Chapter 1
A chuva caia torrencialmente e ele mantinha os olhos presos na estrada, a esposa lhe contava animada sobre o novo livro que estava escrevendo, West dormia na cadeirinha, no banco de trás do carro, e mesmo que estivesse tudo bem, sempre observava o pequeno pelo retrovisor.
Voltou sua atenção para a estrada depois de checar mais uma vez que o filho dormia tranquilamente. Suspirou, tinha muito que agradecer, tinha uma família perfeita que amava, trabalhava no ramo que gostava e agora a família cresceria um pouco mais, não podia estar mais feliz.
O sorriso que se formou em sua face fez a esposa olhá-lo atentamente.
_Misha... – chamou, e o marido levantou as sobrancelhas, como se indicasse pra ela continuar. – Por que está sorrindo?
Olhou pra ela e seu sorriso aumentou.
_Estou sorrindo porque eu te amo, porque tudo o que eu sempre quis, eu conquistei. – ele olhou pelo retrovisor mais uma vez e West suspirou. – Porque eu tenho um filho lindo e agora vou ter uma menininha que vai correr pela casa e vai querer que eu faça chiquinhas nela. – o sorriso dele alcançou os olhos. – Porque se eu pudesse escolher qualquer vida pra mim... Eu escolheria esta, do seu lado.
Os olhos dela marejaram e ela sorriu o acompanhando.
_Eu te amo, Misha.
_Eu também Vicky. – respondeu.
Eles continuaram conversando, a chuva tinha um som agradável do lado de fora do carro, e eles não podiam estar mais realizados. Foi quando Vicky comentava sobre o próximo capitulo do livro que ele arregalou os olhos, a luz alta cegando seus lindos orbes azuis.
Os gritos da esposa e o choro do filho misturaram-se em sua cabeça, mas a buzina do enorme caminhão que colidiu com eles predominava, dentre todos os sons que podia ouvir. O carro derrapou na pista molhada e capotou algumas vezes, até parar quando bateu contra uma árvore.
Abriu os olhos, e parecia que tinha passado uma eternidade, seu olhar cruzou com o da esposa, de alguma forma eles estavam sem vida, e Misha sentiu seus próprios olhos arderem ao constatar que muito provavelmente a esposa estava morta. West chorava no banco de trás.
_Calma filho, vai ficar tudo bem. – tentou mexer-se, mas as ferragens do carro o prendiam naquela posição desconfortável.
West tinha apenas um corte no supercílio, e saíra ileso de qualquer outro ferimento grave por causa da cadeirinha que estava muito bem presa.
_Vicky... – sua voz saiu rouca e irreconhecível, passou a mão sobre o rosto da mulher que imóvel o encarava, totalmente sem vida.
Soluçou, a garganta seca implorava por água, esforçou-se mais um pouco a fim de conseguir livrar-se do ferro que prendia sua perna. Ouviu a sirene tocar ao longe, e com muito esforço conseguiu jogar-se pra fora do carro. Tentou abrir a porta de trás, mas ela estava amassada demais.
Quebrou a janela com o cotovelo e entrou por ela, conseguiu alcançar o filho que em nenhum momento tinha deixado de chorar, assustado. Puxou o pequeno para si e saiu do carro destruído, mancando conseguiu chegar ao asfalto.
O homem que dirigia o caminhão, assustado encarou Misha chegando até a rua, o moreno tinha a camisa ensangüentada e a calça estava rasgada em várias partes, um corte tinha sido feito em sua testa e o sangue escorria, manchando o rosto bonito.
O moreno de olhos azuis sentou-se na beirada da estrada, abraçado ao filho, ele chorava, completamente desolado.
_Senhor... – o caminhoneiro havia chegado perto e tentava conversar com ele, tentava se explicar. – Me perdoe senhor... Eu não... Tinha intenção... Eu não vi, eu... Oh, meu Deus, o que eu fiz? – segurou a cabeça em um ato de desespero.
Misha não o escutava, abraçava forte o filho em seus braços, dando conforto ao pequeno, que apenas agora tinha se acalmado e parado de chorar. Com os olhos fechados ele lembrava-se do olhar sem vida da esposa, jogada naquele carro, nunca se sentiu tão impotente em toda a sua vida.
Os pequenos dedos de West tocaram uma lágrima solitária que descia pelo rosto do pai, misturando-se ao vermelho que saia do machucado.
_Onde está a mamãe? – perguntou, a voz de criança machucando o coração do adulto que a segurava.
_Ela... – soluçou. – A mamãe está dormindo... Agora, West.
_Ela vai demorar para acordar, papai? – perguntou inocente.
Misha deixou que mais lágrimas escorressem antes de responder para o filho algo que ele mesmo não conseguia acreditar.
_Eu acho que... Ela não vai mais... Acordar, West. – disse.
O menino segurou a face do pai com as mãos pequeninas e sorriu miudinho.
_Ah, eu acho que agora ela vai descansar bastante então... – e colocou um dedinho na boca como se estivesse pensando em algo. – O senhor sempre disse que ela tinha que descansar mais, agora ela vai descansar, não é, papai?
Misha concordou com a cabeça e abraçou mais forte a criança, enquanto ao lado deles o motorista inconformado segurava a cabeça, desesperado. As sirenes das ambulâncias ficavam cada vez mais altas e logo pararam ao lado deles, dois enfermeiros vieram atendê-los e outros dois correram em direção ao carro parado no meio das árvores.
Nunca uma visão foi tão difícil para Misha, enquanto um dos enfermeiros cuidava de seu filho, ele viu a mulher ser retirada sem vida do carro. Viu quando um dos enfermeiros encarou o outro e acenou negativamente para o companheiro, logo cobrindo o rosto de Victoria com um cobertor cinza.
Abaixou a cabeça.
_Adeus, Vicky. – sussurrou, despedindo-se da mulher que mais amou em toda sua vida.
Três anos depois...
_Pai, o senhor vai se atrasar! – ouviu a voz do filho ao longe.
Passou a mão pelo lado esquerdo da cama e não encontrou o que sempre procurava, estava ali apenas o vazio que sentia todos os dias de manhã, sua esposa tinha mesmo morrido, tinha mesmo lhe deixado sozinho.
_Eu já estou acordado, West. – disse mal-humorado.
_Desculpe. – disse o menino, parado ao lado da cama do pai.
Misha sentou-se e deixou que o vento frio da manhã arrepiasse sua pele, como se fosse o toque dela. Viu o filho sair cabisbaixo de seu quarto e antes do menino passar pela porta, disse:
_Obrigado, West. – viu o filho sorrir.
_Eu já preparei o seu café, e fiz torradas também. – disse contente, e Misha sorriu.
_Eu já vou descer então. – a voz tinha uma entonação animada, mas não era assim que ele se sentia por dentro.
West sorriu, e Misha soube que tinha muito de si no filho e quase nada de sua esposa, apenas o cabelo ruivo, ele herdara dela. Ouviu o filho correr escada abaixo e levantou-se sem ânimo.
Foi até o banheiro e tomou um banho demorado, não se importava em chegar atrasado, não mais. Era o dono da empresa, afinal. Colocou a camisa social branca e o terno preto, e desceu as escadas.
_Você sabe onde coloquei minha gravata? – perguntou ao filho que comia torradas em frente a TV.
_Oh, sim. Eu vou buscar. – disse levantando-se.
Viu o filho subir as escadas apressado, e enquanto ele não voltava sentou-se a mesa e comeu uma das torradas que o filho tinha preparado.
_Está bom? – o ouviu perguntar.
_Está sim. – disse com a boca cheia de torrada com manteiga. – Você achou?
West concordou com a cabeça e parou em frente ao pai. Colocou a gravata no pescoço branco de Misha e fez o nó com perfeição. O moreno de olhos azuis encarou o filho enquanto ele manuseava a gravata, ele tinha o olhar da esposa, mesmo que os olhos fossem da mesma cor que o seu.
_Pronto! – disse.
_Obrigado. Eu não sei o que vou fazer quando você se casar! – brincou, e viu o filho dar um sorrisinho enquanto as bochechas ficavam em um tom avermelhado.
_Eu não vou casar, eu vou ficar cuidando do senhor. – respondeu e Misha sentiu o coração se apertar.
_Você é tão novinho e eu já coloquei tanta responsabilidade pra cima de você, não é? – pensou alto.
_Não, pai. Eu te amo, estou aqui para cuidar que o senhor fique bem. – disse o pequeno encarando os olhos muito azuis do pai. – E eu também não sou tão pequeno! Eu já tenho dez anos.
_Oh, é claro. – concordou o pai. – Você realmente é muito velho. – brincou.
_Não. – West fez bico. – O senhor é velho, já tem trinta e cinco anos, e nenhuma namorada.
Misha fechou a cara de repente e West se calou.
_O senhor precisa de alguém, papai. – disse baixo.
O moreno mexeu-se na cadeira, sentindo-se totalmente desconfortável.
_Você já está pronto? – disse olhando o relógio de pulso.
_Já. – disse triste, pois sempre que começavam a conversar sobre o pai seguir em frente, o mais velho dava um jeito de encerrar a conversa.
_Então vamos indo, ou vamos nos atrasar.
West pegou a mochila no sofá e se dirigiu até a porta.
_Onde eu coloquei a chave do carro? – Misha perguntou a si mesmo enquanto tateava os bolsos.
West girou os olhos, sorrindo. Foi até a mesa que estavam sentados a alguns minutos e pegou o molho de chaves que o pai havia deixado lá.
_Estão aqui. – respondeu.
Misha pegou as chaves que o filho balançava e bagunçou os cabelos ruivos dele, que fez uma careta, o pai sorriu. Sabia que ele não gostava que ninguém pegasse em seus cabelos.
_Vamos, então. – disse abrindo a porta.
O pequeno passou em sua frente e chamou o elevador enquanto Misha ainda trancava a porta. Entraram juntos e antes da porta se fechar West viu o vizinho correr em direção a eles.
_Segura a porta, por favor. – pediu.
West colocou o pé entre as portas que começavam a se fechar, tirou apenas quando o loiro entrou no elevador com as bochechas vermelhas, o viu suspirar alto e agachar-se como se assim pudesse retomar o fôlego que tinha sido roubado pela pequena corrida.
_Obrigado. – disse com a voz ainda falha e West sorriu.
Misha estava sério, e como se nada tivesse escutado continuou da mesma forma, enquanto muito lentamente o elevador descia.
_Qual é o seu nome? – ouviu o filho perguntar.
_Eu sou o Jensen. – o loiro sorriu.
Misha já tinha visto ele antes, em uma situação parecida, mas da outra vez West não estava junto e ele não havia segurado a porta para que o loiro pudesse entrar, ao contrário, tinha fingido que estava falando ao celular.
_A sua camiseta é muito legal Jensen. – os olhos azuis de West brilharam enquanto encaravam o rosto de Jon Bon Jovi estampado na camiseta preta.
_Obrigado. – disse o loiro olhando para a própria peça de roupa. – Você gosta?
_Muito! – respondeu empolgado. – Eu tenho todos os CDs, e vários pôsteres, mas ainda não tenho idade suficiente para ir a shows.
Jensen viu o pequeno fazer bico e sorriu.
_Se você for acompanhado do seu irmão... Quem sabe eles não deixam você entrar? – disse o loiro olhando para Misha agora. Não sabia o porquê, mas precisava ouvir a voz daquele moreno emburrado.
_Oh, não. – o loiro voltou sua atenção novamente para o pequeno que falava com um riso na voz. – Ele não é meu irmão, é meu pai.
_Ah. – o loiro enrubesceu. – Então porque ele não te leva?
_Ele não gosta de nenhuma música, ele diz que...
_Vamos. – Misha cortou o filho, e puxou-o com delicadeza para fora do elevador que já tinha parado.
Jensen olhou fundo nos olhos azuis de Misha que por acaso encontraram-se com os dele. Sentiu como se todo o ar tivesse deixado seus pulmões de uma hora para outra, e sem motivo aparente, mas então o moreno virou pra frente seguindo seu caminho.
_Tchau, Jensen! – gritou West e o loiro acenou para ele.
O menino olhou para o pai e emburrou a cara.
_O que foi? – perguntou Misha.
_Você não foi nada educado com o Jensen! – disse virando o rosto para o outro lado. – Nem ao menos o cumprimentou quando ele entrou no elevador.
_Isso, porque, ao contrário de você eu não quero ter amizade com todo o mundo. – respondeu. – Agora entra que eu vou te levar pra escola.
West girou os olhos e bufou antes fazer o que o pai pediu. Misha deu a volta no carro e entrou também, logo ligando o rádio e sintonizando na estação local. O menino afundou-se no banco do carona e pôs os fones de ouvido, ao ouvir que iriam começar as noticias matinais.
Misha ia dar a partida quando seu olhar notou o homem de cabelos loiros arrepiados passar por eles, andava devagar e assim como o próprio filho, Jensen estava com fones no ouvido, o All Star era desbotado e gasto. O moreno balançou a cabeça e olhou para o outro lado, impedindo-se de ficar olhando por tanto tempo.
Não sabia o porquê, mas estava tão inquieto aquela manhã que nem mesmo parava sentado na cadeira, aquele olhar verde lhe aparecendo na mente cada vez que fechava os olhos.
_Que diabos! – gritou e um dos estagiários que passava em frente à sala, apressou o passo, com medo que o chefe lhe chamasse a atenção, ou q ualquer outra coisa do tipo, afinal, ninguém o tinha visto desse jeito antes.
_Misha, por Deus! O que aconteceu homem? – Jim Beaver, seu melhor amigo, entrou na sala fechando a porta enquanto o encarava.
O moreno de olhos azuis andava de um lado para o outro na espaçosa sala, como se algo o estivesse incomodando, como se ele simplesmente não conseguisse se manter imóvel por alguns segundos.
_Eu não sei, Jim. – respondeu ao homem. – Eu só... Eu estou bem.
_Não você não está. – disse contrariando o amigo. – Pelos céus, Misha! Por todos esses três anos esperamos uma reação assim, mas você sempre se manteve calmo e distante, e agora de uma hora para outra...
_Isso não tem nada a ver com a morte da minha esposa, Jim! – gritou.
Vários funcionários pararam o que estavam fazendo e começaram a prestar atenção na conversa da sala privada.
_É claro que tem Misha. Você se prendeu naquele acidente, me diz uma coisa sobre o seu filho que nenhum de nós saiba! – o homem parecia descontrolado agora, queria acima de tudo a felicidade do amigo, mas sabia que Misha tinha se fechado tanto dentro de si mesmo que seria difícil para ele voltar para a realidade.
_Jim... Saia da minha sala. – disse olhando fundo nos olhos do outro.
– Me diz qualquer tipo de informação sobre o seu filho! Vocês não passam tempo suficiente juntos, Misha. – o homem não parava de falar, como se o que ele estava falando pudesse trazê-lo de volta.
_Então ta! – Misha gritou. – Se você não vai sair, saio eu!
Abriu a porta do escritório e vários funcionários encaravam o moreno. Ele afrouxou a gravata, desfazendo o nó que o filho, com tanto carinho tinha feito.
_Eu sei muito sobre o meu filho, Jim. Eu o conheço muito bem, ele é exatamente como ela. – continuava gritando no meio da sala, com todos o encarando. – Mas você não sabe como é Jim, acordar todos os dias esperando encontrar os olhos dela, esperando que aquele maldito acidente tenha sido apenas um sonho ruim, e que ela ainda está ali, que a sua família ainda está inteira e segura.
Jim com os olhos arregalados ouvia o amigo, que agora aos prantos falava mais baixo.
_Você nunca vai saber como é, Jim. Porque a sua família... Não está quebrada e aos cacos, como a minha está.
Misha deu as costas saindo da sala, parou na frente do elevador esperando que logo ele chegasse. Podia sentir todos aqueles olhares em suas costas, eles queimavam sua pele. As portas abriram-se e ele enfiou-se lá dentro.
_Bom dia, Sr. Collins. – o segurança o cumprimentou, mas ele nem ao menos lhe dirigiu o olhar.
Precisava sair dali o mais rápido possível, sentia o ar deixar seus pulmões. Entrou no carro e deu a partida, não sabia pra onde estava indo, só precisava se afastar. As lágrimas enchiam seus olhos e quando se deu conta tinha parado.
Saiu do carro reconhecendo o lugar, os carros passavam furiosos pela rua, mas Misha apenas sentou-se no meio-fio encarando a árvore que a três anos atrás tinha parado o seu carro.
Ainda conseguia ver os arranhões da lataria no tronco retorcido.
_Vicky... Eu... Eu não sei o que eu estou fazendo. – sussurrou. – Está tudo tão errado... Jim estava certo, eu não conheço o nosso filho... Eu não sei nada sobre ele! – segurou a cabeça, espetando alguns fios de cabelo. – Você é quem deveria ter sobrevivido. Você sempre foi tão mais comunicativa do que eu... Eu acho que ele sente falta de conversar com alguém... Eu sempre acho que vou dizer algo errado...
_O senhor está bem?
Levantou o olhar azul e o olhar verde pareceu preencher sua alma.
_Eu... Eu... – pigarreou, limpando a garganta. – Eu estou...
O sorriso que se formou na face do outro fez o coração do moreno bater mais rápido.
_Você mora no mesmo prédio que eu, não é? – perguntou o loiro mesmo sabendo a resposta.
_S-sim, eu acho que sim... – respondeu, envergonhando-se por tê-lo ignorado de manhã.
_Eu sou Jensen...
_Eu sei. – disse sem pensar e viu as sobrancelhas loiras arquearem-se em uma pergunta muda, mas não respondeu.
_Então... Que bom que você está bem. – disse e levantou-se, já que tinha se agachado para falar com o moreno. – Eu já vou indo.
_Misha.
_Desculpe? – voltou-se para ele, e o seu olhar se inundou naquele azul tão límpido.
_Meu nome é Misha. – respondeu.
_Oh... É um prazer. – sorriu e virou as costas, continuando seu caminho.
Misha ficou lá, de pé. Olhando o loiro se distanciando com uma mochila nas costas. Olhou em seu relógio de pulso e correu para o carro, estava atrasado. Dirigiu rápido até o colégio do filho. Parou em frente ao edifício alto, e olhou surpreso o menino conversando com uma garota de chiquinhas.
_Eu estou tão errado, não é meu filho? – sussurrou para si mesmo.
Buzinou e West se virou na direção do carro do pai, despediu-se da menina e correu, logo entrando no Audi A8.
_Eu pensei que teria de ir embora sozinho...
_Não, você nunca vai ficar sozinho. – sorriu.
_Sabe quem veio aqui no meu colégio hoje?
Misha acenou que não enquanto prestava atenção na estrada, fazendo uma curva, para enfim chegar à rua principal.
_O Jensen. – disse risonho. – Ele é muito divertido!
_O que ele veio fazer aqui? – perguntou, lembrando-se do loiro.
_Ele veio falar com o professor de artes. – West viu o pai erguer as sobrancelhas e bufou. – O professor Pellegrino, mas ele gosta quando a gente o chama de Mark. – explicou.
_Ah... E o Jensen é amigo dele? – ele não sabia o porquê de seu interesse repentino na vida do rapaz.
_Não. – disse West. – Eles são namorados.
E Misha freou o carro, olhando de repente para o filho, que olhou pra ele sem entender.
_Como sabe disso, West?
_É que o Jens me contou. – disse e virou-se para frente encarando o sinal que já estava verde. – Pai, o sinal abriu.
_Ele o quê? Mas como...? Por quê? – perguntou afobado enquanto os carros buzinavam para que ele avançasse.
_Eu perguntei, se eles eram amigos e ele respondeu que não, então eu perguntei se eram namorados, o engraçado é que ele fez a mesma expressão que o senhor, como se uma pessoa da minha idade não soubesse que alguns homens namoram com outros homens e que algumas mulheres namoram outras mulheres. – explicou, enquanto Misha, boquiaberto voltava à atenção para a estrada, finalmente avançando pela pista lisa.
_Ah... – e não disse mais nada.
Chegaram a casa e West foi jogar vídeo game, mas Misha não conseguia se concentrar em nada, qualquer coisa que fosse fazer Jensen e seus lindos olhos verdes inundavam sua mente, e não o deixavam mais em paz.
