Bender's Hill, Colorado 1890
Harry Potter se destacava na multi dão. Não só pela aparência física, que já era o suficiente para fazê-lo sobressair ao lado de qualquer pessoa, mas, em especial, porque não conseguia se juntar ao grupo. Apenas ob servava o burburinho na plataforma de trem a distância. O que não queria dizer que ele não fosse em breve se envolver na desordem em questão.
Ele precisava de um tempo para pensar, para cogitar o que tinha provocado com aquela car ta. Era tarde demais para mudar de idéia. Dis so ele sabia bem. Mas o casamento era uma decisão séria, e dali a meia hora ele estaria pulando de cabeça neste novo estado civil.
Já dava para ver e ouvir o trem. Apitando, soltando fumaça e vindo do leste, rivalizando com o sol nascente para causar impressão na cidade de Bender's Mill, Colorado. E a bordo daquele trem havia quase vinte mulheres e donzelos. Mu lheres e donzelos que vinham de várias cidades ao leste para fazer daquela terra árida seu lar.
E um desses Donzelos era Draco Lucius Hyporion Malfoy Decliff. Seu Noivo.
Ele puxou um papel do bolso e leu, ilumi nado pelo brilho do sol nascente. Era viúvo, o que para ele não era problema. Como ele já estava acostumado à vida de casado, ele não precisaria mimá-lo nem paparicá-lo.
"Eficiente no lar", dizia a carta.
Difícil definir o que aquilo queria dizer. Se ele conseguisse pôr comida na mesa e manter limpas a casa e as roupas, ele não teria do que reclamar. O anúncio fora bem simples: Mu lheres e Donzelos Disponíveis. Simples assim. Havia um donzelo disponível, e ele precisava de um esposo. Para ele não importava muito se era donzelo ou mulher, aquilo não era de grande importância nenhum homem.
Enfiou o papel dobrado no bolso e se apru mou no lugar ao lado da estação de trem. Os homens na plataforma se agruparam ao lado dos trilhos, olhando para a máquina que vinha diminuindo a velocidade, e ele então foi an dando tranqüilamente em direção a eles, satis feito por se deixar ficar em meio à multidão.
Eram esperadas 17, de acordo com o tele grama do agente que estava cuidando da tran sação. Originalmente seriam vinte, mas duas mulheres e um donzelo mudaram de idéia na última hora.
Harry sentiu uma ponta de apreensão, mas dei xou de lado. Só o nome dele, Draco Lucius Hyporion Malfoy Decliff, bastava para projetar uma aura de fidelidade. O noivo era um dos donzelos que em breve estariam desembarcando do trem. Passara longos momentos tentando visualizá-lo a partir da básica descrição que ele dera por carta. Cabelos loiro-platinados, olhos cinzentos, corpo saudável e em idade boa para casar.
Agora que o trem havia parado, despejando cinzas sob as rodas, ele observou o condutor saindo do vagão dos passageiros com a escada nas mãos. Atrás dele, uma criatura de cabelos dourados espiava detrás do homem corpulen to e Harry não pôde conter o desejo de que o esposo tivesse o colorido da primeira mulher para fazer boa estampa.
Ela deu a mão ao papudo condutor e desceu até a plataforma como se estivesse cumprindo um ritual. E pareceu isso mesmo, pois o resto das mulheres e donzelos seguiu os passos dela, forman do fila a um metro do trem com as pequenas malas e valises nas mãos. Do vagão de carga, a cerca de uns seis metros da plataforma, uma verdadeira torrente de bagagens foi deposita da, dois homens jogando malas e bolsas para o mestre da estação à espera.
Harry foi contando, uma atividade quase in consciente, à medida que se reuniam. Uma multiplicidade de pessoas, das meno res às maiores, muitas bem gordinhas, o que ele reparou com um sorriso.
Usavam roupas decorosas, chapéus sobre cabelos dos mais variados estilos, cacheados, trançados ou presos em coques. Os donzelos usavam túnicas que se assemelhavam a vestidos, um pouco justa na parte de cima e que ia de abrindo ao longo do corpo, cabelos trançados ou soltos, adornados com fitas e pequenas flores.
Algumas eram belas, boas de olhar. Outras eram feiosas, mas para os homens que esta vam lá esperando isso era mero detalhe. Os donzelos, bem, eram como sempre de tirar o fôlego, Harry acreditava que não haveria um donzelo ruim para se olhar.
Eram mulheres e donzelos. Estavam lá com um objeti vo. E os homens fizeram um semicírculo em frente ao grupo, como aves de rapina acuando a presa.
Dezesseis. Ele contou 16, e o telegrama do agente de casamento prometia uma a mais. As próprias mulheres e donzelos contaram quantos eram, depois se viraram para ver o condutor trazer o último do grupo. Cabelos loiros, Harry reparou. Um tantinho rechonchudo, mas com um rosto encantador para compensar.
Ela pisou no degrau, ouviu-se um sussurro abafado quando ele pisou em falso, segurando forte a mão do condutor antes de chegar na plataforma. Um pequeno murmúrio se formou entre o grupo de homens à espera.
O donzelo ele aleijado, e Harry sentiu certa compaixão pelo homem que solicitara a cria tura. A dura vida na fazenda não era para ele. Não tinha dúvidas de que ele precisaria ser um pouco paparicada. Não era à toa que estava acima do peso. Não devia ter tido mui tas oportunidades de se exercitar com aquela deficiência.
As pessoas do grupo recém chegado se entreolharam e, como se ti vessem combinado antes, tiraram de dentro das roupas papelões cuidadosamente impressos, e os expuseram em frente ao próprio corpo. A de cabelos dourados e feições insolentes chama va-se Sue Ellen McPherson, dizia o cartão.
O próxima foi Eric Jackson, e depois dele as letras foram embaçando à medida que os homens se aproximaram das noivas e noivos gentil mente, mas com uma ansiedade que quase so brepujava os modos cavalheirescos. Vozes se ergueram e casais se formaram, e Harry deu vol tas em meio à multidão, espiando por sobre inúmeras cabeças em busca de um determina do nome. Apenas dois donzelos continuavam não-reclamados, separados por alguns metros, enquanto as companheiras eram levadas pelos homens que lhes pagaram as passagens. Uma penca de charretes e carroções aguardava, e garotos que se aglomeraram para ver os acon tecimentos naquela manhã eram chamados para ajudar com as bagagens.
Foi uma algazarra de movimentos e Harry sentiu o coração bater forte enquanto ele es perava que se apartasse a multidão em frente a si. Como o movimento de Moisés diante do mar Vermelho, o grupo se esvaiu para os la dos e ele se deparou com seu futuro.
Mãos trêmulas, ele estava parada à frente. Mesmo à quase quatro metros de distância, ele conseguiu reparar na tremedeira do papelão que ele segurava, onde estava escrito "Draco Lucius Hyporion Malfoy Decliff ". Não havia dú vida. Não apenas era a último a ser chamado, como era o noivo dele. Cabelos loiro-platinados que lhe chegavam na cintura, olhos cinzentos, de tranqüilo desapego, apesar dos dedos longos e trêmulos que segu ravam o papelão de identificação
E nos pés tinha sapatos beges e simples, não evidencianvam o problema,que o impedissem de caminhar normalmente. Fosse qual fosse o sig nificado do termo "normal". E, como se não bastasse, ao ver mais de perto ele não pôde deixar de reparar que ele era gordinho e que as roupas cobriam uma silhueta que prometia ocupar plenamente o assento no carroção.
O rosto dele tinha traços suaves, o nariz pequeno, arrebitado e reto, os lábios eram carnudos e rosados, os olhos ingênuos e arregalados, e as mãos del gadas. Mas sem dúvida era rechonchudo.
E, a não ser que ele estivesse enganado, os outros homens estavam mais do que agradecidos por não terem ficado com a pior parte. Ele che gou mais perto e se deparou com os brilhantes olhos nublados. Tomara que não sejam lágrimas, ele pensou. Draco era apresentável, mas ele não conseguiria lidar com um chorão.
O fato era que o donzel não tinha como cuidar de uma casa e realizar todas as tarefas inerentes à vida na fazenda. Contudo, ele havia firmado um trato e tinha de ficar com ele.
— Donzelo? — ele disse com a voz rústica, o loiro balançou a cabeça.
— O senhor é Harry Potter?
— Sim. Pelo que vejo em seu car tão, é o donzelo que mandei vir.
— Sou o que estava esperando? — ele per guntou baixinho. — Se eu não servir, posso voltar no próximo trem para o leste.
— Serve, sim — ele disse, voltando-se para a pilha de bagagens que diminuía rapidamen te à medida que os fazendeiros iam retirando os pertences de seus conjugues.
Só sobrou um pequeno baú, e ele olhou para ele com expressão de dúvida.
— Esta bagagem é sua?
Ele fez que sim com a cabeça e ficou pa rado, como se estivesse enraizado. Harry então pensou que Draco talvez não quisesse que ele o visse andar. Se fosse este o caso, ele lhe faria este pequeno favor.
— Minha carroça está logo ali, é aquela grande com os cavalos negros. Vou pegar sua mala.
Ele caminhou silenciosamente até o baú de couro, apoiando-o com facilidade no ombro. Ao menos o loiro não carregava bagagem pesada, ele pensou, virando para conduzi-lo à carroça. Ele já estava lá, empoleirada no banco como uma galinha chocando os ovos. Como ele chegara da plataforma até o carroção tão rapi damente era um mistério. Ele deu de ombros. Pelo jeito ele a havia subestimado ao duvidar que conseguiria se locomover com facilidade. Um ponto a favor.
Ele deslizou lentamente o baú para dentro da parte traseira da carroça e o empurrou para o lado, a fim de abrir espaço para as compras que pretendia fazer na loja de departamentos. Depois subiu para se sentar ao lado de seu noivo.
— Vamos direto para a igreja — disse, dando mais uma olhada na direção dele
Draco assentiu com a cabeça e segurou-se fir me no banco da carroça, preparando-se para o balanço brusco e para as guinadas, Harry levantou as rédeas para fazer os cavalos darem a partida.
Apesar de estar cedo, o pequeno pátio da igreja estava abarrotado com o povo local que passeava e ajudava a receber recém chegados na comunidade. As mulheres e donzelos locais não escon diam a curiosidade e observavam atentamen te o grupo de noivos. Alguns haviam chegado a Bender's Mill nas mesmas circuns tâncias e foram absorvidos pelo cotidiano lo cal sem qualquer hesitação. Mulheres e principalmente donzelos eram mercadoria rara na situação atual, gozando de certo prestígio entre os homens.
Do lado de fora da igreja, Harry e o noivo esta vam sentados na carroça enquanto a multidão se formava, esperando chegar o pastor. Então o reverendo Niles apareceu e foi caminhando pela lateral da pequena construção branca; a residência do pastor ficava a menos de cin qüenta metros da igreja.
Um pequeno cemitério separava as duas construções e a prefeitura deixara vazia uma área considerável para desenvolvimento pos terior, sendo a morte um fato da vida. As por tas duplas se abriram com um floreado e o clérigo ficou de lado, recebendo cada um dos casais que ia entrando.
Harry se virou para o donzelo ao lado dele e fitou-lhe bem o rosto para uma avaliação completa.
— Está pronto? — ele perguntou sem ro deios. — Vou lhe dar a mão. — Ele concor dou com um rápido movimento de cabeça e o esperou descer e amarrar os cavalos no balaústre próprio. Levantou as mãos e Draco colo cou um pé cuidadosamente no alto da roda da carroça. O pé bom, ele notou.
Ele o segurou pela cintura sobre as camadas de tecido e então teve certeza. Ele era rotundo. Ele havia escolhido a palavra certa para descrevê-lo. Soltando um rosnado de esforço, levantou-o, e percebeu que o pé aleijado ba lançava levemente quando ele a pôs no chão. Soltou-o, olhou-o bem nos olhos e ele empinou o queixo de modo ligeiramente arrogante, ele pensou.
— Você não é obrigado a fazer isto — ele disse baixinho. — Ainda está em tempo de mudar de idéia, caso esteja reconsiderando.
— Não, donzelo. Eu fiz um acordo e vou cumpri-lo — ele disse. — Mais tarde resol veremos tudo. — Ele ofereceu o braço e ele o segurou, e o que ele sentiu quando Draco apertou os dedos para se apoiar não foi um toque sim bólico, e sim uma firme pegada.
Passaram pelo portão e subiram o caminho de terra que terminava na porta da igreja. Um degrau levava à entrada, outro ao vestíbulo, e Harry observou cautelosamente quando ele pôs o pé firmemente no chão antes de deixar que o outro fizesse o mesmo. Mancava, apesar de não tanto quanto ele temia. Mas evidentemente não se movia com a mesma desenvoltura que os demias, que entravam na igreja com toda a pompa. Ele caminhou ao lado dele, per mitindo que ditasse o ritmo, e quando Draco fez uma pausa ao lado de um dos bancos da igreja, lançou um olhar breve para ele. Com um movimento de cabeça ele o instou a sentar-se no banco, e foi se acomodar ao lado.
O pastor estava no púlpito, sorrindo com benevolência para as pessoas agrupadas em frente a si.
— Queiram se levantar — disse ele, radian te. — Peguem a mão direita das respectivas pessoas com quem se casarão — pediu, ob servando através dos óculos os homens se guindo o comando.
Harry deu uma olhada para o donzelo ao seu lado e ele lhe ofereceu a mão, pequena, delicada e bem cuidada, prova velmente jamais trabalhara duro na vida, a julgar pela aparência suave da pele.
— Agora repitam depois de mim — o pas tor lhes disse, e eles reivindicaram as noivas e noivos em uníssono, falando 17 nomes ao mesmo tempo, e o clamor das vozes masculinas en volveu Harry
— Eu, Harry,vos aceito, Draco Decliff — ele disse baixinho. As palavras eram familiares, pois ele esteve na congregação de vários casamentos da comunidade ao longo do último ano.
E então Draco falou com a voz clara, mas sua ve. Abafada, como quem sentia um senso de dignidade nos votos que estava proferindo.
— Eu,Draco Decliff, vos aceito, Harry, como meu marido.
Draco disse as palavras, depois repetiu os votos que acei tara meses atrás, em outra vida. Acabei de jurar obedecê-lo. A jura ficou engasgada na garganta, mas ele repetiu as sílabas, ciente de que precisava dizer em voz alta.
Então o pastor levantou as mãos, abençoan do o grupo como um todo, repetindo palavras que deveriam ter tornado a ocasião jubilosa. E era mesmo, percebeu Draco, quando os homens à volta, com poucas exceções, trouxeram os respectivos pares para perto e as beijaram com entusiasmo.
Harry baixou os olhos na direção de Draco, observando a aliança de ouro que pusera no dedo dele.
— Podemos trocar pelo tamanho certo na loja de departamentos — ele disse. — Não sabia que tamanho comprar.
O loiro observou a aliança.
— Está boa — disse. Na verdade estava um pouco apertada, mas o tempo resolveria. Então Harry passou o braço ao redor dos ombros dele, que levantou os olhos claros para os dele, marcados pelo cenho franzido.
— Acho que devemos nos beijar — ele dis se baixinho.
Ele levou o outro braço para o meio das cos tas delicadas, trazendo-o mais para perto. Ele virou de um jeito esquisito para encará-lo, apoiando o pé aleijado na base do banco em frente a eles. Desequilibrou-se e caiu pesadamente so bre o corpanzil dele, que acabou levando um chute e tanto na virilha.
— Sinto muito — ele murmurou, retoman do o fôlego e desejando ardentemente que a criança que carregava no ventre ficasse quieta. Não era para ser. Outra cutucada no corpo de Harry e ele o encarou com olhos apertados.
Então, ele abaixou a cabeça e tocou os lá bios rosados com os seus lábios firmes, um breve toque de calor contra a carne macia. Sem pensar, Draco tocou o meio do lábio superior dele com a língua, e concentrou o olhar naquele pequeno movimento.
— Bem — ele disse baixinho. — Parece que estamos casados. E eu diria que temos um determinado assunto a discutir.
N/A
Como será essa conversa entre o draco e o harry hem?
Bem espero que tenha ficado claro a historia do donzelo, homens q podem engravidar.
E esse bebe q o draco carrega hem? O defeito na perna? Ih muitas coisas vão acontecer.
Comentem plz.
