N/A: Acho que a fic é meio autoexplicativa. 14 anos depois do livro 7, algumas mudanças aí nesse passado, mas depois vocês entenderão. A ideia me veio enquanto assistia à uma série coreana, espero que vocês gostem! Direitos autorais à JK, não pretendo lucrar com minha história e é isso. Deixem reviews!

11 de agosto.

Era um dia quente de agosto quando Lance Andrid resolveu sair do seu apartamento em New Jersey e pegar um avião direto para a Inglaterra. Não foi uma decisão completamente espontânea, apesar de ele fazer sua pequena mala em dez minutos, correr o mais rápido possível para o aeroporto JFK em New York e comprar sua passagem para Londres no primeiro voo disponível. Não, Lance já havia planejado há bastante tempo o que ele iria fazer, mas naquela manhã de agosto sabia que teria que fazê-lo o mais rápido possível.

Sentou-se confortavelmente em uma poltrona de primeira classe e, enquanto esperava os outros passageiros se acomodarem, pegou seu celular e mandou um e-mail para a pessoa que mais detestava no mundo: Draco Malfoy.

"Sim, Draco, finalmente estou indo para a Inglaterra.
E você também."


"Depois dizem que ser medibruxo dá muito dinheiro" Reclamou a ruiva durante o almoço. Ao olhar o cardápio quis muito pedir batatas recheadas, mas acabou optando por uma salada light, entristecida. "Grande besteira, achei que chegaria aos trinta já com alguma grana guardada e até hoje nada."

"Acredite, mesmo que você tivesse grana não teria tempo para gastar." Respondeu Jason Williams, um homem moreno de cabelos escuros e bem preservado para sua idade, quarenta anos completos. Era a pessoa mais próxima de Ginevra dentro do St. Mungus, e geralmente almoçavam juntos. "Vai pedir salada de novo?" Ele riu.

"Meu metabolismo não é o mesmo de antigamente." Suspirou. "Eu deveria ter me especializado em outra área. Queria ter dinheiro para viajar"

"Psicanálise não é tão mal assim, Ginevra. E não teria tempo para viajar também."

Saíram do pequeno restaurante ao lado do St. Mungus vinte minutos depois. O horário de almoço era curto, e os pacientes muitos.

"Parabéns, Ginny, feliz aniversário." Disse a si mesma ao voltar aos seus afazeres. Era 11 de agosto e ela completava seus 30 anos. "O que você conseguiu até hoje? Independência financeira, um bom apartamento, alguns amigos, quase nenhuma noite fora de casa."

Depois de um dia turbulento voltou ao seu apartamento por volta das dez da noite. Iria sair nem que fosse a última coisa que fizesse. Chamou Jason, mas ele teria que fazer plantão durante a noite, o andar de acidentes com criaturas mágicas fica sempre lotado. Para sua alegria, Alexa esperava por ela na sala.

"Onde vamos?" Ela perguntou, sorrindo. Alexa era dois anos mais jovem que Ginny e dividiam o apartamento. Tinha cabelos louros na altura dos ombros e olhos verdes. Era muito bonita, apesar de não estar em sua melhor forma, mas não podia ser considerada gorda. Era apaixonada por doces e a geladeira de Ginny sempre estava cheia de bolos e quitutes por causa disso.

"Você é a baladeira oficial, eu não saio há meses" Ginny respondeu, jogando a bolsa pesada em cima da mesa e servindo-se de uma taça de vinho. "Não vou negar que a vontade de ficar em casa descansando é grande."

"Nem vem! É seu aniversário e vamos sair para comemorar mesmo sendo só nós duas. Fui em uma boate legal a umas duas semanas atrás, acho uma boa irmos lá. Gostei muito, o DJ é ótimo e os drinks não são um absurdo de caros. Mas é uma boate trouxa."

Ginny tomou um gole do seu vinho e observou a animação da amiga que não parava quieta um segundo. Alexa tinha um salão de estética e ganhava uma boa grana deixando senhoras bruxas vaidosas parecendo mais jovens. Por um tempo, não entendia porque a amiga continuava dividindo o apartamento já que tinha condições de morar sozinha. Mas as duas conviviam bem e Ginny sabia que Alexa não conseguiria morar em um lugar sem ninguém para conversar. Já vivia reclamando que a ruiva quase não aparecia em casa.

"Por mim, tudo bem. Preciso mesmo dançar, ouvir uma música bem alta e esquecer dos problemas do hospital"

"Obvio, queridinha! Agora vá tomar seu banho que eu estou louca pra te arrumar!"

Ginevra finalmente pôde se olhar no espelho, quase uma hora depois. Estava devidamente emperequetada, maquiada e vestida. Julgou o vestido curto demais, mas foi o presente que Alexa lhe dera de aniversário e era realmente bonito. Ao ver seu reflexo achou suas pernas finas demais e brancas demais, mas o resto até que não estava nada mal. O salto era grosso e confortável, a maquiagem não passou do ponto e seus cabelos longos e ruivos estavam soltos pela primeira vez em bastante tempo. Era estranho não estar com os cabelos presos, e reparou que há meses não os cortava e estavam imensos, mas no fim gostou de como ficaram. O vestido também, apesar de curto não era espalhafatoso, preto e com um generoso decote nas costas.

"Ginny, você está impecável!" Alexa bateu palmas, animada. "Quando eu vi esse vestido, sabia que ia ficar perfeito em você! Sexy com classe!"

Levaram menos de dez minutos para chegar na boate, aparatando. Foram direto para o bar: Ginny pediu uma cerveja e Alexa um Martini.

"Foi por isso que eu almocei salada hoje." Sorriu Ginny depois de dar o primeiro gole. "Valeu tanto a pena!"

O lugar era grande e escuro. Perto do bar haviam algumas mesas com bancos altos e a pista de dança estava lotada, luzes atordoantes que prometiam tirar as pessoas da realidade.

Ao longe, Ginny viu um rosto conhecido. Astoria Greengrass, com sua beleza inconfundível que parecia ter aumentado desde a última vez que a vira. Os cabelos castanhos brilhantes, corpo escultural e olhos verdes felinos. Ela estava perto da pista de dança, conversando com um homem asiático muito atraente, os dois pareciam íntimos.

Ginny virou-se para Alexa, intencionando comentar sobre o homem que conversava com Astoria e como ele era bonito. Não chegou a fazê-lo, pois seus olhos prenderam-se em algo logo atrás da amiga e a ruiva sentiu todo seu corpo paralisar.

"Malfoy" Conseguiu pronunciar quando voltaram seus sentidos. A palavra escapou de seus lábios, baixa e sem firmeza. Alexa olhava-a perplexa, tentando entender o que estava acontecendo.

"Gin, o que foi?"

"Malfoy!" Disse, dessa vez mais decidida. Falara alto o suficiente para que o loiro ouvisse, mas ele não esboçou nenhum tipo de reação. Talvez por causa da música alta, ela pensou.

"Malfoy?"

A ruiva ignorou Alexa e deu três passos firmes até o homem loiro encostado no bar. Ele estava sozinho e bebia uma dose de uísque despreocupadamente.

"Olá" Ele sorriu sedutor ao senti-la se aproximando. Seu cabelo estava repartido para o lado e ele usava um blazer azul marinho, camisa rosa e calça jeans. Seu rosto e corpo estavam bem mais desenvolvidos do que ela se lembrava, mas não haviam duvidas. Era Draco Malfoy. "O que faria uma mulher tão linda como você se aproximar de alguém como eu?"

Draco Malfoy. Depois de catorze anos, quando se mandou para os Estados Unidos. Nunca mais fora visto. Ninguém tinha contato com ele e nem ouvira-se falar do seu nome. Ali estava, o homem feito daquele menino covarde que conhecera no colégio. Indubitavelmente era ele. Mas que merda era essa que ele estava falando?

"Perdeu a memória foi?" Ela alfinetou depois de alguns segundos em silêncio. "Eu, Weasley..." Tentou explicar, mas ele apenas levantou as sobrancelhas, deixando claro que não fazia ideia do que ela estava dizendo. Como a boa psiquiatra que é, Ginny sabe muito bem interpretar expressões faciais e corporais. A de Malfoy, nesse momento, indicava que ela estava fazendo papel de louca.

"Desculpe, não venho a Inglaterra a muitos anos." Ele sorriu mais uma vez, pousando o copo de bebida no balcão e dando um passo para mais perto da ruiva. Seu sotaque era perfeitamente americano. "Já nos conhecemos?"

Ginevra nesse ponto começou a duvidar de suas próprias memórias. Não estaria confundindo-o, certo? Talvez seja só alguém muito parecido. Ou da família. Um primo distante, talvez...

"Você é Draco Malfoy, não é?" Não conseguiu segurar sua curiosidade.

"Ah!" Ele riu abertamente, pegando o copo de uísque e dando um gole. "Você conhece o Draco. Não, eu não sou ele. Meu nome é Lance Andrid." O loiro pegou uma das mãos de Ginny e beijou-a castamente, olhando-a de forma sedutora. "E a senhorita, é?"

Ela juntou as sobrancelhas, sem entender nada.

Não é possível. Se não é o Malfoy, então e um irmão gêmeo perdido criado na América.

"Ginny Weasley"

"Gostaria de dançar comigo, senhorita Weasley?" Perguntou, deixando-a estupefata. Ela acenou positivamente com a cabeça, tentando chegar a qualquer conclusão lógica. "Mais uma dose. E uma cerveja por favor" Pediu ao garçom, que o atendeu imediatamente. Ele pegou o uísque e ofereceu a cerveja a Ginny.

"Como você sabe que eu bebo cerveja?"

"Estava te observando desde a hora que você entrou neste lugar."

Isso é impossível. Tão cafona. Não pode ser o Malfoy.

Lance segurou sua mão e guiou-a até a parte mais vazia da pista de dança. Chegou bem perto do seu ouvido, enquanto ela apenas dava goladas apressadas em sua cerveja. "Você é a mulher mais linda neste lugar".

Então Ginny lembrou-se de Astoria e procurou-a com os olhos rapidamente, e o que viu foi uma mulher fuzilando-a discretamente com o olhar, como uma boa moça de alta sociedade deveria fazer. Mas, claro, todos esses anos de psiquiatria não deixariam isso passar despercebido. Só sabia nesse momento que a situação estava ficando insustentável. Estava completamente atordoada.

Lance não estava sacando nada. Parecia alheio a tudo o que acontecia ao seu redor.

Então Ginny escutou um barulho chato e viu Lance tirar um telefone celular trouxa do bolso e atender a uma ligação. Ele a puxou pela mão e foram para um canto mais silencioso do clube.

"Blaise!" Ginny arregalou os olhos. Blaise? Blaise Zabini? Outro que tinha sumido da Inglaterra a mais de dez anos... "Como está meu amigo? Sério? Na Inglaterra?"

"É o Blaise Zabini?" Ela perguntou, e Lance lhe lançou um sorriso e confirmou com a cabeça.

"Estou com uma amiga do Draco aqui. Senhorita Ginny Weasley." Ele riu "Porque o Draco nunca me apresenta pra seus amigos legais? Estou numa boate chamada Identity. Que grande trote do destino, não? Não, não, não há necessidade de vir pra cá, Zabini, estou bem. Sim, estou com Astoria e Seung Jo. Quer falar com a Ginny? Ok...".

"Zabini?" Perguntou Ginny ao colocar o celular no ouvido. Era a primeira vez que utilizava o aparelho.

"Olá, Weasley. Quanto tempo. Vejo que conheceu o Lance."

"Sim, conheci, mas..."

"Você tem que tirá-lo daí." Zabini interrompeu "Tenho esperanças de que Astoria e Seung Jo não tenham conversado muito com ele ainda, mas deixa-lo aí pode causar estragos."

"Mas o que... Você está louco?"

"É sério Weasley! E disfarça ao falar isso no telefone, ele pode perceber. Lance não é muito esperto, mas você também não pode deixar na cara. É urgente Weasley, por favor! Arruma uma desculpa e leva ele pra algum lugar, não diga de jeito nenhum que fui eu. Daqui a pouco eu ligo de novo." E desligou.

A ruiva olhou para o celular, completamente confusa e devolveu-o ao dono. Olhou para Lance e sua hipótese de um irmão gêmeo de Malfoy ficava a cada segundo menos surreal. Ele apenas sorria e dançava como se não houvesse nada de errado com o mundo, mas Ginny percebeu que não podia mesmo deixa-lo ali simplesmente, depois de ouvir a urgência com que Zabini precisava da ajuda dela.

"Anda, Lance, vamos andando" A ruiva disse, puxando-o pela mão.

"Você quer ir para um lugar mais reservado, não é Ginny?" Ele sorriu maroto, seguindo-a para a porta dos fundos da boate. "Eu sei, eu também senti logo que a conheci. Nós temos pele..."

Pele? – Ginny pensou – Eca! Quem fala isso?

Ignorou solenemente o comentário inoportuno até chegar à saída. Abriu a porta e respirou aliviada o ar frio da noite de Londres. Seu alivio, no entanto, durou muito pouco porque alguns segundos depois ela ouviu uma voz rouca e raivosa gritando "É aquele loirinho ali olha!" e ao olhar para trás tinham seis caras vestidos em jaquetas de couro e colares de spikes vindo na direção de Malfoy. Ou Lance, que seja.

"O playboyzinho acha que pode sair por aí cantando a mulher dos outros..." Um dos homens riu sarcástico, chegando mais perto. Ginny tentou puxar Lance e sair correndo dali, mas ele não se moveu. "Vou te mostrar o que você ganha por mexer comigo."

Então o homem alto e forte de cabelos castanhos correu até Lance e lhe deu um soco forte no rosto. O loiro caiu de joelhos no chão e os homens de jaqueta de couro ficaram rindo alto. Desesperada, Ginny ajoelhou ao lado de Lance e levantou seu rosto. Ele estava com os olhos firmemente fechados e a boca contorcida, como quem está tendo uma tremenda dor de cabeça. Um fio de sangue escorria pelo canto direito da sua boca. Repentinamente ele abriu os olhos e lançou a Ginny um olhar fuzilante e determinado, nada como o olhar sedutor que havia conhecido há pouco.

O louro levantou-se com um sorriso sarcástico nos lábios e limpou o sangue que lhe escorria da boca no blazer azul. "Afaste-se, ruivinha", ele disse com uma voz seca antes de partir para cima do cara que havia lhe socado e entrar em uma briga com ele, revidando ferozmente. Ginny olhou perplexa enquanto os outros amigos do cara com a jaqueta de couro também iam pra cima de Lance e ele fazia seu melhor para brigar com todos os seis ao mesmo tempo. Estava indo consideravelmente bem, mas também havia apanhado um bocado já. Abriu a bolsa e já estava prestes a pegar sua varinha quando se lembrou que aqueles caras eram provavelmente todos trouxas, menos Lance, que se realmente fosse irmão ou parente de Malfoy provavelmente seria um bruxo. Mas um bruxo que com certeza sabe cair na mão.

Lance deu um soco no estômago do ultimo cara e os dois caíram no chão. Ela viu um deles se levantando de canto de olho e foi até o louro, fazendo-o levantar com dificuldade.

"Anda, corre." Ela disse, tentando puxá-lo pela mão, mas ele parecia nem conseguir sair do lugar.

"Claro que não, ruiva. Fica longe que eu dou conta desses caras."

"Você vem comigo." Ela disse firme, ainda de olho no cara que se levantava com dificuldade e ia em direção aos dois. "Você vai vir comigo. Agora."

Então para sua surpresa ele levantou sem protestar e, segurando sua mão, seguiu-a para um beco escuro próximo. Ginny, então, aparatou direto para o St. Mungus, sentindo uma pontada de culpa por deixar Alexa sozinha na boate.

O loiro olhou em volta assustado quando se viu naquele ambiente todo branco. "Wow" Ele exclamou. "Então você é como Blaise. Uma bruxa".

"É" Ela respondeu simplesmente, um sentimento de raiva daquele homem invadindo-a. Afinal, ele tinha acabado com a noite do seu aniversário. "E você não?" Perguntou, carregando-o até uma pequena sala com uma cama e vários instrumentos para se fazer curativos.

"Não" Ele respondeu, sentando-se na cama. Ginny levantou a franja loira que caía em seus olhos, vendo um corte em sua testa e um filete de sangue que escorria por todo o lado direito do seu rosto. Do outro lado havia um grande hematoma no osso de sua bochecha. Ela pegou um algodão com soro cicatrizante e começou a limpar as feridas no rosto dele. "Você é a Weasley caçula, não é?"

Era uma pergunta muito esquisita. Há algumas horas atrás ele não fazia a menor ideia de quem ela era, e parecia nem saber o que ser um Weasley significava. Agora, de algum modo, parecia reconhecê-la. Seu olhar não era mais de luxúria, e ele não estava tentando azará-la. Ele a olhava agora com algo que parecia descrença.

"Sim, sou. Lembrou-se de mim?" Agora ela estava confusa. Talvez aquele fosse mesmo Draco Malfoy, se fazendo passar por outra pessoa.

"Nunca me esqueci de você." Ele respondeu, olhando-a fundo nos olhos. Ginny se sentiu incomodada e se afastou, pegando sua varinha para curar o restante dos cortes.

"Você pode tirar sua camisa, Lance. Vou ver se tem mais algum ferimento." Ela disse virada de costas.

"Meu nome não é Lance." Ela o ouviu dizer e virou rapidamente sem conseguir esconder sua surpresa. Ele já estava sem camisa, e apesar de aquele homem ter que ser Draco Malfoy, ela não pode deixar de pensar que ele havia crescido. E estava lotado de hematomas.

Essa deve ser a noite mais maluca da minha vida.

"Não é Lance? Então, você admite ser Draco Malfoy. Porque mentiu?"

"Não menti. Não sou Malfoy também. Meu nome é John Crane." Ele a viu ficar paralisada e franzir as sobrancelhas. Ginny já ia começar o feitiço, mas o loiro segurou seu pulso e a olhou fundo nos olhos, fazendo com que ela sentisse um desconforto no estômago. Ele olhou o relógio e depois novamente para ela. "11 de agosto, às 23:30. O momento em que me apaixonei por você."

Ela ficou paralisada por alguns segundos depois puxou seu pulso, soltando-se dele.

Ok. Draco Malfoy ficou completamente maluco nos Estados Unidos. Vou indicar um ótimo psiquiatra para ele, mas Merlin me livre de cumprir este papel.

Ela riu, tentando disfarçar o nervosismo e sua confusão mental.

"Tudo bem, John. Você levou muitos socos hoje, é melhor ir para casa e descansar, ok?" Ela disse, pegando um jaleco e colocando-o por cima do vestido preto. Não podia ficar andando pelo hospital daquele jeito.

"Você é médica?"

"Sim. Sou psiquiatra."

"Isso não é nada bom" Ele concluiu, e Ginny preferiu apenas ficar em silêncio e não puxar mais assunto com ele. Sabe lá que loucura ele iria dizer para ela agora.

"Acho melhor você ligar para o Zabini e avisar que está aqui" Ela disse quando terminou de curar a maior parte dos ferimentos. "E pode vestir sua camisa."

Ele vestiu a camisa rosa rapidamente, ainda com manchas de sangue, e colocou o blazer por cima. "Lance se veste muito mal." Observou. "Não quero ligar para Blaise. Ainda é cedo, devíamos sair juntos." Ele segurou a mão dela novamente e a puxou para fora da pequena sala, atravessando o hall do St. Mungus. Ginny percebeu todos os outros funcionários observando-a e rindo baixo, aparentemente ninguém reconheceu Malfoy.

"Me solta!" Ela pediu, tentando desvencilhar-se dele, mas John – Ou Lance, ou Draco – Recusou veemente e continuou segurando seu pulso com firmeza. Ele a arrastou até a porta e os dois saíram para a rua.

"Onde eu arrumo um taxi por aqui?" Ele pensou alto, olhando ao redor.

"Aqui não tem taxis, John." Ela disse, como se fosse uma conclusão óbvia. "Estamos no mundo bruxo." O loiro pareceu ignorar essa informação e continuou andando.

Ele está louco. Vamos acabar em apuros andando no meio das ruas a essa hora da noite e aparentemente ele não vai me deixar ir. Uma hora era Lance, um homem jovial e garanhão, tentando me seduzir como se nunca tivesse me visto na vida. Foi naquela hora, quando ele caiu no chão depois de levar o primeiro soco que o brilho em seus olhos mudou de repente. Ele levantou-se como uma outra pessoa, mais frio, por um lado, e me olhou como se já me conhecesse. Mas não era Draco. Nenhum dos dois homens era o Malfoy mimado e egoísta que conheci no colégio. Nunca vi um caso desses antes, mas acho que sei o que está acontecendo. Zabini precisa busca-lo o mais rápido possível. Eu preciso mantê-lo seguro até lá. Vou ter que leva-lo para casa.

Ela aproveitou que John Crane se recusava a soltar seu pulso e virou para ele, segurou forte no seu braço, e simplesmente aparatou para casa.

"Você não pode ficar fazendo isso quando bem quer, ruiva. Sabe muito bem que podemos ter problemas" Ele disse quando apareceram no apartamento.

"Por quê? Você por acaso é trouxa?" Ela perguntou, jogando-se no sofá de sua sala aliviada por finalmente livrar seu pulso do aperto dele. John foi até a geladeira e abriu-a sem permissão, pegando duas latinhas de cerveja e jogando uma para Ginny, que aceitou de mal gosto.

"Já te disse que eu sou" Ele respondeu dando um gole.

"Mas Malfoy não é. Acho que não vou me meter em problemas."

"Hm, Malfoy? Eu não tenho nada a ver com esse cara." Ele pareceu detestar a comparação.

"Ah, mas eu acho que tem sim." Ela riu, provocando-o de propósito. "Acho que você é Draco Malfoy."

Os olhos de John faiscaram e ele se jogou repentinamente no sofá ao lado da ruiva. Chegou seu rosto bem perto do dela e Ginny pôde ver as minúsculas linhas azuis em suas íris cinzentas.

"Nunca esqueça meu olhar." Ele disse "Alguém com esse rosto e esse olhar só pode ser John Crane. Não se esqueça disso." John levantou sua mão e tocou o rosto de Ginny. Ela não conseguiu se mover e todo o seu corpo ficou quente, a cerveja em sua mão parecendo gelada demais e deixando seus dedos dormentes. Então, para sua surpresa, ele fechou os olhos com força e colocou as duas mãos na própria cabeça, puxando seus cabelos, e dando um urro de dor. Um segundo depois seu corpo mole caiu no colo de Ginny que, sem saber o que fazer, levantou seu rosto e começou a dar tapinhas, numa tentativa de fazê-lo acordar.

Acorda, acorda, por favor. O que eu faço? O que está acontecendo?

Então, ele abriu novamente os olhos.

"Weasley?" Gritou, com os olhos arregalados e uma voz de escárnio.

"Q-quem? Quem é você?" Ela perguntou, ainda mais confusa que antes.

"Como assim quem sou eu, sua estúpida. Draco Malfoy, é claro. O que diabos eu estou fazendo aqui?"