Disclaimer: Saint Seiya - The Lost Canvas pertence a Masami Kurumada e Shiori Teshirogi

N/A: Olá pessoal! Faz bastante tempo que eu queria escrever essa história, mas só agora consegui colocar as ideias no Word. E, bem, estou dedicando esta fanfic de presente à Gigi_Aika, uma fofa que se declarou uma fã do casal, e que graças a ela me animei a colocar esta fic para fora de minha cabecinha pensante xD Então eu espero que essa história agrade a todos que a lerem. Beijos e boa leitura. Até as notas finais.

Sinopse: No dia seguinte ao aniversário de 20 anos de Sasha, a jovem Deusa acorda com uma fixa ideia em mente: partir em uma viagem junto com Kardia, para mais uma vez relembrar de quando viajaram juntos quando ela era apenas uma criança, e graças a ele despertou seus poderes divinos. Porém a intervenção de Sísifo e Carbella pode fazer com que Kardia desperte outro tipo de sentimento na linda Divindade.


Capítulo 1 – Viagem

O enorme salão do Templo Principal estava um verdadeiro caos. Copos, pratos, guardanapos de pano e restos de comidas doces e salgadas estavam espalhados pelo chão como se um furacão tivesse passado pelo local. Os cacos das nobres louças quebradas também cobriam o chão como um verdadeiro cenário de destruição. O cheiro de bebida alcóolica estava entranhado por toda a parte, pois os servos ainda não tiveram tempo para limpar toda a bagunça, visto que a festa acabara a poucos minutos, e todos foram em busca de um merecido descanso após a comemoração, que só terminou quando o dia amanheceu. Sasha, a nobre Deusa Atena do século XVIII, acabava de completar seu 20º aniversário.

Exausta, a jovem Divindade repousou em sua enorme cama no Templo de Atena. Confortavelmente acomodada, a garota sonhou. As imagens que apareceram em sua mente eram de longas colunas de concreto. Um lugar vazio, sem calor e sem amor humano, onde ela se sentia triste e solitária. Chorava inconsolável, lamentando a despedida de seu amigo e seu irmão, que deixara em um país longínquo. Desesperançosa, ela derramava lágrimas incontáveis de seus lindos olhos grandes e verdes. Quando a própria pequena achava que não havia mais nada que importasse naquele mundo, seus olhos da cor da esperança que já perdera vislumbraram uma bela visão.

O nobre tecido esvoaçava com a força do vento, revelando uma silhueta masculina que trajava uma reluzente e imponente Armadura Dourada. A cauda do Escorpião que lhe adornava a cabeça chamou a atenção da garota, e indo atrás do jovem, ela puxou-lhe a capa. Ouviu gritos e reclamações por parte do rapaz ranzinza, que comia despreocupadamente uma maçã enquanto caminhava. A irritação do Escorpião Dourado acabou fazendo com que eles embarcassem em uma aventura que Sasha jamais esqueceria em sua vida. E agora, com seus 20 anos de vida, a jovem mulher queria ir novamente até aquele lugar onde ela despertou sua divindade graças àquele rapaz mal-humorado que ela admirava e gostava tanto. Também lembrou-se de quando Kardia quase morreu por sua causa, e do medo imenso que sentiu com a ideia de perder seu amado amigo.

Horas depois, por volta de 11 da manhã, a doce Deusa despertou de seu sono. Tomou um banho longo e relaxante. Vestiu uma calcinha vermelha simples, com tecido semelhante ao de um biquíni, que cobria pelo menos metade de suas nádegas e um sutiã de igual cor. O conjunto de lingerie foi lhe dado por Yuzuriha no dia anterior, como presente de aniversário. Naquela época esse tipo de vestimenta era novidade, e Sasha já sendo uma adulta não haveria nenhum problema em aceitar tal presente. Ela olhou-se no espelho. Colocou a mão por debaixo dos próprios seios, empurrando-os para cima. O bojo do sutiã proporcionava uma boa sustentação a eles, e a garota gostou do resultado final. O fechamento do sutiã era na parte da frente, bem no meio do decote. Sentia que alguma coisa estava diferente em si mesma. Estava se sentindo mais adulta, mais mulher, mas ainda assim, ela sentia que alguma coisa lhe fazia falta. Algo que a transformasse em uma mulher de verdade, uma mulher completa, porém ela não sabia o que era, apenas sentia um vazio quando pensava nisso. Voltou a se admirar frente ao espelho. Era, de fato, uma menina linda. O corpo esbelto, porém, torneado, era mesmo digno de uma Deusa. A pele alva e macia, as curvas arredondadas, os grandes e belos seios, a boca rosada e perfeita, os longos e lisos cabelos arroxeados, e os olhos verdes chamativos e penetrantes... tudo isso fazia da Deusa Atena um conjunto perfeito de uma obra desenhada pelo mais poderoso dos Deuses: Zeus. Colocou seu costumeiro vestido branco de alças, cujo decote valorizava ainda mais os vastos seios, cujo nobre e encorpado tecido não permitia transparecer a vermelha roupa de baixo. Ela rapidamente foi até a janela, onde passou a admirar a paisagem. Passou alguns minutos assim, até que resolveu ir para o seu trono. Sentada com seu báculo, Atena estava alegre à espera de Sage e Sísifo, a quem mandara chamar a poucos minutos.

— Atena-sama, bom dia. – Disseram juntos.

— Bom dia Sage, Sísifo. – Respondeu com um sorriso e seu sempre tom doce e amável.

— A Senhorita está se sentindo bem depois da festa de ontem? Não está cansada? – Questionou o Mestre.

— Não. Dormi feito uma pedra e estou me sentindo perfeitamente bem. – Respondeu com outro sorriso.

— Fico imensamente feliz que esteja bem, Atena-sama. – Sísifo mencionou em reverência.

— Mas por que nos chamou aqui?

— Eu irei explicar a vocês assim que a terceira pessoa chegar.

— Terceira pessoa? – Indagou o Sagitário.

— Sim. E eu espero que ele chegue logo.

— Mas não me diga que é o...

O Guardião da Nona Casa foi interrompido com o barulho da porta e de sandálias sendo arrastadas pelo chão. Kardia adentrou o local de qualquer jeito. Vestia uma camisa clara totalmente encardida pelo tempo e amarrotada, calças de igual cor e sandálias nos pés. Os cabelos estavam bagunçados e ele os esfregava, bagunçando-os ainda mais com uma das mãos, enquanto ostentava uma maçã na outra. Seu rosto parecia amassado, já que provavelmente ele acabara de acordar. Sua expressão era de tédio e chateação, já que visivelmente sua única vontade era continuar dormindo. Sage e Sísifo olharam o rapaz perplexos, sem acreditar que ele havia se apresentado diante de Atena naquele estado.

— Saco...! Mas o que é tudo isso, afinal? Que ideia é essa de inventar uma reunião bem depois de uma festança como a de ontem à noite? Um jovem da minha idade precisa dormir pelo menos doze horas seguidas para se recuperar de um evento como este, sabiam? – Falou chateado, dando uma mordida desajeitada na maçã que trazia.

— Kardia... seu maldito! Como se atreve a aparecer desse jeito e ainda falar assim diante de Atena-sama? – Sísifo esbravejou.

— Tá de sacanagem... – Disse baixo e amolado. — "Desse jeito" como? Minha cabeça está no mesmo lugar de sempre: em cima do meu pescoço, assim como meus braços e pernas. Queria que eu viesse como? Voando, ou que eu deixasse minha cabeça em casa? Desculpe, filhinho, mas o emplumado aqui é você. Parece piada me acordar a essa hora da madrugada para ter uma reunião com o emplumado. Só pode ser brincadeira! Cadê a câmera escondida? – Respondeu debochado e ainda mais incomodado.

— Madrugada? Já é quase meio-dia! Você já deveria estar de pé com os cabelos alinhados e sua Armadura impecável, para depois pensar em se apresentar diante de Atena-sama. – Repreendeu.

— Aaaaarrrrrrggggggg cala essa boca, galinha depenada! Aliás, galinha emplumada, melhor dizendo. Não tem nada melhor para fazer do que ficar enchendo o meu saco? – Rebateu irritado.

— Desgraçado! Já estou de saco cheio desse seu comportamento relaxado, imprudente e completamente mal-educado! – Falou nervoso, levantando a voz.

— Tá, tá... vê se para de berrar porque eu não sou surdo. – Disse cínico, enfiando o dedo dentro de um dos ouvidos. — É a Sasha quem deve reclamar de mim e não você. Você não é meu superior, então faça o favor de comer suas próprias penas e morrer engasgado com elas.

— "Sasha"? Como se atreve a se referir à Atena-sama de forma tão desrespeitosa? Chamá-la por seu nome humano é ultrajante. Desculpe-se imediatamente!

— Sísifo... seu filho da...

— CHEGA! – Sage gritou, impedindo que Kardia ofendesse seriamente o Sagitário.

— Mas que inferno, viu... já não basta ter que aturar essa pomba gira como meu vizinho, ainda tenho que ver a cara dele numa reunião a essa hora? – Reclamou novamente.

— Calado, Kardia de Escorpião! Acaso não me ouviu?

Sasha observou toda a discussão quieta, segurando fortemente sua vontade de cair na gargalhada, enquanto Sísifo ostentava um sorriso velado em seus lábios ao ver Kardia levar um sabão do Mestre.

— Não se preocupe, Sísifo. Todos sabemos como o Kardia é. Não fique chateado com ele. – Amenizou a Deusa.

Uma veia saltou na testa de Sísifo. Como Sasha pode permitir tamanho abuso? O Sagitário não se conformava, e agora era a vez de Kardia conter um riso abafado e sua vontade de debochar do companheiro de armas.

— Mas, Atena-sama... não podemos permitir que este... este indivíduo... se comporte de forma tão abusiva.

— Atena-sama, acho que Sísifo está certo. Kardia anda passando dos limites, e está mais do que na hora de ele receber uma punição exemplar pelo seu comportamento desnaturado. – Concordou Sage.

— Podem se acalmar? Eu não chamei ninguém aqui para discutir ou ser punido. Eu os chamei aqui para pedir um favor ao Kardia e para deixar vocês dois cientes disso.

— Um favor? Mas o que você quer de mim agora, Sashita? Nem me venha com essas missões sem graça de escoltar burros, por que...

— "Sashita"? Como se atreve? Seu...

— Chega, Sísifo! Deixe Atena-sama continuar. – Interviu Sage.

— Obrigada. É algo muito simples. Quero partir em uma viagem com o Kardia. – Disse sem rodeios.

— O QUÊ?! – Sísifo esbravejou em resposta. — Atena-sama, isso é um ultraje! Não pode simplesmente sair em uma viagem com esse irresponsável. E se algo acontecer? Como esse inútil vai protegê-la? Ele é totalmente inepto. – Protestou.

— Vá se fuder, Sísifo! Eu já estou cheio das suas provocações. Quem é você para dizer que eu não sou capaz de proteger a Sasha? Sou um Santo de Ouro tanto quanto você. É você que não tem capacidade pra isso, por que você não passa de um engomadinho que é guiado pelo dever. É só a missão que lhe interessa. Que se dane se ela é a Deusa Atena! Pra mim ela é apenas a Sasha, e eu vou protegê-la por que ela significa muito pra mim! Então faça o favor de bater essas suas asas de galinha e voar para a puta que te pariu! – Declarou aos gritos.

As palavras de Kardia deixaram Sage, e Principalmente Sísifo com a cara no chão. Sasha se conteve para não chorar. Nunca duvidou que seu amigo tinha um carinho especial por ela, mas jamais imaginou que ele escancararia isso tudo em público, como acabara de fazer.

— Mas Senhorita, poderíamos saber do que se trata essa viagem? – Perguntou Sage.

— Claro que sim. Trata-se de uma promessa.

— Promessa?

— Kardia... você esqueceu a promessa que fizemos à Carbella?

— Carbella... – Disse, colocando o indicador sobre o queixo e olhando para cima, tentando se lembrar. — Carbella... AH!

— "Prometam que virão me visitar quando esta linda garotinha tiver se tornado uma bela mulher."

Kardia se lembrou das palavras de Carbella como uma espécie de raio em sua mente, e ao olhar rapidamente para Sasha, pôde ver mais uma vez a face da linda e assustada garotinha de anos atrás.

— LEMBREI! Já faz mesmo muito tempo, não é, Sashita? Mas por que resolveu ir até lá tão de repente?

— É que ontem, enquanto comemorava meu aniversário de 20 anos, eu senti que deveria vê-la de novo. Carbella me ajudou muito quando eu estava confusa. Eu era uma criança medrosa e tinha muito receio do meu destino, e ela me ajudou a ver as coisas com mais clareza com o seu apoio. Estou com muita saudade. Queria que você me levasse até ela de novo.

— É claro que a levo com o maior prazer. Vou adorar dar uns cascudos naquela mulher metida de língua grande. – Disse às gargalhadas.

E assim, Sasha e Kardia partiram em sua viagem, deixando um Sísifo furioso e um Sage inquieto. Foram de carruagem para que o caminho não fosse tão longo, e se divertiram e brincaram por todo o trajeto como duas crianças. Não levou muito tempo até avistarem a Taberna de Carbella. Sasha deu um rápido salto da carruagem, e entrou correndo no estabelecimento em busca da bela anfitriã. O local estava repleto de homens mal-encarados, sujos, suados, uns verdadeiros brutamontes. Ao verem tal Bela Dama adentrar, olharam pasmos para a incrível beleza e imponência dela. Kardia entrou logo atrás, e percebendo como os homens nojentos e bêbados a olhavam, ele logo fechou a cara, e com o ferrão do Escorpião já materializado em seu indicador, ele rapidamente se manifestou.

— Olha aqui, bando de imbecis! Nem pensem em encostar sequer seus olhos em cima da Sasha. Ela é um ser muito superior a vocês. Se tem amor as próprias bundas, nem cheguem perto dela! – Intimou.

Acuados, e já sentindo um brilho avermelhado vindo do olhar afiado de Kardia, os homens disfarçaram, e passaram a ignorar a presença dos dois viajantes. Carbella saiu da cozinha, e sem saber de quem se tratava, anunciou um alegre "bem-vindo". Tamanha foi sua surpresa quando viu Kardia, mas estava tão espantada com a moça a sua frente, que nem deu bola para o rapaz de olhar desafiador e energia contagiante. Seus olhos brilharam ao vê-la.

— Essa moça... que linda! Não me diga que você é...

— Sasha, Carbella. Sou eu, a Sasha.

— Aquela menininha linda, tímida, insegura e tão tristinha, que veio parar aqui por causa da irresponsabilidade desse idiota aí do lado? – Disse direta, ignorando a presença do rapaz.

— Ei! Não precisa me xingar assim na cara! Eu também estou aqui. Não está me vendo não? – Reclamou.

Ignorando a pirraça do Escorpião, a exuberante mulher passou por fora do balcão e foi até a dupla. Pegou o rosto de Sasha com as duas mãos e olhou bem para a garota, orgulhosa em ver como ela havia crescido e se tornando uma lindíssima mulher, como ela sabia que seria. Sorriu para ela, e depositou um terno beijo no rosto da jovem, que sorriu de volta. O mais impressionante foi o que aconteceu em seguida. Ela deu meia volta e fez o mesmo com Kardia, beijando seu rosto, fazendo o rapaz corar violentamente. Sasha sentiu um choque dentro de si ao ver a bela mulher beijando seu amigo. Sem perceber, fechou a expressão, num misto de incômodo, e por que não dizer, raiva. Carbella notou de imediato a reação da Deusa, e rapidamente se separou de Kardia.

— Ei... ei! O que pensa que está fazendo? Acha que pode chegar e ficar me beijando desse jeito? Para beijar o papaizinho aqui tem que pedir permissão, tá bom, ô Dona Abusada?

— Dupla de desalmados! Sabem quantos anos eu esperei pela visita de vocês? Sasha, você está linda. Bem diferente daquela garotinha insegura. Dá para ver que agora você realmente se tornou uma Deusa poderosa e decidida, ao passo que o Kardia, pelo visto continua sendo o mesmo irresponsável e imaturo de sempre.

— Tsc...! – Resmungou, fazendo um rápido movimento com os lábios. — Já que as duas dondocas vão resolver se unir para falar mal de mim, prefiro deixá-las sozinhas. Eu vou ficar do lado de fora. Fui!

E sem dar tempo para que elas se manifestassem, o belo saiu. Olhou para uma carroça encostada na parede da Taberna. Tirou uma maçã da pequena bolsa de lado que trazia consigo, e sem demora começou a degustar a fruta. Um pouco cansado, Kardia se jogou de qualquer jeito na parte de trás da carroça, e por lá ficou deitado comendo sua maçã. Sentiu algo "molhado" em seu rosto, e lembrou-se do beijo de Carbella. Esfregou a mão na face para se limpar, e ficou irado ao ver sua mão suja de batom.

— Mas que inferno! Só me aparecem loucas. Além de me agarrar do nada, ainda me suja de batom. As mulheres de hoje em dia não se dão o respeito mesmo. Se eu desse mole, ela me estuprava. Pois coitada dela se pensa que vai conseguir algo com o gostosão aqui.

E enquanto Kardia reclamava sozinho, Carbella expulsou todos os clientes duvidosos de seu bar, e decidiu dar prioridade as suas visitas naquele dia. Levou Sasha para o seu quarto ao cair da tarde, onde conversaram sentadas na cama tomando chá, como há muitos anos atrás.

— Ainda estou impressionada com você. Se tornou uma linda e imponente mulher.

— Você também está muito mais bonita. Eu nem acredito que estamos aqui conversando de novo.

— Sei que não é nada fácil, mas como está a sua vida de Deusa?

— Está cheia de sacrifícios, responsabilidades e muita dor. Acho que só nós mesmos podemos entender o tamanho da dor que sentimos no meio dessa guerra. É por isso que precisamos aproveitar ao máximo todo e qualquer segundo de paz que tivermos, pois nunca sabemos quando iremos morrer.

— Eu posso imaginar, minha querida. Mas como está a Sasha humana? Sendo uma mulher tão linda, com certeza não devem faltar pretendentes.

— Pretendentes?

— Claro que Sim. Por acaso nunca teve um namorado?

— Namo... Rado? – A moça se envergonhou com a pergunta ousada, e no mesmo instante a imagem de Kardia invadiu a sua mente, deixando Sasha ainda mais vermelha.

— Mas por que está tão envergonhada? Ou vai dizer que com 20 anos ainda é virgem?

— Ah... Ehrr... Eu... – A Deusa tentava falar, mas sem sucesso.

Carbella perdeu a noção por alguns instantes. Sendo Sasha uma Deusa cheia de preocupações e responsabilidades, como acabara de dizer, como ela iria querer que a moça vivesse como uma garota normal? Ao dar-se conta da burrada que disse, ela achou por bem se desculpar.

— Olha... eu sinto muito. Esqueça o que eu disse, tá bom? Eu sei que você não é o tipo de jovem que esteja livre para desfrutar das felicidades humanas. Fui uma estúpida por falar tantas besteiras. Não fique chateada comigo.

— Não, Carbella... A verdade é que você está certa. Eu sinto que falta alguma coisa para que eu seja uma mulher de verdade. Todos que olham para mim devem enxergar uma mulher feita, mas dentro de mim eu sinto que falta algo. Algo em minha humanidade.

— Como se apaixonar, por exemplo?

— Apaixonar? Não... acho que não deve ser isso. – Disse vermelha.

— Minha querida... não precisa se sentir insegura. – Falou carinhosa, tomando as mãos da menina. — O amor é uma coisa tão bonita. É algo tão maravilhoso, que vale a pena ser sentido, ser vivido. Talvez esse vazio que você esteja sentindo deva ser porque já se apaixonou, apenas não percebeu isso.

— Será? – Respondeu temerosa.

— Mas não se preocupe. Seja o que for, apenas deixe acontecer. Não tente negar o que sente a si mesma. Preste bem atenção, e perceberá que o amor pode estar mais perto do que você imagina.

— Será mesmo que se trata disso?

— Provavelmente sim. Mas e o Kardia?

Sasha ficou vermelha, roxa, azul e todas as outras cores possíveis com o comentário. Por que diabos ela estaria falando justo do Kardia? Engasgou-se com o chá que tomava, e acabou dando uma bela cuspida pela janela, que por pouco não acertou a cara de um bêbado que passava.

— Ka... Kardia? Bem, você sabe... somos grandes amigos. Você mesma viu por tudo que passamos.

Para Carbella restou apenas rir do embaraço da garota.

A noite chegou de forma rápida. Enquanto as duas belas conversavam no interior do bar, Kardia acabou adormecendo na traseira da carroça. Um símbolo antigo de cor dourada surgiu no rosto dele exatamente no mesmo local onde Carbella o beijou minutos atrás. Uma forte luz dourada tomou conta de seu rosto, e um raio cortou o céu, desaparecendo em seguida. A luz do raio voltou e atingiu diretamente o corpo de Kardia, que acabou acordando. Os olhos do jovem rapaz, antes azuis, assumiram um intenso brilho dourado. Um sorriso maligno brincou na lateral de seus lábios, enquanto ele abocanhava o que restou da maça que trazia consigo. E por ali mesmo ele ficou de olhos fechados apenas esperando, até que Sasha e Carbella saíram do bar à procura dele.

— Kardia, você ficou aqui fora esse tempo todo? – Perguntou a dona do bar.

— Coitado. Nem acredito que ele se comportou tão bem assim enquanto conversávamos. – Comentou Sasha.

— Eu apenas dormi um pouco. – Disse ele, ainda de olhos fechados.

— Então foi isso... mas vamos entrar. A Carbella vai trazer uma comida bem gostosa para a gente, não é?

— Sim. Venham, meus queridos, vamos ter um jantar maravilhoso.

O Escorpião finalmente se levantou de onde estava, e num movimento rápido, ficou bem na frente de Carbella. Abriu os olhos lentamente e a atraente mulher ficou chocada ao ver os olhos dele mudarem de cor. Sem dar tempo para ela reagir, Kardia envolveu seu braço pelo pescoço dela, e colocando os dedos por dentro dos cabelos da moça, tomou seus lábios de forma possessiva e avassaladora. Carbella arregalou os olhos como nunca antes, sem entender absolutamente nada do que se passava. Sasha não podia acreditar no que via, e só conseguia sentir um mar de lágrimas escorrer pelo seu rosto.

— Kardia... por que...?

つづくcontinua...

Então, amores, gostaram da primeira parte deste pequeno conto? Eu pretendia fazer uma one, mas conforme ia escrevendo, percebi que ficaria muito grande para uma one e achei por bem dividir esta pequena trama em dois capítulos. O que será que deu no nosso amado Escorpião Dourado? Coitada da Sashita... o que será que ela vai fazer depois disso e como a Carbella vai reagir?

Nota: bom, eu sei que em pleno século 18 a gente não tinha roupas íntimas como temos hoje em dia, por isso, escrever LC é um pouco delicado por conta desses detalhes de época, sendo assim, vamos imaginar que o conjuntinho vermelho e pequeno da Sasha já existia naquela época só para deixar o Kardia feliz kkkkkkkkkk

Até o próximo capítulo. Beijão!