Título: AFTER RAIN

Autora: Samantha Tiger Blackthorn

Beta: Lady Bogard

Casal: Hiroto x Shou / Tora x Saga (menção)

Tema Musical: RAINBOWS – Alice Nine; Hangin By A Moment - Lifehouse

Classificação: NC-17

Gênero: Yaoi, romance.

Resumo: Depois daquela chuva tudo mudou...

Avisos: Esta história é Slash: um romance entre dois homens e contém sexo explícito. PORTANTO, SE NÃO GOSTA NÃO LEIA.

Disclaimer: Esses homens lindos e talentosos não me pertencem, o que é uma pena, então apenas tomo a liberdade e o atrevimento de me divertir com eles.

Dedicatória: Para minha Amada Filhota Ifurita, que me pediu com aquele jeitinho meigo de presente de aniversário... O que você me pede que eu não faço lindeza... FELIZ ANIVERSÁRIO FILHOTAAAAAAAA!!!

AFTER RAIN

1ª Parte

A batida no prato da bateria marcava o tempo... O toque repetido da guitarra de Tora... O tom discreto da guitarra de Hiroto... O som do baixo... O grito de Saga. A um tempo, todos entraram juntos na melodia, os corpos oscilando acompanhando as notas vibrantes, Shou saltando e girando, sua voz fluindo com a música.

a looky
Um olhar...
mayonaka MONOKURO na fuukei
Meia noite, paisagem monocromática
negatta gokusaishiki shinchou
A imagem colorida que eu desenhei

hirogaru hodo irozuiteku kujaku no hane no you
As cores se espalham como penas de um pavão
mekuru mekuru hikari no magic mugen no rasen e
Girando e girando, a mágica da luz, numa espiral de fantasias

Shou gingava o corpo, batendo o pé, marcando o ritmo junto com a bateria, saltitando no lugar, apontando para frente e rodando e rodando no mesmo lugar, a energia da música vibrando entre eles através da música...

sora e egaite yuku kimi e todoku you ni
Pinte o céu, como se você o tocasse
kiseki no you na seiki no show wo egaite
Desenhe o show do século que é um milagre
hibike chihei koete yami wo nurikaeteku
Ressoe e ultrapasse o horizonte, eu pintarei a escuridão
orikasanaru hikari no naka de kimi to odorou
Em meio a tecelagens e luzes girando, eu dançarei com você

O corpo do vocalista gingava, enquanto sua voz enchia o estúdio, a bateria ditando o compasso forte, os passos compassados de Shou chegando cada vez mais perto de Hiroto, que avançou para frente com passos largos, marcando o ritmo com um jogo nos quadris, requebrando sensualmente, sua guitarra sobressaindo na música...

mezame yoyume kara sameru yume
Vamos acordar, o sonho desperta dentro de outro sonho
saa yukou gozen ji no kaku e
Venha e vamos, a revolução das 2:00 AM

mieru mono ga shinjitsu naranaze nendai wa aru
Se o que você pode ver é a realidade, por que há lágrimas?
nega ni ochiru kokoro no urasoko ni boku wa utao
Atrás de seu coração que chora, eu estarei cantando

koe wa sumuite yuku kimi e todoku you ni
Teça a minha voz, como se você a tocasse
yoake mae ni mezame no kane wo narase
Toque o despertador antes de o dia levantar
ready, go! toki wo kakete through the dark ima tobitate
Vamos lá, Soando pelo tempo, passando pela escuridão, levante vôo
moeru you na tori ni u no hana kimi to sakasou
Uma grande flor que parece queimar, está nascendo em você.

O som da guitarra de Hiroto, acompanhado pelos outros instrumentos, foi crescendo e dominando o ambiente, fazendo o acompanhamento perfeito para a voz de Shou...


ne no fuu no KAKUTERU kurasugoshi no sekai
Um coquetel de néon, O mundo através do copo
kimi to boku wa tabun hoka no mono wa iranai
Nós somos parceiros em um crime, e não precisamos de mais nada

Entrou o solo da guitarra base, a performance de Tora, agora ele que é acompanhado pelos outros, valorizando o som do seu instrumento, Shou dançava no meio dos companheiros, no ritmo do moreno...


sora e egaite yuku kimi e todoku you ni

Pinte o céu, como se você o tocasse
kiseki no you na seiki no show wo egaite
Desenhe o show do século que é um milagre
hibike chihei koeteyami wo nurikaeteku
Ressoe e ultrapasse o horizonte, eu pintarei a escuridão
orikasanaru hikari no naka de kimi to odorou
Em meio a tecelagens e luzes girando, eu dançarei com você

SUKAI suteta bu no view ataerareta namae wo

O perfil que era usado e jogado fora, o nome dele é...

Hiroto chegou bem à frente, se esmerando no solo perfeito e elaborado, Shou bamboleando e jogando os cabelos, enquanto o guitarrista rebolava com a guitarra tirando sons perfeitos, os dedos correndo pelas cordas ao longo do braço da guitarra... E então os sons vão morrendo restando somente o baixo, Saga dedilhando as cordas, o som grave salpicado pelos toques do prato da bateria, até silenciar...

Ficaram todos imobilizados por um momento em silêncio, e então houve o grito de alegria por mais um ensaio terminado. Depois de algum atraso e desencontros no começo, o ensaio foi produtivo, só terminando quando todos se sentiram satisfeitos com a execução perfeita de RAINBOWS. Nao se levantou da bateria, encerrando oficialmente o trabalho do dia.

- Perfeito! Por hoje chega pessoal, to pregado... – Nao ficou em pé, se esticando todo, ainda atrás da bateria, alongando os músculos das costas. Colocou as baquetas na mesinha ao lado da bateria e deu a volta, esticando as pernas.

- Não está tão tarde, só nove horas. Que acham de tomarmos um drink pra relaxar antes de ir pra casa? – Saga sugeriu enquanto guardava o baixo. – Naquele barzinho aqui perto.

- Eu vou. – Tora respondeu, tendo olhar e o sorriso do loiro sobre si.

- Não sei não... – Hiroto se manifestou, fechando o estojo da guitarra. – A previsão do tempo previu chuva forte à noite... Já deve estar chovendo e detesto tempestades. O carro tá na revisão; vou ter que ir pra casa de táxi e...

- Posso levar você se quiser, sua casa fica no meu caminho... – Shou colocou o casaco, abotoando-o, deixando os primeiros e os últimos botões abertos, ajeitando a echarpe no pescoço. – Vamos até o bar? Não vamos demorar...

- Você vai Nao? – Hiroto indagou o baterista, recebendo um aceno positivo com a cabeça. – Bom, se todo mundo quer ir... Então eu vou Kohara. – Sorriu aos amigos.

oOo

Era quase meia noite, a chuva já caía a algum tempo, mas ainda estava calma. Estavam animados, os risos eram abundantes naquela mesa, mas o cansaço começava a cobrar o seu preço dos rapazes. Nao foi o primeiro a se despedir, seguido de Shou e Hiroto, deixando Saga e Tora na mesa, sozinhos, ainda conversando e esperando a conta enquanto bebericavam seus drinks.

Correram pela rua sob a chuva até o carro, molhando-se um pouco. Kohara abriu a porta para o amigo, ainda rindo da história contada por ele, de como se livrou do último caso. Deixou que ele entrasse e fechou a porta, dando a volta e sentando-se atrás do volante.

- Você não pode ter feito isso, Pon, eu não acredito. – Disse pegando uma toalhinha no porta luvas e estendendo a ele para que se enxugasse.

- Mas fiz... Você não acha mesmo que eu levo qualquer pessoa para o meu apartamento, acha? Eu não quero ninguém no meu pé... Por isso cada vez que eu conheço uma pessoa muito interessante eu compro um celular descartável e alugo um flat por algumas semanas.

- Deve ficar caro...

- Caro, mas eficiente. Quando não quero mais eu termino tudo, jogo o celular fora e encerro o contrato com o flat. Assim não adianta a pessoa ser insistente, se voltar lá não vai me encontrar.

- Você é mau... Custava conversar com o cara com franqueza e terminar tudo civilizadamente?

- E você acha que eu não tentei? Eu tento fazer isso todas as vezes, mas tem hora que não dá. – Virou-se para o amigo, falando com aquela expressão de quem está contando uma fofoca. – Esse cara de quem estamos falando era especialmente dominador, já estava me sentindo sufocado, aturei o quanto pude, até que não agüentei mais... Conversei com ele, expliquei que não dava mais, falei até cansar, mas ele não queria me ouvir. – Sorriu maliciosamente, achando graça da própria peraltice. – Aí marquei um encontro com ele no flat e mandei pra lá um cactus lotado de espinhos. No cartão eu disse que nosso relacionamento tava daquele jeito... Era muito bom, mas tinha espinhos demais, tantos que não estava valendo a pena me espetar neles...

Kohara riu mais ainda ao imaginar a cara do homem ao encontrar o cactus e ler o tal cartão...

- Você foi cruel, Pon...

- Ele sobrevive... – Falou ironicamente. – Eu é que estava morrendo asfixiado, isso sim!

Shou ligou o carro, dirigindo sob a chuva que foi engrossando durante o percurso até o apartamento de Hiroto. Foram rindo pelo caminho, o clima leve e descontraído, contando as histórias mais cômicas que já tinham passado. Ao chegarem à frente do edifício a chuva calma tinha virado uma tempestade, raios cortavam o céu em meio a relâmpagos e trovões, a água caía torrencialmente, as bocas de lobo se transformaram em enormes poças, sendo insuficientes para escoar aquela enorme vazão de água. Parou o carro no meio fio, desligando a chave.

- Pronto Pon, chegamos, não prefere que eu faça o retorno mais à frente e pare diante das escadas? Tá chovendo muito...

- Não precisa Shou... – Disse olhando para a chuva grossa, com a ventania furiosa inclinando as árvores, sentindo aquele medo conhecido que o afligia. – É... É só uma chuva à toa...

- Tem certeza? – Perguntou olhando o jeito receoso do pequeno, vendo-o assentir com um movimento de cabeça. Então ligou o carro e... O carro não ligou. – Ora...

- Que foi?

- O carro... Não liga! – Disse espantado. – Tem pouco mais de um ano, ainda tá na garantia...

- Agora não dá pra fazer mais nada... Já está de noite. Mas você pode ficar aqui, amanhã de manhã você liga pra concessionária Honda e eles vêm buscar o carro...

- Mas não vou incomodar?

- Claro que não... Vamos.

Saíram na chuva torrencial, com Shou acionando as travas e o alarme. Atravessaram correndo a avenida e parando na calçada entre as duas vias, quando um carro em alta velocidade passou rente à calçada jogando a água empoçada na boca de lobo em cima dos dois, encharcando-os por inteiro. Ficaram sem ação por um instante, paralisados pela surpresa, para então atravessar a outra via, já sem pressa para não se molhar... Subiram pelo elevador de serviço, entrando pela cozinha do apartamento. Olharam um para o outro, molhados, gelados e imundos e caíram na gargalhada, afinal estava tudo bem.

- Vem, Shou, eu te arrumo umas roupas pra você trocar. – Viu a careta engraçada dele olhando para si dos pés à cabeça e riu. – Hei, não são minhas não! – Exclamou pilheriando. – São umas roupas de um antigo namorado, uma regata e um moletom, devem te servir... Vou colocar as nossas roupas na máquina de lavar e na secadora e amanhã estará tudo limpo e seco. Só o casaco que vai ter que mandar pra lavanderia...

- Estou me sentindo todo melado...

- Vem comigo... Você fica no quarto de hóspedes, pode usar o banheiro ao lado. – Abriu a porta do banheiro para ele. – Pode se despir e entrar no chuveiro que já trago a roupa e a toalha.

Hiroto entrou no próprio quarto e se despiu da roupa suja, colocando um roupão. Pegou uma toalha, a muda de roupa e uma cueca nova para o amigo e levou para ele no banheiro, olhando para a bela silhueta através do vidro fosco do box. Sentiu uma sensação indefinida por dentro, mas recolheu a roupa suja levando com a sua para a área de serviço.

Entrou no chuveiro quente, suspirando aliviado, relaxando e tirando a lama grudenta da pele e dos cabelos, pensando em quem estava no banheiro no meio do corredor. Sentiu um frisson passar pelo seu corpo. Tem consciência de que sempre o achou bonito, sensual, gostoso... Em sua cabeça voltou a imagem daquele corpo perfeito que pôde vislumbrar através do vidro fosco... Mordeu o lábio inferior, tentando afastar aquele tipo de pensamento, esfregando o corpo com vigor.

Mas sua mente não queria colaborar e imagens ainda mais devassas passaram por trás de seus olhos fechados, como aquele corpo perfeito debaixo da água quente, escorrendo pelos cabelos, pelo peito, pelo abdômen, pelo... Pelo... Sentiu o apelo da carne e não conseguiu abafar de todo o gemido que escapou da garganta, por mais que apertasse o lábio, o deixando mais desesperado. Abriu mais o chuveiro, deixando a água quase fria, o choque térmico resolvendo uma parte do seu problema. Fechou a água e se enxugou, colocando um roupão branco sobre o corpo, percebendo que esqueceu as pantufas, saindo do banheiro descalço.

oOo

Shou se enxugou e se vestiu, com a roupa que Hiroto tinha deixado para ele. Ficou um pouco justa, mas pelo menos não ficou apertada e no meio das canelas como ficaria se a roupa fosse do amigo. Sorriu divertido, se imaginando vestido com as roupas dele. Se o Pon pudesse saber o que ele estava pensando ficaria danado. Olhou pelo banheiro e abriu o armarinho espelhado sobre a pia, lá tinha sabonete, fio dental, desodorante sem perfume, pente, pasta de dente, mas não o que ele estava procurando: uma escova de dente.

Saiu em direção ao quarto de Hiroto, tencionando pedir uma para ele, e ao chegar à porta do quarto encontrou-a aberta. O quarto estava arrumado, o abajur acesso, a porta do banheiro privativo, perto da porta do quarto estava encostada, uma fresta iluminada mostrando que ele estava ali. Deu dois passos para dentro do cômodo, devagar, seus passos silenciosos no carpete felpudo.

- Hiroto, você por acaso tem... – O chamou no mesmo momento que a porta se abriu, os dois quase se chocando.

O susto pelo quase choque e ouvi-lo tão perto foi tão repentino que Hiroto tentou dar um passo atrás, escorregando no piso úmido e liso, sendo segurado pelo roupão por Shou, num reflexo rápido que o puxou contra si. A força e a reflexo foram tão grandes que ele se desequilibrou, caindo de costas e trazendo Hiroto sobre si.

O impacto foi forte, não só dos corpos como da situação também, íntima e desprevenida, despojada de todas as barreiras que eles pudessem ter. Os olhos de ambos de encontraram absurdamente perto, as respirações e os hálitos se misturando, o cheiro suave de sabonete os envolvendo... E a sensação de ter o seu corpo pressionando o do outro foi tão intensa para Hiroto que sem perceber fechou os olhos.

Shou simplesmente fitou aquele rosto diante de si, sem nenhum vestígio de galhofa ou ironia, tão vulnerável, que levantou a cabeça, deixando que seus lábios tocassem os dele, e provassem da maciez, do calor, da suavidade daquele toque nos seus... Sentiu a boca que tocava a sua entreabrir-se e avançou a língua, provando daquele sabor único, fresco e doce. Quando a língua dele encostou na sua um tremor passou por seu corpo, o arrepiando todo, o fazendo suspirar...

Hiroto não conseguia pensar em nada, só sentia que estava definitivamente em outra dimensão, em outro mundo, zonzo com o perfume, com a boca dele na sua, com a pressão do seu quadril sobre o dele, que de repente tinha aumentado por causa de algo que o apertava e o deixava com falta de ar. Quando pensou em perguntar o que estava acontecendo, a língua invadiu sua boca, tirando qualquer pensamento ou raciocínio que restava em sua mente.

Um som distante chegou aos seus ouvidos, insistente, uma música, não parava de jeito nenhum... Incomodava, mas aquele gosto em sua boca e aquele cheiro em suas narinas não deixavam que o som fizesse qualquer sentido. Mas era conhecido, era... Seu celular! Abriu os olhos, percebendo repentinamente o que estava fazendo, aonde e com quem... O telefone tocava sem parar. Olhou nas íris escuras, tão confusas como as suas deviam estar.

- Gomene... O... O celular... – Levantou-se rapidamente, tropeçando e alcançando o celular em cima da cama. – Moshi moshi...

- Hiroto! Você tá em casa?

- Sim, estou... Por quê? – Hiroto se virou, vendo Shou se levantar ao ouvir o nome do líder.

- Quem é? – Shou perguntou labialmente.

- Nao! – Respondeu sem voz, ainda sem graça e também aliviado pela interrupção, se aproximando de Shou que encostou o ouvido no celular escutando o que o outro dizia.

- Tá ofegante, estou atrapalhando alguma coisa?

- Cl-claro que n-não... – Ele gaguejou, seu rosto completamente vermelho, vendo o sorriso divertido do amigo que estava ao seu lado. – Claro que não tá atrapalhando. – Repetiu com a voz mais firme. – É que eu estava na cozinha e o celular estava no meu quarto... O que houve?

- Eu queria mudar o horário do ensaio amanhã, para mais tarde, tenho um compromisso e não vai dar para chegar no horário... Pensei em atrasar umas duas horas. Então estou avisando todos os rapazes, mas não consegui falar com o Kohara... Você não sabe dele? Ligo pro celular e toca até cair na caixa postal, ele não atende.

- Ahn... Ele está aqui... – Disse sem jeito. – Deu uma pane no carro, não ligou mais...

- Pane naquele carro novinho...? Mas... É um Acura Coupé! – Shou assentia com a cabeça, concordando com o que ouvia.

- Pois é... E essa hora não dá pra fazer mais nada... Amanhã a concessionária vem buscar.

- Então... Ele vai dormir aí...? – Perguntou num tom malicioso.

Hiroto ficou ainda mais vermelho, com a insinuação de Nao, fazendo Shou rir mais alto, sendo ouvido pelo outro no telefone.

- Pela risada do Shou, aposto que você está vermelho como um tomate. – Comentou rindo.

- Acertou na mosca Murai! – Falou mais alto, antes de Hiroto afastar-se dele indignado com suas palavras.

- Eu sabia!!! Hahahahahahaha – Ouviu o outro rindo do outro lado. – Então, 'uma boa noite, para os dois'... – Disse de novo com malícia. – E não se esqueça de avisar a ele, até amanhã.

- Pode deixar. Sayonara.

Hiroto desligou o celular, olhando para o sorriso nos lábios que estivera beijando até a pouco, que agora sorriam divertidos com sua vermelhidão.

- Por que não atendeu seu celular? O Nao falou um monte de bobagem!

- Nem tanto... E ele realmente nos atrapalhou, mas... – Parou, pensando em algo, notando o olhar indignado do pequeno. – O celular...? Acho que ficou no carro e não adianta me olhar assim que eu não vou lá buscar.

- Eu não ia mandar você buscar! – Falou revoltado. – Mas a culpa é sua!!!

- Do que? – Arregalou os olhos risonhos. – De você ficar vermelho, de sermos interrompidos ou do Nao pensar bobagem?

- De o Nao pensar besteira, ora... – Falou com a expressão mais inocente do mundo. – Imagina... Ele não interrompeu nada. – Falou sorrindo com malícia. – A não ser que você estivesse querendo mais e eu não esteja sabendo, afinal foi você quem começou.

- Ahhh, confessa que você estava gostando, senão não tinha ficado púrpura com as insinuações do Nao.

- Eu estava gostando tanto quanto você... – Respondeu no mesmo tom, mas secretamente pensando no quanto aquelas palavras eram verdadeiras. Estava pensando em Shou durante o banho, não estava? Há muito tempo que se sentia atraído por ele. Gostara sim do beijo e muito! O melhor era mudar de assunto... – Então, não está com fome? Podíamos fazer qualquer coisa na cozinha.

- Hai... – Shou arreganhou os dentes num sorriso safado de quem entendeu muito bem a mudança repentina. – Vamos ver o que podemos fazer.

oOo

Quando Shou chegou para o ensaio, Hiroto já estava lá. Fazia uma semana, desde aquela noite da tempestade, desde aquela pane em seu carro, desde aquele beijo. O beijo. Pensava nele, sonhava com ele, aquela noite mesmo acordou perturbado durante a madrugada, sonhando com aquela cena, Hiroto sobre seu corpo, seus braços o enlaçando pela cintura, apertando o corpo dele contra o seu, o cheiro inebriante do sabonete misturado ao da pele dele, os cabelos úmidos tocando o seu rosto durante o beijo. Tudo isso passou pela sua cabeça quando entrou no estúdio e viu Hiroto sentado numa cadeira dedilhando a guitarra.

- Boa tarde...

- Boa tarde Shou. – Hiroto parou de tocar, sorrindo para ele. – Só chegamos nós dois, os outros preguiçosos não deram as caras...

- Confesso que achei que ia ser o último...

- É hoje que o Nao vai nos fazer virar a noite aqui. – Disse rindo. – E o carro, não deu mais problema?

- Até agora ninguém soube me explicar o que aconteceu... Aquele dia eu não sabia onde enfiar a cara quando o técnico da concessionária chegou e o bendito carro ligou. – Falou envergonhado. – Passaram um verdadeiro pente fino no sistema computadorizado do carro e nada...

- Oi... – Nao entrou olhando à volta e vendo só os dois. – Tora e Saga ainda não chegaram?

- Não... – responderam em uníssono, no mesmo instante que os dois, o guitarrista e o baixista, entraram na sala.

- Eu achei que ia ter que ligar pra sua casa, pra lembrar vocês do horário. – Disse o líder apontando para Saga.

- Ahhh, você também chegou agora, nós vimos você estacionar o carro. – Tora defendeu o loiro.

- Ok, ok, vamos deixar de conversa mole e vamos ensaiar... – Nao disse rindo.

E o dia passou assim, trabalho intenso, mas para duas pessoas algo estava fora de lugar, por que depois daquele beijo, Hiroto sabia que o que sentia era muito mais forte que uma atração; e Kohara não conseguia esquecer a sensação dos lábios nos seus, do peso dele sobre si, do perfume que o envolveu completamente por alguns minutos. E a cada fanservice com o menor ele se lembrava disso.

oOo

Continua...