Goddess of the soccer

Capítulo 1: Um encontro especial

- Droga! Ele não devia ter falado daquele jeito comigo! - resmungou uma garota que caminhava pelo campo de treino do Grawlbald, time alemão, chutando algumas pedras pelo caminho. O campo de treino era dividido em um campo para o time feminino e outro para o masculino. Ela se encontrava numa estrada de terra existente entre eles. Não era muita alta e sua pele era alva, seus olhos verdes esmeraldados e os cabelos ruivos alaranjados e ondulados.

Ao olhar na direção do campo de treino masculino, sua atenção se prendeu num grupo de jogadores reunidos que chutavam insistentemente várias bolas em direção ao gol,onde um rapaz com feições nipônicas, que aparentava ter a mesma idade que ela - 18 anos - defendia arduamente. Ela se sentiu atraída pela cena e não conseguiu desviar o olhar. Encostou o rosto na grade, curiosa.

Eu não o conheço... Quem é ele? Ele é... Um jogador muito bom! E também é bonito, ela constatou, as bochechas levemente coradas.

- Eu já falei! - ele disse aos jogadores após ter defendia mais uma sessão de chutes e soltou a última bola que tinha defendido dos braços - Eu não vim de tão longe por nada! É só isso que vocês têm? - os outros jogadores não falaram nada, um murmúrio percorreu o grupo e ela, que permanecia olhando de longe, sorriu diante da bravura dele.

- Saiam da frente. - um jovem alto e loiro disse friamente enquanto se aproximava. Os outros jogadores abriram caminho para ele como se ele fosse alguém muito importante.

Karl..., ela pensou ao olhar os dois lá embaixo. Vamos ver se o novato é tão bom quanto parece...

- Quem é você? - ele perguntou pousando o pé direito sobre uma das bolas que rolava por ali

- Genzo... Genzo Wakabaiashi. - ele respondeu com dificuldade devido ao esforço que fizera. Ele não queria demonstrar, mas aquilo o deixara mais cansado do que imaginara ficar. Os jogadores do Grawlbald eram mesmo muito bons.

Então esse é o nome dele... Wakabaishi..., ela repetiu para si mesma.

- Muito prazer, Wakabaiashi. Meu nome é Karl Heinz Schneider. - ele disse cordialmente - Sou o capitão deste time. Hoje é o seu primeiro dia de treino?

- É sim, senhor.

- Você defendeu todos os chutes, parabéns. Gostaria de testá-lo, se importa?

- Não. Vá em frente! - Genzo disse empurrando as mangas do agasalho que vestia para a altura dos cotovelos

Karl chutou a bola com uma velocidade incrível e, para a surpresa de todos os presentes, Genzo defendeu o chute. Todos estavam surpresos.

- Vamos ver se defende de novo!

Karl chutou a bola com mais força e ela passou direto por Genzo, entrando no gol. Genzo permaneceu paralisado surpreso com a potência da bola. Então Karl não usara toda a sua força no primeiro chute.

- Ninguém nunca defendeu o chute Relâmpago, você deveria ter ficado feliz por tê-lo feito ao menos uma vez. Você é bom, Wakabaiashi, mas precisa treinar um pouquinho mais. Talvez daqui a alguns anos você se torne o goleiro principal do time, afinal, - ele deu às costas a todos e caminha na direção oposta - você tem potencial. Estarei esperando por esse dia!

- Pode esperar! - Genzo gritou não se deixando intimidar por Karl que continuou andando, sem dar importância a ele. A maior parte dos jogadores o seguiu e já se encontravam bem afastados do local quando três se aproximaram de Genzo.

- Ei, japonês! - um dos jogadores chamou - Ele não é para você! Ele é bom demais para competir com alguém como você. - ele disse chutando-o. Genzo, que já estava exausto, caiu no chão abraçado à barriga.

O que... O que estão fazendo?! Do jeito que o estão chutando, ele pode até morrer... Não vou permitir isso.

- Põe isso na cabeça, cara, ele é Karl Heinz Schneider, o melhor jogador alemão e futuro capitão do time alemão! Você não pode simplesmente querer jogar com ele! - disse outro jogador, repetindo o gesto do amigo e logo todos os três estavam chutando Genzo que não tinha mais forças para revidar.

- Ei, parem! - a garota gritou enquanto corria em direção ao gol. Ela passou por Karl e o grupo maior, que não haviam ouvido o que estava acontecendo, e este se espantou com a presença dela ali.

- Maya? - ele chamou e ao ver para onde ela estava indo foi atrás dela

- O que vocês pensam que estão fazendo?! - ela gritou para os três que estavam agredindo Genzo e eles se afastaram do japonês caído no chão.

- Senhorita Maya... Nós não... - um deles tentou dizer

- Vão embora daqui. - Karl disse ao se aproximar deles e os três saíram correndo do local. - Maya, o que pretende fazer?

Maya se ajoelhou ao lado de Genzo e tocou a face dele carinhosamente. Sorriu para ele e o puxou para o seu colo.

- Não se preocupe com eles, são uns idiotas. Eu vou falar com o treinador e ter certeza de que eles serão punidos, pode ter certeza.

- Quem é você? - ele perguntou com dificuldade

- Maya. Eu jogo no time feminino daqui, sou a capitã de lá.

- Maya? Ah, eu ouvi falar de você... Você não é aquela ex-cantora que começou a jogar futebol? A Deusa do futebol...? - ele tentou perguntar, mas estava cansado demais e então adormeceu no colo de Maya que apenas sorria feliz por ele estar bem

- Por que o ajudou, Maya? - Karl perguntou

- Ora, amor, eu é que pergunto o porquê de você não tê-lo ajudado.

- Eu não ouvi.

- Sabe, eu acredito sinceramente que um dia ele será o melhor goleiro do mundo. E eu não vou querer jogar contra ele nesse dia... - ela disse sorrindo travessa para o namorado

- A melhor jogadora do mundo, irmã do Rivaul, está com medo de um japonês? Você não parece a capitã da seleção brasileira que estreou tão bravamente na última copa... Parecia tão imponente.

- Pare de enumerar meus títulos. Você sabe que não gosto de comparações com o meu irmão. Tudo parece ter que ter alguma ligação com ele. As pessoas olham pra mim e já dizem "olha, é a irmã do Rivaul, o águia do Catalunã... Ela provavelmente tem o mesmo talento dele e do pai". Já estou cansada disso! - ela disse irritada

- Talvez nós devêssemos levá-lo para um outro lugar. - Karl sugeriu

- A minha casa fica perto daqui, é mais rápido. Por favor, me ajude a levantá-lo. - ela pediu e Karl se aproximou dos dois e passou um dos braços de Genzo pelos ombros, Maya ficou ao lado dele amparando Genzo para que este não caísse.

- O meu carro está no estacionamento, acha melhor ir até lá? - ele perguntou

- Não, não, vamos no meu. - ela disse pegando o celular no bolso do moletom e pedindo ao motorista que fosse até a entrada do local. - Meu motorista já está vindo.

Alguns minutos depois a limusine chegou e os dois entraram, colocando Genzo deitado num dos largos bancos. O carro seguiu devagar até uma rua muito bonita e movimentada e logo depois entrou no estacionamento de um prédio muito luxuoso. O motorista desceu e abriu a porta de atrás e ajudou Karl a tirar Genzo de lá e a levá-lo até o elevador do prédio.

Ao adentrarem na cobertura onde Maya morava, ela pediu:

- Coloque-o deitado no sofá.

- Maya. - Karl chamou. Maya estava distraída fechando a porta e se virou sorrindo para ele. - O que você estava fazendo no campo àquela hora? Hoje você não estava de folga?

- Eu tinha ido falar com o meu pai sobre o jogo da semana que vem. Ele diz que eu preciso de férias, acredita? E ainda fala como se eu fosse uma garotinha mimada!

- Ele se preocupa com você - Karl disse com afeto e depois virou seu rosto para Genzo deitado no sofá - Por que você acha que ele veio de tão longe para cá?

- Daqui a três anos haverá a copa de Juniores. Talvez tenha vindo para se preparar para ela. - ela cochichou a resposta com medo de acordá-lo - Você vai participar, não vai?

- Vou sim. Mas tenho que lhe dizer: fiquei surpreso quando olhei a lista dos jogadores que iriam participar e não vi o seu nome nela.

- O Brasil não vai participar desta copa, temos coisas mais importantes para fazer.

- Como...? - ele perguntou irônico

- Como cuidar de um japonês ferido. Não acha que é uma boa idéia? - ela respondeu no mesmo tom irônico dele tocando com o dedo indicador o nariz dele num gesto brincalhão. Depois foi até o banheiro e pegou uma caixa de primeiros socorros, o que Karl achou exagerado, e cuidou de Genzo.

Ela ponderou que gostaria de conversar com ele e saber mais sobre ele, mas decidiu que deveria estar cansado e o deixou dormindo ali mesmo. Foi até seu quarto e pegou um cobertor azul e o colocou sobre o corpo e Genzo com cuidado para não acordá-lo.

-Eu tenho que ir pra casa. - Karl disse se levantando do sofá. - Nos vemos depois. - ele disse se aproximando e beijando-a na boca.

- Amo você, Maya. - ele disse sorrindo e ela retribuiu o sorriso e tocou os lábios dele aos seus rapidamente

Maya acompanhou Karl até a porta e após trancar a porta do apartamento, voltou sua atenção para Genzo.

O dia hoje foi bem cansativo... Mas valeu a pena, ela decidiu olhando para o rosto tranqüilo de Genzo.

- Conversaremos amanhã, Genzo, com certeza. - ela disse se aproximando dele e depositando um beijo em sua testa. - Durma com os anjos.

Fim do primeiro capítulo