Era uma manhã fria, as lágrimas tinham secado por hora, seu olhar ainda permanecia vazio... Também pudera perdera seu pai. Um acidente em um dia chuvoso, agora ele repousava junto a sua mãe. Toya ainda era jovem e não tinha como assumir a responsabilidade de arcar sozinho com as despesas de ambos, por esse motivo seu bisavô requisitou sua guarda, sempre desejou conhecê-lo, mas esse não era o contexto... Faltava alguns minutos para conhecê-lo, Tomoyo segurava sua mão na tentativa de confortá-la e dizer que ficaria tudo bem...

Por algum motivo estavam na casa de Tomoyo. Sakura vestia um vestido branco como era característico do luto no Japão. Logo um senhor alto e de idade chegava cumprimentando Sonomi e se dirigindo ao recinto onde sua bisneta se encontrava. Quando a viu ficou impressionado, ela realmente tinha crescido bastante. Agora com seu quatorze anos. Quando seus olhos se encontraram ela o reconheceu e as lágrimas vieram aos olhos da menina... Ele ajoelhou-se ante a cadeira que ela se encontrava ergueu seu rosto e disse.

- Sakura-san... – Mais nem uma palavra foi dita permaneceram ali um longo tempo. Ainda naquele dia já pelo começo da noite partiram, Sakura estava ciente de que iria para Inglaterra, Amamiya considerava o mais adequado se afastar do Japão a faria não lembrar tanto de sua dor, viajar foi o que fez quando perdeu sua neta Nadeshiko. Na verdade não a agradava a ideia de abandonar sua terra natal. Mas não tinha forças para protestar.

Estava dormindo a sono solto quando o avião pousou, talvez por ter permanecido acordada por três noites seguidas. Sendo acordada gentilmente por seu bisavô. No carro novamente caiu no sono. Quando chegou ficou impressionada com o tamanho da residência, era ainda maior que a propriedade dos Daidouji. Quando desceu do veículo o som de um piano chamou sua atenção, era estranho já que estava frente à casa e o som não parecia vir de seu interior... Quis perguntar se ele também escutava, mas por algum motivo preferiu não perguntar, tinha certeza que aquele som era apenas para seus ouvidos, era realmente reconfortante...

- Sakura-san... A esperei por tanto tempo... – disse Eriol a dedilhar notas perfeitas em seu piano. Sabia que ela escutaria essa canção que tinha composto para ela. Durante duas semanas Sakura adormeceu ao som dessa melodia e acordou com a mesma. Aos poucos sua dor se dissipava.

Já era hora do almoço e como sempre comeria a companhia de seu "vovô" forma como o próprio disse que preferia que ela se referisse a ele. Quando chegava a mesa notou a presença de alguém familiar, era ele...

- Eriol-kun... – estava pasma, há anos não o via, apesar de sempre terem se correspondido. Ele tinha crescido muito, já estava com cerca de 1,80 e ainda cresceria mais. Era uma garota razoavelmente alta, mas perto dele ficava expressivamente diminuta.

- Sabia que gostaria de uma companhia de alguém de sua idade... Esse é nosso vizinho, ao que parece já se conhecem. – ele disse num tom sóbrio, Hiiragizawa era um rapaz pertencente a uma família tradicional. O tipo que gostaria que Nadeshiko tivesse se apaixonado. Mas já era tarde demais para ela e já tinha aceitado a escolha que sua neta tinha feito. Quanto a Sakura ela ainda tinha uma vida pela frente, talvez com ela fosse diferente.

O almoço discorreu tranquilo, a voz dele era um balsamo, era grave e suas palavras pareciam fluir. Tinha se tornado um belo rapaz, sempre o achou bonito, mesmo quando ambos ainda tinham seus onze anos. Mas agora as coisas pareciam um tanto mudadas. Apesar da pouca idade Sakura prestava agora maior atenção ao sexo oposto do antes. Naquele dia teve a oportunidade de passar a tarde a sua companhia. Naquele momento sua dor parecia nula, mas quando ele partiu novamente foi acometida pela tristeza. E assim ele tornou-se um balsamo em sua vida. À medida que a dor desaparecia um nova necessidade se fazia presente. Começava a desejar sua presença mais do que esperado, começou a se questionar se estaria se apaixonando pelo jovem mago.

Um ano se passou, Sakura agora estudava ali, parecia ter se estabelecido naquele país em definitivo. O brilho estava de volta a seu olhar. Naquele domingo tinha sido convidada mais uma vez a almoçar com Eriol em sua casa. Seu avô se comprazia naquela amizade. Depois da refeição o anfitrião convidou Sakura a o ouvir tocar.

- Sakura-san... Compus para você... – imediatamente quando escutou a melodia conseguiu lembrar-se dos primeiros dias naquele lugar em que seu consolo era escutar aquela música. Imediatamente as lágrimas inundaram os olhos de Kinomoto. Ela sentiu gratidão e carinho e quando ele terminou de tocar e voltou-se para ela viu o rosto dela banhado em lágrimas, sentiu-se estranho, com se tivesse levado um forte golpe.

Então aproximou-se dela e beijou sua face com ternura. Surpreendendo-a com tal gesto.

- Um sorriso fica mais bonito em você. – ele disse sincero. Ela parou de chorar e secou suas lágrimas. Estava feliz por ter um amigo como ele.

- Obrigada, Eriol-kun. – disse se referindo a música que por tanto tempo a consolou.

Continua...