Suspirei pesadamente.

Nesse momento me via como uma criança de 12 anos. Sempre espiando, sempre espreitando seus movimentos; sempre achando isso terrivelmente pecaminoso, mas nunca me importando realmente.

Eu tinha certeza que você sabia que eu o seguia, mas você nunca me impediu, nunca me repreendeu, então simplesmente continuei.

Eu também tinha certeza que você sabia sobre meus sentimentos por você. Mas isso, infelizmente, você também ignorava.

Apesar de vê-lo pela manhã e pela tarde praticamente todos os dias, eu sempre sentia sua falta. Nunca conseguia suprir meu desejo de me encontrar, pelo menos, perto de você, e por isso eu o seguia (quase) secretamente.

Nunca lhe falei "na lata" sobre meu amor por você, pois o medo de perder a pouca confiança que eu conquistara era grande.

Mas você sabe... um dia eu teria que tomar uma atitude drástica. E eu tomei.

Declarei-me pateticamente a você e sua única reação foi ficar em silêncio e prosseguir seu treinamento.

Seu silêncio me sufocava, me magoava. Você, por acaso, era humano?

Algum tempo depois descobri que sim, você era humano. Descobri da forma mais dolorosa.

Eu estava realmente ferida com o gelo que você havia me dado quando lhe falei que o amava, então diminuí a freqüência com que eu o seguia. Assim, no meu tempo livre, eu simplesmente me trancava em casa ou caminhava solitária pela vila. Foi em uma dessas caminhadas que eu o avistei de mãos dadas com uma das garotas que seu tio insistia em jogar pra cima de você. Claro... ela devia ser membro de um dos principais clãs da Folha, não? Você sorria pra ela, sorriso o qual nunca mostrou pra mim, por mais que me esforçasse para merecê-lo.

Então você me viu. Sei que poderia imaginar a minha surpresa ao vê-lo acompanhado, mas não podia imaginar a minha dor. Vi uma sombra de piedade perpassando seus orbes perolados.

Então era somente esse o sentimento que eu despertava em você? Dó, pena, compaixão por eu ser uma garota tão fraca, tanto de corpo quanto de alma?

Tentando reprimir as lágrimas, apenas dei meia volta e me dirigi até minha modesta casinha. Como romântica e dramática que eu era, chorei escondida por semanas, mas como orgulhosa, escondi o que se passava dentro de mim.

No fundo, apesar de meus 20 anos, eu era mesmo só uma criança carente do seu carinho e de sua atenção.

Freqüentamos os treinos normalmente, mas sinceramente, aquilo estava me ferindo ainda mais. Queria que soubesse o quanto me magoou, o quanto me entristeceu. Para ser mais exata, você me matou.

Mas apenas continuei. A saudade era uma faca no meu peito. Saudade de quê, especificamente, não sei. Apenas sei que te perdi definitivamente, e isso me corroeu.

Não vou implorar para que você abandone sua namorada, não vou me arrastar por apenas um beijo seu.

Realmente, queria que você soubesse todo sofrimento que me causou, para que futuramente não ferisse outra coitada. Mas apenas silenciei, não querendo deixá-lo com remorso. Vou tentar sobreviver com a idéia de que você já não poderá mais ser meu.

Você me quebrou, me deixou em ruínas, mas ainda te amo.

Por isso, quero que seja feliz com sua escolha, mesmo não sendo eu e, sinceramente, espero que você não se arrependa, pois não estarei mais aqui depois de tudo o que me fez passar.

Então, Neji, apenas seja feliz. Ou tente.

x-x-x-x-x-x

Para Hyuuga Ale, sempre.