The future haunts with memories that I could never have...
Aquele sentimento era indescritível.
O corpo todo doía, e o coração de Roderich batia num ritmo lentamente doloroso. Cada pulsar tornava a dor ainda pior, e não havia nada que ele pudesse fazer.
Bem, não mais.
Apesar da dor interna, sua aparência externa ainda era a mesma. O jeito indiferente de olhar – até arrogante – estava ainda pior naquele dia. Mas apesar da aparência, ele se importava.
Colocando seu violino sobre o ombro, Roderich começou a tocar uma música diferente. Nunca havia a tocado antes. Seu ritmo também era bem diferente do que costumava tocar – era inconstante, passada de um ritmo dançante para um mais lento, então o som se tornava algo pesado.
"– Eu vou voltar, riquinho! – O prussiano falou, chamando a atenção do aristocrata. Roderich, com seu olhar indiferente, encarou Gilbert, como se perguntasse o motivo daquele comentário.
– Pouco me importa. Vá logo, Ivan não gosta de esperar."
O austríaco fechou os olhos, tentando se focar apenas na música. Sentiu uma leve brisa entrar pela janela e encher o ar com cheiro de chuva. Respirou fundo, apreciando aquele momento e guardando-o na memória.
"Aquele dia de chuva estava irritante. De manhã até de noite, tudo o que se via era água caindo do céu.
– Não consigo me concentrar com esse barulho. – O austríaco falou, passando as mãos no rosto.
– Hm, eu gosto da chuva. – Gilbert o respondeu. Como não sabia que o prussiano também se encontrava na sala, Roderich deu um sobressalto, olhando para trás em seguida. O albino o olhou de relance e, antes que ele falasse algo, continuou sua linha de pensamento – A chuva limpa o chão. Limpa das impurezas, das coisas ruins que se encontram nele. E, em tempos de guerra, limpa o sangue as pessoas que morreram nele.
Seguindo aquela linha de pensamento, sim, a chuva era ótima."
Mais um pensamento que poderia ter evitado. Seu peito deu um aperto, e sua respiração se tornou um pouco mais complicada. Essa agonia durou apenas alguns instantes, então voltou ao estado de antes.
Abriu seus olhos e olhou para fora. Estava chuviscando, pequenas gotas batiam na janela e, as que entravam pela fresta aberta molhavam o chão acarpetado. Roderich poderia ter parado e fechado a janela, mas aquela música era importante demais para que ele parasse de tocá-la – mais importante, até, do que seu perfeccionismo.
"– Saia. – Sua voz ecoou no quarto. O prussiano se virou e encarou Roderich, sorrindo de forma irônica para ele.
– O que foi? Não quer a minha presença, riquinho?
– Não. Agora saia. – O austríaco foi categórico. Mas aquela reação não intimidou Gilbert, apenas o deu mais vontade ainda de brincar com ele.
– Hey... Pra que serve isso? – Ele pegou uma caixinha que estava em cima do criado-mudo. Roderich deu passos largos até ele e tentou pegar de sua mão, falhando.
– É uma peça do meu violino. Será que você poderia me dar isso, Gilbert... Por favor? – Ele fechou a cara, tentando mostrar que não gostava da presença dele ali.
– Agora é por favor? Não estou afim. – O albino se sentou na cama, tirando a peça de dentro da caixa e a analisando.
Roderich segurou suas mãos, tentando tirar o objeto delas. Gilbert mexia o braço, tentando fazê-lo soltar, mas o que conseguiu foi tirar o equilíbrio do aristocrata, fazendo-o cair ao seu lado na cama. Assim que ele caiu, o prussiano se levantou, rindo, e jogou a peça na cama.
– Já me aproveitei demais da sua companhia. Até logo, riquinho! – Deu um último sorriso, claramente irônico, e deixou o quarto., deixando a cama desarrumada."
Dessa vez, deixou aquele sentimento nostálgico tomar conta de si. Enquanto tocava as últimas notas, sentiu como se tivesse cumprido seu objetivo. Terminou a música e continuou olhando para fora. Suas esperanças já haviam ido embora, e tudo o que sobrara daquilo era... Era... Era algo. Roderich não sabia definir, mas era algo.
– Requiem für Hope? – Uma voz conhecida perguntou. O austríaco se virou e encontrou os olhos vermelhos de Gilbert o encarando – Essa música... É a menos chata que você já compôs.
Roderich piscou algumas vezes, tentando assimilar as informações. Quando percebeu que o outro estava surpreso, o prussiano riu, se apoiando no piano.
– O que foi? Eu te disse que voltava, não disse, aristocrata?
Em resposta, Roderich apenas sorriu.
– Bem vindo de volta, obaka-san.
...But hope is just a stranger wondering how it got too bad.
Traduções: Réquiem für Hope - Requiem Para a Esperança.
"The future haunts with memories that I could never have" - O futuro assusta com memórias que eu nunca tive.
"But hope is just a stranger wondering how it got too bad" - Mas a esperança é apenas uma estranha se perguntando como isso ficou tão ruim.
Meu Deus, meu primeiro PruAus é um drama. Produção, isso está certo? Ah, tanto faz q. Ah, pra quem não sabe, réquiem é, geralmente, uma música feita para os mortos, tipo uma homenagem. E as frases usadas são da música Love Song Requiem, da banda Trading Yesterday. Não gosto muito dela, mas essas frases me chamaram atenção.
Bem, mereço reviews?~
