Um pouco de cultura
Posto que, entre o pôr-do-sol do dia 31 de outubro e 1° de novembro, ocorria a noite sagrada (hallow evening, em inglês), acredita-se que assim se deu origem ao nome atual da festa: Hallow Evening - Hallowe'en - Halloween.
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Capítulo 1
A PROFECIA
31 de Outubro de 1992
Halloween. Fantasmas, bruxas, vampiros, duendes, fadas, zumbis. Todos corriam pelas ruas indo de porta em porta pedindo doces. "Gostosuras ou travessuras", eles gritavam em uníssono. Os moradores estavam sempre a postos para encher as sacolas com as mais variadas guloseimas. Eram apenas crianças vestidas de monstros ou seres místicos, buscando nada mais que diversão.
E naquela mesma noite nasceu a criança que nunca veria o Halloween da mesma forma que as outras.
Isabella Swan foi o nome escolhido por seus "pais". Humanos comuns que estavam incumbidos de criar a jovem treinando-a para o que seu futuro lhe reservava. Ela não era humana, tampouco um monstro. Era fruto da paixão proibida entre uma bruxa e um demônio. Os dois estavam mortos agora. E tudo estava acontecendo como deveria.
Ela cresceria como uma criança comum, com o diferencial de um treinamento rígido que mal lhe permitiria dormir, forçando seu corpo ainda fraco a se adaptar às mais diversas situações.
Ela tinha dez anos quando o casal que lhe criara a contou sobre a profecia.
Era noite de Halloween e Isabella não sabia o que era sair de porta em porta pedindo doces. Nunca fizera questão de passar por tal ritual "sem graça" como ela dizia aos amigos na escola. "Pedir doces não vai me levar a lugar nenhum a não ser ao dentista", ela sempre retrucava quando insistiam que ela participasse da tradição dos jovens.
Seus "pais", Charlie e Renée, estavam com a garota no porão da casa onde moravam, encerrando mais um dia árduo de treinamento, e agora sentavam no chão de cimento com um livro muito antigo que fedia a mofo. Mas eles nem precisariam abrir o livro para falar sobre a profecia que tinha tão cravada nas mentes. O fizeram apenas por causa de Isabella que nada sabia sobre ela, apesar de lutar contra demônios a mais de três anos.
- Quando sua verdadeira mãe descobriu que estava grávida, ela sabia exatamente o que isso significava. A paixão entre uma bruxa e um demônio é proibida. E ela sabia que para você viver, ela teria que sacrificar a sua própria vida. Assim como seu pai também teria que fazer. – Charlie explicava à garota que ouvia tudo atentamente. – E eles sabiam também sobre a profecia que foi feita no momento em que você foi concebida.
- O que é "concebida", Charlie? – Isabella, ou Bella, como ela insistia em ser chamada, perguntou.
- Quando seu pai plantou a sementinha dentro da sua mãe para você nascer. – Renée tentou esclarecer, seu rosto corando um pouco.
- Não é um jeito um tanto idiota de explicar, Renée? – Charlie perguntou tentando a todo custo não rir.
- Ora, o que você quer que eu diga? A garota só tem dez anos.
- Espera – Bella interrompeu a quase discussão, pegando o livro do colo de Renée e passou a folhear as páginas sem muito cuidado – Vocês estão falando de sexo?
Renée ficou ainda mais vermelha, enquanto Charlie caiu numa risada estrondosa.
- Viu? Ela não é tão inocente assim.
- Li um livro na biblioteca sobre isso há uns três meses. Parece legal. – ela comentou dando de ombros.
- É legal, mas não é para fazer agora, viu? Muito cedo.
- Vamos voltar à profecia? – Renée pediu apressada, seu rosto agora num preocupante tom de roxo.
- Então meus pais fizeram sexo e...
- E nove meses depois você nasceu. – Charlie completou ainda com um traço de riso no rosto – Há exatamente dez anos atrás. Na mesma noite que seus pais morreram.
- Certo. E a profecia?
Apesar de falarem sobre seus pais, Isabella, ou Bella, não se abalava com a morte deles. Sabia o significado que o sacrifício deles tinha e era muito grata a eles por isso. Mas nunca os tinha conhecido, então não nutria nenhum tipo de amor pelo homem e pela mulher que tinha gerado uma criança tão especial.
- Está aqui nessa página. – Renée falou, passando as folhas do livro antigo no colo de Bella, até chegar a uma que havia apenas um pequeno texto. – Leia e depois diga se entendeu.
- Ok.
"De uma paixão proibida nascerá a esperança, mas não haverá esperança sem o holocausto. Nascerá na noite onde ninguém poderá se esconder. Na mesma noite onde todos estarão ocultos por máscaras. E será nessa mesma noite, dezessete outonos depois, que ela encontrará seu destino. Sua imortalidade findará na morte do maior dos imortais. Não será ludibriada por ele e terá força equivalente. Mas não será pela força que vencerá. No fim, voltando às raízes, apenas um imortal sobreviverá."
Apesar do vocabulário estranho para uma garota de dez anos, Bella entendeu tudo que a profecia dizia. Sabia que era a ela que a profecia se referia e que ela teria que derrotar o tal imortal. O pior deles. Iria encontrá-lo no seu aniversário de dezessete anos e teria que matá-lo para sobreviver. "Apenas um imortal sobreviverá." E ela faria de tudo para ser ela a sair viva da batalha.
Bella participou de seu primeiro confronto quando tinha seis anos, quase sete. Estava voltando para casa quando teve a forte intuição que deveria seguir outro caminho. Sua intuição a levou – e a Renée que lhe acompanhava – a um beco sujo e escuro. Um demônio tinha acabado de aparecer ali e atacava um mendigo que de tão drogado nem sentia a força que o monstro fazia ao apertar seu pescoço para atrair sua alma.
Bella não pensou. Sempre fora instruída a deixar seu instinto lhe guiar e foi o que fez. Levou o polegar e o indicar aos lábios para produzir um assobio agudo – que Charlie lhe ensinara a dois verões – desviando a atenção do demônio, permitindo que o mendigo escapasse da morte.
O demônio riu ao ver o tamanho de gente que parecia querer enfrentá-lo – Bella tinha entrado no beco sozinha. Renée não era imortal como ela. –, mas seu riso durou apenas cinco segundos, tempo que Bella usou para pegar a flecha e o arco desmontável da mochila enorme que sempre carregava, disparando uma única e certeira flecha no meio da testa do demônio.
Foi seu primeiro confronto. E depois desse batalhou quase todos os dias, adquirindo muita experiência. Seu nome já era temido em alguns círculos negros. Mas apenas por aqueles que deviam algo ao mundo. Eram apenas esses que Isabella Swan caçava. Demônios, feiticeiros negros, zumbis perdidos e, às vezes até vampiros. Foram dois apenas. Os mais difíceis. E foi em uma dessas batalhas que Bella percebeu que seu grande rival era um vampiro. O único ser que tinha uma força equivalente à dela. Não tinha sido tão fácil vencer esses dois vampiros, mas Bella conseguira. Mas ela sabia que o maior dos imortais não seria assim tão fácil. Ela sabia que poderia morrer pelas mãos dele. Ele seria o único capaz de matá-la, assim como apenas ela poderia exterminá-lo.
Mas o que a profecia não dizia era que o primeiro encontro dos dois inimigos não seria dezessete anos depois do seu nascimento. Ela tinha apenas catorze anos quando o conheceu. E tinha a mesma idade quando morreu pela primeira vez.
Mas essa não é a minha história. Sou apenas uma espectadora. Talvez saiba mais do que deveria, mas não cabe a mim contar. Essa é a história de Isabella "Bella" Swan. E cabe apenas a ela contar o que aconteceu.
