Quando ele tinha 12 anos, ele não esperava que a sua melhor amiga, um dia, se tornasse a sua esposa.

E, quando conheceu a Atena, não esperava que ela aceitasse isso facilmente.

É, ela não aceitou, mas ele ainda estava vivo, o que já era um consolo.

E, quando ele planejava em chegar em casa, naquela noite, não esperava ver aquela situação.

— Annabeth? — perguntou, cautelosamente.

A loira aproximou-se rapidamente dele, fechando a porta, e tampando a boca dele.

— Cale a boca! Elas vão escutar! — ela sussurrou.

— Elas quem? — Percy perguntou, no mesmo tom.

O estremecimento e os olhos assustados dela responderam a pergunta dele.

— Calma! Deixe que eu resolvo isso! — ele disse, tentando pegar o inseticida das mãos dela.

— Não! Você não enxerga como eu! — choramingou Annabeth, protegendo a lata nos braços.

— Então me mostre onde estão! — pediu.

— Você não vai enxergar!

O cheiro de inseticida e produtos de limpeza eram sentidos, possivelmente, desde o lado de fora. Ele suspirou, desistindo.

— E o que você sugere? — ele perguntou, cansado.

— Você já tentou... Leva-la a um psiquiatra? — sugeriu Sally.

Eles tinham ido até a casa dela, pois Annabeth insistiu em chamar um dedetizador.

— Minha mulher não é louca! — Percy defendeu-a.

— Não digo isso... Ela precisa perder esse medo — ela disse, calmamente.

— Você não entende... Ela passou uns maus bocados, ainda mais quando deu de cara com Aracne.

— Eu não digo que ela não sofreu com isso. É claro que sofreu! Ninguém adquire fobia sem motivos... Mas ela deveria enfrentar isso. Fazer alguma terapia... Não é normal, Percy! Vocês estão fora de casa por causa de uma ara...

— Não diz o nome! Ela vai escutar, e surtar.

Sally levantou uma sobrancelha, como se dissesse "está vendo?".

— Mãe... Deixe que eu cuido disso! — disse Percy, desconfortável.

— Ela vê apenas uma, e enxerga milhares de outras! — insistiu a mãe.

— Ela tem um olho biônico! — defendeu-a.

— Percy! Isso é paranoia! — exclamou.

Eles ouviram passos vindos da sala, e voltaram-se para fazer o lanche, aparentando normalidade.

— O que é paranoia? — perguntou Annabeth, entrando desconfiada.

— Não sabe o significado de uma palavra? — Percy arriscou uma brincadeira, fazendo com que ela lhe desse um tapa no braço.

— Sobre o que falavam? — insistiu, ajudando-os.

— Que Paul tem todos os motivos do mundo para não lhe emprestar mais o carro — retrucou Sally, rindo.

— Eu já tenho carteira! — exclamou Percy.

— E um péssimo sentido semideus — completou Sally, sorrindo cúmplice para Annabeth — Fiquem quanto tempo precisarem. Tenho que terminar de escrever...

Antes de sair, ela fez uma careta para Percy, que ignorou.

— Está tudo bem? — Annabeth não parecia convencida.

— É claro! Por que não estaria? — ele sorriu amarelo.

Aquela era uma verdade: ele nunca teria coragem de contradizer Annabeth. Sempre era motivo para discussão, onde ele quem saía prejudicado.

E o sofá da sua mãe não era muito confortável para que ele dormisse...