Feliz Aniversário, Severo Snape!
Fic: Além de um Conto de Inverno
Autoras: As Snapetes.
Beta reader: FerPotter
Gênero/Categoria: Romance
Resumo: Alguém se lembra de Snape após o final da Batalha de Hogwarts e volta à Casa dos Gritos para recuperar seu corpo. Esse alguém é Hermione, e ao encontrar o ex-professor vivo, age por impulso e inicia uma série de acontecimentos que mudaria suas vidas.
Agradecimentos: À todas que participaram desta fic, direta ou indiretamente, o nosso muito obrigada pela paciência e amizade.
Disclaimer: Harry Potter e todo o seu mundo mágico não nos pertence, são todos da JK Rowling.

Parte 1 - Ludmila

– Dormiu bem, Harry?

O menino que acabara de derrotar Voldemort tinha que dizer que sim. A verdade é que ele estava ainda dolorido, os músculos doloridos depois da Batalha de Hogwarts. O sono tinha sido reparador, mas apenas até certo ponto.

O Salão Principal de Hogwarts estava arrumado para uma grande refeição, oferecida a todas as pessoas que tinham participado da Batalha de Hogwarts: comerciantes e moradores de Hogsmeade, alunos, famílias de alunos, professores, aurores e a Ordem da Fênix. Não, não era uma comemoração, não com tantos mortos e os feridos ainda na ala hospital. Mas havia um alívio palpável no ar, com Voldemort derrotado, seus principais aliados mortos e outros capturados.

Deveria estar tudo certo. Contudo, quando Harry se virou para sua interlocutora, ela parecia estar em estado ainda pior do que o dele.

– Merlin, Hermione – comentou. – Você parece horrível.

Ela riu:

– Obrigada, Harry. Você também está péssimo. Rony já levantou?

– Acho que não.

– Ótimo. – Ela suspirou. – Harry, eu tomei uma decisão. Mas gostaria que Rony pudesse ouvir também.

– Parece sério.

– Oh, bem, é porque é.

– É o quê?

Rony acabara de chegar à mesa. Sentou-se e exclamou:

– Hum, comida. O que é o quê?

– Eu estava dizendo a Harry que eu tomei uma decisão séria. Foi bom você aparecer porque assim só preciso dizer uma vez. Eu vou viajar e vai demorar um tempo até eu voltar.

– Viajar? Para onde? Por quê?

– Austrália. Vocês sabem por quê.

Harry arregalou os olhos. Ele sabia que Hermione se referia ao fato de ela ter posto feitiços de memória nos seus pais, fazendo-os acreditarem que eles nunca tiveram uma filha e que seus nomes eram Wendell e Mônica Wilkins.

– Você vai demorar? – indagou Rony. – Quanto tempo?

– Eu não sei. Vocês sabem que feitiços de memória podem ser traiçoeiros. Às vezes demoram algum tempo até as memórias voltarem. Espero que entendam como preciso ficar com meus pais agora.

– Claro, claro. – Harry pôs a mão sobre a dela. – Nós entendemos.

Rony pegou a mão da moça e pediu:

– Vai me escrever, não vai?

– Vou tentar. Ainda não sei direito como vão ser as coisas lá. Darei notícias quando puder.

DOZE HORAS ANTES

Ai meu Deus, ele está vivo!

Hermione não sabia explicar por que tinha voltado à Casa dos Gritos, por que estava procurando o corpo de Severo Snape. Claro, tudo tinha a ver com o fato de que, antes de dormir, Harry tinha desabafado aos amigos a verdade sobre Snape: a paixão que ele tinha por Lílian Evans, a promessa de proteger Harry, os anos de espionagem.

Sem conseguir dormir, Hermione voltara ao local onde eles tinham abandonado o corpo, sentindo-se culpada. E ao chegar sentiu-se mais culpada ainda, porque Snape estava vivo. Aparentemente, paralisado pelo veneno de Nagini, mortalmente pálido devido à perda de sangue, mas com um batimento cardíaco. Fraco.

Mais tarde, Hermione não saberia dizer como conseguiu fazer tudo aquilo sozinha, mas ela fez. Em primeiro lugar, estancou o sangue. Depois removeu-o para a Sala Precisa. Usou feitiços para proteger a identidade do paciente. Saqueou a ala hospitalar com as poções que conseguiu achar.

Estranho que Hermione não tivesse exatamente um plano, mas de uma coisa ela tinha certeza: ninguém deveria saber que Snape sobrevivera. Ninguém ainda sabia que ele era um herói e não bandido, e até que ela explicasse que focinho de porco não era tomada, o ex-diretor poderia sofrer conseqüências drásticas. Ele estava muito vulnerável.

Então o plano começou a se formar na sua mente.

O lugar seria Austrália. Longe, mas não totalmente desprovido de recursos. A tradição de magia australiana era grande com os aborígines australianos e os da Tasmânia, além dos vizinhos Maori, da Nova Zelândia. Havia um rico caldeirão de cultura mágica ali, e Hermione pretendia usar isso tudo.

Agora ela tinha um plano. Ela iria ficar com os pais e cuidar de Snape.

Então ela não teve alternativa: rumou para Austrália, aparatando com um homem extremamente doente. Hermione chegou ao hospital bruxo de Sidney, deixou o paciente lá, usando o nome de Leontes Evans, e dizendo que ele provavelmente estava com distúrbios de memória. Ela não saberia dizer por que deu a Snape o nome de um personagem da peça de Shakespeare em que seu próprio nome aparecia.

O dia raiava quando Hermione voltou para Hogwarts, e ela mal teve tempo de lavar-se e trocar de roupa, exausta.

Era a segunda noite que ela passava em claro, e talvez aquilo estivesse afetando seu julgamento. Se Hermione parasse para pensar no que faria, ela tinha um monte de perguntas para fazer a si mesma. A maior das perguntas era curta: por quê? Por que, afinal de contas, ela estava mentindo para seus amigos e tentando salvar a vida de Snape? De todas as pessoas, por que Snape?

E por que, em nome de Merlin e de tudo que era mágico, ela se sentia tão culpada em relação a Rony?