Os personagens e suas características pertencem a J.K. Rowling.

N/A:

A fic vai se passar um pouco durante a gerra, e uma parte na pós guerra.
Sei que tem muuuitas sanamiones com esse plot, mas vou fazer de tudo para não cair em velhos clichês. É que essa musica não sai da minha cabeça, sério, é a musica mais SS/HG que já ouvi. Ficaria louca se não colocasse no papel!

Bom, quase tudo permanece fiel á história original. Só que Dumbledore não morreu, e Hogwarts nunca foi tomada.

Desculpem por quaisquer erros ortográficos ou de coerência. Na minha pressa de postar, acabo por não revisar os capítulos da maneira devida.
Boa leitura!


Creep

When you here before, couldn't look you in the eye.

You're just like an angel. Your skin makes me cry.

Antes, quando você estava aqui, eu nem conseguia te olhar nos olhos.

Você é como um anjo. Sua pele me faz chorar.

Creep

(POV-Snape.)

Minha capa farfalhava ás minhas costas enquanto eu me dirigia ao escritório de Dumbledore. Era madrugada, o velho só me chama nos horários mais inoportunos. Espero que, dessa vez, não seja para ouvir nenhuma de suas invencionices sem pé nem cabeça.

-Caramelos azedos. – Murmurei para a gárgula e ela girou, me dando passagem ás escadas.

-Entre. – Ouvi-o dizer quando bati na porta.

-Chamou Alvo? – Ao sentar-me de frente para ele, pude ver que o assunto era sério.

-Severo, a srta. Hermione foi pega. – Ele disse com certo temor. – Lucios está com ela sob seu poder e se não me engano, o que eu não costumo fazer, ele já deve estar levando-a para Voldemort.

-Certamente Alvo. Como a irritan... Quer dizer, a Granger se deixou ser apanhada?

- Estavam escondidos na floresta de Dean, pelo que sei. Graybeck os encontrou, a menina ajudou Harry e Ronald a se salvarem, mas ficou para trás. – Claro, ela tinha que se sacrificar pelo porco Potter e o idiota Weasley. Nem toda inteligência do mundo foi capaz de salva-la desses dois. Vai entender. E agora ela estava nas mãos de Lucios, sendo levada para o Lord. É, pobre coitada.

Senti a marca negra começar a arder em meu antebraço. Alvo percebeu que eu a apertava para conter o ardor.

-Ele já está com ela. – Não era uma pergunta. Vi ali, que Alvo nutria um grande carinho na menina, ele estava deveras preocupado com ela.

-Com certeza. Deve exibi-la agora como um troféu na frente dos comensais, e depois... Você sabe.

-Severo, quero que você vá até lá e a salve.

-E como quer que eu faça isso? O lord deve querer matá-la hoje mesmo.

-Você é um dos favoritos de Voldemort, peça Hermione para si. Como um presente.

-Como uma escrava, você quer dizer.

-Faça o que for preciso para salvar a vida dela. Não meça esforços.

-Está bem Alvo, farei o que for possível. Agora deixe-me ir, ou serei morto junto com a Granger. – Ele aquiesceu com a cabeça então, eu sai o mais rápido possível das propriedades do castelo. Uma vez lá fora, toquei a marca negra e deixei que as sombras me engolissem. Quando abri os olhos já estava na companhia dos comensais.

(POV-Hermione-)

O chão gélido e duro provocava calafrios por todo meu corpo. Lucios Malfoy tinha rasgado minhas roupas com violência, de modo que agora lá estava eu, nua.

Os comensais fizeram uma roda em minha volta, todos rindo de maneira satisfatória. Todos murmurando xingamentos, me provocando.

Minhas mãos estavam presas magicamente ás minhas costas e havia vários cortes por minha pele alva.

Aquele-que-não-deve-ser-nomeado encabeçava o grupo. Depois de um longo tempo usando o Legilemen's em mim, ele finalmente desistiu. Agradeci ao professor Snape mentalmente por isso. Quando ele tentou ensinar a Harry, acabou despertando em mim o interesse no assunto. Com muita prática, eu tinha me tornado boa em oclumência. Até mesmo na manipulação de falsas lembranças eu era boa.

Agora, Voldemort apenas assistia de forma apática enquanto Lucios me batia. Apesar de toda dor que estava sentindo pelas maldições lançadas sobre mim, não gritei. Algumas lágrimas me traíram e rolaram pesadas. Mas eu era uma Grifinória. Coragem era meu nome do meio. Eles não me veriam implorar por minha vida. Eu sabia que estaria morta em breve e tinha aceitado isso.

Houve uma pequena agitação quando novo comensal chegou.

-Já chega! – Vociferou Voldemort. Lucios se encolheu e recuou alguns passos de mim. -

(POV-Snape)

-Severo!- O Lord exclamou ao me ver. Tirei a máscara e me aproximei.

-Mi lord... – Curvei meu corpo em sinal de reverência.

- Por que a demora? Devo preocupar-me quanto á sua devoção e obediência?

-De maneira alguma mi lord. Eu...

-Silêncio. – Curvei a cabeça. –Veja quem pegamos. Sua adorável, aluna. – Eu tinha evitado encarar diretamente para a menina, mas agora tive que olhar. Ela estava nua e se encolhendo no chão. Seu sangue escorria dos cortes, seus dentes rangendo de frio. Ela levantou a cabeça para me olhar. Nunca esquecerei esta cena.

-Ela não é linda, Severo? – Ele perguntou ironicamente. Todos os comensais riram, inclusive eu. Tinha que representar meu papel, tinha que fingir que gostava de vê-la ser torturada. – Uma mulher tão linda assim, merece tratamento especial. Sirvam-se. – Ele indicou com a mão, convidando os comensais a se aproximarem da Granger. Eu sabia o que viria á seguir. Iriamos estupra-la.

-Não. – Eu disse firme e me coloquei protetoramente na frente dela. Os olhos do lord faiscaram para mim. – Mi lord, gostaria de ter a Granger só para mim.

-Não seja guloso Severo, todos querem provar a sangue-ruim. – Os comensais da morte murmuraram em minha volta. Ansiosos para por as mãos na menina.

-Esta maldita garota me infernizou por anos Mi lord! Quero-a apenas para mim, como minha escrava.- Ele pareceu pensar no assunto.

-Você é o meu servo mais fiel, Severo. E não consigo pensar em maneira melhor para torturar a Granger do que deixa-la sob seu comando. Ela é sua.

-Fico agradecido Mi lord.

-Entretanto, não á mate... Por enquanto. Potter tentara salva-la, será muito mais fácil colocar ás mãos nele desse modo. Leve-a. – Houve um muxoxo da parte dos comensais. Antes que eles o fizessem mudar de ideia, agarrei de maneira violenta os cabelos encaracolados, forçando-a a ficar em pé. Ela mal conseguia se aguentar nas próprias pernas. Seu corpo estava meio molenga em meus braços e ela gemia de dor.

Eu não consegui encarar os olhos castanhos.

Então aparatei.

Eu tinha uma casa em Londres, herança de minha mãe. Então á levei pra lá.

A porta rangeu em protesto quando eu á abri. Tudo estava escuro, ao acender as luzes, pude ver que tudo estava muito empoeirado também.

Hermione Granger não falou nada, não me olhou, não protestou... nada. Quando a larguei, seu corpo debilitado escorregou debilmente para o chão e ali ficou. Eu estava coberto por seu sangue, o cheiro de ferrugem invadia minhas narinas. Agora, ao olhar o corpo com mais atenção, soube que ela tinha sido atingida pelo feitiço eu criara na adolescência. O sectumsempra. Rapidamente me ajoelhei ao seu lado e murmurei o contra-feitiço. Ele era longo, e tinha que ser quase cantado. Vi a maioria dos cortes desaparecerem, deixando apenas os rastros de sangue pelo corpo machucado. Procurei pela casa algum tecido e o molhei para limpar as feridas que a garota possuía. Eu não podia fazer muita coisa, precisava de poções e a casa estava á muito tempo sem ser habitada. Eu tinha que ir até Hogwarts, precisava repor-lhe o sangue imediatamente, precisava de poções analgésicas e cicatrizantes e precisava de roupas para ela.

Despi-me da capa negra e a envolvi com ela. Como quem enrola um bebê para dormir. Á peguei em meus braços e subi as escadas para deixa-la em um quarto, limpei a cama com a varinha e a deitei lá.

Uma vez em Hogwarts , peguei as poções que precisava. Não me surpreendi quando Dumbledore apareceu nos meus aposentos.

-Como foram as coisas? – Ele perguntou em aflição.

-A menina está comigo, mas está muito machucada. – Eu falava sem parar, andando de um lado para outro pegando tudo o que precisava. – Preciso voltar rápido, ela está agonizando.

-Para onde á levou?

-Uma velha casa que minha mãe deixou para mim. Não é nenhum palacete, mas Voldemort não sabe onde fica. Achei melhor lá do que Spinner's end.

-Claro. Claro. – Peguei algumas peças de roupas minhas, era o melhor que podia fazer no momento, as transfiguraria para que a garota usasse.

-Alvo, não darei aulas amanha. Vou ter que ficar observando a Granger.

-Certamente. – Eu voltaria para casa de Flu, era mais rápido. – Severo, - Alvo Dumbledore me chamou antes que eu mergulhasse nas chamas verdes. – Quando for seguro, venha conversar comigo. Tem alguns detalhes que quero te passar. E não conte muita coisa a Hermione, ela não deve saber mais que o extremamente necessário. – Assenti uma vez e deixei as chamas me engolirem.

...

Quando cheguei á velha casa, encontrei uma Hermione Granger adormecida.

Com cuidado, forcei os lábios dela a se separarem e a mediquei.

Sentei em seu lado na cama desgastada, que rangeu de maneira estridente sob meu peso. Ela tinha descoberto parte do corpo, de modo que seus seios estavam desnudos e entumecidos pelo ar gélido. Um dos braços estava jogado na altura da cabeça e uma das cicatrizes ali, se destacava.

Sangue-ruim. Alguém tinha escrito as palavras, imaginei que era obra de Bellatrix, ela gostava de marcar as vitimas. Meu polegar afagou inconsciente a ferida ensanguentada, enquanto minha mente se enchia com imagens de uma outra nascida-trouxa.

Lily. Minha Lily. Um suspiro pesado escapou de meus lábios. Eu estava tão cansado disso.

Minha mente estava exausta. Ser espião em tempo integral, ter que fingir ser algo tão asqueroso como um comensal da morte, era a pior vida que alguém poderia ter.

Mas eu merecia aquilo. Eu merecia sofrer para sempre pelo que tinha feito. Eu entreguei o amor de minha vida nas mãos daquele-que-não-deve-ser-nomeado. Eu me juntei à pessoas erradas, por ambição, por maldade. Eu era mal. Eu era a pior pessoa do mundo e por isso, merecia o mais tenebroso fim. Era isso que eu ansiava, o fim. Eu queria que tudo aquilo acabasse, que o maldito Potter ficasse á salvo e então, eu estivesse livre da maldita promessa que fiz a Dumbledore. Eu não aguentava mais ter que proteger o filho da mulher que tanto amei. Filho dela com uma pessoa tão depressível. Filho do meu inimigo.

Senti o peso do mundo sobre meus ombros e então chorei. Chorei copiosamente. Olhar a pele alva, completamente violentada de Hermione Granger me fez chorar ainda mais.

Eu não pude olha-la nos olhos quando estávamos na companhia de Voldemort. Não consegui encara-la e ver ali, nos olhos inocentes, o medo e a repulsa que com certeza ela sentia por mim.

A luz da lua entrava pela vidraça quebrada, a luz prateada refletia no rosto da jovem. Dando-lhe um ar angelical. Ela parecia tão tranquila, culpa da poção para dormir sem sonhos, que eu tinha ministrado á ela. Parecia mesmo com um anjo. Um anjo que tinha voltado de uma guerra contra o mal e tinha vencido. Mas eu sabia que ela estava longe de vencer esta guerra. Todos estavam. Com alguma sorte, ela escaparia com vida quando tudo acabasse. E com um pouco mais de sorte, eu morreria no fim. Só assim poderia descansar. Só assim meu peito pararia de doer. A morte era a minha maior esperança. Era a amiga que eu esperava encontrar em breve.

(POV-Hermione)

Quando acordei, demorei á abrir os olhos. Não queria ver onde estava, com quem estava. Minha mente repassou os acontecimentos da noite passada, bem que tudo podia ter sido um pesadelo. Mas não era. Ao abrir os olhos, me vi num quarto frio e empoeirado. Meu cativeiro. Lembrei-me vagamente de Severo Snape ter me requerido para si. O verme nojento. Traidor! Não acredito que eu o defendia, que eu acreditava nele, confiava nele. Para agora descobrir que na verdade, ele é um comensal da morte. O servo mais fiel de Voldemort. Meus olhos procuraram por meu algoz, mas só encontrei um quarto vazio e silencioso.

Será que ele tinha me deixado só? Esse seria um presente bem-vindo.

Levantei, o ar quente da manhã tocou com suavidade meu corpo despido. Me surpreendi por não sentir tanta dor. Meus músculos estavam tensos e doloridos, uma leve dor de cabeça e alguma ardência no meu antebraço. Mas nada que se comparasse ao que eu devia estar sentindo. E... Alguém tinha limpado meu sangue? Além disso, eu tinha certeza que tinha mais cortes sobre meu corpo.

Será que... Eu estava salva! Alguém da ordem deve ter interceptado Snape e cuidado de mim.

Peguei a capa negra, que reconheci pertencer ao mestre de poções, para cobrir meu corpo. Então abri a porta do quarto, procurando por meu herói.

-Ron? Harry? – Perguntei esperançosa. – Quem está ai? Lupim, é você? Vamos apareçam!

Desci as escadas sem cuidado, fazendo-a ranger sonoramente. Procurei pelos cômodos vazios, mas não encontrei ninguém. Eu estava na cozinha me dirigindo á uma porta, que com certeza me daria acesso ao exterior da velha casa, quando ouvi a voz rouca e arrastada que eu conhecia tão bem.

-Não acredito que tenha lhe dado permissão para se levantar da cama, srta. Granger. – Congelei. Foi como levar um soco no estomago. Senti o fio de esperança que tinha, escorregar por entre meus dedos. Muito, muito devagar, me virei para encara-lo. – Volte para o quarto. Deite-se. –

-Você não manda em mim! – Eu disse firme. Ele apenas arqueou a sobrancelha. A mesma cara apática de sempre, a mesma frieza.

Se ele estava aqui, então ele tinha passado a noite comigo. Oh Merlin! O que aconteceu naquele maldito quarto?!

– O que você fez comigo? Você ... – Meus olhos baixaram para me corpo, tentando me lembrar dos detalhes, qualquer coisa que me indicasse que ele tinha me possuído. Mas não consegui encontrar nada.

-Sendo a sabe-tudo que é, esperava que você fosse mais inteligente. – Ele disse seco. Eu o olhava com nojo. – Não tenho atração por crianças. Seu corpo juvenil não me interessa nenhum pouco.

-Eu não sou uma criança! – Por que eu estava contestando? Argh! Hermione, cale a boca.

-Então não haja como uma. Vá se deitar, não faça muitos esforços ou de nada terá adiantado minha madrugada em claro cuidando da senhorita. – Ele cruzou os braços com firmeza, como quando estava na sala de aula e me dava alguma instrução. Mas aqui não era Hogwarts e ele não era mais meu professor. Eu não tinha que obedece-lo. Entretanto, as engrenagens do meu cérebro começaram a girar vagarosamente. Ele disse que tinha passado a madrugada cuidando de mim? Era evidente que alguém tinha me medicado, alguém tinha entoado o contra-feitiço para o Sectumsempra e também tinha limpado as minhas feridas. Mas não podia ter sido ele. Podia? Por quê? Ele rolou os olhos para o meu silêncio e sem aviso, ergueu-me do chão. Arfei, a capa que eu usava se abriu, mas ele pareceu não notar. Como ele tinha dito, pouco interessava o meu corpo para ele. Melhor assim. Eu me debatia e ordenava que ele me colocasse no chão, mas ele não parou até chegarmos no quarto e depositar-me sobre a cama.

-Porque está fazendo isso? Porque não me mata de uma vez e acaba com tudo ?! – Gritei exasperada.

-Acalme-se criança tola. O que vou te falar agora, não pode ser dito á mais ninguém ouviu bem? – Mesmo com raiva, eu concordei em ouvir.

-Eu sou um espião.

-Já notei isso.

-Não. – Ele soltou um suspiro cansado, como quando se explica algo á uma criança e ela não entende. – Eu sou um espião de Dumbledore. Estou do lado da ordem.

(POV-Snape)

Ela me encarava com uma expressão confusa, enquanto avaliava minhas palavras.

-Se você esta do nosso lado, me deixe ir. – Pediu.

-É óbvio que não. Pra todos os efeitos, você é minha prisioneira. Não posso simplesmente te deixar ir, o lord das trevas saberia que minha lealdade está com Dumbledore. – Ela abriu a boca para protestar, mas desistiu.

-Bom, então ao menos devolva-me a minha varinha.

-Para você tentar bancar a heroína e fugir atrás do seu namoradinho Potter? Não obrigado.

-Harry não é meu namorado. Ele é meu amigo, e precisa de mim. – Disse ferina. A coragem Grifinória impondo-se no olhar acastanhado.

-Vou lhe dizer como as coisas serão Granger. Você ficará nesta casa pelo tempo que for necessário. Quer queira, quer não.

-Então eu devo confiar em você, sem protestar ou questionar. Faz-me rir Snape.

-Você não tem escolha. – De onde vinha tanta vitalidade? Ela ainda devia estar sentindo dor, devia estar frágil e mesmo assim, queria travar uma discussão comigo para ir atrás do Potter. – Deite-se. Trarei algo para você comer.

-Eu não quero deitar.

-Mas precisa. Precisa estar em plenas condições físicas e mentais, pra quando voltar á guerra. – Vi pelo canto do olho ela bufar e cair pesadamente sobre o travesseiro mal cheiroso.

...

Os dias que se seguiram foram tensos. Voldemort queria por a mão no Potter o mais rápido possível, mas o garoto vivia esquivando-se. Claro, era um pouco mais difícil protege-lo sem a inteligência de Hermione Granger ao seu lado. Mas não era impossível.

Eu continuava a lecionar no castelo, mas não passava mais tanto tempo lá. Eu dava minhas aulas e voltava para a casa que dividia com a Granger.

A cada dia que passava o lugar ficava mais parecido com uma casa de verdade, um lar. Eu não sabia se gostava disso ou não. Nós tínhamos limpado a casa toda, eu dei um jeito nos moveis velhos. E a menina pendurou as cortinas de minha mãe, que ela tinha achado dentro de um velho baú, junto com a tapeçaria antiga. De modo que agora, a construção era habitável, até agradável de se ver.

Na verdade, tinha se tornado um pequeno refugio para mim. O lugar onde eu podia me afastar dos comensais e dos alunos cabeças-ocas de uma só vez. Com o tempo, percebi que a menina não era assim tão insuportável. Já tinha até me acostumado á sua presença, seu perfume cítrico, os hábitos noturnos que eram parecidos aos meus. Pois por varias vezes nós nos encontramos no laboratório de madrugada. Não era novidade para mim que ela era apaixonada por livros, a novidade era que ela também era amante das poções.

Nós tínhamos improvisado um pequeno laboratório em um dos quartos, onde ela passava o dia preparando poções. Queríamos fazer um bom estoque para a batalha que se aproximava cada vez mais depressa.

Eu tinha que ir ao beco diagonal comprar alguns ingredientes que estavam nos faltando. E acabei por comprar-lhe roupas. Ela não podia usar as minhas vestes para sempre.

(POV-Hermione.)

-Granger? – Ouvi Snape me chamar da sala.

-Na cozinha- Gritei. Eu preparava nosso jantar. No começo, ele me trazia comida de Hogwarts, mas eu acabei pedindo que ele trouxesse ingredientes para que eu pudesse cozinhar. Era um jeito de passar o tempo.

-Trouxe roupas para você. – Ele contou.

-Roupas?

-É, roupas novas. Minhas roupas não são exatamente confortáveis para uma garota. – Ele disse de forma arrastada.

-Eu agradeço. – O gesto de se preocupar com minha vestimenta tocou-me mais do que eu queria admitir. Desde quando eu me sentia agradecido ao velho morcego? A verdade é que os últimos dias foram divisores de águas para mim. Nunca mais veria o mestre em poções da mesma forma. – Pode colocar os pratos na mesa pra mim? – Perguntei. Ele não respondeu. Só pegou os pratos no armário e os colocou sobre a mesa, junto com talheres e copos.

Terminei de fritar o ultimo pedaço de peixe e servi o jantar. Ele se sentou de frente para mim, como em todas as noites. Lembro da primeira vez que cozinhei pra ele. Ele não queria se sentar, não queria comer. Tive que insistir muito, ele não estava acostumado a conviver com alguém. Acho que por isso acabava por afastar todos com seu mal humor. Mas afastar-me não era uma opção. Nem para ele ou para mim.

- A comida está ótima. – Ual! Primeiro elogio desde... Desde sempre. Ele nunca tinha me elogiado antes.

-Obrigada Snape. – Senti minhas bochechas quentes. – Alguma noticia sobre Harry?

-Você sabe que eu não posso falar sobre isso. – Ele levantou os olhos para me encarar. – Mas posso lhe garantir que ele está bem. Voldemort está atrás de uma pista falsa que eu implantei.

-Ótimo. – Suspirei aliviada.

Depois do jantar, subi para meu quarto a fim de tomar um bom banho. Tinha varias sacolas sobre minha cama, todas de lojas caras. Tentei imagina-lo entrando em boutiques e comprando peças femininas, mas não consegui. Era surreal demais. Examinei as peças que ele escolhera e me surpreendi por ter gostado de tudo. Não tinha nada muito elegante, eram roupas confortáveis, para o dia-a-dia. A última sacola que abri me fez enrubescer. Misturadas á camisolas de cetim, haviam varias peças intimas. Ele escolheu a maioria da lingeries em tons de verde. Eram um tanto, sexy. Não que eu não estivesse grata por ter calcinhas para usar, sentia mesmo falta disso, muita, muita falta. Mas imaginar Severo Snape comprando-me lingerie era um pouco constrangedor.

Tomei meu banho e coloquei um dos vestidos que ele me trouxe. Era branco, um laço demarcava a cintura, o decote era bem comportado, já o comprimento nem tanto.

Peguei um dos livros que Snape trouxe para mim e fui para a sala. Já tinha se tornado um habito confortável, eu lia, enquanto ele bebia firewisk . Ele não falava muito, mas era a única companhia que eu tinha no momento.

(POV-Snape)

Eu soube que ela tinha entrado na sala quando seu perfume invadiu minhas narinas. Levantei os olhos da lareira crepitante para olha-la, ela usava um dos vestidos que eu comprei. Meus olhos me traíram, e quando eu percebi, já tinha olhado as pernas torneadas com cobiça. Ela percebeu e quase que imediatamente, e um tom rubro lhe subiu a face.

Pigarreei e voltei a encarar a lareira. Era repugnante que eu desejasse uma aluna... Mas Hermione Granger não era mais minha inocente aluna. E, é justificável que toda essa situação confunda meus instintos.

Nós dois estamos, praticamente, vivendo sob o mesmo teto á um mês ou mais, como se fossemos marido e mulher. Só nos faltava dividir a cama para sermos um casal completo.

Mas o que... Oh Merlin! Chega de firewisk por hoje! É melhor não beber mais na companhia dela.

-Importa-se de passar no mercado amanha, antes de vir para casa? – Sua voz doce quebrou o silêncio. – A geladeira está às moscas. – Acrescentou quando não obteve resposta.

-Faça uma lista do que você precisa. – Não havia rispidez na minha voz e isso não era normal. Eu pensei em algo que pudesse acrescentar , algo irônico ou carregado de desdém, mas não consegui concluir o pensamento, pois meu ante braço ardeu consideravelmente. –Droga! Granger, poção restauradora, agora. – Ordenei, enquanto subia até o quarto para pegar minha mascara branca. Rapidamente ela entrou no meu quarto ofegante, com o pequeno frasco em mãos. Eu o bebi em um único gole. Não queria aparecer na frente do lord das trevas embriagado, isso comprometeria meus poderes de oclumência.

Um pequeno gemido escapou dos lábios da garota quando puxei a manga das vestes para cima, deixando a marca negra á mostra. Eu á encarei, ela tinha um vinco no meio da testa e seus olhos transmitiam... Preocupação?

-Snape... Cuide-se. – Ela estava preocupada comigo. Eu não estava acostumado á receber esse tipo de afeto. Talvez por isso tenha ficado tão sem jeito. E antes que fizesse algo que pudesse me causar arrependimento, aparatei.

(POV-Hermione)

Não sei por que estava tão preocupada. Voldemort não faria mal á ele, faria? E se ele descobrisse sobre mim? Sobre o tratamento que tenho recebido de Snape? Isso o deixaria em maus lençóis. Acabaria com a confiança que você-sebe-quem depositara nele. Entregaria sua posição de espião da ordem na mesma hora. Não! Acalme-se Hermione. É apenas uma reunião. Provavelmente, Voldemort deve estar planejando algum ataque a Harry...

Harry, Ron, onde será que eles estão agora? Será que Voldemort descobriu?

Desci as escadas de madeira, sentindo-me só. Decidi esperar por Snape acordada, de qualquer jeito, não acho que conseguiria dormir sem ele por perto.

Bufei sonoramente com o pensamento. Como assim " não conseguiria dormir sem ele por perto" ? Eu hein, acho que essa convivência não esta fazendo bem á mim.


E ai? Me digam o que acharam. Atualizarei assim que puder, claro, se houver leitores. Beijos (lll'