N/A: Como vocês sabem, todos os sítios descritos aqui, como todas as personagens são pertencentes à grande escritora que nos permitiu desenvolver estas fics: JK Rowling.
Empero q gostem.
Capítulo I – A queda.
Pararam ao pé do lago. Havia tanto tempo que ali não estavam. Sabia bem respirar aquele ar novamente; o ar inconfundível de Hogwarts. Hermione olhou os amigos, as recordações passando-lhe sucessivamente pela memória, cada uma delas. As boas, as más, as especiais. Sorriu ao ver que os outros sentiam o mesmo. O entendimento sem palavras sempre fora a arma da sua amizade.
Dirigiram-se os quatro para junto do túmulo de Dumbledore. Harry foi o primeiro a sentar-se na relva, que parecia mais verde junto daquele tributo a um moribundo à muito esquecido por alguns. Ron, Ginny e Hermione seguiram-lhe o exemplo.
Ficaram em silêncio. Aliás, naquele dia não tinham dito muito… Agora que as trevas haviam desaparecido definitivamente das suas vidas, não havia muito a dizer. Limitavam-se a contemplar o mundo à sua volta, aquele que nunca antes haviam visto com os olhos de quem realmente vive.
- Agora sim, podes descansar em paz. – Disse Harry dando a mão a Ginny.
- A guerra, finalmente acabou. O mundo que querias é finalmente teu. – Deu a mão a Hermione.
Esta, ficou em silêncio durante algum tempo. Queria dizer tanto… Acabou por sorrir, mais uma vez. Um sorriso sincero e infantil, daqueles que pensava que se haviam extinguido do seu rosto.
- Foste nosso pai durante os anos que passámos aqui. Serás sempre o melhor como professor e amigo.
Ron deu uma mão a Hermione e pôs a esquerda sobre o túmulo.
- Obrigada por tudo o que fizeste por nós. E por todos.
Se a música que ouviram era real, não o sabiam. Mas sentiram dentro de si aquela melodia que as criaturas do lago haviam cantado no último dia do sexto ano em Hogwarts. Uma canção que lhes tocou na parte mais sensível do ser, e os elevou para além da linha que separa a vida da morte.
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Hermione apanhou, como sempre, o Expresso de Hogwarts que a levaria para o seu sétimo ano em Hogwarts. Dirigiu-se a King's Cross, à plataforma inexistente para muitos, à hora exacta.
Os pais, imensamente ocupados com o seu trabalho, não a puderam levar à estação. E esse foi o primeiro sinal de que aquele ano ía ser diferente. Noutros tempos, ela encontrar-se-ia ali com Ron e Harry, e iriam juntos arranjar um compartimento numa carruagem, onde pudessem contar todas as novidades de Verão. Naquele dia, porém, ela teria que fazer a viagem sozinha. Nenhum dos dois viria para a acompanhar, nem sequer para regressar à escola. Para Harry, não fazia sentido voltar. O rapaz que sobrevivera queria restituir a paz, fazer o que lhe competia. Em poucas palavras: salvar o mundo mágico. Ron, o ruivo e sardento Ron, como seu melhor amigo, não o deixou. E contra todos os pretextos de Harry para ir sozinho, Ron desistiu da escola e acompanhou-o na sua busca. A última do trio dourado, a pequena Hermione, sempre a melhor do seu ano, não quis desistir daquilo que lhe iria garantir a vida futura. Apesar de Ron argumentar que ela tinha sido egoísta, Harry tinha percebido o seu lado.
Uma campainha tocou e Hermione acordou do seu estado de hipnotismo. Se tinha lutado para estar ali, não ía desistir. Tinha que acabar o ano, tinha que continuar. Ultrapassou a parede certificando-se de que nenhum muggle a tinha visto, e vislumbrou o comboio que a levaria à escola dos seus sonhos, onde sempre se tinha sentido segura. Procurou por Ginny… Não a viu. Como poderia ver? Ginny, apesar da insistência de Harry, acabara por seguir os passos do irmão. Desistira de tudo para seguir o seu verdadeiro amor. Talvez o amor a tivesse cegado? Sentiu-se vazia. Nunca sentira tal sensação… A do amor incondicional…
Alguém lhe deu um encontrão e ela voltou de novo à realidade. Não pensou mais. Meteu-se na primeira carruagem que encontrou e aí ficou até a viagem acabar. Sozinha. Quando saiu, viu Hagrid gritar aos alunos do primeiro ano. Alguém amigo continuava por perto! O ano iria passar. Hagrid era uma presença forte e ía acompanhá-la! Passou pela multidão de alunos que se amontoava para entrar numa carruagem puxada por ninguém, ou talvez por uns animais estranhos parecidos com cavalos. Conseguiu enfiar-se numa delas, com dois rapazes e uma rapariga do terceiro ano. Olhou-os, e algo lhe pareceu familiar.
- Não, Frank! Este ano vamos ter imensas aventuras! Sabias que dizem que o Harry Potter descobriu montes de passagens na escola?
- A sério? Vamos descobri-las todas!
- Vocês deviam pensar em estudar! – Disse-lhes a rapariga de olhos muito verdes. – Tu principalmente, Bran. As tuas notas não são brilhantes!
- Emily, poupa-me! Não sou nenhum marrãozinho como tu!
Emily virou-lhes a cara não se importando com o que tinha ouvido e encolheu os ombros.
- Vá lá! – Resmungou o suposto Frank. – Emily, tu podes ser aquela, a amiga do Potter. A dos cabelos castanhos. E vens connosco descobrir tudo!
Hermione olhou o mundo fora da janela e esboçou um triste sorriso. Não se importou com o facto de a terem mencionado, ou a Harry. Pensou apenas que nenhuma aventura daquelas iria acontecer mais entre os três. Agora, era cada um por si… Ou ela por si.
Assistiu a tudo o que se passou nessa noite. À selecção dos alunos do primeiro ano, ao jantar, às palavras dos amigos que ainda ali estavam. Tudo lhe pareceu passar-lhe ao lado, como se ela fosse uma mísera espectadora da sua própria vida. Nessa noite, custou-lhe a adormecer. Quando os seus olhos se fechavam por alguns segundos imaginava Ron a ser atingido, Harry a ser morto.
Oh, como ela sentira falta daqueles corredores mutilados de alunos que se atropelavam, contentes, sorrindo, por voltarem a ver os seus amigos! Sentou-se num banco, num dos muitos jardins do castelo. O Sol quase não brilhava. Primeira aula da manhã: duas horas de Poções.
- Porquê a mim? – Murmurou para ninguém olhando o seu horário.
- Herbologia não é muito melhor… - Alguém lhe respondeu, sentando-se a seu lado no pequeno banco de pedra.
Era Luna, a rapariga dos grandes cabelos loiros e dos hipnotizantes olhos azuis. – Como foi o teu Verão, Hermione?
- Foi igual aos outros… E o teu?
- Oh, o meu foi fantástico! – E nos minutos de decorreram até ao toque, a rapariguinha descreveu q Hermione tudo o que tinha feito, as criaturas mágicas, ou imaginárias, que tinha encontrado. O único problema é q a sua ouvinte não assimilou nada do que a outra disse… Até que algo despertou a sua atenção.
- Não te preocupes, Hermione! Eles estão bem! Como poderiam não estar?
Os olhos castanhos arregalaram-se.
- O quê?
- Sim! Como poderia acontecer algo de mal ao rapaz de sobreviveu? O Ron protege-o. Não tens que te preocupar!
- Sabes alguma coisa sobre eles? Diz-me, Luna! – Hermione agarrou-a pelos ombros tentando arrancar-lhe tudo o que ela sabia. Luna, por sua vez, não se espevitou, como era costume. Fez com que a amiga se sentasse no banco e só depois lhe respondeu:
- Tens que ter fé, Herms. Fé!
Naquele preciso momento, a campainha impediu Hermione de lhe dizer que não tinha respondido à pergunta. Luna, como que extasiada pelo barulho, levantou-se, despediu-se e foi para a sua aula de Herbologia nos campos. Deixando Hermione sem saber o que pensar.
