Único Fio

por Noah Black

Os traços.

O que um tinha, o outro possuía. O que um não tinha, o outro também não queria. Não havia necessidade - eram um enquanto pudessem ser dois. Existia certa harmonia em suas desavenças, um fio invisível que eles juravam ser indestrutível.

Mas não o fora.

Sirius via em Regulus a oportunidade de implantar em alguém sua semente da confiança - e entender o que afinal significava o que a mãe tanto queria dizer com ele é seu irmão, Sirius.

Talvez até soubesse, mas era-lhe mais viável ter certeza que era aquilo. Afinal, o menor o olhava debaixo e com os olhos arregalados e a surpresa nos lábios.

Eles eram complemento. Eram os traços um do outro, o outro do um. Grande e pequeno, juntos, orgulhando-se e sorrindo-se.

Um para o outro.

Mas o fio não foi indestrutível - e partiu-se quando todo o cristal tradicional espatifou em suas concepções.

Todo o brilho dos olhos do pequeno Regulus comprimiu-se na culpa. A culpa de não ter entendido o irmão. A culpa de não poder preencher o lugar de Sirius e tentar fazer correto os atos dele.

Regulus tentou ser Sirius para si mesmo.


Dedicação à Morgana, por ter implantado a sementetinha de Regulus Black em mim, pequenininho, com roupas largas, chupetao na boca e arrastando uma mantinha (vide Charlie de Snoopy), e a Moony-Sensei, por ter escrito Black's Tale, capítulo 3 (e pode continuar, viu?!).