Hetalia, Alfred Jones e Arthur Kirkland não me pertencem, blabla. e tem mais uma coisinha...

...Aviso aos navegantes: a ideia pra essa fic, eu me baseei num livro muuuuito foda que eu li recentemente, "Louco aos Poucos", de uma coleguinha chamada Libba Bray. Mas foi mais a parte da doença e do anjo. Mudei um bocadim de coisa pra poder adequar a uma UA de USUK. Não, não foi original, mas, é... eu... er... Achei que ia ser legal. *desvia das pedradas*

Outro aviso, esse prólogo ficou bem maior do que eu esperava, e muito diferente do resto da história. Ou não. Sei lá. Enjoy.


"A Terra é azul, como os seus olhos."

O mundo contido numa frase.

Por alguma razão, Alfred nunca se esqueceu desse dia, quando ele tinha apenas sete anos.

O trágico dia em que ele se declarou para a menina mais bonita da classe, e levou o primeiro fora de sua vida. Aconteceu dois anos antes de ele começar a usar óculos.

Aquilo o fez ter uma percepção precoce do quanto o amor é complicado, e de que as pessoas sempre reparam nos olhos. Se são verdes, azuis, castanhos, cinzentos, alegres, tristes, se são expressivos ou não dizem absolutamente nada.

Os de Emily eram de um verde muito vivo.

Naquela tarde, Alfred pegou cinco rosas vermelhas do jardim de sua mãe e andou determinado até o parquinho. Ali estava ela. Balançando o mais alto que podia, sorrindo aquele sorriso lindo. Alfred tomou coragem e andou até o balanço, com os braços para trás, escondendo as rosas.

- Emily?

A menina parou de balançar e olhou para Alfred, ainda sorrindo.

- Oi, Alfie! O que você tem aí?

Não havia escolha. Ele teria que ir direto ao ponto. Ser objetivo.

- Eu tenho flores. Pra você.

Quase que agressivamente, o garoto entregou as flores para Emily. Parecia até que queria se livrar delas. De repente sentiu o seu rosto muito quente. A menina riu, e pegou as rosas com cuidado.

- Obrigada, Alfie. São lindas. – cheirou o pequeno projeto de buquê e olhou nos olhos dele, confusa – Por que você tá tão vermelho?

- É que... bem... Essas flores... Eu queria que você fosse minha namorada! É isso aí! – Alfred concluiu, tentando parecer o mais confiante possível. Dentro de sua cabecinha, repassou o que sua mãe havia lhe dito. Dê flores, seja educado, não a pressione, sorria... Era isso que faltava. Um sorriso. Emily o encarou, os pequenos olhos verdes arregalados.

- Como assim, Alfred? Por quê você quer ser meu namorado?

- Eu gosto de você, Emily. – Ele tentou esconder o nervosismo e sorriu de novo.

- Eu também gosto de você, Alfie...

- Não, eu gosto-gosto de você, Emily. E - Alfred corou um pouco mais e respirou fundo - eu quero que você seja minha namorada.

A menina desviou o olhar, e murmurou um "entendi..."

- Desculpa, Alfred, mas eu não posso. – Ela não sorria, nem parecia confusa. Só... triste? Decepcionada?

- Por quê? Você não gostou das rosas? – o menino arregalou os olhos, e começou a sentir as esperanças irem embora. – Eu posso colher outras pra você! No jardim do vizinho tem umas flores amarelas muito bonitas!

- Não são as flores, Alfie...

- Ah não, foi o Peter Watson? Você já é namorada dele?

- Não é isso...

- É o quê, então? – Alfred de repente se sentiu muito confuso. Era para ter dado certo. O que estava atrapalhando?

- São os seus olhos. Eu não gosto deles.

A menina olhava diretamente para ele quando disse isso. Estava muito séria para uma criança de apenas sete anos.

- O que tem meus olhos?

- A cor. Seus olhos são azuis. E azul é uma cor muito triste. Seus olhos são tristes, Alfie. Eles me deixam triste.

Alfred de repente sentiu um nó na garganta. O que ela queria dizer com aquilo?

- Eu não posso namorar um garoto que tem olhos tristes. Eu não quero ficar triste sempre que olhar nos olhos do meu namorado. Então não pode ser você, Alfie. Desculpa. – Emily se aproximou e o beijou na bochecha. – Obrigada pelas flores.

E se afastou, deixando o pequeno Alfred parado ali reavaliando seus próprios conceitos. Seja qual for o conceito que uma mente de sete anos pode querer reavaliar.

O menino lentamente se virou e andou, agora não com flores, mas com um coração partido, o caminho de volta até a casa amarela onde morava com os pais.


- Então, Alfie, como foi com a Emily? – perguntou a senhora Jones, mãe de Alfred, enquanto servia espaguete no prato do filho.

- Mal. – ele murmurou, e o sorriso sumiu do rosto da mãe. O menino pegou o garfo e ficou observando o macarrão se enrolar no talher até o pai dizer para ele comer logo, senão a comida ia esfriar.

- Ah, querido, acontece. Você vai ver, quando for a hora certa de namorar, vão aparecer muitas garotas. – a mãe acariciou os cabelos do filho e sorriu de novo. – E você sabe que eu sempre vou te amar, né?

Alfred grunhiu qualquer coisa em resposta, o que fez o senhor e a senhora Jones rirem.

- Come tudo, filho, que vai ter sorvete de chocolate na sobremesa.


- Pai, meus olhos são tristes?

A pergunta fez o senhor Jones desviar os olhos da televisão e encarar o filho.

- Por que a pergunta, campeão?

- A Emily disse que meus olhos são tristes porque são azuis. Será que se eu trocasse a cor dos meus olhos eles não ficariam menos tristes? – O menino parecia meio aéreo, olhando não para a tela, mas para algum ponto fixo no ar.

- Seus olhos não são tristes, Alfie. Na verdade, você tem esse brilho neles, igual ao meu pai! E vou te contar, seu avô não tinha olhos tristes de jeito nenhum. E os dele também eram azuis.

- Mas azul é uma cor triste, não é? E meus olhos são azuis. Como os olhos de alguém podem não ser tristes se são azuis?

A voz de Alfred estava baixa, e o pai o olhou com uma expressão preocupada antes de desligar a TV.

- Muitas pessoas consideram azul uma cor triste, Alfred. Alguns pintores faziam quadros inteiros em tons de azul para expressar a própria tristeza.

- É mesmo?

- É. Mas são só pintores. Sabe quem eu realmente admiro? Um cara russo, chamado Yuri Gargarin. Ele foi o primeiro homem a ir para o espaço, filho! A primeira pessoa a sair desse planetinha que a gente chama de casa... E sabe o que ele disse, Alfie? Quando chegou no espaço?

- O quê?

- "A Terra é azul". A Terra, nosso planeta, é azul, Alfred, como seus olhos. Seus olhos são da cor do mundo, filho.

O senhor Jones agora sorria para o filho, que arregalou os olhos.

- Eu nunca pensei nisso. "A Terra é azul"... Eu vi isso no livro da escola uma vez! A Terra é azul, a Terra é azul! Azul, pai! Que nem meus olhos! Como eu nunca pensei nisso?

- Acho que você só estava vendo o azul da maneira errada, filho. Seus olhos não são tristes. Na verdade, qualquer um que disser isso, é porque não prestou atenção. – ele bagunçou os cabelos de Alfred com a mão e riu – Você tem o mundo nos olhos, campeão.

Você tem o mundo nos olhos, campeão.

Alfred nunca entendeu direito o que o pai quis dizer com aquilo, mas isso também nunca o incomodou. O importante é que ele tinha o mundo nos olhos, certo?

Certo.

Por alguma razão, a lembrança desse dia veio à tona dez anos depois, enquanto ele estava no vestiário masculino, se preparando para o grande jogo de futebol americano da temporada. O time do colégio havia chegado àquela altura do campeonato com ele como quarterback, e não seria nesse jogo que outra pessoa ocuparia a posição.

Mas pela primeira vez naqueles dois anos jogando no time, ele se distraiu com os uniformes. Eram azuis, como seus olhos, sua mãe lhe dissera quando foi assistir ao primeiro jogo do garoto.

E como a Terra, Alfred se lembrou, sorrindo, daquele dia quando ele tinha apenas sete anos.

- Jones! Larga de ser enrolado e sai daí! O jogo vai começar!

E dez minutos depois, já com todos os jogadores no campo, a partida começou.


Acho que nunca escrevi uma introdução/parte um/capítulo um/prólogo tão absurdamente inútil e enrolado e fora do enredo, mas eu espero que isso não faça vocês desistirem da fic. Sério. Serviu pelo menos para... é... situar vocês na história, certo?

Não. Eu sei.

Mas eu sinceramente espero que tenham gostado e achem digno de um review, nem que seja me xingando porque eu desapontei vocês com esse prólogo cocozento.

Como o capítulo 1 mesmo tá praticamente pronto, só depende de vocês se eu vou postar ele ou não, e talvez recuperar a sua vontade de ler esse negócio.

Beijos.