Capítulo 1: O testamento
- Inu Yasha Taishou – Entoou o advogado da família.
O homem cujo nome havia sido citado moveu-se desconfortavelmente em uma das poltronas da biblioteca que pertencera a sua avó Kiyone Taishou.
Expirou o ar da sala e lembrou-se de que se escondia ali quando brincava de esconde-esconde com seus primos, há muito e muitos anos atrás.
- Kiyone Taishou.
O nome soara tão falso quanto à roupa formal que usava na ocasião.
Olhou em volta de si e viu vários livros empoeirados nas prateleiras e perguntou a si mesmo se sua avó teria lido tudo aquilo.
Inu Yasha preferia ter vindo de calça jeans e uma camisa pólo á leitura do testamento de sua avó.
Entretanto deveria mostrar o seu respeito pela sua falecida avó.
Era um ótimo profissional e mediador, afinal a profissão lhe exigia certo preparo para conversas.
Ele costumava se apresentar como Juiz Taishou, mas, sem saber por que, todos o chamavam de Bulldog.
Avó Kiyone além de ser uma pessoa sociável e amável com todos, dedicara sua vida aos animais. Havia criado uma sucessão de animais de pequeno porte, um mais mimado que o outro. O último da linhagem era um poodle toy francês. Um poodle toy para ser mais precisa.
A poodle em questão estava sentada em uma poltrona exibindo a sua coleira de diamantes e suas unhas pintadas de cor-de-rosa claro.
Pobre criatura! Quem tomaria conta dela agora que sua avó tinha partido.
Fitou o ambiente e notou que seus primos Naraku e Kagura estavam lá, á espera da leitura do testamento.
Inu Yasha era mais rico que ambos, porém eles entendiam mais de grifes e de mimos principalmente.
Inu Yasha torcia para que sua avó lhe deixasse a coleção da Guerra Civil que o avô Nagahama conservara por longos anos com esmero.
O advogado prosseguiu com a leitura:
- Para meu neto mais velho, Inu Yasha Taishou, deixo meu bem mais precioso, o tesouro de minha vida. Minha adorada Mimi.
-ELA ME DEIXOU A CACHORRA?
Estava perplexo com o que a sua avó lhe deixara, não era possível! Ela o deixara a cachorra!
Inu Yasha não era ganancioso, mas não tinha condições de cuidar de uma cachorra mimada. Afinal de contas trabalhava o dia todo, a cachorra não gostaria de ficar o dia todo sozinha em um apartamento.
-Eu realmente não posso ficar com a cachorra. Eu trabalho o dia todo.
E além do mais ele a cachorra formavam uma dupla inadequada, como uma margarida e um gorila.
De repente ele ouviu um riso abafado, olhou pra o seu primo Naraku que tentou em vão fingir que estava tossindo.
- E a Mimi - O advogado continuou – Deixo toda a minha fortuna.
Mais uma vez, Inu Yasha ficou perplexo.
- A poodle herdou o dinheiro?
Kagura exclamou em tom de reprovação.
-Sim.
-Mas isso é ridículo. Não! É loucura!
-Se está insinuando que sua avó não estava em sua sanidade mental quando escreveu o testamento, asseguro lhe que estava sã e consciente do que fazia, Posso prosseguir?
Embora indignada com isso tudo Kagura deu de ombros e calou-se.
- Para Inu Yasha Taishou passo a responsabilidade de cuidar de Mimi do mesmo modo que eu cuidava dela até o dia de sua morte, quando os direitos de posse sobre meus bens passem para meu neto. Entretanto caso Mimi morra de qualquer outra coisa que não seja uma morte natural, tudo que ficaria para Inu Yasha será de Naraku e Kagura e o Inu Yasha não terá direito a nada.
-Não quero um cachorro.
Inu Yasha e Mimi se entreolharam, nenhum dos dois parecia gostar da idéia.
-Escute – Inu Yasha dirigiu-se à dama de companhia de sua avó – Eu continuo lhe pagando o que minha avó lhe pagava pra cuidar de Fifi.
-Mais, non! - A mulher replicou nervosa – A sua amada avó queria que Mimi vivesse com o senhor, e não com uma simples dama de companhia.
-Oh! Inuzinho! Podemos ficar com a cachorra se quiser...
Kagura apareceu sorrateiramente dizendo aquelas palavras quando foi interrompida pela francesa:
- Não! Mimi nunca gostou de você. Mimi adora seu primo. N'est-ce pas, Mimi? Je sais que tu aimes Le grand monsieur.
-Hum... Ela deve ignorar que seu apelido é Bulldog.
-A origem deste apelido também um mistério para mim.
Kagura se retirou e Inu Yasha procurou o advogado:
-Assim que as cláusulas do testamento forem cumpridas quanto sobrará para a cachorra?
-Após pagar as taxas e impostos e distribuir os benefícios constantes no testamento sobrará aproximadamente 14 milhões de reais.
Espantado, ele precisou de alguns minutos para digerir tudo isso.
-Sr. Taishou? Quando se mudará para a mansão?
-Oh! Eu não me mudarei. Vocês poderiam cuidar da cachorra para mim?
- Non, non. Impossible! Todos os empregados são franceses, então voltaremos para a frança e nos aposentaremos.
-Humpf... Era só o que me faltava.
- O senhor quer que mandemos uma limusine com as coisas de Mimi?
-Sim, por favor. Mas Mimi irá comigo.
A francesa afagou as orelhas peludas da poodle:
- Sois gentile, Mimi. Et n'oubile jamais que je't aime.- Dito isso ela beijou o topete azulado da cachorra e deu um lembrete pra Inu Yasha – Não se esqueça, monsieur, de que Mimi só entende francês.
