Regra número cinco. É sua tarefa mudar de diretor a cada dois anos. Então se você contribuir, você ganha um passe livre para ficar intocado pelos chutes e socos." Isso é útil. Eu pensei sarcasticamente.

"Seis. Nós entramos em greve por uma semana a cada semestre. Se você contribuir com a melhor idéia, você ganha, de graça, alguém do sexo contrário por todo o ano escolar."

"Eu venho tentando para isso" Naoko suspirou ao meu lado. Muito esquisito.

"Sete. Você se acha uma cadela nível A? Tente virar uma líder de torcida. Você terá mais amigos desse jeito".

"Isso é amável, você não acha?" Tomoyo riu, "Eu estava na equipe ano passado. Mas eu saí esse ano". Eu imagino por que. Mas eu não disse meu pensamento alto.

"Regra número oito. Se você se acha galinha, você precisa passar no teste. Caso contrário vá arranjar outra vida."

Isso é legal... eu acho. "Nove. Você é novato? Faça uma cópia dessa página e decore-a antes que entre em encrencas." Bom, isso não foi tão legal.

"Não se preocupe" a Rika deu uma batidinha no meu ombro, "Você vai aprender bem depressa" Pode apostar que vou.

"Regra número dez. Quer ser um bandido? Vamos ver se você consegue durar pelo menos uma noite inteira nos três corredores principais. E se você perder contra a garota de vermelho, tenha certeza que você está carregando uma bandeira branca." Eu ri com isso.

"Onze. Se você quer falar mentiras. Dê uma olhada em como você pareceria sem dentes antes de fazer qualquer coisa imprudente."

"Isso é muito doloroso, deixe-me avisa-la. Nunca tente isso." Naoko aconselhou sabiamente. Certo. Eu continuei a ler.

"Doze. Você se mistura com qualquer viciado cheio de piercings, você conversa com a mão. Você passa a andar com eles; a gente te enterra na areia. Simples." Eu parei para ler a frase novamente, e depois me virei "Uh. Viciados cheios de piercings? Quem são eles?"

As meninas me olharam com expressões severas, "O grupo dos excluídos" as três disseram ao mesmo tempo.

"Um... Eu não entendo"

Tomoyo foi simpática o suficiente pra me explicar, "viciados. Você sabe, drogados? Eles estão fora do limite pra nós... e nós pra eles."

Eu ainda não entendi.

"Isso quer dizer que você não conversa com eles. Você não olha pra eles. Você não respira com eles. Você não deve ser vista com eles. Nunca, jamais."

Certo. Essa escola é ainda mais esquisita que eu achava. "E... como é que eu sei... que esses... viciados são?"

Naoko revirou os olhos, "Bem... pra começar eles tem piercing".

Eu olhei pra ela fulminantemente, "Eu coloquei um piercing no umbigo ano passado Naoko"

Tomoyo fez um barulho frustrado pra nós, "Sakura. Você vai saber só de olhar pra eles"

"Aham" Rika concordou, "Eles gostam de se manter diferentes da gente. Então você vai descobri-los num segundo. E se nós virmos um por perto, eu aviso, tá bom?"

Tá bom. E com isso eu voltei para as regras. "Garotas delicadas têm um preço aqui. Então se você está procurando por uma, é melhor vir carregado. Garotos são de graça. Tem um monte deles em volta. Mas os que têm etiquetas de preço são limitados. Sem cheques, por falar nisso." Eu sorri intimamente.

"Catorze. Não é permitido carregar mochilas. E se você carregar, não fique com raiva ao encontrá-la pendurada nos ventiladores." Wow. Então talvez tenha sido uma coisa boa eu ter ficado com preguiça de trazer a minha hoje.

"Regra quinze. Siga todas as catorze regras acima, e você vai achar seus anos na Sanron Hight um paraíso." Eu zombei disso. Claro. Um paraíso...

"Vamos lá guria. Pare de encarar essa lista como se fosse uma estátua. O Eriol tá querendo conversar com você. Vamos lá." Rika revirou seus olhos quando as três garotas resolveram me levar embora.

Eu nem escutei... pois estava preocupada com meus próprios pensamentos. Um paraíso? Em Sanron? Aham... sei.

Entrar aqui foi provavelmente o maior erro... mas não tinha mais nada que eu podia fazer. E enquanto nós nos aproximávamos das quadras, rindo ao ver Rika flertando com cada menino que a gente passava.

Tomoyo de repente me puxou pra trás.

"Olhe" ela me empurrou contra a parede, e apontou.

"O que? O que?" Eu perguntei surpresa, enquanto continuava sendo amassagada pela Tomoyo.

"Olhe!", ela se repetiu "Aqueles meninos lá".

Fechando a cara, eu segui seu dedo e fechei ainda mais a cara, "Quem?"

"Aqueles três caras lá sua estúpida!"

Eu espiei ainda mais. Talvez eu precisasse de óculos, "Você quer dizer aquele com uma garota?"

"Sim. Sim. Eles são alguns deles"

"Quê?" Eu olhei para Tomoyo, confusa.

"Viciados excluídos. Regra número doze?" Ela me lembrou. Não me levou muito tempo para saber do que ela estava falando. Eu realmente não sabia se era regra doze ou qualquer coisa, mas eu sabia o que ela quis dizer.

"Oh" Eu olhei pra ela por um segundo, depois olhei de volta para o grupo que estava, aparentemente, andando na nossa direção. "Ai meu Deus" eu murmurei depois de um tempo, quando seus rostos apareceram à vista.

"Ai meu Deus o que?" Tomoyo perguntou e me encarou, tirando os olhos das unhas.

Eu escorei contra a parede, de repente me sentindo como uma flor murcha. Eu não podia contar nada pra ela. Eu não podia.

Ou eu nunca escutaria o fim disso. Eu não podia contar pra ela que o garoto em que eu estava pensando na lanchonete era um deles.

Ai Deus...

Por que é que todo cara que eu queria era fora dos limites?

Pronto gente!!! Finalmente eu terminei de traduzir esse capítulo! XD

Deixem uma review pra mim, por favor!!! Eu tenho que saber se vocês estão gostando pra continuar a traduzir ou não!

Um bjo pra vcs, e até o próximo capítulo!