Capítulo 1 - Boulevard of Broken Dreams
Eu ando por uma estrada deserta. Sou o único que ela já conheceu. Não sei para onde ela me levará, mas ela é minha casa e eu ando sozinho.
Muito bem, acho que é melhor eu me apresentar. Apesar de ter sido banido da sociedade, ainda não perdi as boas maneiras.
Meu nome é Max Vandenburg.
Qual o seu nome?
Ah, um belo nome.
Tudo bem com você?
E comigo?
Não vou mentir, camarada. As coisas não vão nada bem para o meu lado.
Afinal, que sorte teria um judeu fugitivo em plena Segunda Guerra Mundial?
Você acertou.
Nenhuma.
Eu ando por essa rua vazia; no pátio dos sonhos destruídos. A cidade dorme e eu sou único e ando sózinho.
Já se passaram vinte e quatro anos da minha vida.
Sempre fui o filho rebelde. O aluno mal-criado que arranjava briga com os colegas de classe.
Sempre fui a pedra no sapato de todos que estão ao meu redor.
Mas quando Hitler chegou, eu deixei de ser o problema.
Eu ganhei problemas.
Minha sombra é a única coisa que anda ao meu lado. O meu coração é a única coisa que bate. Ás vezes eu gostaria que alguém fora daqui me encontrasse.
Claro, foi graças ao Nazismo que as pessoas realmente passaram a me enxergar como um problema, mas eu que ganhei problemas.
E não estou falando de probleminhas.
São grandes problemas que me cercam.
Eu estou andando pela linha que me divide em algum lugar em minha cabeça. Na margem da borda e é onde eu ando sózinho.
Fui obrigado a abandonar minha casa, minha família... minha vida.
A liberdade.
Não me restou liberdade.
Eles ainda não me pegaram. Estou sempre fugindo e me camuflando feito um camaleão.
Claro que algumas pessoas tem me ajudado.
Leio essas linhas que estão fodidas, mas está tudo bem. Checo meus sinais vitais para saber que ainda estou vivo e ando sózinho.
E no fundo do poço, fui sortudo e encontrei uma esperança.
Encontrei uma ajuda.
Sabe aquilo que disse no início do capítulo? Que eu não tinha sorte alguma?
Pois é.
Nos enganamos.
