Nome: Liberty
Autor: Doomsday
Tipo: One-Shot
Gênero: Drama/Romance
Classificação: M
Personagens/Casais: Harry/pansy
Capa da Fic: No meu perfil.
Itens: Affair, NC17.

N.A.: Pessoas, essa fic ERA uma fic para a Adriana Swan. Fic feita para o Amigo Secreto Take 2 do fórum Marauder's Map. Mas acabou tornando-se para o IV Challenge de Ships Inusitados, do fórum também.

A cidade Liberty eu não sei se existe, mas nessa fic ela existe. Então, imaginem a cidade conforme a descrevo, ok?

A Cora betou e eu a amo sempre!

Bom, se gosta, aproveite.

Se não gosta, boa sorte e clique em Voltar ou X.

Se vai se arriscar, valeu!

Não ganho nada com essa fanfic e por escrever com essas personagens. Nenhum deles me pertence, pois se me pertencessem tudo seria muito diferente.

Boa Leitura.


Liberty

por Doomsday

Fugitiva.

Sabia quem era. Não que tivesse visto seu rosto, ou tivesse ouvido sua voz, não. Fora apenas o modo de andar, de não saber lidar com o dinheiro muggle, não saber para onde ir na estação. O capuz lhe cobria todo o rosto, o casaco lhe cobria todo o corpo, as mangas puxadas ao máximo, cobrindo os braços; para esconder. Esconder que ela havia aceitado ser uma deles, aceitado mudar do neutro para o negro. Aceitado ser noiva de Draco Malfoy, apenas para ser chutada logo após. Aceitado participar de algo que não acreditava, apenas para arrepender-se quando tudo caiu.
Parou na cabine, pedindo à caixa a mesma passagem que a mulher que havia acabado de sair dali pedira. Mesmo olhando desconfiada, a caixa lhe vendeu a passagem. Virou-se, observando-a dirigir-se até a plataforma, esperando o ônibus chegar. Ela tinha apenas uma mala, carregando-a junto ao corpo. Parou apenas a alguns passos dela, observando-a, querendo saber se ela tinha idéia de que havia um mandato de busca para ela, que Aurores de todo mundo bruxo estavam atrás dela, conheciam seu rosto; que Harry estava ali para levá-la até o Ministério para ser julgada, para ser levada para Azkaban.

Respirou fundo. Ela era uma das últimas. Uma das últimas Death Eaters que conseguira fugir, escapar, escorregar por entre os dedos dos Aurores, do Ministério. Mas Harry a conhecia. Harry conhecia a todos eles. Todos. Aproximou-se, pegando a varinha de dentro do bolso do casaco, olhando para os lados, vendo apenas mais duas pessoas na plataforma, sentadas nos bancos, à espera do ônibus; porém, elas estavam conversando e não prestavam atenção em si, ou na mulher à sua frente. Parou bem rente ao corpo dela, a ponta da varinha pressionada contra as costelas dela, escondida pela manga de seu casaco. Falou baixo.

"Parkinson."

Auror.

Pansy levantou os olhos castanhos do chão, olhando para frente, surpresa. Eles a acharam. Eles estavam ali. Respirou fundo, sentindo a ponta da varinha contra suas costelas do lado direito. Quis virar-se, saber quem a estava prendendo, porque a voz não era de ninguém que reconhecera. Respirou fundo novamente, virando o rosto para o lado, seus olhos mirando a sombra da pessoa no chão, vendo que ele era apenas um pouco mais alto, a postura tensa. Segurou a varinha dentro do bolso do casaco, agora que tudo estava perdido não importaria-se de explodir toda a estação muggle, levando o Auror, os muggles e tudo que estivesse ali junto de si. Estava acabado mesmo. Tudo estava perdido.

"Entregue sua varinha, Parkinson." Fechou os olhos, os dedos fechando-se contra a madeira em seu bolso. Apenas um movimento, talvez desse tempo de explodir tudo antes que ele pudesse reagir. "Por favor."

"Potter?" Relaxou a mão na varinha, virando-se, ficando de frente para o Auror. Uma sobrancelha levantada, os olhos castanhos mirando os olhos verdes por detrás das lentes. "Então, o próprio herói veio me buscar?"

"A varinha, Parkinson."

Deliberou, poderia entregar, ou poderia armar uma luta com ele. Sentiu a ponta da varinha dele contra suas costelas do lado esquerdo, a força deixando marca por cima do casado que usava. Sorriu, conhecia Potter, ele nunca a machucaria apenas por machucar.

"Então sua vida está perfeita agora, não? Auror, casamento com a Weasley, pegando uma das últimas Death Eaters remanescentes."

Viu-o mover-se para frente, o corpo junto ao seu, a mão vasculhando no bolso de seu casaco, segurando a varinha, arrancando-a do aperto frouxo de sua mão, colocando-a no bolso de dentro do casaco. Parou de sorrir, seu futuro estava passando na frente de seus olhos; presa. Seria julgada, seria enjaulada como um animal perigoso e seria o fim. Realmente o fim.

Medo.

Via dentro dos olhos dela o medo que se seguia a realização do que estava acabado, que ela fora pega. Abaixou a varinha, mas deixou-a firme na mão, pronto para derrubá-la se fosse necessário.

"Parkinson, venha comigo."

"Não."

"Facilite." Disse segurando-a pelo braço, na intenção de arrastá-la, mas ela firmou os pés no chão, olhando-o em desafio. "Você sabe que se resistir outros Aurores virão."

"E porque mandaram você? Acharam que seu eu visse o maldito Garoto-Que-Sobreviveu-Novamente eu tremeria de medo e me entregaria? Pra mim você não é nada, Potter. Nada."

Olhou-a dentro dos olhos, sabendo que ela falava sério. Respirou fundo, sentindo-se exatamente aquilo que ela falara. Não era nada. Dera sorte toda vez que enfrentara Voldemort, tivera ajuda toda vez que lutara contra ele. Nunca fora o herói que as pessoas aclamavam. Nunca sentira-se bem com as pessoas lhe dando parabéns, lhe dizendo que era o salvador do mundo bruxo. Harry sabia que nem ao menos conseguiria se salvar sozinho. Era um nada.

"Porque ia para Liberty?" Viu-a semicerrando os olhos castanhos, transformando-os em duas fendas sérias.

"O nome diz muito, Potter." Sentiu que ela puxava o braço de seu aperto, mas apenas fechou os dedos com mais força contra o casaco grosso.

"Deveria ter se mantido neutra, não passaria por isso."

A risada dela foi baixa, maligna e desprovida de qualquer emoção real de divertimento; era vazia.

"Potter, talvez no seu mundinho perfeito de herói seja fácil, mas no mundo real, é diferente." Viu-a puxar a manga do casaco do braço esquerdo, mostrando-lhe a marca negra que ela ganhara anos antes, a tinta desgastada; o símbolo que ainda acometia medo nas pessoas mais fracas. "Você não escolhe um lado, Potter, você nasce nele. Você nasceu para ser o patético herói, eu nasci para ser a vilã."

"Você escolheu ser vilã." Disse enquanto a via cobrir a marca negra outra vez. Soltou o braço dela, se Parkinson fosse tentar fugir, já o teria feito. "Todos temos escolhas."

"Talvez você tivesse escolhas, eu não tive. Eu nunca tive."

Realização.

Pansy viu brilhar nos olhos verdes de Potter por detrás das lentes com reflexos da luz muggle algo como pena, mas era diferente. Era entendimento. Um entendimento de que ela realmente nunca tivera escolha, de que ela nascera com o futuro traçado, com a vida planejada e com as escolhas feitas. Respirou fundo, puxando o capuz da cabeça, passando as mãos pelos cabelos pretos, tirando-o de dentro do casaco, fazendo-o escorrer pelas costas.

"Então, vai me estuporar ou posso fugir?"

"Por que Liberty?"

"Porque Liberty é um lugar onde os bruxos podem viver sem preocupações de serem retirados, apenas presos na própria cidade. Porque Liberty tem uma bela primavera, porque os homens de Liberty são lindos e tem excelente cotas de levarem mulheres descuidadas para a cama. Escolha uma dessas opções, Potter, não faz diferença."

Ele não respondeu e Pansy cruzou os braços, ouvindo o ônibus aproximando-se da plataforma. O ônibus que por minutos, ela nunca entraria, ela nunca usaria para fugir, para escapar, para ser livre. Respirou fundo, passou a língua pelos lábios, com fome. Não lembrava-se quando comera direito pela última vez.

"Vire-se."

A palavra dele era firme, era decisiva, e Pansy sabia que ele a levaria para o Ministério. Não haveria escapatória. Se corresse, seria estuporada, seria levada para lá inconsciente. Respirou fundo, virando-se, desistindo. De que bem haveria fazer uma cena, sem sua varinha não haveria a mínima chance de escapar ou matar tudo e todos ao redor. Colocou as mãos para trás, esperando que ele as amarrasse. Viu o ônibus vermelho e cinza à sua frente, os pneus negros contra o asfalto, o motor funcionando baixo, e apenas duas pessoas embarcando no grande veículo. Sentiu Potter segurando novamente o seu braço, empurrando-a na direção do ônibus, fazendo-a subir a pequena escada do veículo.

"O que está fazendo?" Perguntou olhando para o lado, vendo-o observar o ônibus, sua mala na mão livre dele.

"Uma escolha."

Ele a colocou sentada no último banco, do lado da janela, sentando-se a seu lado. Olhou-o sem entender o por quê dele estar fazendo aquilo, mas então sorriu pelo canto da boca, aquele era um tipo de atitude que o Potter, o herói, tomaria.

"Dando uma de santo outra vez, Potter?"

"Não, lhe dando a oportunidade que veja a primavera em Liberty." Ele respondeu e Pansy percebeu que ele pegava uma passagem do bolso do casaco e a segurava firmemente na mão.

"Acabamos de entrar no outono, Potter, levará meses até a primavera." Explicou como se entendesse que ele fosse retardado e tivesse que lhe explicar tudo.

"Eu sei. Tem meses antes que eu a leve para o Ministério."

Silêncio.

Harry notara o silêncio após sua explicação, mas não olhou para o lado, não olhou no rosto de Parkinson para ver a reação a suas palavras. Sabia que ela não tivera escolha nisso, que ela apenas iria. Entretanto, ela estava sendo direcionada novamente para uma situação, mas era algo bom para ela. Era a liberdade que ela queria, mesmo que fosse mínima. Entregou sua passagem ao motorista, vendo-a fazer o mesmo. Mirou o corredor do ônibus, vendo que apenas mais duas pessoas entraram no ônibus. Seria uma viagem silenciosa, e quando parassem, ligaria para Hermione, avisaria que ainda estava seguindo Parkinson, desconfiado de algo. Pediria que ela lhe enviasse roupas e algumas coisas. Seriam meses vigiando Parkinson para que ela não sumisse e então, no verão, a levaria para o Ministério, a faria ser julgada e a levaria para Azkaban. Fosse como fosse, Parkinson tinha alguns meses de liberdade para depois perdê-la, de uma vez por todas.


Duas horas após a saída, o ônibus fez uma pausa em uma rodovia, e um posto de conveniência, e Harry desceu ao lado de Pansy, andando ombro a ombro com ela. A morena não tirara o casaco, e não falara todo o tempo de viagem, ainda pensando no que acontecera, Harry acreditava. Entraram na conveniência, Harry dirigindo-se ao telefone público no fundo da loja, Parkinson parando ao lado, olhando em volta. Harry discou o número de Hermione, esperou que ela atendesse, o que demorou pelo adiantado da hora.

"Mione, sou eu."

"Harry? Onde você está?"

"Seguindo a Parkinson, acho que ela está tramando algo." Olhou dentro dos olhos dela, vendo-a cruzar os braços, os olhos observando-o com atenção.

"Acha que ela sabe que você está atrás dela?"

"Não. Ela ainda não me viu." Desviou seus olhos dos dela, não querendo vê-la lhe fitando enquanto mentia. "Mande algumas roupas por Edwings, por favor?"

"Vai demorar tanto tempo assim?"

"Não sei, mas pode ser que sim." Respirou fundo, passando a mão pelos cabelos, querendo encerrar a ligação logo. "Pode mandar as roupas?"

"Claro, Harry. Vou amanhã em sua casa e separo algumas roupas."

"Certo. Obrigado. Cuide-se."

"Você também, Harry."

Finalizou a ligação, vendo Parkinson na mesma posição, observando-o curiosa.

"Mentindo para sua melhor amiga, Potter?"

Não respondeu, apenas virou-se, pegando alguns sacos de salgadinhos, bolachas e duas garrafas de suco. Olhou Parkinson, esperando que ela andasse à sua frente, ficando sempre à sua vista. Viu-a passar por si com um sorriso malicioso no rosto, como que satisfeita com a atitude dele. Parou no caixa, vendo a morena observá-lo contando o dinheiro muggle e pagando o caixa, que olhava para ela com grande interesse.
"Vai dividir comida comigo?" A pergunta dela parecia levantar questões antigas, como se porque ela fosse uma Slytherin, partidária de Voldemort, ele a deixaria passar fome.

Curiosidade.

Ele lhe entregou um saco de bolachas e salgadinhos e uma garrafa de suco quando saíram da loja, voltando para o ônibus. Mirou-o como que não entendendo.

"Pegue a comida, Parkinson."

Segurou o que ele entregava, subindo no ônibus e andando pelo corredor, mas parou no meio do caminho, fazendo com que ele batesse em si, após olhando-a nos olhos. Respiro fundo jogando as coisas no banco mais próximo e cruzando os braços, fazendo-o levantar as sobrancelhas.
"Ok, Potter, chega, vamos logo com isso. Me prenda e me leva para Azkaban, não gosto desse teatro de bom moço e não tenho paciência para essas baboseiras sentimentalistas."

"Não sei do que está falando."

"Sabe sim." Falou mais alto, observando-o com raiva. "Eu não quero ver primavera em lugar algum, não quero palhaçada alguma do que você está fazendo ou do que acha que preciso, vamos logo."

"Sente-se."

Firmou os pés no chão novamente, enfrentando-o. Esperou que ele começasse a falar, tentando convencê-la, mas ele segurou as coisas com uma mão e segurou seu braço com outro, empurrando-a de costas até o banco que estavam sentados antes, empurrando-a com força no banco. Olhou-o com raiva, o braço doendo onde ele havia apertado.

"Eu disse para se sentar." Mirou-o com surpresa e raiva, vendo-o voltar pelo corredor e pegar suas coisas que tinha ficado no banco, e jogando-as em seu colo. Viu-o sentando-se e comendo o pacote de salgadinho sem olhar para o lado. Não conhecia esse Potter, que mentia para a melhor amiga, que usava a força para fazerem o que queria. Virou-se para a frente, abrindo o pacote de bolacha e começando a comer. Sua mente era uma confusão e não tinha a mínima idéia de quem estava sentado ao seu lado; mas definitivamente não era o Harry Potter que conhecia.

Mais de seis horas após o sol já tinha nascido, brilhando pela janela, e Pansy observava-o pela janela do ônibus. Sua mente não conseguira parar de trabalhar, analisando os últimos dez anos de sua vida. Dez anos em que tudo em sua vida fora regrado, tudo em sua vida fora dito o que fazer, e que todos sempre decidiram por ela. Sentiu Potter mover-se a seu lado e olhou-o. Ele estava diferente. Era como se fosse outra pessoa, como se aquele garoto insuportável tivesse dado espaço para um homem frio, distante, sem grandes perspectivas, apenas momentos. Ele virou o rosto, olhando-a sério. Os olhos verdes brilhando com os fracos raios de sol que entravam pela janela e batiam nos vidros dos óculos. Pansy queria saber quem era aquele homem.

Ilusão.

Pansy Parkinson era a última pessoa que convidaria para passar alguns dias a seu lado, a última pessoa com quem dividiria a comida, e a última pessoa com que conversaria; entretanto, lá estava. Aquilo era novo, inusitado. Mas sua mente lhe permitia pensar que estava dando à ela uma escolha: lutar contra ele ou aproveitar esse tempo em Liberty. Mirou-a sério. Ela estava surpresa com suas reações, sabia disso. Mas as pessoas ao seu redor também estavam, pois sempre lhe diziam, há quatro anos, que ele mudara desde que Voldemort morrera. Desde que a Guerra findara-se e que sua vida tornara-se... nada.

"Terá alguns meses para ver a primavera, Parkinson, espero que aproveite." Comentou enquanto abria a garrafa de suco e tomava o último gole. Viu-a olhando-o séria, como se levasse o que ele dissera como afronta.

"O que é isso? Último ato de herói? Arrependido por algo que fez no passado e tentando redimir-se agora?"

Negou balançando a cabeça, fechando a garrafa e colocando-a de lado. O ônibus diminuiu a velocidade, começando a parar.

"Não, Parkinson. Apenas lhe dando a oportunidade de ver uma última primavera."

"E um último outono." Ela comentou virando os olhos para a janela, observando o dia e a rua do lado de fora.

"Sim."

Ele sabia que ela já estava conformada com o destino, que tentar fugir agora seria apenas agravar a situação que encontrava-se. E isso não seria uma boa coisa. Levantou-se, pegando a mala dela, esperando que ela se levantasse e passasse à sua frente para poderem sair do ônibus, que agora estacionava devagar em uma plataforma de outro terminal rodoviário muggle. Ela andava devagar, talvez com sono, talvez com fome novamente. Não perguntou. Seria importar-se com ela, e isso, já estava acontecendo.

Verdades.

Entraram no terminal, Pansy andando ao lado de Potter, observando-o dirigir-se à lanchonete. Entrou no recinto enquanto tirava o casaco, alguns homens ao redor a olharam. Foi inevitável não sorrir. Adorava atenção. Esse sempre fora seu ponto fraco, sempre queria atenção. Até alguns anos atrás, implorava pela atenção de Draco, quando a conseguiu, aproveitou ao máximo a atenção que estar com ele trazia; então, ele lhe largara. Seu mundo ruíra, sua vida tornou-se o que era hoje. Correr, esconder, sem chamar atenção.

Potter sentou-se em uma mesa mais próxima ao fundo, olhando para a cadeira à frente dele, indicando que Pansy deveria sentar-se. Respirou fundo, jogando o casaco na cadeira ao lado e sentando-se de frente pra ele, olhando-o observar tudo ao redor. Cruzou as pernas, deixando a saia que vestia mostrar ainda mais de suas pernas, fazendo algumas outras cabeças virarem em sua direção. Sorriu maliciosa, sabendo que estava chamando atenção; e agora, não fazia diferença alguma. Queria o máximo de atenção que conseguisse.

"O que vai comer?" A voz de Potter estava baixa. Voltou o olhar para ele, deixando de observar os homens que a olhavam. Via-o olhando seu braço esquerdo.

"Você vai pagar?" Ele apenas assentiu. "Ótimo."

Ficaram em silêncio. Pansy corria os olhos pelo cardápio disposto à sua frente, observando as variedades de comida e pensando em pedir de tudo um pouco já que Potter estaria pagando. Quando a garçonete aproximou-se, Potter fez o pedido dele e Pansy pediu ovos, bacon, suco de laranja e panquecas com morango. Quando a mulher afastou-se, notou que os olhos dele estavam presos novamente em sua marca negra.

"Então, já que estou presa a você Potter, conte-me como foram esses quatro anos na vida de herói?" Cruzou os braços, vendo-o subir os olhos verdes para de encontro aos seus castanhos. O rosto dele sério.

"Não sou herói." A voz dele estava baixa novamente.

"Oh, mas claro que é. Agora está sempre sendo comentado, a fama que sempre esperou, não?" Sentia o sarcasmo escorrer de sua voz.

"Nunca quis fama, Parkinson." A risada que Pansy deu foi totalmente desprovida de emoção, novamente.

"Ah, mas tenho certeza que a Weasley está aproveitando-se dessa fama, não? Afinal, não é qualquer garota que agarra o herói do mundo bruxo."
Pansy viu Potter desviar os olhos dos seus nesse momento, observando ao redor, como se evitando responder aquilo. Sorriu maliciosa, talvez aquela estadia com Potter não fosse de total terrível, poderia infernizá-lo a todo momento.

"Oh oh, problemas no paraíso, Potter?" Ele não voltou a olhá-la, e Pansy sentiu-se bem em fazê-lo ficar desconfortavel.

"Não, Parkinson. Não estou com Ginny, ela casou-se há dois meses com Neville."

"Longbottom?" A surpresa apareceu em sua voz. A Weasley deixara o Garoto-Que-Sobreviveu-Novamente escapar após anos e anos de perseguição para tê-lo? Levantou uma sobrancelha, sorrindo maliciosa novamente. "Potter, você perdeu a Weasley para o Longbottom? Que fim de vida, Potter. Já pensou em suicídio?"

"Se eu fosse você, não tocaria nesse assunto."

Nesse momento olhou-o dentro dos olhos, vendo que ele estava sério. Não tocaria naquele assunto realmente; porém, ficara intrigada por ele tocar. Era um assunto delicado, delicado demais para ambos. Recostou-se na cadeira, esperando pela comida e ainda olhando Potter. Era verdade, Potter mudara. As coisas que ouvira sobre ele eram verdade, mas Pansy nunca acreditara. O homem sentado à sua frente não tinha mais aquele ar de garoto sonhador e feliz, não, aquele homem era apenas isso, um homem. Um homem que perdera muito e ganhara pouco.
A garçonete voltou com os pedidos, colocando-os na mesa e retirando-se logo após. Pansy não pensou, apenas começou a comer, porém sua mente focava-se no exterior daquele lugar, nas fotos que vira de Liberty. Queria ver a primavera em Liberty, aproveitar as últimas estações de sua vida. Após isso, seria um eterno inverno em Azkaban.


continua...