1000 miles away
Por: Merula
Tradução: Aryam
Casal: 1x2x1
1000 milhas de distância
Duo fez seu caminho para fora do bar, desviando e empurrando corpos suados bloqueando o seu caminho, na procura de um bom sinal para o celular. Ocasionalmente uma mão batia em seu ombro ou tocava o seu cotovelo ou uma voz gritava em seu ouvido palavras encorajadoras. Ele sorria e agradecia, mas continuou até passar pela porta.
Heero destrancou a porta e entrou, colocando sua mochila no sofá. Olhou para o relógio de parede na sala do apartamento. Já era tarde e percebeu que novamente fizera hora extra no laboratório de informática, mas o projeto já estava quase pronto. Esfregou os olhos cansadamente e foi até o telefone checar a secretária eletrônica – sem ligações. Seu celular não tinha mensagens nem tocara. Ele suspirou. Jogou a correspondência que pegara no caminho na bancada e seu rosto se iluminou assim que viu um pequeno pacote. Rasgou-o avidamente, sorrindo para o conteúdo, e correu para o aparelho de som.
Duo chegou à rua, recostou-se no muro, sentindo a brisa noturna, celular na mão. Pressionou o nome em sua agenda e logo ouviu o som da chamada sendo feita. Apesar do frio e de ser tarde, apesar de seu cansaço, só conseguia sorrir.
O celular de Heero tocou. Apressadamente, ele o atendeu, abaixando o volume da música no som com a mão livre.
— Alô?
— Ei. Recebeu o meu pacote?
— Estou ouvindo agora mesmo. É incrível.
— Escrevi para você.
Os lábios de Heero se curvaram em um sorriso cálido e ele falou:
— É o que você disse sobre a última.
— São todas pra você. Cada uma delas.
— Sinto sua falta.
Duo fechou os olhos, absorvendo as palavras.
— Eu também. Mas é como se eu estivesse com você...
— Como? A mil milhas de distância?
— Heero...
— Eu sei. Tudo bem. Você está fazendo o que tem que fazer. E eu estou fazendo o que tenho que fazer. Além do mais, o feriado está chegando, você vai vir, não é?
— Nem que eu tenha que ir andando. Sei que é difícil agora, mas você vai terminar a faculdade logo, vai ter o trabalho que quer, e...
— E você vai ser uma estrela — Heero terminou por ele. Era como um mantra dos dois.
Duo sorriu.
— É por isso que estou ligando. Um olheiro apareceu hoje à noite. Ele gostou muito da música que te mandei...
— Gostou? — Heero se ajeitou no sofá.
— Adorou. Logo você vai me ouvir no rádio. Não vai ser legal?
— Eu sabia que você ia conseguir.
— Não teria chegado tão longe sem você. Estamos no caminho certo, vamos conseguir... teremos tudo o que sempre quisemos...
— Vamos sim. É só que... às vezes é difícil... aguentar essa distância.
— É só fechar os olhos. Aumenta o som e eu estou bem aí do seu lado. Sempre — Duo conferiu o relógio de pulso e virou-se novamente para o bar. — Eu tenho que ir. Te ligo amanhã. E em duas semanas...
— Você vai estar chegando no trem das 10:15. Vou estar na estação te esperando.
— Te amo.
— Também te amo.
Heero desligou, aumentou o som e se recostou no sofá, deixando a música da pessoa que amava tocá-lo intimamente. Se fechasse os olhos, como Duo pedira, era fácil imaginá-lo bem ali ao seu lado, com o violão nas mãos traduzindo os sentimentos em versos.
Duo esperou ouvir o fim da chamada antes de guardar o celular no bolso. Recompôs-se e voltou para o bar. Subiu novamente no palco e pegou o seu violão. Se semicerrasse um pouco os olhos e se deixasse levar pelas letras de suas canções, podia ver Heero logo ali na sua frente com os olhos cheios de afeição, sentado calmo em uma das cadeiras, assistindo-o cantar para só ele...
FIM.
