Nota da autora: AQUI ESTÁ A MINHA NOVA HISTÓRIA! Não faço ideia de quantos capítulos esta história terá, mas creio que será grande. Durante algum tempo farei atualizações dia sim dia não, ou de três em três dias, mas assim que o bebé chegar será apenas uma vez por semana. (Mas não se preocupem, ainda temos um bocadinho menos de sete meses até isso acontecer, haha.)

Esta história tem rating M pela linguagem, violência e obscenidades futuras.

DISCLAIMER: Eu não possuo direitos de Harry Potter, e não ganho dinheiro a fazer isto.

Nota da tradutora: Olá a todos! Espero que gostem desta história escrita pela maravilhosa Resa Aureus.

Posto isto, devo informar que apesar de esta ser uma tradução da fanfiction original escrita pela Resa, eu limitei-me a traduzir o texto, ou seja, quaisquer expressões como Death Eater, Quidditch, Grimmauld Place, Diagon Alley, e por aí fora, permanecem escritas em inglês, primeiro porque eu li os livros em português há muito tempo e não me recordo da tradução exata de muitas palavras, segundo porque em inglês fica mais bonito :DD.

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Capítulo Um: O Favor de Dumbledore

Vagueando sem destino por um corredor, Hermione admirou o quão longe Hogwarts tinha chegado em termos da reconstrução em apenas um mês. A maior parte dos pedregulhos caídos e destruídos tinha desaparecido e as paredes de pedra estavam a ser lentamente a ser reconstruídas. Deixou a sua mão percorrer o óbvio contraste entre a pedra nova e velha nas paredes enquanto caminhava agora para o seu destino.

Nessa manhã, Hermione tinha recebido uma carta de McGonagall pedindo-lhe para se encontrarem para tomar chá no antigo escritório de Dumbledore, que era agora de Minerva, tendo em conta o seu novo cargo de Diretora. Hermione rapidamente enviou uma carta de volta concordando com o local e a hora, mas o seu coração estava pesado por ter que voltar a um local que ela tanto amava e detestava.

Durante anos ela assistiu a aulas ali, fez amigos ali, metade das memórias da sua vida estavam ali. Contudo, também a morte de tantos amigos e a tristeza que veio com a guerra.

Hermione supunha que o repentino encontro com McGonagall era para discutir Harry. Harry estava crivado de culpa de sobrevivente, como a maior parte deles estavam, mas Harry não saía de Grimmauld Place há semanas. Estava a começar a tornar-se numa doença, e todos estavam preocupados, e Hermione imaginava que McGonagall não seria diferente.

Parecia que a única razão por que alguém queria encontrar-se com ela nos últimos dias era para perguntar por Harry.

Hermione chegou à gárgula à entrada do escritório e sorriu enquanto dizia a palavra-passe, "Novos começos". McGonagall era definitivamente uma das pessoas mais otimísticas.

Mas assim que entrou no escritório, a sua antiga professora de Transfiguração não estava em vista.

O escritório estava tal e qual como Hermione se lembrava dele; cheio de livros e artefactos e a casinha e o poleiro de Fawkes. A fénix estava lá empoleirada, com as suas lindas penas cor-de-fogo que abanavam lentamente, brilhando saudavelmente na luz da divisão.

"Olá?" chamou Hermione tentativamente, enquanto entrava lentamente no escritório. "Professora? Minerva, está aqui?" Verificou a nota que tinha dobrado e posto no bolso, para verificar que estava no local certo e às horas certas.

"Não te enganaste, querida, prometo-te," entoou uma voz que Hermione conhecia muito bem.

Voltando-se tão rapidamente que se sentiu zonza, Hermione olhou para o retrato de Albus Dumbledore. Dumbledore estava sentado, com o mesmo brilho nos olhos, os seus óculos de meia-lua pousados no seu nariz, a sua barba longa e branca. Ele radiava um sentido de sabedoria que Hermione sempre esperara que ela própria pudesse atingir quando tivesse cento e quinze anos.

"Professor," Hermione disse com um pequeno sorriso. "Sabe onde está McGonagall?"

"Receio que," disse Dumbledore, "Minerva esteja ocupada neste momento, fazendo preparações para a tua viagem."

"Viagem?" Hermione disse, franzindo a testa em confusão. "O que quer dizer, senhor?"

"Minerva enviou-te o convite para chá a meu pedido," Dumbledore confessou. "Não quis que parecesse um estratagema, minha querida, mas não senti necessidade de te assustar desnecessariamente antes de chegares."

A cabeça de Hermione pulsava nervosamente. "Obrigada, suponho. Mas ainda assim, senhor, que tipo de viagem? Devo admitir que estou bastante exausta de todas as viagens que tenho feito," acrescentou com um humor seco.

Até Dumbledore sorriu abertamente do seu retrato. "Suponho que estejas. Lamento dizê-lo, Hermione, mas tenho que te pedir um favor. Um favor que não posso pedir a mais ninguém - algo que só tu podes fazer. Um favor deste calibre pode mudar o rumo da história. É um favor oneroso, algo que eu não tenho o direito de te pedir, e que vai deixar-te perdida e receosa. Ainda assim, espero que compreendas porque tenho que to pedir." Dumbledore fez uma pausa. "Talvez queiras sentar-te."

Hermione sentiu o medo tomando conta dela, mas reprimiu-o e dirigiu-se às cadeiras em frente à secretária do diretor.

Dumbledore sorriu. "Talvez gostasses de te sentar na cadeira da Diretora?"

Hermione sentiu os olhos arregalarem-se, incrédula. "Mas, senhor -"

"Eu insisto, Hermione," Dumbledore disse, levantando uma mão para lhe cortar gentilmente a palavra. "Afinal, suspeito que tu te sentarás nessa cadeira regularmente daqui a algumas décadas."

Corando com o elogio e com o conceito de que alguma vez poderia ser Diretora, Hermione levantou-se lentamente e contornou a secretária, sentando-se na cadeira alta forrada a veludo. Sentar-se naquela cadeira fez com que fosse invadida por uma onda de confiança e poder.

"É brilhante, não é?" perguntou Dumbledore com um sorriso e um piscar de olho.

"Deveras," disse Hermione admirada. "Mas... senhor. O que exatamente espera que eu faça? A guerra acabou e a reconstrução começou. Tanto quanto sei não há nenhum Death Eater especialmente perigoso à solta. A única coisa que penso que possa fazer por si seria pesquisa de algo na biblioteca." Ela sorriu, porque era verdade. Ela era o rato-dos-livros, e essa era a única razão porque alguém alguma vez precisava dela.

"Vales bem mais do que pesquisas, Hermione," Dumbledore disse com sabedoria. "Tu és a única que pode completar esta tarefa, porque és muito mais que isso. És a bruxa mais inteligente da tua geração... e de muitas mais, prometo-te. Mais inteligente do que qualquer bruxa da minha geração, eu diria."

Hermione voltou a corar e sorriu.

"Hermione," Dumbledore continuou, "por favor, abre a primeira gaveta no lado esquerdo da secretária e tira a caixa de madeira de lá de dentro. Quero que a abras e que olhes lá para dentro.

Ela obedeceu, abrindo a velha gaveta e lá dentro encontrou uma bonita caixa de joalharia de madeira de cerejeira com entalhes complexos de cavalos e bailarinas à sua volta. Pegou na bonita caixa e cuidadosamente pousou-a no tampo da secretária à sua frente. Havia um pequeno fecho dourado no topo.

Com cuidado, levantou o fecho e a tampa, e dentro da caixa estava um lenço de seda castanho-avermelhado. Olhou para Dumbledore curiosamente, mas pegou no lenço e colocou-o na palma da sua mão. Ela desdobrou o lenço como as pétalas de uma flor, e lá dentro encontrou um pequeno e dourado instrumento, o qual lhe era muito familiar.

"O time-turner?" Hermione suspirou baixinho, segurando a pequena ampulheta delicadamente ente os seus dedos. Ela olhou para o antigo Diretor confusa. "Mas... senhor, o que é suposto eu fazer com isto? A guerra acabou, e sem ofensa, senhor, mas eu não quero voltar a essa altura."

Albus Dumbledore sorriu tristemente para Hermione. "Não desejo que voltes para a guerra do mês passado, minha querida. Mas sim para uma guerra totalmente diferente - a primeira guerra. Ou, mais especificamente, alguns anos antes dela."

"Receio que não estou a compreender."

"Hermione, quero que tu evites que ambas as guerras aconteçam."

Com os olhos arregalados, Hermione inspirou sobressaltada. "Mas, Professor! Interferir com o tempo é altamente perigoso e extremamente ilegal! Se eu cometesse um pequeno erro, poderia significar o Armageddon!"

Dumbledore riu-se suavemente, os seus olhos ainda com o seu sábio brilho. "Não acredito que fosses capaz de acabar com o mundo, Hermione. É exatamente o oposto, acredito que o possas salvar. A guerra está longe de acabar, sabes. Harry completou a sua tarefa, mas a vitória é inútil. Porque embora ninguém o saiba, ... existe outro Horcrux."

Com uma grande inspiração, Hermione soltou um pequeno mas horrorizado som, como se estivesse a sufocar. "Não," murmurou. "Não, não, não."

"Lamento dizê-lo, mas sim."

"O que é, então?" Hermione perguntou. "Eu encontro-o e destruo-o e -"

"Lamento, mas não sei o que o Horcrux é," Dumbledore disse, parecendo envergonhado com isso. "Apenas Tom Riddle sabe isso. Mas sei que existe outro. E como não podemos encontrá-lo, tu deves evitar que ele alguma vez o crie. Indo atrás no tempo até ao terceiro ano de Hogwarts de James Potter."

"Porquê o terceiro ano, senhor?" inquiriu.

"Porque foi o ano em que Minerva adquiriu o time-turner," Dumbledore explicou, "e o time-turner não existiria antes dessa altura, o que criaria uma situação imprevisível, até para os criadores do time-turner. Ninguém tentou experimentar. Com ele, contudo, viajarás até ao terceiro ano de James e tornar-te-ás amiga dele e de Sirius e Remus, claro. Aquele trio era absolutamente inseparável, se me lembro bem." Ele sorriu, pensando nos tempos de escola dos Marauders. Piscou o olho a Hermione. "Tal como outro trio que me é familiar."

"Mas eu serei muito mais velha que eles," Hermione explicou, tentando mostrar-lhe que este plano nunca resultaria. "Miúdos de treze anos não confiam em raparigas de dezoito."

"Olha para dentro da caixa outra vez, minha querida."

Hermione voltou a olhar para a caixa de joalharia e viu algo que ou lhe tinha escapado da primeira vez ou tinha acabado de aparecer. Um pequeno frasco, com um líquido espesso e roxo, tapado por uma rolha.

"Ao beberes essa poção," Dumbledore explicou, "a tua idade diminuirá cinco anos. Eu recomendo beberes a poção antes de utilizares o time-turner."

Ela rolou o frasco na palma da mão, examinando-o. Não parecia ser muito agradável. O líquido mexia-se como xarope no recipiente de vidro. "O que é que eu teria que fazer?" Hermione perguntou suavemente.

"Tornares-te amiga dos Marauders, teres a certeza de que eles nunca confiam em Peter Pettigrew da maneira que confiaram," Dumbledore enumerou, "e assim que for tempo... destruir todos os Horcruxes dessa linha cronológica e matar Voldemort antes que Harry se torne um também."

A cabeça de Hermione zumbia. "Mas... isso quer dizer... que nesta linha cronológica, James e Lily..." "Sobreviveriam, sim," Dumbledore confirmou.

"Sirius e Snape, também." Ela olhou para o time-turner de maneira diferente agora.

"Exatamente." O velho senhor concordou. "Esta linha cronológica tornar-se-ia sem dúvida numa muito mais feliz. Harry poderia até ter irmãos mais novos, Sirius nunca teria ido para Azkaban e talvez tivesse uma família, e Remus nunca teria perdido os seus amigos, e talvez se casasse com Nymphadora Tonks, porque ela também estaria viva."

Hermione conseguia ver todas as possibilidades à sua frente. Harry nunca teria que passar pelo inferno que tinha sido a sua vida. Nunca seria um órfão ou teria que viver com os Dursleys. Harry poderia ter irmãos mais novos!

Tudo correria melhor. Exceto um pequeno detalhe...

"Professor," Hermione disse, olhando diretamente nos olhos do homem de olhos azuis brilhantes no retrato, "há um problema. O time-turner só volta atrás no tempo, nunca para a frente. Por isso, quando completar a minha missão... como regresso?"

O brilho nos olhos de Dumbledor desvaneceu-se e as rugas da sua face tornaram-se mais pronunciadas. "Receio que a resposta a essa pergunta é muito simples... não voltarás a esta linha cronológica."

Hermione deixou que a cabeça dela tombasse para a frente com o impacto desta afirmação. Se ela aceitasse a missão, teria que permanecer naquele tempo e vivê-lo, esperando voltar a ver a sua família e amigos quando tivesse quase quarenta anos. E ainda assim, ninguém saberia quem ela era.

"Não temas, cara amiga," Dumbledore disse. "Ainda terias uma possibilidade de uma vida feliz. Desde que cumpras todas as tarefas necessárias para derrotar o Senhor das Trevas, e tenhas a certeza de que toda a gente que está viva agora, permanece viva no futuro, és livre para viver a tua vida como o desejares. Inicia uma carreira. Cria uma família. Sê feliz."

Respirando fundo e engolindo em seco, para tentar humidificar a sua garganta seca, Hermione levantou a cabeça e ergueu os ombros. "O que tenho que fazer?"

"É bastante simples. Dentro de precisamente três horas, no momento em que o relógio bater as quatro badaladas, tomas a poção e depois viras o time-turner. Na caixa de madeira está um papel com o número de voltas necessárias. Assim que chegares a Hogwarts e inicies o terceiro ano, destroi o time-turner e continua a missão," Dumbledore enumerou seriamente.

"Mas este é o último time-turner existente, desde que a Sala do Tempo no Departamento dos Mistérios foi destruída," Hermione disse, relutante em arruinar tal objeto. "Não pode cair nas mãos erradas. Vais interferir com o tempo o suficiente, não precisamos que Tom encontre o time-turner e revertamadsi todo o trabalho que conseguires realizar."

Levantando-se da secretária, Hermione colocou a poção, o time-turner e o lenço de volta dentro da caixa de joalharia, em cima do pequeno papel dobrado. Fechou o fecho dourado, e dirigiu-se ao retrato que continha um dos feiticeiros mais poderosos de todos os tempos, que tinha derrotado Gellert Grindelwald e tido um papel chave na destruição de Voldemort; estando cara a cara com Albus Dumbledore.

E ele estava a pedir-lhe que ela mudasse o tempo. Como poderia ela recusar uma missão tão essencial? Como poderia voltar a cara a fazer uma diferença, da mesma maneira que Dumbledore tinha feito?

"Mais alguma coisa, Professor?" ela perguntou.

"Sim. Eu recomendaria não levares nada contigo para além da tua varinha e dessa caixa. É uma era diferente, no final de contas. Há um segundo papel com o número que deves entregar ao meu eu passado assim que chegares. E... deves, provavelmente, ir para Grimmauld Place, para o quarto de Sirius Black quando voltares o time-turner."

Era um pedido peculiar, mas ela consentiu de qualquer maneira.

"Adeus, Professor," disse vagarosamente. "Suponho... que o verei brevemente." Ela sorriu de maneira hesitante e levantou a caixa, cumprimentando-o.

"Adeus, Miss Granger," disse ele sombriamente. "E boa sorte."

A rapariga começou a andar para a saída quando ouviu a voz do seu antigo professor dizer, "Mais uma coisa. Quando chegares ao quarto de infância de Mr. Black, sugiro que tranques a porta."

Hermione assentiu lentamente e saíu do escritório, a caixa de madeira contendo o seu futuro e passado, repousando nas suas mãos.

...~oOo~...

A convocação para uma reunião da Ordem, a pedido de McGonagall fora abrupta e preocupava muitos dos membros. Especialmente Remus John Lupin, que estava a desfrutar do final dos muitos funerais que ele tivera que presenciar. Tinha sido extremamente exaustivo e completamente deprimente e a iminente lua cheia também não estava a ajudar a situação.

Por isso, quando foi convocado para uma reunião da Ordem em Hogwarts, não conseguiu evitar estar relutante em voltar ao campo de batalha onde tinha perdido tantos companheiros e a rapariga por quem tinha estado a apaixonar-se lentamente.

Mas ele verificou o relógio; vendo que já eram três e meia, levantou-se do seu confortável lugar no sofá e dirigiu-se à rede de Floo. As chamas verdes irromperam à sua volta e quando deu por isso, estava no escritório de Dumbledore - que agora pertencia a Minerva. Na mesma divisão estavam Molly, Arthur, George, Bill e Ron Weasley, Harry Potter, Luna Lovegood, Neville Longbottom e a própria McGonagall.

"Oh, ótimo, está cá toda a gente. Olá Remus." Ela pigarreou. "Suponho que todos vocês estão a perguntar-se o que aconteceu para que houvesse uma reunião tão repentina," McGonagall começou. "Mas terá que ser agora, ou então nunca acontecerá."

Todos eles olharam para ela curiosos.

"Dumbledore, desde há muito tempo, tinha uma espécie de plano..." McGonagall iniciou a explicação.

"Desculpe, Professora," Ron Weasley interrompeu educadamente. "Mas não está aqui toda a gente. Falta Hermione." Harry acenou em concordância.

A mulher escocesa suspirou longamente. "Receio que ela é a razão pela qual estamos a ter esta reunião."

Imediatamente, todos começaram a falar com urgência.

"Hermione? O que se passa com Hermione?" Ron balbuciou.

"Oh meu Deus, ela não morreu, pois não?" Harry perguntou friamente.

"Oh, a minha querida rapariga," Molly soluçou enquanto Arthur afagava as suas costas.

"Ela está magoada?" Luna perguntou nervosamente. "Ou incapacitada? Está doente?"

McGonagall ergueu uma única mão no ar, o que fez com que todos parássem simultaneamente a conversa aterrorizada.

"Miss Granger," Minerva disse cuidadosamente, "por agora, encontra-se perfeitamente a salvo, de boa saúde e viva."

"Dizes 'por agora'," Remus disse do fundo da sala. Os seus braços estavam cruzados e ele estava inclinado sobre uma estante de livros. "Estás a sugerir que ela vai estar em perigo brevemente?" Ele estava já preocupado com a rapariga com quem desenvolvera uma relação profunda, de carinho e estima. Se alguma coisa lhe acontecesse... ele ficaria completamente perturbado.

"Possivelmente," McGonagall disse tentativamente.

"Professora," disse George, "acho que as coisas seriam consideravelmente menos tensas se parasse de falar em código." Ele tinha olheiras profundas e escuras de falta de sono e a sua cara estava muito mais magra.

McGonagall assentiu, relutante, movendo-se para se sentar na cadeira da sua nova secretária. "Dumbledore sempre teve um plano," McGonagall repetiu, "que na sequência da guerra, dependendo do seu desenlace e nas perdas, ele enviaria um feiticeiro ou uma bruxa talentosos e confiáveis atrás no tempo para evitar que tudo isto alguma vez acontecesse. Dumbledore - isto é, o seu retrato - revelou-me que existe um Horcrux final que ele não sabe o que é ou a sua localização."

Harry deixou cair a sua cabeça nas palmas das mãos, enquanto alguns se sobressaltaram e Remus encostou o punho na testa, com os olhos fechados em desespero.

"Contudo, não deverá haver razão para preocupações com a última parte da alma de Voldemort," McGonagall disse sombriamente, "porque Miss Granger irá viajar atrás no tempo para evitar que ela seja alguma vez criada."

O silêncio da divisão era espesso e desagradável, como nevoeiro revestindo-os a todos.

Remus abanou a cabeça. "Não. De maneira nenhuma. Dumbledore não criou um plano tão louco. É contra a natureza, é ilegal e nada de bom vem de interferir com o tempo. Mesmo que ele tivesse conseguido engendrar isto para além do seu túmulo, Hermione é esperta demais para aceitar uma missão-suicida como esta."

O retrato de Dumbledore disse, "Lamento, Remus, mas é tudo verdade. Falei com a própria Miss Granger há apenas algumas horas atrás. Ela aceitou a missão e vai completá-la em breve."

"Não podes fazer isto, Albus!" Remus estourou, apontando para o retrato do seu antigo diretor. "Ela é apenas uma rapariga! Uma criança! Como podes ter o descaramento de lhe pedir tanto depois de ela ter perdido tudo!"

"Ela não é uma criança, Remus," Dumbledore disse cuidadosamente. "Ela é a bruxa mais inteligente que alguma vez conheci e uma jovem mulher que sobreviveu uma guerra. Ela não é quem a estás a fazer parecer."

"Não te apercebes do que acabaste de fazer!" Remus gritou enquanto toda a gente olhava para ele com tristeza e horror. "Assinaste o seu certificado de morte! Interferir com o tempo resulta em mortes intermináveis! Pensei que eras mais inteligente que isto!"

"Também pode terminar em muitas vidas salvas," Dumbledore continuou sábio.

"Foi por isso que a enviaste ao passado?" Remus exigiu friamente. "Porque estás farto de estar morto e achaste que ela conseguia salvar a tua vida ao fazer isto?"

"Não só a minha," disse o velho e barbudo homem. "Mas muitas. James, Lily, Sirius, Regulus e toda a gente que perdemos na guerra. Certamente que isto pesa mais do que as possíveis consequências?"

"Sacrificar Hermione por todas essas vidas, é isso que estás a dizer?" Remus cuspiu, o Lobo dentro dele uivava.

"Ela pode muito bem sobreviver."

"As pessoas morrem por uma razão, Dumbledore!" Remus gritou. "Ao tomares esta decisão - achando-te Deus, uma vez mais - podes desfiar o tecido do tempo! Podemos todos acabar mortos por isto!"

"Dás algum crédito a Miss Granger?" Dumbledore perguntou casualmente, não parecendo de todo afetado por isto.

"Dou-lhe todo o crédito do mundo!" Remus sibilou. "E não te dou nenhum, por teres tomado esta ridícula e insensata decisão!" Virou-se de frente para McGonagall e dirigiu-se com passadas pesadas à secretária, batendo com as mãos na madeira e baixando-se para a olhar nos olhos. "Onde. Está. Ela?" ele rosnou.

McGonagall manteve o queixo alto frente ao lobisomem e não pestanejou sequer. "Preparando-se para a sua viagem."

"Quero dizer, especificamente!"

"Remus..." Harry disse suavemente.

"Calado, Harry!" Remus cortou-o e voltou-se para a Diretora. "Diz-me. Já."

"Não serás capaz de a parar, mesmo que chegues lá a tempo. Ela é uma rapariga teimosa e é leal a Dumbledore e à sua missão," McGonagall disse.

"Então não terás nada com que te preocupar," Remus rosnou. "Responde à maldita pergunta, Minerva."

Parecendo ligeiramente ofendida, McGonagall lançou um delicado sorriso de escárnio, mas respondeu, "Grimmauld Place. Ela desvanecerá deste tempo em menos de dez minutos."