Disclaimer: Não, não, esses bruxos maravilhosos não pertencem a mim, crianças... Não se enganem! u.u' A responsável pela criação deles é a Tia JK. Já a responsável pelo que eles fazem nessa fic, huhuh, aí sim, sou eu...

Aviso 1: Spoilers de DH!

Aviso 2: Slash, Yaoi, Lemon. Ou, em outras palavras, homens apaixonados uns pelos outros, se pegando em algum momento da fic, huh. Não gosta, não leia e não ouse me incomodar! u.ú Sem mais.

N/A: Epílogo? Alguém viu um epílogo no final de DH? Eu não. Huhuh. Mas vi uma das entrevistas que a JK deu depois de lançar o livro, e tomei como base para algumas coisas. (Como os Malfoy livres e as carreiras que os personagens seguem, mas alguns casamentos foram categoricamente ignorados.) A história começa cerca de um mês após a guerra. O primeiro capítulo está como POV do Draco, mas não garanto seguir um padrão. ô.o' Enfim, boa leitura.



Capítulo 1

Clouds and Wind

Abro os olhos e observo o dossel verde escuro sobre mim pelo que parece ser a milésima vez. Poderia ser o da minha cama em Slytherin, mas não é. Esse dossel que encarei continuamente no último mês é de um tecido muito mais caro e refinado do que qualquer um encontrado na casa a qual pertenci em Hogwarts. Afinal, há somente o melhor na Mansão Malfoy.

Não agüento mais analisar o maldito dossel – É como se já o tivesse feito durante toda uma vida. Conheço cada uma de suas dobras, entendo perfeitamente seu caimento. Sei exatamente onde a pouca luz reflete em cada uma das ricas pedras que o adornam, ou na prata incrustada à madeira escura que o prende, formando delicadas serpentes.

Suspeito que nunca me senti tão entediado. Pelo menos não de forma tão... Estaticamente patética. Mas esse sem dúvida é o menor dos meus problemas, no momento. Oh, sim, porque tenho um problema realmente imenso com o qual me preocupar, ainda que eu não saiba qual é. Exato, eu me recuso a saber. Recuso-me a encará-lo. No entanto, sei que ele está aqui. Implorando para ser descoberto. Esvoaçando pelo meu quarto. Como um pomo de ouro.

Oh. Uma pontada no peito. Talvez minha metáfora tenha sido infeliz. Talvez ela me lembre alguém... Não. Linha de pensamento perigosa.

Um Malfoy não deveria sentir pontadas de angústia. Sim, essa linha de pensamento soa bastante segura. Como eu dizia, por um instante, esse fato não me incomodou. Afinal, sentir uma dorzinha quebra a monotonia. Mas então me lembrei, com algum horror, que foi justamente para não ter que sentir nada que passei tanto tempo estirado em minha cama, afogado em tédio, analisando o quarto em que cresci. Agora condeno a pontada de angústia. Não preciso dela. Estar estático é seguro.

E patético para um Malfoy. Oh, não. Cale-se, maldita voz interior.

Pensando bem, parece que tenho dois grandes problemas. O que já citei vagamente, e o que consiste em evitar descobrir este primeiro. É realmente uma tarefa complicada ter de fingir que não o percebo, pairando no ar tão ameaçadoramente.

Minha mãe certa vez disse que a melhor forma de não se pensar em algo é ocupar-se com outras coisas. Mas eu discordo. Ocupar-me com o que quer que seja seria o mesmo que me distrair. E eu jamais me arriscaria a ser pego de surpresa por esse problema, que esvoaça ao meu redor na forma de uma pequena constatação. Constatação essa que eu pretendo jamais chegar a descobrir.

Mas ela está aqui. Deslizando por sobre o dossel. Escorregando pelas paredes. Rolando pelo chão. Escalando meus lençóis. Dançando no lustre. Não, me enganei. A que dança no lustre é a loucura. A constatação inconveniente está se aproximando perigosamente, andando pelo meu travesseiro e se inclinando, querendo sussurrar em meu ouvido uma verdade indesejada. Muito indesejada.

Antes que ela possa me causar danos irreparáveis, empurro-a para longe com as mãos, como quem espanta um inseto.

Registro vagamente o olhar de desaprovação que meu avô lança em minha direção de seu quadro na parede. É evidente que não há insetos na impecável Mansão Malfoy, e desconfio que ele toma meu gesto como um sinal de loucura. Acho que estou realmente preocupando o velho.

Tento revirar os olhos para provar que ainda estou no controle das minhas faculdades mentais, mas a verdade é que não encontro nem forças nem humor para fazê-lo. "Decadente", ele murmura. Creio que desistiu de mim há semanas. Ou pelo menos é o que eu espero. A última coisa que preciso é de um antepassado emoldurado delatando aos meus pais meu estado degradante enquanto durmo. Mas desconfio que ele não se daria ao trabalho.

Meus pais. Em casa, em segurança... Merlin, eu deveria estar tão satisfeito. Sei que deveria. E estou, veja bem, apesar do meu estado aparentar o contrário. Minha família está em situação muito melhor do que eu jamais ousaria sonhar para ela pós-guerra.

Está certo que os Malfoy sempre saem por cima, mas dessa vez eu realmente pensei que havíamos... Cruzado a linha. Mas não. Ou melhor, sim, mas parece que a cruzamos de volta, ou algo do gênero, e podemos ficar em paz. E eu deveria estar orgulhoso. Mas... Também não. Não é como se eu não soubesse quem foi o responsável por isso. Ou como se eu pudesse me sentir em paz o sabendo. Eu me sinto... Oh, Merlin, eu não sinto droga nenhuma. Eu não posso, não devo e não vou sentir droga nenhuma. Eu não quero... Eu não...

Se há um deus, por favor, por favor, permita-me não sentir absolutamente nada. Qualquer coisa, até mesmo o nada, é preferível a... A ter que... A admitir que...

E é então que acontece. - Bem, eu nunca acreditei mesmo que houvesse um deus. Ainda bem, caso contrário minha fé estaria terrivelmente abalada agora, e eu teria outro problema com o qual me preocupar. - A maldita constataçãozinha bate com força contra minha testa, e apesar de poder resumi-la em poucas palavras, seu peso é tanto e seu significado tão absurdamente forte e cruel para mim que sinto meus olhos encherem-se de lágrimas de dor.

Droga! Eu havia conseguido desviar dela por todas aquelas semanas em meu quarto... Não, mais que isso. Eu havia conseguido evitá-la por anos! E então, em um maldito momento de fraqueza e distração, ela me encurralou, armou o bote como uma serpente e saltou de meu dossel, atingindo diretamente o alvo. Eu.

Por um segundo, permito-me lançar um olhar fuzilante através das lágrimas ao dossel que conheço tão bem, que me acompanhou naquela fuga de mim mesmo durante todas aquelas semanas. Traidor! Conspirador!

Mas meu desejo de rasgá-lo desaparece quando sinto que o maldito problema que me atingiu agora me esfaqueia como um pomo de ouro jamais poderia fazer. Volto a sentir a pontada de angústia, agora milhares de vezes mais forte. Sinto todo o ar escapar de meus pulmões, como se tivesse levado um soco no estômago. E não consigo retomá-lo. Estou me afogando, sozinho, em meus lençóis. Que fim mais degradante para alguém tão espetacular!

- Criança... Quer conversar? – Murmura meu avô emoldurado, franzindo as sobrancelhas. É evidente que o estou perturbando. A melhor resposta que consigo dar é encará-lo furiosamente. Aqui estou eu, a beira da morte, e o maldito quadro quer conversar? – Se há algo ultrajante em minha concepção, Draco, é imaginar um Malfoy em depressão.

- Como se um Malfoy precisasse da aprovação de um quadro.

Resposta correta, é óbvio. Percebo a confusão instalar-se nos olhos de tinta de meu avô, dividindo-o entre aprovar minha colocação ou irritar-se por eu desprezá-lo. Ótimo, isso deve calá-lo por algum tempo. Ou não. Vejo-o desaparecer pela moldura, e tenho a desagradável sensação de que tenho mais um problema. Hmpf. Como se eu já não os tivesse de sobra.

Oh, sim. Eu estou muito mais encrencado do que qualquer pessoa ousaria imaginar. O mundo mágico está a salvo de Voldemort. Todos estão dançando e cantando pelas ruas. O Ministério, Azkaban, Hogwarts, tudo está sendo restaurado e reformulado. Estamos praticamente entrando em uma nova era. Todos apostaram que minha família seria presa, mas não foi o que aconteceu. E finalmente não há mais a sombra de Voldemort sobre ela a ameaçando. Era para eu estar estupidamente feliz.

Mas como eu poderia estar se acabo de constatar que estou... Uh... Apaixonado pelo responsável por tudo isso?

Merlin, estou perdido.

É tão absolutamente clichê, cruel e terrivelmente verdadeiro!

Estou apaixonado pelo gryffindor idiota que estudou e morou sob o mesmo teto que eu por anos e que eu deixei escapar. Pelo imbecil de testa rachada que eu sempre provoquei, implorando por atenção. Pelo desgraçado com o qual eu sempre arranjei confusão, fazendo com que ele me odiasse. Pelo retardado que recusou – imaginem! – a amizade de um Malfoy, despertando todo o rancor e infantilidade que havia em mim aos onze anos.

As dolorosas constatações me atingem, uma a uma, como ondas, e já não há nada que as impeça. Cada uma delas me enche de desespero. Sinto um soluço estrangulado em minha garganta, e quando sinto o gosto de sal nos lábios percebo que estou chorando como uma maldita garotinha assustada. Mas tire você esse sorrisinho dos lábios, porque você faria a mesma coisa se visse o tamanho da próxima onda que vem em minha direção.

Estou apaixonado pelo garoto irritante com síndrome de herói que salvou minha vida mais de uma vez.

Aliás, estou começando a desejar que ele não tivesse o feito. Porque é demais para mim, ter que conviver com isso. Todos o amavam antes de derrotar Voldemort, e agora que o fez... Bem, não é exagero dizer que o mundo pertence a ele. Ele pode tudo, ele está em tudo, todos o amam e admiram.

E eu não consigo me imaginar vivendo em um mundo que é dele sem ele.

E não me olhem dessa forma acusadora. – E com quem diabos eu penso que estou falando? - Não estou fazendo drama. Quem em sã consciência iria querer se apaixonar por Harry Potter? Por favor. Até uma estrela é mais acessível do que ele.

Lembro que certa vez ouvi uma maldita quintanista Gryffindor suspirar em um corredor com suas amiguinhas, falando para quem quisesse ouvir que o mundo não tinha graça quando não se está apaixonado. Bem, eu não queria ouvir, mas ouvi da mesma forma, maldito seja o hábito Gryffindor de fazer estardalhaço! De qualquer forma, eu registrei aquilo, sabe-se lá Merlin por quê. Talvez por ter me parecido absurdo demais.

E o que penso a respeito agora? A mesma coisa. Absurdo, desprezível. Se eu pudesse escolher, jamais teria me apaixonado. Pelo menos, não por ele. Eu queria ver se aquela Gryffindor inconseqüente ainda acharia graça se se apaixonasse por alguém que a odiasse e que fosse mais famoso do que qualquer pop star muggle ou bruxa.

Mas parece que eu não pude escolher. Eu pude fingir que não estava acontecendo, sem dúvida, mas não é como se eu tivesse conseguido evitar que acontecesse. Eu queria, realmente queria que aqueles pensamentos... Terríveis me deixassem em paz, mas não sabia como fazê-lo. Existe uma Poção Anti-Amor? Anti-Desejo? Não que eu saiba.

- Draco, levante-se e tome um banho imediatamente. Não faço idéia do que está acontecendo, mas o que quer que seja JÁ BASTA! É inadmissível que um Malfoy fique nesse estado. Compareça ao jantar, e de forma apresentável. Teremos uma visita particularmente importante.

Ah, ótimo. Aquele velho fofoqueiro! Então ele me delatou para meu pai, que agora está mortalmente preocupado com a possibilidade de o único filho ter surtado. Quem o culparia? Fecho os olhos, a luz que vem do corredor me irrita. Desde quando a Mansão Malfoy é tão iluminada?

- Estou esperando, Draco. Levante-se.

- Quem é nossa visita? – Porque quem quer que seja certamente é a culpada por tanta luz, e eu juro que seria capaz de esganá-la. Da última vez que abri essa porta, o que não pode fazer mais do que alguns dias, a iluminação era agradavelmente suave. E desde que meus pais passaram a receber toda a sorte de... Novas pessoas importantes a fim de limpar o nome da família, basicamente toda mudança na mansão pode ser atribuída à necessidade de impressionar essas malditas visitas.

Agora, aumentar a iluminação dos corredores? Dane-se se o resto do mundo tem medo de cantos escuros. Eu não entendo porque diabos meus pais se empenham tanto nisso se já está tudo praticamente resolvido e...

- Harry Potter e seus malditos amiguinhos. Imagino que você saiba a importância disso, Draco, portanto não ouse aparecer nesse estado lastimável. Vamos. Levante-se. Agora. Meu pai comentou comigo e com sua mãe que acha que você está entrando em depressão, e Cissy está subindo pelas paredes, então trate de tranqüilizá-la. E por que diabos você estaria em depressão, Draco? Aquele velho deve estar caducando. Não há um motivo sequer para que você...

Não ouço o resto do discurso de meu pai. Ouço a porta do banheiro bater com um estrondo atrás de mim, enquanto me dirijo rapidamente ao chuveiro. Meu avô talvez esteja certo, afinal. Depressão não combina com um Malfoy. É patético demais. Decadência e derrota são para os fracos e tolos.

O que posso dizer em minha defesa? Sou um oportunista. Jamais desperdiçaria uma oportunidade como essa que entrou com a luz em meu quarto no instante em que meu pai abriu a porta.

Abro a torneira no máximo, a água me atinge com força e é como se eu despertasse de um longo pesadelo. Um pesadelo absurdo, onde um Malfoy não consegue o que quer. Há uma janela ao meu lado, e eu a abro. O vento que entra arrepia minha pele molhada, mas é estranhamente agradável, como se varresse as nuvens pesadas e escuras que me assombraram no último mês. Eu amo o vento. A chuva também, por sinal. Mas aquelas malditas nuvens fechadas e estáticas, que abafavam o ar a minha volta me sufocando? Não vou sentir falta delas.

Sinto uma nova animação correr pelas minhas veias. Pela primeira vez desde o fim da guerra, me sinto realmente vivo e não como se Potter tivesse me matado no momento em que me salvou, condenando-me a amar algo inatingível. Sim, matado. Porque para um Malfoy, almejar e não ter é uma tragédia.

Quando desligo o chuveiro, prendo uma toalha em minha cintura e miro o espelho. Vejo o sorriso presunçoso que se forma em meus lábios antes de realmente senti-lo. Duvido que haja remédio melhor para depressão do que olhar para o espelho e encarar Draco Malfoy. Sim, sem dúvida meu estado lastimável devia-se à falta de um espelho.

Não que eu seja tão fútil ou narcisista quanto minhas palavras soam. Estou só sendo realista. Basta me ver para lembrar quem sou, e perceber que minha insegurança era sem fundamento. Está certo que um Weasley me passou para trás certa vez, quando almejei a amizade de Potter. Mas nada parecido vai acontecer de novo.

Afinal, naquele caso fazia sentido. Para um Gryffindor, sem dúvida um Weasley deve ser um amigo ideal. Quero dizer, eles são ruivos. Olha que coisa meiga, combina com a casa deles. E aquelas sardas? São tão irritantemente... Amigáveis. É aconchegante, não? Suponho que seja... Pelo menos naquele estranho conceito Gryffindor. A casa cheia de gente. Uma imensa família de pobretões, como coelhinhos. Não é lindo?

Certo, talvez isso seja um pouco mais Hufflepuff do que Gryffindor, mas não é tão diferente assim, na minha concepção.

De qualquer forma, eu não seria um amigo ideal, pode apostar que não. Nem tentaria. Minha perfeição jamais me permitiria ser o amigo ideal para um Gryffindor. Paradoxal demais, improvável demais.

Acontece que eu não quero ser o melhor amiguinho de Harry Potter. Muito saudável e simples para meu gosto refinado e complexo. O que eu quero? Bem, seria no mínimo inconveniente pensar nisso agora. Tenho poucos minutos para aparecer impecável na sala de jantar, e se eu pensar em Harry debaixo de mim ou por cima de mim – Sério, tanto faz. Qualquer uma das duas coisas já me deixaria feliz. - corro o sério risco de não ficar exatamente apresentável.

O que importa é que nesse campo é impossível que um Weasley passe para trás um Malfoy. Simplesmente impossível. A maldita caçula sardenta dos pobretões ruivos que comece a agonizar como eu estava fazendo há alguns minutos, porque depois que eu por as minhas mãos no Menino que Sobreviveu, Venceu E Sabe-Se Lá Mais Deus O Que, ele nunca mais será o mesmo.

Ele será MEU.

As estrelas? Por favor, qualquer Malfoy poderia seduzi-las. Elas se ajoelham aos meus pés quando passo, implorando por mim. Harry Potter? Oh, bem... Finalmente um desafio à minha altura.



N/A:
Draco drama queen mode on! XD Pobrezinho, ele não está lá muito estável das idéias. ô.o Mas surtos temperamentais me agradam, então não deu para evitar...

Bem, o próximo capítulo está em produção. Comentários, elogios, sugestões, reclamações ou ameaças de morte? Reviews são extremamente bem aceitas e... Digamos que me empolgam consideravelmente. XD Sim, foi uma espécie de indireta. ô.o'

Kisses! ;)