Capítulo 1 – Terapia

"Draco, é sério, as coisas não podem continuar assim!", disse Alice, dando de ombros "Você não me diz nada sobre você, nem sobre a sua família... E você já conhece até meu primo de quarto grau... eu só... estou indo, Draco", acrescentou.

"Mas... mas... Nós estamos noivos!", argumentou ele, incrédulo.

Não é possível que alguém o estava chutando!

"Eu sei, querido", começou a mulher, tocando seu rosto.

"Não me vem com essa de 'querido'! Você está me largando!", resmungou ele, amargo, parecendo-se com uma criança contrariada.

"Draco, ouça...", começou ela, consternada "Não estou te largando, mas preciso de um tempo para pensar se é o que eu realmente quero! Como posso me casar, se não sei nada sobre você?"

"Você sabe o suficiente sobre mim!", reagiu ele, indignado "Sabe meu nome, no que trabalho, que eu sou rico, bonito e bom de cama! Por que é que você quer me largar? Merlim, se eu fosse uma mulher, me casaria comigo!", reclamou, indignado.

Alice revirou os olhos, e balançou os cabelos loiros, enquanto caminhava até a cozinha e colocava a chaleira para se aquecer, com um aceno da varinha, puxou a cadeira onde Draco estava sentado para mais perto.

"Draco, ouça, eu o amo", garantiu ela, pondo-se de frente para ele.

O loiro desviou os olhos, e soltou um muxoxo.

"Você tem um jeito estranho de demonstrar"

"Eu nunca me casei antes, e eu quero que seja para sempre", sorriu, com os olhos castanhos claros brilhando "Mas preciso de um tempo para ver se é o que eu realmente quero"

Ele voltou os olhos lentamente para ela.

"A gente não vai mais passar o natal juntos, na Roma?", perguntou, inexpressivo.

"Não, Draco. Vou passar o natal com a minha família", disse ela, pegando nas mãos dele "Talvez você devesse fazer o mesmo"

Draco fez um bico.

"Mas eu gastei muito dinheiro naquelas passagens!", colocou-se de pé, e lançou-lhe um olhar mal humorado "Se sabia que ia me largar, por que não me avisou antes de me fazer gastar todos aqueles galeões?", reclamou.

"Draco, não faça as coisas mais difíceis, está bem?", pediu a loira "Vou indo. Tenho um bom natal", desejou, pegando sua bolsa, dando um beijo na bochecha do loiro e saindo pela porta da frente.

Draco cruzou os braços, e revirou os olhos.

"Preciso falar com a Wanda", pensou.

XxXxX

"Como você está?", perguntou ela, abrindo a porta para o loiro, que, sentindo-se em casa, já afrouxou a gravata e deitou-se.

"Estou ótimo. Vamos começar logo?", resmungou, no seu habitual mau humor.

"Senhor Malfoy...", começou ela, incerta, sentando-se na cadeira, ao lado do loiro.

"Wanda, por favor", revirou os olhos "Pegue sua prancheta e faça seu trabalho!"

"Eu sou sua psicóloga, Malfoy", reagiu ela, indignada "Não sua escrava!"

"Aham. Que seja. Bem, vamos começar por: Alice me deixou", cantarolou ele "E, não que eu me importe com ela, mas já é a quinta! A quinta em seis meses!"

Wanda colocou os óculos e prendeu os cabelos já grisalhos em um coque alto e firme, enquanto pegava sua prancheta.

"Quer discutir melhor o assunto?", perguntou ela, solenemente.

lógico que eu quero! Estou aqui, não estou?", perguntou, rudemente, enquanto olhava para o teto "É só que eu não entendo! Por que é que elas sempre me largam?"

"Eu poderia dar, pelo menos, quatrocentos motivos", pensou, amarga, a psicóloga.

"Bem, senhor Malfoy, o senhor tem vinte e nove anos, quase trinta e... em seis meses...", consultou a prancheta "Noivou cinco vezes", leu "Você julga isso um comportamento normal?"

Draco sentou-se, com os braços apoiados no joelho, frustrado.

"Veja bem...", começou, com a voz grave "Eu vou fazer trinta anos! Trinta anos! E eu não tenho nem mesmo a porcaria de um filho para ficar no meu lugar! Para cuidar dos meus negócios! Preciso me casar!"

"Malfoy, ouça... casar não se resume à ter filhos! Você tem que amar a pessoa! Conhecer a pessoa! Se importar com a pessoa com quem você vai casar! Ela vai ser a mãe dos seus filhos, a mulher que vai viver com você a vida inteira! Entende?"

Draco ficou em silêncio, depois balançou a cabeça, de um lado para o outro.

"Não. Casar é uma coisa completamente diferente... disso daí que você está falando. Meus pais, por exemplo, um casamento sólido e firme e eles não se amavam nem um pouquinho. Na verdade, eles até se batiam e essas coisas..."

Wanda sorriu, satisfeita.

"E você acha isso normal, senhor Malfoy?", perguntou, começando a rabiscar sua prancheta.

"E não é?", estranhou o loiro.

"Não, acho que o seu trauma, senhor Malfoy, vem de ser criado em um lar infeliz", sorriu.

"Meu lar não era infeliz", reagiu ele, incrédulo "Eu tinha tudo o que queria, usava boas roupas, tinha tudo do bom e do melhor, nunca passei fome... Definitivamente, eu julgaria o meu lar perfeito, não...", fez uma cara enojada "...infeliz".

A psicóloga respirou fundo.

Draco Malfoy era um caso perdido, na verdade, ele era O Caso Perdido.

Fazia terapia, mas nunca seguia nenhum dos conselhos que ela lhe dava, na verdade, ele ia vê-la, quase diariamente, há dez meses, e só naquela sessão estava conseguindo tocar em um assunto mais profundos, normalmente, ele falava horas sobre coisas superficiais, e sempre que ela tentava uma abordagem mais emotiva, ele dava o pé.

Mas hoje ele não escapa!

"Senhor Malfoy... Entenda, há muito mais em um lar do que dinheiro e riquezas!", disse ela, e Draco fitou-a, levemente interessado, o que era ótimo "Quantas vezes seu pai disse que te amava?"

Draco fez uma cara enojada.

"Nunca. Graças à Merlim", acrescentou, com uma expressão ainda mais enojada "Eu não sei em que mundo você vive, mas, no meu, homens não costumam se amar..."

"Senhor Malfoy, quantas vezes seu pai agiu com você como se fosse seu amigo. E, antes que você fale algo como 'pais não são amigos', que eu sei que é o que você vão fazer", interrompeu-o ela, e o loiro fechou a boca, emburrado "Eu só quero te perguntar, quantas vezes seu pai agiu como se ele se importasse com você?"

Draco ficou em silêncio.

"Hum... Nunca", respondeu, por fim, depois de parecer ter revirado suas memórias atrás de algo.

"E quantas vezes seu pai e sua mãe se abraçaram? Sozinhos?"

"Como é que eu vou saber?"

"Na sua frente, sem que tivessem mais pessoas por perto", especificou ela.

"Ah, bem... nunca", encolheu os ombros "Mas eu não vejo porque isso é importante. Meu pai amava seu trabalho, e minha mãe amava o jardineiro. Grande coisa", bufou.

"O que quer dizer com 'minha mãe amava o jardineiro'?"

Draco revirou os olhos.

"Eu realmente tenho que explicar isso?"

"Está dizendo que sua mãe tinha um caso?", tentou a psicóloga, ignorando o sarcasmo de Draco Malfoy.

"Bem...", o moreno encolheu os ombros e deitou-se no divã.

"E como isso fez você se sentir?"

"Normal, oras. Se meu pai não se importou!", encolheu os ombros, levemente irritado "Eu não sei aonde você quer chegar com isso", resmungou.

"Seu pai não se importou? Como assim?", uau! Aquilo estava ficando interessante, afinal de contas!

Os olhos de Draco Malfoy estavam abertos, e ele parecia estar perdido em uma lembrança não muito agradável.

"Quando eu cheguei...", começou ele "Quando eu cheguei, minha mãe estava com sangue escorrendo do nariz e meu pai berrava com ela. Ele disse algo como 'fique com esse seu caso estúpido, mas não deixe que saibam'..."

"E sua mãe?", perguntou, ansiosa, Wanda, sentando-se na ponta da cadeira.

"Chorou a noite inteira, mas continuou com o caso com o jardineiro. Eu acho. Não sei. Não lembro direito", ele parecia agora perdido em recordações dolorosas.

"E por que sua mãe nunca largou seu pai?"

"Porque... bem... não sei... Eu sempre a odiei por isso! Quero dizer, um casamento não poderia ser aquele inferno, não é?"

"Então, admite que você sabia que um casamento não deveria ser assim?", sorriu ela, triunfante.

"Mulheres ficam felizes quando recebem anéis! Minha mãe... minha mãe estava miserável até nas fotos de casamento! Se você a conhecesse...", e a voz dele se perdeu, depois ele fitou-a, profundo "Se você a conhecesse, se você realmente conhecesse minha mãe, e ignorasse o sorriso ofuscante, veria que nos olhos dela... tinha alguma coisa... uma... uma tristeza... ah, isso é estúpido!"

"Não é estúpido, Draco", disse ela, e Draco não se importou pelo fato dela chamá-lo pelo primeiro nome "Acho que acabamos de encontrar o seu trauma com relacionamentos"

Os olhos de Draco brilharam.

"É?"

"Sim", sorriu ela.

"E o que eu tenho que fazer para que tudo isso acabe?", perguntou, subitamente interessado.

A mulher pensou por um tempo, depois sorriu.

"Faça o seguinte. Escreva numa lista, todas as coisas horríveis que seus pais fizeram para você e, também, que fizeram um para o outro, e vá à um lugar significativo para você, depois, queime a lista e diga, em voz alta 'eu os perdôo'!"

Draco ergueu uma sobrancelha.

"E depois, vou me sentir melhor?", perguntou, desconfiado.

"Sim", assegurou-lhe ela.

Ele pôs-se de pé.

"Ahn... Está bem"

Ela sorriu.

"Não se esqueça, Malfoy: uma família é muito mais do que dinheiro e conforto", acrescentou, enquanto ele saía do consultório.

Continua...

N/A: haiuahiuaha

O que acharam do Draco problemático?!? XD

Logo, as coisas vão se acertar!

Espero que tenham gostado do novo capítulo!!!!!

Um beijo imenso para todos:D

E espero por reviews para postar o próximo capítulo!

Gii