Chame de perseverança.
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Albus teve de morrer para que os planos e interesses da Ordem não fossem afetados. Tudo pelo bem da bruxandade, é claro. Mas será isto permanente? Não, não. Não para um animago fênix. Pense bem. ADMM.
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Capítulo I
Pesar e vitória.
O tempo, a distância, a desesperança, podem destruir um relacionamento, corromper um desejo, uma paixão, apagar até mesmo a dor da saudade. Contudo nada, nada pode contra o amor e a amizade verdadeiros. E ela ainda o amava, mesmo depois de tanto tempo, mesmo depois de tudo que se passou. Ela ainda pensava nele. Por vezes ela olhava o céu noturno, o luar, as estrelas, e se lembrava dos momentos que passaram. Ele havia sido um grande homem, um grande bruxo, uma grande pessoa. A mulher tinha tido esperanças, demorou a se convencer da morte dele. No entanto, aconteceu, e algo como isso não pode ser mudado.
Ele estava morto. O seu grande amor estava morto, e com ele tinha ido muito dela. Minerva não era a mesma. Gostaria de poder vê-lo mais uma vez, uma única vez que fosse. Quanta falta lhe fazia, seu amor e seu amigo, seu companheiro. E o pior de tudo era quando lhe vinha à mente o fato de que jamais havia aproveitado realmente a oportunidade que teve do modo que gostaria de ter feito. Sentia na alma a dor do arrependimento. Deixou de falar tantas coisas a ele e agora era como se sentisse isso de modo tão pesado e duro que não havia como não sofrer e se martirizar a todo momento em que lembrava de Dumbledore.
Quanta saudade e quanta dor. Só lhe restava esperar que o tempo e desesperança pudessem realmente apagar a dor da saudade e da falta. Ela sequer pensava em admitir aos outros o quão difícil lhe estava sendo continuar, entretanto, diante da melancólica sensação que crescia dentro de seu peito, ela tinha de admitir a si mesma. Estava mais difícil do que imaginou que seria.
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Consideravelmente longe da presença da mulher, uma nova vida pulsava. Lá o ar estava gelado e seco. O som do vento soprando as folhas das árvores era o único que ressonava. O sol alto provia luz, mas não calor bastante para dissipar aquele frio cortante que fazia. Um par de pequenos olhinhos passou pelo grande e abandonado castelo, depois pela floresta proibida, pelo lago, pelos campos e pelos jardins. Ah, quanta saudade e quanta solidão! Que vazio era aquele que tomava conta de seu peito? Onde estava a Hogwarts a qual dedicou tantos dias de vida? E onde estavam os velhos e bons amigos? Ele se sentiu tão carente e tão sozinho. Não sabia dizer há quanto tempo estava ali, naquele aconchegante ninho, farto das mesmas ervas e verdes. Mesmos cheiros, mesmas cores, mesma falta que fazia sua antiga vida.
"Talvez esta seja a hora." pensou, "Eu devo voltar. Quero voltar.". E assim, decidido, concentrou-se na velha animagia e seu corpo mudou. Abandonando o ninho, as penas, o bico, as patas, tudo deixou de ser o que vinha sendo. Então ele tinha pernas, pés, mãos, dedos, cabelo, e olhos humanos. Ele era um homem, ou talvez quase. "Eu estou tão pequeno." pensou de modo levemente infantil. E estava, de fato, correto. Era extremamente jovem, e estava agora nu, desprotegido, exposto a um tempo desfavorável. Fazia tanto frio. Sentiu seu corpo tremer. Estava em pé, mas não se sentia seguro o bastante para assim continuar. Dois pequenos passos para trás, em tropeços, o colocaram encostado no tronco de uma grande árvore, sobre a qual estava seu aconchegante ninho. Trabalho zeloso de Fawkes. "Está tão frio..." pensou, instintivamente jogando-se ao chão e abraçando os joelhos, na tentativa de se proteger e aquecer. Precisava chegar ao castelo. Sentia-se tão indefeso.
O som de asas batendo, e um pio familiar, fez com que o pequeno sorrisse. "Fawkes". Ela piou novamente, reconhecendo-o e aproximando-se. "Por favor, me ajude." pensou sem nada dizer, estendendo as mãos para a ave. A fênix compreendeu, e ainda no ar, batendo as asas, estendeu a pata para que ele se segurasse, e ele o fez. A gentil ave, supondo que seria difícil para ele se segurar por tempos, se desfez em fogo, sumindo e aparecendo dentro do castelo, levando consigo a criança.
No momento seguinte o cenário era outro, estavam dentro de um quarto muito elegante...e abandonado, e fechado, apesar disso ainda aconchegante e evidentemente familiar. O pequeno não precisou falar para que ela compreendesse sua gratidão, uma vez que esta estava estampada naqueles dois pequenos olhos azul-celestes.
Os joelhos deixavam rastros na indesejável camada de poeira que cobria todo o piso, enquanto engatinhava como podia, de modo pouco hábil. Sabia onde encontrar o que precisava. Poção do envelhecimento. Infelizmente não se pode envelhecer 150 anos de uma vez, mas com a poção que já havia deixado preparada, poderia ganhar uns 15, ou, com sorte, pouco mais. Em um primeiro momento, seria suficiente. As pequenas mãozinhas jovens encontraram o frasco certo em meio a outros objetos distintos, e depois de abrir, o menininho bebeu todo líquido, cujo sabor era particularmente suave.
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- Que tal estou, minha cara? - perguntou um muito-jovem ruivo de olhos muito azuis à uma imponente fênix.
O rapazote ria-se diante do espelho. Desafortunadamente ainda estava sem varinha, consequentemente sem controle sobre sua magia. Contudo, ainda sentia necessidade de se vestir adequadamente, e seus ajustes "à moda trouxa" de suas antigas roupas estavam se mostrando um pouco infelizes.
- Eu sei, estraguei mais esta, entretanto ao menos agora me serve. Seja como for, não importa realmente a aparência das vestes. Ninguém vai me ver tão logo, Fawkes.
A fênix piou brincalhona, divertindo-se quase tanto quanto o adolescente Albus. O rapaz não conseguia se acostumar com a face tão jovem e os cabelos tão ruivos. Fazia tanto tempo desde sua última passagem pela puberdade que não podia deixar de achar graça em si mesmo.
- Você tem razão... - disse, voltando-se a Fawkes, com ar de quem não acreditava no que via refletido naquele espelho - Eu não tenho nenhum charme sem barba. Sinto-me tão... estranho. Convenhamos, nem pareço eu. - então ele sorriu. No fundo não sentia nada mais além de satisfação por estar ali. Era uma vitória que os planos tivessem tido tanto sucesso, afinal, desde o começo reconheceu que seria extremamente arriscado. Ele havia conseguido. Estava vivo, depois de sentir a morte invadindo cada célula de seu corpo, ele estava vivo. Estava renascido. Era fantástico.
Continua.
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n/a: reviews? por favor, eu gostaria.
