Miguel

CAP 1

"Seu olhar estava vago, seu ultimo grito parecia um simples soluço, sua pele estava fria e esbranquiçada, seus belos lábios estavam arroxeados, suas roupas estavam sujas de terra, uma terra vermelha e grudenta. Minhas lagrimas escorriam sem parar por meu rosto, minha vontade era pegar uma faca e parar com a dor que eu sentia, o vento estava aumentando já deveria ser meia noite, a floresta estava escura nos éramos iluminados pela luz da lua cheia, encostei sua cabeça em meu peito como se esperasse que você voltasse à vida."

"Um barulho ecoou atrás de nós, um vulto preto estava parado alguns metros, levantei-me deixando seu corpo no relento e caminhei até o vulto que continuava imóvel. A floresta era fria, as árvores secas e todas retorcidas pareciam ter uns cem anos cada uma, as folhas todas caídas no chão, secas e quebradiças, a lua estava totalmente cheia com um tom de amarelado as nuvens ficavam em seu entorno o vento e a nevoa trazia mais tensão à floresta."

"Quando cheguei perto do vulto, ele passou por mim, em questões de segundo e indo em direção a seu corpo, a nevoa tomou conta do lugar em menos de um segundo, não dava para ver mais nada. De repente um vento forte e gélido fez a nevoa desaparecer, corri até aonde deveria estar seu corpo, mas no local só havia um rosa com pétalas negras, fiquei de joelhos, enquanto algo me destruía por dentro, era o ódio por te perde para esse mundo em que eu havia entrado. Ele me tirou você à pessoa que mais amava. Agora o silencio era mutuo isso estava me deixando louco, a ira tomou conta de mim fazendo gritar com as forças que restara."

Acordei assustado, meu corpo estava tremendo e suava frio, passei a mão em minha cabeça até parar na nuca e ficar como se segurasse o pescoço para não cair, olhei o quarto que estava totalmente escuro, coloquei o chinelo e me levantei da andei até a janela abri as cortinas e a janela, a chuva caia como fossem lagrimas dos anjos, senti o vento frio bater em meu rosto quente fazendo meu corpo se arrepiar.

Já é a segunda semana que sonho com isso, olhei no horizonte onde pequenos pontos de luz brilhavam o resto era apenas um breu, fechei a janela, e voltei o meu olhar novamente para o quarto, voltei para cama.

Depois de um tempo deitado na velha cama de madeira quase devorada por cupins, olhando para teto e o sono não chegava, mas sim as perguntas, o rosto da aquela menina que tanto amo era muito nítido, mas quando eu acordava o rosto dela não passa de um borrão, será que esse sonho tem haver com os mistérios da minha família? As perguntas afugentaram o meu sono. Fiquei meditando sobre elas ate o meu despertador tocar, já era seis e quinze da manhã, levantei peguei uma roupa limpa no enorme guarda-roupa de madeira envelhecida, que ainda não havia sido descoberto pelos cupins, peguei minha toalha de banho e sair do meu quarto e fui pelo corredor até chegar numa porta de madeira pintada de vermelho que já estava desbotado.

Abri a porta devagar olhei para ver se não havia ninguém lá dentro, o banheiro era pequeno, com pequenos azulejos com flores desenhadas neles, o piso era de um marrom chocolate, o chuveiro ficava no canto direito e não tinha água quente, a privada de cerâmica estava sempre entupida e muito suja, nunca havia usado aquilo por nojo, o espelho em cima da pia estava trincado de ponta a ponta.

Tirei a camisa, e me olhei no espelho passei a mão em minha marca de nascença, um pequeno pentagrama no centro do meu peito. Liguei o chuveiro à água fria se chocou com a minha pele quente fazendo o meu corpo arder, tentei relaxar, mas bateram na porta, desliguei o chuveiro me sequei rapidamente e coloquei a roupa limpa e sai do banheiro olhei a enorme fila que havia se formado.

- Tem mais pessoas que querem usar o banheiro, cara! – Falou o senhor Rodrigo, um desempregado, que foi expulso de casa depois que começou a frenquentar bares e beber demais, hoje ele ficar arrumando brigas todos os dias, esses tempos atrás ele teve que ficar internado por que levou um golpe na cabeça.

Voltei para o quarto, peguei os livros e joguei toda dentro da minha velha mochila toda remendada, desci as escadas passei pela porta de ferro que dava para a rua. O sol brilhava intensamente, o céu estava azul vivo sem nenhuma nuvem e vento estava seco e o calor ardente, andei pela calçada com a cabeça baixa, as pessoas passavam por mim, algumas falando ao celular outras simplesmente andando para algum lugar.