O Recomeço...
Numa noite nublada, onde a lua se esforçava para emitir alguns fracos raios de luz, a luminosidade das lâmpadas das ruas era a única claridade nas cidade de Tóquio, mas isso não era empecilho para as pessoas que circulavam pela cidade como se fosse pleno dia. Entre essas pessoas, uma jovem caminhava, um pouco perturbada e confusa, olhando muito assustada para os prédios que se erguiam em direção aos céus de uma forma imponente, definitivamente...Ela não sabia onde estava e como foi parar nessa cidade gigantesca...
- O quê está acontecendo...Hã...Por favor, o senhor poderia me dar uma informação? – a jovem tenta perguntar para um homem que passa por ela, como se ela simplesmente não existisse.
A jovem ficou realmente assustada quando viu que o homem simplesmente a ignorara. Para seu desespero, nenhuma outra pessoa lhe dava a menor atenção. Era como se eles não a vissem, como se ela fosse um fantasma...
- Alguém! Por favor! Me escute! – berrava ela, desesperada.
Não agüentando mais aquela situação e sem forças, a jovem cai de joelhos no chão fazendo com que os seus cabelos negros lhe cobrissem a face. Ela usava uma camisola branca com alguns desenhos de uma tribo Inu na barra, sua pele era tão clara que ela se confundia com a camisola por fim, os olhos azuis como duas safiras estavam lacrimejando...
- Só pode ser um pesadelo... Só pode...
Então uma explosão interrompeu os pensamentos da garota que olhou assustada para o horizonte onde se formava uma grande bola de fogo. As pessoas completamente apavoradas gritavam e corriam na direção contrária da explosão e por incrível que pareça elas estavam desviando da jovem! E até algumas esbarraram nela, arrancando exclamações furiosas dela.
- Eu quero... Vingança... – uma voz, que parecia ser masculina, ecoou na mente da jovem - Humanos idiotas...Vão morrer...
Nesse momento a bola de fogo explodiu criando uma onda de energia extremamente poderosa, que destruiu todos os prédios em instantes e carbonizou todas as pessoas, sem exceções, a jovem só pode inutilmente fechar os olhos, mas milagrosamente ela não sentia dor, porém quando abriu os olhos, um grito ecoou pela então, cidade completamente morta.
- Eu quero acordar desse sonho agora! –levando as mãos à cabeça e gritando, a jovem tentava fugir dali.
Toda a cidade estava ardendo em chamas e derretendo, incluindo árvores, prédios, pessoas, tudo estava em chamas! Então a mesma voz de antes falou novamente...
- A luta dos xamãs...Vai recomeçar...
Dando um pulo na cama, a jovem constatou que tudo não passou de um sonho, ou melhor, de um pesadelo. Estava completamente suada devido ao sonho que acabara de ter; ela tinha uma das mãos na testa e quando deu por si, viu uma garotinha do seu lado, com os olhos arregalados para ela.
- Nakoruru! Você está bem? – perguntou a menina.
- Nossa...Eu tive um pesadelo tão estranho... – Nakoruru se jogou na cama novamente, ainda estava ofegante por causa do sonho - Mas eu só consigo me lembrar de uma parte...
- Deve ter sido um sonho e tanto, você estava chorando e berrando, por isso eu vim aqui. Me preocupei com você, mana... – a expressão da menina era de preocupação.
- Está bem Rimururu... – após terminar a frase a jovem acaricia o rosto da irmã - Obrigada por se preocupar comigo viu? Pode voltar a dormir...
- Pra ser sincera... Eu posso dormir com você Nakoruru? – a menina estava extremamente constrangida com o pedido.
Após dar uma risada extremamente sutil a jovem de cabelos negros acolheu a irmã na sua cama e não demorou muito para a menina dormir. Mas ao contrário da irmã, Nakoruru ficou pensativa, olhando a luz da lua que se formava na janela do seu quarto...
- Luta dos xamãs... O quê é isso... Que os espíritos da natureza me protejam...
Com muita relutância a jovem conseguiu pegar no sono - afinal de contas, não é qualquer um que consegue dormir depois de ter um pesadelo como o quê ela teve, mas finalmente ela voltou a dormir e começou a sonhar novamente - mas dessa vez ela estava num campo florido, de pé, sentindo o vento nas suas costas quando uma voz familiar a chamou...
- Nakoruru...
- Mãe? – a jovem se virou e viu a figura de sua mãe, parada, sorrindo para ela.
- Não tenha medo filha, tudo vai ficar bem...
Ao ver o sorriso da sua mãe a jovem se sentiu com forças novamente para enfrentar os desafios que a vida iria lhe impor. Desafios nem um pouco fáceis...
Enquanto isso, a quilômetros de distância do quarto de Nakoruru, uma outra jovem caminha calmamente pelas ruas de Paris. Ao contrário de Tóquio, a cidade estava estranhamente calma, haviam é claro vendedores de drogas, mulheres e homens vendendo os seus corpos por dinheiro, até que um bêbado se mete no caminho da jovem e lhe dando um sorriso extremamente malicioso falou com ela:
- Quanto...cê ta cobrando? – o fedor de álcool era algo evidente nesse homem.
A jovem apenas levantou uma sobrancelha. Certamente o verme que estava diante dela não fazia idéia de quem ela era, mas ao olhar para os seus próprios trajes a garota chegou a conclusão de que não era a toa que o bêbado lhe uma oferta daquelas - ela usava um longo vestido negro que tinha uma enorme cauda na parte de trás, e na frente ele ia apenas até as suas coxas, que eram cobertas por duas longas meia-calças pretas que realçavam com o tecido vermelho que havia na parte de baixo da cauda do vestido. Na parte de cima ele era estilo "tomara que caia" preso somente na parte de baixo dos ombros da jovem, com bordados vermelhos em volta que davam destaque às longas luvas negras que cobriam os braços dela. Por fim, a jovem também tinha longos cabelos loiros, um pouco opacos que iam até os tornozelos e seus olhos castanhos demonstravam uma frieza extremamente assustadora.
- Uma alma como a sua não me é útil...Desapareça antes que eu perca a minha paciência...-a moça continuou caminhando. Porém o homem lhe segurara o braço com força.
- Já que não quer cobrar vai ser de graça mesmo!
- Criatura estúpida... – nesse momento a jovem olhou nos olhos do homem; seus olhos estavam de uma cor rubi como se estivessem pegando fogo - Desapareça!
Alguns olhares curiosos observavam a cena que se formava agora, até que a garota de olhar cruel estala os dedos; nesse momento, o bêbado começou a gritar de dor e a se contorcer no chão. Brincando com uma mecha loira, a jovem apenas observava a cena, sorrindo maldosamente. Ela citou algumas palavras que as pessoas que estavam no local não conseguiram entender, e então o homem parou de gritar, apenas olhava para a moça nos olhos e aos poucos perdeu a visão porque tinha sangue nos seus olhos, ele estava se esvaindo em sangue...
- E vocês... Não viram nada... – estendendo as mãos para cima, os olhos da jovem se tornaram negros e uma onda de energia se espalhou pelo local, apagando aquelas cenas das mentes das pessoas-
Depois de caminhar mais um pouco, a jovem chegou no portão de uma grande e misteriosa mansão. Quando ela se aproximou, o portão se abriu sozinho e ela continuou caminhando - pelo estado da mansão se deduzia que ela era abandonada, pois este era deplorável, teias de aranhas por toda parte, móveis cobertos por uma camada de poeira, algumas janelas quebradas, o piso rangia com os passos dela alertando que logo cederiam e muitas portas. De fato a mansão era enorme; antes que ela pudesse dizer algo, um grupo de pessoas usando túnicas negras a cercou e se ajoelhou perante ela.
- Como foi o encontro com o vosso espião ma demoiselle? – disse uma das pessoas que estavam ao redor da jovem-.
- Desagradável como eu já esperava... Já se passaram mais de cinco anos desde a interrupção da luta dos xamãs e aqueles índios idiotas não sabem se devem recomeçar o torneio! – a fúria era algo que podia ser notado no tom de voz da jovem - Minha paciência tem limite!
Mas antes que a conversa pudesse continuar, uma energia poderosa se apresentou no cômodo onde todos estavam; a energia se tornou uma bola de fogo e falou calmamente...
- Mantenha a calma... A luta dos xamãs vai recomeçar... E será muito em breve...
Somente depois dessas palavras, a jovem de cabelos dourados parcialmente se acalmou e depois de dar algumas ordens ela se dirigiu para o seu quarto, planejando qual seria o seu passo...
- Você acha o mesmo que eu Yoh?
- Eh... Acho que sim...
Anna e Yoh estavam lado a lado, observando o céu estrelado da noite de Tóquio. Depois do "término" da luta dos xamãs, ambos voltaram para a sua antiga casa, a garota ainda tinha o seu sonho de transformar aquela enorme casa numa grande pousada, mas os tempos não eram muito bons e o máximo que eles conseguiam era um hóspede ou outro, que sempre era afugentado pelos fantasmas que assombravam a casa.
- Você também sentiu uma energia estranha essa noite?
- Senti sim... Parece que vai tudo começar denovo...
- Temos que falar com o Silver, não dá mais pra esperar os patches tomarem alguma decisão...
- E pensar que eu só queria viver na paz e tranqüilidade...
Assim que terminou a frase, o rapaz recebeu uma série de petelecos na cabeça, arrancando vários "Ai, ui, ai" dele. Logo após a súbita explosão de raiva, Anna respirou fundo e encarou o seu noivo profundamente.
- Não se esqueça que você tem que realizar o MEU sonho, Yoh! Eu ainda quero viver no conforto ouviu bem?
- Heh... Eu sei Anna...
Mesmo depois de ter apanhado Yoh conseguia sorrir, com o seu jeito simples de ser. Sem resistir, Anna acabou dando um discreto sorriso e lentamente encostou a sua cabeça no ombro do rapaz, que a envolveu com um dos braços. A jovem não sabia o quê estava acontecendo com ela, mas ela sentia que deveria aproveitar esse momento de paz ao lado de Yoh, porque algo lhe diria que tempos difíceis estão por vir...
Continua no próximo capítulo...
