Despedida de Solteiro
"Hinata foi contratada para ser a moça que sai do bolo numa despedida de solteiro, mas coisas muito estranhas acontecem e ela acorda nua, num quarto desconhecido e junto com o noivo."
Adaptação da obra de Karen Kelley.
Disclaimer: Uchiha Sasuke não me pertence, mas eu pertenço a ele, e é tão prazeroso quanto.
Capítulo 1.
Uma sardinha prensada numa lata teria mais espaço do que ela dentro daquele enorme bolo de papelão, pensou Hyuuga Hinata. E se, por acaso, nunca saísse dali?
Gotas de suor porejavam pelo rosto abaixo, e as gotículas, como contas de cristal, inundavam seu peito e deslizavam entre os seios. Ela sorriu, arqueou o traseiro e alisou a frente de seu traje contra os seios.
— Ai! — gritou quando uma das falsas moedas de ouro feriu sua mão.
Outro assunto que queria discutir com Juugo: ele não mencionara aquela fantasia quando a contratou. Aliás, havia muita coisa ainda para falar a respeito.
A fantasia consistia em pequenos pedaços de seda vermelha nos lugares estratégicos e gaze quase transparente que escondia os outros. E uma porção de ridículas moedas de ouro. Todas as vezes que ela se movia, as benditas moedinhas tilintavam como enfeites chineses que vibram ao vento.
— Você está pronta? — uma voz estranha sussurrou.
— Sim. — Não, não realmente. — Eu devia estar em casa, assistindo tevê. — murmurou ela. — Exceto que não tenho televisão.
— Silêncio — recomendou-lhe a voz.
Como se o solteiro daquela noite não fosse suspeitar que alguém estivesse dentro do falso bolo de papelão de três andares. Só se fosse muito tolo. Ela não teve tempo de ponderar sobre tal pensamento quando a caixa começou a rolar.
— Ei, devagar — gritou Hinata quando uma tábua bateu no seu quadril. O bolo parou com um solavanco. Sua cabeça bateu contra o lado do sufocante artefato de papelão. Ela passou a mão na testa para massageá-la.
— Desculpe-me pela parada abrupta — declarou a voz. — Baterei no bolo três vezes. Será a dica para você pular fora.
Dentro do exíguo espaço do interior do falso bolo, ela ouviu portas se abrirem, seguidas por aplausos vigorosos. Ela não havia feito cálculos matemáticos. Dallas, Texas, adicionado à festa de despedida de solteiro e álcool, significava problemas pela frente. Talvez devesse ter considerado aquele trabalho mais cuidadosamente.
O dinheiro a receber pelo serviço extra parecia tão bom que ela não pensara em nada mais. Não que pudesse voltar atrás. Contas tinham que ser pagas.
Toe... Toe... Toe...
Não havia tempo para se preocupar agora. Hinata empurrou a tampa do megabolo.
Nada aconteceu.
— Você deve sair agora — a voz sussurrou com urgência.
— Não posso — replicou ela.
— Então, Suigetsu, você a amedrontou? — gritou alguém. Hinata cerrou os dentes e empurrou com toda sua força. A tampa saltou e caiu no chão com um baque surdo. Que maravilha poder respirar novamente!
— Da maneira que Suigetsu gosta de doce, talvez ele a conserve para si mesmo — alguém falou. Uma risada geral ecoou pela sala.
Talvez ficar dentro do bolo não fosse tão má idéia, agora que podia respirar.
— O que há de errado?
O pobre rapaz parecia frenético. De qualquer modo, ela duvidava que Naruto quereria pagá-la para ficar dentro do bolo. Hinata tentou ficar de pé, mas suas pernas não cooperaram.
— Minhas pernas estão dormentes. Não consigo me mexer.
Mãos a seguraram e puseram-na de pé. Um trilhão de agulhas alfinetavam suas pernas. Ela as esfregou enquanto o olhar varreu a sala precariamente iluminada.
Havia talvez vinte pequenas mesas cobertas com toalhas brancas. Ela calculou duas dezenas de homens, os olhares fixados nela. Tranquilizou-se quando viu duas garçonetes movendo-se entre as mesas.
— Sorria.
Em vez de sorrir, fixou o olhar nos olhos de um deus louro. Se um homem pudesse ser descrito como bonito, ele era a própria imagem desse homem. Parecia ter vinte e dois anos, pelo menos quatro anos mais novo do que ela.
Automaticamente, Hinata baixou os olhos para depois focalizá-los em volta da sala cheia. Quase deixou de vê-lo. Sua visão mudou para uma das colunas existentes na sala e para a pessoa encostada nela.
Se o louro a seu lado pudesse ser chamado de luminoso, aquele outro sujeito poderia ser chamado de obscuro. Ele a fazia lembrar-se de uma nuvem carregada de eletricidade prestes a produzir um relâmpago ou trovão. Hinata tinha a impressão que ele a mirava com intensidade. A expressão do rosto era de enfado e mau humor.
Se ele não queria estar numa despedida de solteiro, por que viera?
Ela tremeu. Nenhum sorriso. Nenhum calor. O homem sombrio lhe deu um certo nervosismo. Estampando um vasto sorriso na face, ela voltou a atenção para a pequena multidão ali em frente, fazendo algazarra.
— Então quem é o sujeito de sorte?—perguntou ela com voz clara.
— Não sei se ele tem sorte, mas o homem que vai se casar está ali.
Hinata olhou para o lugar que ele apontara. Óculos com armação de tartaruga e um sorriso bobo. Nada de espetacular, mas alguém encontrara boas qualidades nele, uma vez que estava casando-se. Se ao menos não estivesse sentado tão perto do "homem sombrio". Alguma coisa naquele sujeito a incomodava.
Ela reprimiu o sentimento. Com um elaborado gingar dos quadris, saracoteou pela sala, a fim de ficar na frente do indivíduo que eles haviam apontado e iniciou sua dança rotineira. Risadas encheram a sala. Mortificada, imaginou se poderia engatinhar até uma das mesas e esconder-se por baixo da toalha branca. Um pensamento tentador, só que o deus louro já estava apressando-se em sua direção.
— Não ele — disse o louro com um toque de exasperação. — Ele — continuou, apontando agora em direção ao "homem sombrio".
— Você só pode estar brincando — pensou ela em voz alta.
O homem obscuro veio em sua direção com o cenho cerrado.
Quem em seu juízo perfeito se casaria com um sujeito com expressão tão severa? Ele parecia estar num velório e não na sua festa de despedida de solteiro.
Uma mão no meio das costas de Hinata empurrou-a, até que ela ficou na frente dele. Um calafrio de apreensão a dominou quando fitou os seus olhos ônix. Mais pareciam duas lâminas de aço, prontas para feri-la. Ela deveria ter pedido mais dinheiro a Juugo pelo serviço.
Sentindo um aperto na garganta, engoliu a seco. Nem sequer um esboço de um sorriso na face do homem.
Vagarosamente, ele a mediu de cima a baixo. Hinata sentiu sua pele ficar quente, depois fria. Ele levantou a cabeça e seus olhos se cruzaram. Ela já vira aquela espécie de olhar antes.
Ela crescera em Marlow. Como a maioria das cidades interioranas, havia "panelinhas formadas". Cada um tinha seu próprio grupo. Exceto Hinata.
Sua avó a criara, e o cheque de Seguro Social que recebia mal dava para as despesas da casa e educação da neta. Mas a velha senhora lhe dera muito mais do que o dinheiro podia comprar: muito amor e um forte orgulho irlandês.
Hinata nunca tolerara qualquer tipo de zombaria na ocasião e não era agora que iria tolerar. Olhou-o com silencioso desafio. Tinha um trabalho a fazer. Com um leve movimento da cabeça, atirou seus cabelos negro-azulados para trás. Uma sobrancelha grossa ergueu-se como se ela tivesse ousado evocar uma outra emoção nele, além de enfado. Erguendo as mãos acima da cabeça, ela começou o ritual da dança. A sala ficou silenciosa, exceto pelo som ritmado das castanholas.
Lentamente, ela começou a mover-se, os quadris ondulando para um lado, enquanto a parte superior do corpo movia-se para a direção oposta. Braços esticavam-se para o lado, sempre batendo as castanholas, hipnotizando.
Alguém ligou o toca-fitas que Juugo providenciara. Música erótica encheu a sala. Fechando os olhos, Hinata deixou a música dominá-la como uma chuva leve num dia de primavera. Tornou-se uma parte da música, não mais consciente do homem.
Cada vez mais rápido, o compasso ficou alucinante e ela o acompanhou freneticamente. Seus cabelos esvoaçavam de forma sensual, e quando este curvava, chegavam a tocar seus quadris como a carícia de um amante.
Pés descalços rodopiavam pelo exíguo espaço no meio da sala. Seus lábios entreabriram-se com sensualidade. Hinata despejou todas as emoções nos movimentos rítmicos, e quando a música parou, caiu no chão, o peito arfando pelo esforço.
Primeiro o silêncio, depois o aplauso atroador.
Ela levantou a cabeça e encontrou o olhar do homem que iria se casar. Suor gotejava na testa dele, mas, em vez de triunfo, ela sentiu uma pontada de medo. Os olhos negros refletiam um desejo escaldante. Isso fez a pulsação dela acelerar-se. Sua única vontade era correr dali o mais rápido que pudesse. Em vez disso, virou-se de costas para ele, pegando o drinque que alguém lhe pusera nas mãos. A boca de repente estava seca e ela procurava restabelecer a respiração.
Sorveu um gole do líquido. Chá gelado. Exatamente o que precisava. Bebeu todo o copo e outro apareceu magicamente.
Depois de quatro copos, não mais deu importância ao que aquele homem obscuro pensasse dela. Na verdade, a sensação de formigamento que sentira quando os olhos de ambos se cruzaram fora provavelmente por causa do ar frio que envolveu sua pele depois que terminou a dança rotineira.
Ela olhou da mesa para o louro. Que belo jovem. Tão diferente do "homem sombrio". Hinata imaginava que ele não sabia sorrir. Estendeu a mão para pegar o copo com chá, mas a mão resvalou. Então deu uma risadinha, sem graça.
— Que espécie de chá é este, afinal de contas?
Sua língua estava tão grossa que quase não podia falar, e o teto da sala girava.
O louro sorriu e entregou-lhe outro copo cheio.
— Chá Long Island — gritou ele através do som da música alta. Engraçado, ela nunca ouvira falar na marca.
Hinata tomou outro gole e depois olhou em volta, franzindo o cenho quando não viu seu adversário, não que se importasse se ele já houvesse ido embora. Todavia, não pôde evitar se perguntar por que se sentia um pouco desapontada quando não o viu.
— Parece que o sujeito que vai se casar saiu cedo, de modo a estar pronto para o grande dia amanhã — disse ela. O louro lhe contara anteriormente que o casamento seria no próximo dia. — Acho que é hora de eu partir, também.
Os outros homens haviam se dispersado nos seus próprios pequenos grupos, todos a ignorando, enquanto o louro parecia monopolizá-la. Aquela era a despedida de solteiro mais misteriosa e esquisita em que ela já estivera. Pensando melhor, era a única.
Ela levantou-se da cadeira onde estivera bebericando o chá. A sala começou a girar violentamente. Então voltou a sentar-se.
— Você está bem?
— Sinto-me meio estranha. Completamente tonta.
O louro lindo chegou e ficou na sua frente, a expressão preocupa da. Ela piscou duas vezes e depois esfregou os olhos, que estavam embaçados.
— Deixe-me ajudá-la — ofereceu ele.
Pegando sua mão, Hinata levantou-se. As pernas bambeavam.
— Acho que é melhor levá-la de carro para casa.
— Isso não é uma má ideia. — Ela não podia imaginar por que se sentia daquele jeito. Somente bebera chá gelado. Será que pegara uma gripe?
Colocando o braço em sua volta, ele a conduziu para a porta.
— Não me sinto bem — murmurou ela.
— Cuidarei de você — disse o louro que se apresentou como Naruto. Ela sorriu, deixando-o carregá-la para fora, em direção ao carro. Por alguma razão, seus pés não queriam cooperar.
A corrida de carro não era longa, apenas alguns minutos, o que pareceu um pouco estranho, uma vez que ela levara tanto tempo para chegar à festa quando viera. Não que estivesse preocupada. O louro fora gentil e educado demais para ser um perigo iminente.
Ele até mesmo a ajudou a caminhar até a porta do apartamento. Hinata não podia recordar-se que sua casa tivesse elevador.
Tantas coisas estranhas estavam acontecendo naquela noite. Um solteiro que não parecia prestes a casar-se. A sensação que ela tivera quando olhara nos olhos dele.
Sua atenção voltou ao presente no momento que o louro encostou-a contra a parede. Sorrindo, ela correu uma mão sobre o papel de parede.
— Olhe, eles mudaram a cor — comentou ela, sentindo-se escorregar para os lados, mas ele a segurou. — Obrigada, muitíssimo obrigada.
— Hora de ir para a cama.
Sim, era uma boa idéia, pensou ela quando ele a conduziu em direção ao quarto. Seus olhos estreitaram-se quando tentou focalizá-los no ambiente. Podia jurar que seu quarto era em outra direção.
Ele empurrou a porta com os pés para abri-la.
— Cuidado com a cadeira—disse ela quando eles entraram. Então riu. Não havia cadeira alguma. Mas quem se importava? Nada parecia importar agora. E claro, se ele acendesse a luz, ela provavelmente poderia ver. O quarto estava tão escuro que Hinata quase não podia achar a cama, e quando a distinguiu vagamente, esta oscilava como se boiasse na água.
Mãos fortes ajudaram-na a sentar-se na cama. Presilhas e botões foram desabotoados e a fantasia magicamente desapareceu.
Ela ouviu uma respiração forte perto da orelha, mas o som não foi reconhecido pelo seu cérebro confuso.
— Ele pode não me agradecer amanhã, e você provavelmente jamais me perdoará, mas não posso deixá-lo cometer o maior erro da sua vida. Algumas vezes, o irmãozinho aqui tem que resolver as coisas com as próprias mãos.
Hinata não tinha a mínima idéia sobre o que o homem estava falando e realmente não se importava. Sua cabeça caiu sobre o travesseiro. Instantaneamente, os olhos se fecharam. Ela aconchegou-se debaixo das cobertas enquanto a porta foi cerrada.
Em algum momento durante a noite, o lençol desapareceu.
Embriagada, completamente grogue, ela virou-se, o corpo avançando devagar em direção ao calor que irradiava do outro lado da cama, só parando quando o calor a envolveu, aquecendo, não só seu corpo, mas sua alma também.
Sonhos sensuais se seguiram. Um depois do outro. Em vez do louro bonito, o homem moreno e obscuro invadiu seu mundo, o corpo grande acoplando o seu. Mãos procurando e acariciando. Corpos suados movimentando-se para encontrar desempenho erótico. E quando seu clímax chegou, Hinata soube que nunca experimentara nada de tamanha magnitude antes.
Na manhã seguinte, Hinata acordou com uma deliciosa sensação invadindo todo seu corpo. Abriu os olhos, mas o brilhante raio de sol imiscuindo-se através da janela fez sua cabeça girar. Ela rapidamente fechou os olhos para afastar os raios injuriosos, enquanto o sentimento eufórico de apenas um minuto atrás desaparecia.
Meu Deus, sentia-se como se tivesse sido atropelada por um trator. O que acontecera na noite anterior? As peças de um xadrez começaram a se formar na sua mente. O louro continuara a lhe dar chá, insistindo que aquilo a faria sentir-se melhor. Uma suspeita começou a se delinear. Ótimo! Ela caíra no mais velho truque do mundo. Fora uma tola. Imperdoavelmente tola.
Calor irradiava-se por todo seu corpo, enquanto mais memórias dos sonhos eróticos que tivera durante a noite invadiam-lhe o cérebro.
Mas o louro... não, é claro que não. Era educado demais.
Um gemido masculino, seguido por um movimento no outro lado da cama, a fez voltar-se, ofegante. Eu o matarei, pensou encolerizada quando ficou cara a cara com olhos negros.
Continua...
Eu simplesmente não resisti a essa história! É uma supercomédia! Muito gostosa de ler e bem curtinha também. Espero que gostem. Postarei conforme as reviews, para não pesar muito para mim mesma. :)
Quem quiser conhecer uma de minha autoria, recomendo Senhora Fada, que está lá no meu perfil.
Beijos.
