Naruto não me pertence!
Essa é a primeira fanfic que eu tive coragem e posto aqui. Já escrevi outras em comunidades (ex. orkut) e outros sites, mas como tenho pouco tempo acabei abandonando por um período.
Voltando agora com esse triângulo amoroso. Algumas considerações:
1. Se houver leitores e uma resposta positiva pretendo continuar, postando semanalmente - sempre que possível.
2. Quando for POV, vai estar escrito no começo do capítulo.
3. Universo Naruto, personagens um pouco alternativos - mesmo assim tentarei seguir o personagem.
4. Explicações no final do capítulo com as citações.
Sem mais delongas, boa leitura.
Capítulo O1 - Prólogo
(Capítulo narrado pela Sakura)
"Não há amor, sem dor,
Não há sentimento, sem renúncia,
Não há ninguém que exista
Sem amar,
Sem amor,
Sem calor,
Sem dor,
Não há dias que não passem,
Não há tempo que desgaste
Aquilo que está em destaque
Um olhar, um sonhar, um pensar..."
Nascer do sol. Não sei ao certo o porquê, sei apenas que essa hora do dia é a minha preferida. O sol é esplendoroso, com suas cores majestosas dominando o céu. Por isso, cá estou eu, esperando o seu nascer, no final da noite. Perdi o sono, após mais um terrível pesadelo envolvendo o Sasuke. Afinal, ultimamente está se tornando rotina.
Não que eu não pense nele, ou não lembre dele. Ainda mais depois de rumores sobre um possível namoro dele com a tal da Karin. Não que eu odeie a jovem ou ela tenha me feito mal, não é isso, mas o ciúme é inevitável. Ela está ocupando um lugar que eu sonhei a vida toda que fosse meu. Minha suspeita e temor se confirmou quando Naruto, todo cauteloso e apreensivo, veio conversar comigo para me contar após um expediente no hospital. Suspeitei que havia algo de errado, Naruto se entrega fácil. Foi melhor ter sido ele, meu irmão, meu melhor amigo, mas não que assim tenha doido menos.
Naruto cresceu e amadureceu absurdamente nesses últimos anos. Parece que aquele garotinho está lá dentro dele, em algum lugar, mas mesmo assim agora é um homem. Forte, alegre, persistente, indestrutível. Esse é o Naruto. O próximo hokage e o maior ninja de todos os tempos. Surpreendentemente, foi um dos que mais me apoiou, ajudou e até aconselhou nesses anos. É por isso que tenho um apreço imenso por ele.
Agora, olhando os primeiros raios do sol, lembro de tudo que já passei pelo Sasuke. Foram anos esperando, procurando e me guardando em vão. Perdi a conta de quantas vezes imaginei uma vida juntos, com filhos, clã, netos e até cachorros. Minha paixão começou infantil, na infância. Não tinha certeza do rumo gigantesco que tomaria, e de fato tomou. Eu era mais imatura e infantil que hoje – posso dizer – mas isso não tira a magnitude do sentimento.
Isso me fez ser forte, me fez querer ser forte. Me ajudou, me motivou. Cresci, lutei, mas sofri e chorei. Por isso cheguei onde cheguei, sou uma jounin reconhecida mundialmente, uma das melhores médicas de todo o mundo ninja, se não a melhor – com apenas 22 anos.
Mas em algum momento do caminho, parei de querer ser melhor por ele, passando a lutar por mim. Tsunade-shishou me disse que amor próprio é o primeiro e último amor, e o mais precioso, e esse foi um dos ensinamentos mais marcantes dela.
Sasuke foi o início de tudo, meu pontapé para correr atrás de algo e ser melhor. Mas ele não é o Sol, eu sou o sol. Então, chega. Chega de chorar, chega de sofrer. Esperei anos e anos por ele, e ele está namorando. Eu ainda o amo? Claro, e vou amar por muito tempo ainda. Ele vai casar com a Karin e não tenho mais chances? Outra dúvida cruel.
Me dói pensar isso. Dói como mil kunais enfiadas no meu coração, dói como a pele em carne viva, dói mais do que é humanamente impossível. Mas a partir de hoje não vou mais me lamentar. Não quero mais chorar. Vou viver única e exclusivamente por mim. Tenho amigos, pais e colegas maravilhosos. Amo essa vila. E é assim que será daqui em diante.
Pensando em todos os meus amigos, o quanto suas vidas seguiram, e a minha estagnada. Neji e Tenten, Temari e Shikamaru, e até Hinata e Naruto começaram um romance – finalmente Naruto acordou e percebeu o mundo e a linda jovem apaixonada por ele. Quero seguir a minha vida também. Claro, não vou sair correndo por ai, pedindo em casamento o primeiro indivíduo do sexo masculino que aparecer na minha frente, muito menos me jogar nos braços do Rock Lee – maldade a minha, mas não, não é assim. Uma hora ou outra, alguém irá suprir esse espaço no meu coração. Eu espero, eu preciso que seja assim. A minha romântica interior incorrigível não pode acabar sozinha criando gatos.
Me perdi em pensamentos e deixei passar alguns momentos desse céu lindo, sem nuvens, agora já com o sol poderoso e espaçoso no meu campo visual. O sol é lindo, e eu sou o sol.
Com esses pensamentos, sai do telhado da minha casa, onde até há pouco estava bebericando chá verde com hortelã, limão e gengibre. Tenho mais alguns minutos antes de precisar ir para o hospital, o único evento importante do dia é uma reunião marcada com a hokage, a shishou, cujo assunto ainda não foi revelado.
Voltando ao quarto, arrumei a cama desarrumada da minha noite perturbada, fui a cozinha fazer o meu desjejum com torradas, ovos e suco de laranja, lavando a louça e organizando o aposento. Tomei um longo e demorado banho de banheira, me perdendo em pensamentos sobre como posso melhorar os meus dias e parar, pelo menos um pouco, de pensar em quem está comprometido e não liga a mínima para a minha existência.
É inevitável. É inevitável não pensar no Sasuke. Não pensar na última vez que nos vimos em batalha, quando ele queria matar Naruto e, pior, matar nós dois. Mesmo que eu o xingue, numere todos os seus defeitos em uma folha quilométrica, não adianta. Então, certo, eu o amo. Mas só.
Mais uma vez perdendo minutos com meus pensamentos, sai do banho rapidamente, escovando os dentes e colocando roupas normais e confortáveis para o dia. Arrumei uma pequena bolsa com roupas de batalha e alguns instrumentos importantes, armas e poucos medicamentos e ervas, caso após a reunião precise sair em missão.
Dando uma última olhada na casa, fechei tudo e sai em direção ao hospital. Encontrei Ino saindo da floricultura, deve ter passado dar um beijo em sua mãe, e fomos caminhando até o hospital.
Ino, incrivelmente, é minha melhor amiga. Depois de tanta rixa infantil e infundada pelo Sasuke, cabelo e coisas bobas, nos tornamos melhores e unidas como irmãs. Ela também está solteira, outro fato que nos aproximou bastante. Ino enxugou minhas lágrimas inúmeras vezes, assim como eu as dela, após o compromisso assumido de Shikamaru e Temari. Ino, secretamente, amava o Shika, chegaram até a ficar juntos em uma festa em Konoha, porém, após alguns dias surgiram boatos e o namoro se concretizou com a ninja da areia. Ela me entende como ninguém mais.
A loira é uma boa pessoa, e eu espero que ela também encontre alguém que a faça feliz. Além de ótima ninja, ela também é médica, então trabalhamos juntas dentro e fora do hospital. Ino e Shizune são meus braços esquerdo e direito no hospital, as duas me ajudam muito, já que após a shishou se aposentar fui indicada como médica-chefe. Aceitei o cargo porque sabia que elas me ajudariam, e muito.
Após conversar trivialidades e ela me informar as fofocas de salão de beleza de Konoha, típico da minha amiga curiosa, nos despedimos e fomos para alas diferentes. A manhã foi calma. Nenhuma grande ocorrência, uma criança que engoliu um corpo estranho, uma senhora com anasarca¹, um jovem com uma fratura exposta de fêmur e atendimentos comuns em geral. O único fato intrigante foi o aperto no peito no meio de uma consulta, tão forte que parei o atendimento e perdi a noção de lugar por segundos. Não sei o motivo, mas não é um bom presságio.
Nunca é.
¹anasarca = edema generalizado, geralmente é grave, pode envolver problemas renais, hepáticos, e decorre de extravasamento de líquido no espaço extracelular.
É isso, primeiro capítulo mais reflexões mesmo, pra introduzir a história e os personagens.
Se alguém leu, espero que tenha gostado. E deixe seu joinha e opinião.
Beijos.
