Capítulo 1
Remy havia acabado de voltar de mais um dia de trabalho. Fazia pouco tempo que ela tinha começado a trabalhar para o House, e ainda não estava certa de que era exatamente isso que ela queria. Será que o novo emprego realmente a deixava feliz? Bem, isso é uma pergunta complicada, ela pensou, já que ainda não tinha parado pra refletir sobre o que seria a felicidade pra ela. A verdade é que ela parecia funcionar sempre no "piloto automático", fazendo tudo porque tinha que fazer e não porque era o que ela queria. E ,até agora, nada tinha um motivo, uma razão maior na vida dela.
Remy ligou o som do seu computador em seu quarto e decidiu tomar um banho enquanto ouvia música. Banho e música era a combinação perfeita na opinião dela. Nada mais revigorante e relaxante do que tomar um bom banho depois de um longo dia e a música servia como estimulante pra sua mente, só que não daqueles ilegais - e ela sorriu com esse irônico pensamento.
Enquanto relaxava seus músculos (tensos, como de costume), ela pensava sobre seus colegas de trabalho. Apesar das gritantes diferenças, Remy às vezes se assustava com as semelhanças entre ela e House. Os dois eram, de certa forma, solitários, teimosos e um pouco infelizes, mas não faziam grande coisa pra mudar esse último aspecto. A diferença é que House tinha tempo - e ela não. Remy rapidamente afastou esse pensamento de sua mente. Taub poderia ter uma vida quase perfeita, se quisesse. Ele teve ótimos empregos, é bem casado e ama a esposa. Poderia ter filhos com ela e ter uma família-feliz-de-classe-média. E, pra algumas pessoas, isso já é o bastante. Como é engraçado o poder que algumas pessoas têm para sabotar a si mesmas. E então pensou se ela se encaixa nessa categoria. Ela esperava que não.
Kutner era daquele tipo de pessoa que seria sempre criança. E isso chegava a ser irritante em alguns momentos, mas, no fundo, Remy simpatizava com ele. Ele não tinha o ar esnobe e meio egoísta que o resto da equipe compartilhava. Apesar dessa primeira impressão, Remy sabia que Kutner também poderia ser tão solitário quanto ela. E ela também sabia que ele definitivamente era muito mais feliz.
E tinha o Foreman. Já fazia algum tempo que ela pensava bastante nele. Era óbvio que tinha alguma coisa acontecendo entre eles, mas ela ainda não tinha certeza se isso ia levar a algum lugar (e se esse lugar seria bom). Ele era o colega de trabalho que ela mais tinha dificuldade de entender, e isso a deixava curiosa. Logo ela, que era tão boa em avaliar e entender os outros! (E aí ela pensou sem querer em como ela era péssima em avaliar e entender a si mesma). Mas, que droga!, ela não era o tipo de pessoa depressiva, apesar de todos os problemas.
Talvez valesse a pena se algo acontecesse entre ela e o Foreman - se é que ali houvesse realmente algo - e ver no que essa história poderia dar. Com certeza, ela não ia ficar pior do que já estava.
