Disclaimer: Trini Kwan e os demais personagens da série Power Rangers não me pertencem, sendo propriedade da Saban, ou da Disney (creio eu). Essa história não tem fins lucrativos.
Notas: Escrevi isso como uma homenagem a atriz Thuy Trang, que ao interpretar a primeira ranger amarela, me despertou novos horizontes e trouxe para minha vida tudo o que uma heroína de infância pode trazer de bom.
Pela última vez.
Bastou abrir os olhos naquela manhã para saber que o dia seria especial.
As coisas estavam diferentes. Algo ia acontecer, tinha certeza.
Ainda assim tentou não deixar que transparecesse. Não contou a ninguém. Sua última intenção era causar sobressaltos ou ouvir palavras de "deixe disso".
Não que fosse um sonho, mas sabia que seria inevitável.
Se não fosse naquela noite, poderia ser na noite seguinte. Não queria um ciclo, fosse o que fosse. Afinal não podia fugir do destino.
Por isso naquele dia sentou-se e escreveu algumas cartas, e emails. Telefonou para seus melhores amigos, mas com a voz normal tendo bons tempos de conversa antes que resolvesse pegar a estrada.
Sair de carro, sem lugar específico para ir. Era disso que gostava: viajar. A estrada lhe dava conforto, era familiar. E naquele dia saiu com um pretexto de se distrair, dando todas as chances de suas impressões se concretizarem.
Talvez soubesse o que ia acontecer milésimos antes que o caminhão surgisse a sua frente, vindo na contramão. O gesto de tentar evitar o acidente foi apenas um instinto de sobrevivência que não conseguiria contar, mas como esperado foi em vão.
O impacto soou quase melódico... o metal retorcido, o vidro quebrando. Sons frios e metálicos enquanto tudo girava a sua volta, mais veloz que uma montanha russa até parar, bruscamente.
Ao abrir os olhos, demorou a encontrar o foco mas enxergou a estrada e as belas árvores que estavam em volta, como na bela paisagem de um cartão postal, mesmo que fosse noite.
Não tentou fugir da dor que sentiu, mas tentou a todo custo manter-se consciente sabendo que tudo estava por um fio.
Não importava que fosse jovem, ou o quanto o senso comum pudesse lhe dizer que a vida era injusta. Era como se já tivesse vivido o bastante para que sequer ousasse reclamar. Apenas lutou para embalar-se com as lembranças a medida em que o ar se tornava cada vez mais escasso.
Milhares de lembranças em velocidade assustadora, devidamente apreciadas pelo tempo que desse, dando-lhe o direito de uma reação furtiva.
Sua família, seus amigos, sua vida como ranger amarela, sua rotina de viagens com as Conferências de Paz... cada momento onde se sentiu completa. Feliz.
Um sorriso chegou aos seus lábios, desenhados de forma desajeitada em um último gesto de gratidão.
Por tudo. Por todos. Pela última vez.
Fim
