Capítulo 1 – O Alerta de Honey Rider
- Estou aqui, Hermione.
- E Ron?
- Não quis vir. Está jogando xadrez com Dean. – que ele disse que apenas Hermione era doida o bastante para passar o último dia em Hogwarts na biblioteca, Harry preferiu não dizer.
- Nós vamos pesquisar sobre as eletivas para o terceiro ano.
- Eu e Ron já decidimos, vamos fazer Adivinhação e Criaturas Mágicas.
- Você tem que pesquisar e só então decidir. Eu vou olhar por aqui, você olha do outro lado.
Harry foi subitamente puxado atrás de uma prateleira por uma garota. Ela era mais alta que ele, tinha cabelos dourados presos em uma trança ao redor da cabeça e olhos azuis. O tom dos olhos dela era azul royal e o penteado lembrava uma coroa, o que era apropriado, pois ela era Daphne Greengrass, conhecida como a Rainha de Gelo de Slytherin, uma das mais bonitas, se não a mais bonita das garotas do segundo ano em Hogwarts. Após fazer alguns movimentos com a varinha, murmurando algo, ela finalmente resolveu falar com o menino.
- Alguns feitiços de privacidade, não se preocupe. Eu ouvi corretamente? Você vai não vai fazer Runas, Potter?
- E daí? Isso não é da sua conta.
- Você sabe que essas escolhas vão impossibilitá-lo de receber sua completa herança?
- Como assim?
- Os Potters são uma Família Muito Antiga e Muito Nobre. Você é o último dos Potters e para ser chefe da família, receber seu assento no Wizengamot, ter acesso às propriedades, ao dinheiro, etc..., você tem que ser capaz de realizar a magia da família. A magia da família Potter é relacionada com Wards.
- Mas... Como você sabe isso? Qual é essa mágica? Porque ninguém me falou disso antes?
- Eu sei disso porque os Greengrass também são uma Família Muito Antiga e Muito Nobre, todos nós somos ensinados nesse tipo de assunto. Eu não sei especificamente qual é a magia, pois não sou uma Potter. E não tenho a menor idéia. Granger não iria saber sobre isso, mas os Weasleys sim. E McGonagal deveria tê-lo alertado.
- Você pode me contar mais sobre isso?
- Para herdar o título de uma família, você tem que provar sua ligação mágica e de sangue com ela. Ou seja, além de ser descendente do criador da família, você tem que ser capaz de realizar alguma mágica típica deles. Por exemplo, para ser o herdeiro de Slytherin, além de ser descendente dele, a pessoa tem que ser capaz de fazer Parselmagia, magia na língua das cobras. Por isso alguns tolos pensaram que você é o herdeiro dele. O processo é muito mais complicado. Na minha família, a pessoa tem que desenvolver um tipo de escudo de Oclumência bastante agressivo.
- Interessante. O quê é Oclumência?
- É um ramo da magia que permite organizar melhor sua mente e protegê-la de ataques externos, como Legimência, que é a leitura de pensamentos, o Império, que é um feitiço que permite controlar outras pessoas, etc.
- E qual é a magia de Gryffindor?
- Se transformar em um Animagus Mágico. A de Huplepuff é conseguir acelerar o crescimento de um carvalho sem usar varinha. E a de Ravenclaw é um encantamento muito complexo que permite comunicação telepática.
- Isso é muito legal! Onde eu posso aprender mais sobre isso?
- Tentarei enviar uma cópia de alguns dos livros que temos sobre isso. Longbottom, que é de uma das Famílias Nobres e Antigas. Os goblins. Eu não incluiria Weasley. Pode me chamar de esnobe, mas eu não confio em quem come como um porco.
- Boas maneiras não significam bom caráter.
- Não. Mas o contrário é plausível.
- Ahn?!
- Boas maneiras são uma forma, ainda que superficial, de mostrar respeito pelos outros. Veja Hagrid, por exemplo. Ele não é refinado, mas é gentil e agradável com todos, mesmo que não goste muito de nós, slytherins. Já seu amigo demonstra uma total falta de respeito com seus colegas em todas as refeições.
- Isso é superficial.
- Certamente. E é melhor eu ir. Alguns dos meus colegas se tornariam mais desagradáveis que o normal se me vissem conversando com você. Como você quer que eu envie as informações que eu conseguir sem que elas fiquem perdidas no meio das cartas de fãs?
- Cartas de fãs? – Daphne apenas acenou afirmativamente com a cabeça, mas Harry não se deu por satisfeito. – Como assim, cartas de fãs?
- Praticamente todo bruxo na Grã-Bretanha escreve ou escreveu para você.
- A primeira carta que eu recebi foi a de Hogwarts.
- Isso complica tudo. Pense em algo e me mande uma carta pela sua coruja... Até mais. Não conte a ninguém que eu falei com você e não olhe nos olhos de Dumbledore e Snape.
- Isso foi estranho.
Ainda zonzo com a descoberta, Harry coletou os livros necessários e juntou-se à Hermione. Após algumas horas de estudo eles descobriram que Runas era a arte de fixar a magia de um feitiço ou encantamento em um objeto, Aritmancia lidava com a magia dos números e com equações para entender, aperfeiçoar e criar magia em todo e qualquer ramo, Divinação era a arte de adivinhar o futuro, obviamente.
Hermione decidiu fazer todas as matérias. Harry foi mais sensato e pediu para conversar com os professores de Aritmancia e Adivinhação. Professor Amadeus Vector era um bruxo com cerca de 70 anos, elegante e agradável e explicou bastante sobre suas aulas para Harry, falando sobre o conteúdo a ser estudado, as avaliações e os trabalhos que teriam que ser feitos, além de algumas anedotas sobre seus pais e avô. Ele ainda recomendou alguns livros para leitura extracurricular e passou o nome dos livros a serem usados no ano seguinte. A Professora Sibila Trelanwey predisse a morte do aluno em três diferentes horríveis maneiras. Harry resolveu conhecer também a Professora Sophia Babblings, que lecionava Runas. A conversa foi ainda mais instrutiva que a do Professor Vector, com exemplos de como as Runas eram utilizadas em objetos como vassouras voadoras, cartas explosivas, peças de xadrez, roupas, etc.
HPHPHPHP
- Como assim você não vai fazer Adivinhação comigo? É a matéria mais fácil!
- Engula a comida antes de falar, Ronald!
- Não enche, Hermione.
- Eu descobri que Runas são utilizadas para fazer um monte de coisas legais. – Harry olhou discretamente para Slytherin e viu Daphne conversando com os vizinhos de mesa sem demonstrar o mínimo de emoção. O que se passa na cabeça dela? Por que ela é assim?
- Duvido. Runas devem ser só sobre coisas aborrecidas e sem graça.
- Vassouras voadoras são aborrecidas e sem graça?
- Ahn?
- Como você acha que as vassouras voam?
- Feitiços, ora!
- Runas servem para fixar o feitiço em um objeto. Se você só fizer o feitiço, ele pode durar alguns dias, no máximo.
- Eu não notei nenhuma runa em nenhuma das vassouras que eu vi.
- É claro que não. Elas são escondidas, senão qualquer pessoa pode copiar o padrão delas e fazer sua própria vassoura.
- E na aula de Runas a professora ensina a fazer sua própria vassoura?
- Não. Isso é muito complexo e precisa de muito estudo em Runas E Aritmancia. Mas a professora ensina o significado de cada runa, como entalhá-la, como colocar seu poder nela e como combiná-las com outras runas. Depois que aprendermos isso, poderemos passar a enfeitiçar permanentemente alguns objetos.
- Parece difícil.
- E é difícil. Mas deve valer a pena.
- Adivinhação parece ser bem mais fácil.
- Você já conversou com a professora?
- Não. Por que eu faria isso?
- Eu fui conversar com os professores para saber o que cada uma das matérias opcionais ensina. E a professora de Adivinhação é... bem, eu não quero chegar perto dela, muito menos ter aulas com ela.
- Harry! Você tem que respeitar os professores...
- Ela previu minha morte em três maneiras diferentes em menos de meia hora!
- Isso não importa...
- E Aritmancia dá ainda mais trabalho que Runas. Mas é muito importante para um monte de coisas. Eu acho que nós deveríamos ter isso no primeiro ano.
- Por quê?
- Um monte das coisas que a Professora MacGonagall explicou nas aulas de Transfiguração tem a ver com Aritmancia. Poções têm muito a ver com o assunto também, com quantidades de cada coisa, de vezes e sentido que tem que mexer, um monte de coisas.
- Muito trabalho?
- Muito. Um punhado de livros para ler, um monte de exercícios para fazer como dever toda a aula, projetos para executar...
- Não vale a pena.
- Eu acho que vale. Tem um monte de coisas que eu já estou planejando fazer quando aprender o que preciso.
- O quê?
- Minha própria vassoura. Mais proteções no meu baú. O resto você vai descobrir quando eu descobrir se é possível ou não.
- Mas eu nem sei se vou fazer Runas.
- Não importa, eu vou te mostrar assim mesmo, se você estiver interessado.
- Eu vou conversar com os professores. Talvez eu faça outra coisa e não Adivinhação. Meu pai quer que eu faça Estudos Muggle.
- Hermione, não seria uma boa idéia nós combinarmos de nos encontrarmos nas férias para mostrarmos aos Weasleys um pouco do mundo muggle? Talvez irmos ao cinema ou a um parque de diversões.
- Ou a um museu.
- Combinamos os detalhes depois. Vou escrever para vocês.
HPHPHPHP
No dia seguinte os estudantes foram embora do castelo. No trem, enquanto Ron e Hermione brigavam, Harry saiu de fininho e foi procurar Neville. Ele estava em um compartimento com duas Puffs, Susan Bones e Hannah Abbot.
- Neville, posso conversar com você?
- Claro, Harry! Sente conosco.
- Ontem uma pessoa me falou sobre Famílias Antigas e Nobres e disse que tanto a minha quanto a sua são. Você sabe alguma coisa sobre isso?
- Seu guardião mágico não explicou isso para você? – Susan normalmente era tímida, mas ficou tão chocada com a idéia que se intrometeu na conversa sem pensar.
- Eu não tenho um guardião mágico. Eu moro com minha tia, que é Muggle.
- Mesmo os bruxos de primeira geração...
- Primeira geração?
- Minha tia prefere esse termo a nascido Muggle. Mesmo eles têm um guardião mágico. No caso deles seria o professor responsável pela casa onde ele foi escolhido em Hogwarts. No seu caso, deveria ser sua madrinha ou seu padrinho.
- Eu nem sei se tenho um padrinho ou madrinha.
- Toda criança nascida em uma família mágica tem. É a tradição.
- Seus pais foram meus padrinhos, junto com os pais de Susan, meu tio-avô Algie e minha prima Cecile.
- Uau! Como eu faço para saber sobre isso? – talvez se ele descobrisse seus padrinhos também pudesse morar em um lugar mais agradável que com os Dursleys.
- Provavelmente deve constar no testamento de seus pais.
- E como eu faço para descobrir se eles tinham um testamento?
- Se eles tinham? É claro que eles tinham! Era época de guerra, seu pai era um Auror... Vou pedir para minha tia verificar para você no Ministério.
- Obrigado. E aparentemente eu estou tendo um problema com minha correspondência.
- Como assim?
- Ouvi dizer que algumas pessoas escrevem para mim, mas nunca recebi nada além das cartas de Hogwarts, Ron e Hermione.
- Provavelmente uma ward de redirecionamento de correspondência. – disse Susan.
- Que tal nós nos encontrarmos no Florian no próximo final de semana?
- Excelente idéia, Hannah!
- E eu vou aproveitar e experimentar o Knight Bus. Se minha mãe deixar, é claro.
- Knight Bus?
- É um ônibus mágico. Basta você acenar com sua varinha na rua e ele aparece.
- Só tem que tomar cuidado para que nenhuma pessoa não mágica veja você.
- Outra das expressões da sua tia?
- Exatamente. Sábado, às 15 horas é um bom horário?
Todos concordaram e iriam esperar ansiosamente pelo sábado. No caminho de volta para seu compartimento, Harry foi subitamente puxado para um dos banheiros.
- Potter, você libertou um elfo doméstico dos Malfoys? – apesar da situação Daphne Greengrass estava perfeitamente calma, sem um fio de cabelo fora do lugar, com o tom de voz contido e frio.
- Ahn... Eu libertei. – e retomando a coragem, continuou. – Não me importo se isso é contra as regras da alta sociedade...
- Não creio que tenhamos alguma regra contra isso, mas não é uma boa idéia sair por ai libertando elfos domésticos. Esse caso é uma exceção, pois Malfoy é um imbecil, mas isso não é importante.
- E o que é importante?
- O elfo doméstico está trabalhando para você.
- Não, não está.
- Como assim não está?
- Como assim, como assim?
- Os elfos domésticos têm que estar trabalhando para um bruxo, se não enlouquecem, ficam doentes e morrem. Como você libertou esse elfo doméstico, ele provavelmente iria se ligar a você. A não ser que Malfoy o tenha aceitado de volta.
- Não, não aconteceu nada disso.
- Chame-o aqui.
- Dobby.
- Grande Harry Potter sir, chamou Dobby!
- Ahn, Dobby, essa é Miss Greengrass e ela quer conversar com você.
- Olá Dobby. Por que vocês não se ligaram?
- Dobby é um mau elfo, o Grande Harry Potter não quis.
- É verdade que se você não tiver um patrão você vai ficar doente e morrer?
- Verdade, mas não é problema. Melhor que patrão ruim. Dobby mau elfo, Dobby tem que se punir...
- Não, Dobby. Eu quero ser seu patrão. Como fazemos isso?
- Basta você dizer que aceita Dobby como seu elfo doméstico, tocando na cabeça dele e ele dizer que aceita ser seu elfo, tocando no seu pé. – após a rápida cerimônia, Dobby parecia que iria explodir de felicidade.
- Agora Dobby, nós temos um serviço muito sério e muito importante para você.
- Dobby faz qualquer coisa para ajudar o grande Mestre Harry Potter e sua amiga Missis Greenie bonita.
- Ninguém informou Mr. Potter que ele é de uma antiga e nobre família e ele quase estava perdendo sua herança por isso. E alguém também está impedindo que ele receba cartas...
- Não é Dobby! Dobby não faz mais isso!
- Mais? Bem, essa é uma história para outra ocasião. Eu quero ajudar Mr. Potter, mas temos que manter isso em segredo. Você irá saber onde me encontrar?
- Sim, Missis Greenie.
- Ótimo. Você irá me encontrar em meu quarto hoje à meia-noite e irá levar alguns livros para seu mestre. Ninguém pode saber, ninguém pode ver você. E nós não usaremos nossos verdadeiros nomes para nos comunicarmos.
- Que nomes usaremos?
- Eu serei Honey Rider.
- Honey Rider?
- Ninguém iria pensar que sou eu com essa referência muggle. – essa foi a primeira vez que Harry a viu demonstrar alguma emoção, pois ela corou e parou um pouco antes de responder.
- E eu serei James Bond?
- Escolha seu nome à vontade. Mas se você ficar muito chato eu o chamarei de George Lanzeby.
- Eu conversei com Neville, Susan Bones e Hannah Abbot e eles irão me ajudar. Alguma sugestão para os codinomes deles?
- Se mantivermos o tema Neville pode ser René Mathis, Susan pode ser Gala Brand e Hannah pode ser Mary Midnight. Espere pelo menos cinco minutos para sair daqui. Até mais.
- Dobby, eu tenho algumas ordens. Você está proibido de punir-se.
- Sim, senhor, grande Mestre Harry Potter sir.
- E você tem que me chamar só de Mestre Harry. – ele preferia não usar a palavra Mestre, mas graças ao vínculo com o elfo, ele sabia que isso não seria possível.
- Mas Dobby pode falar para os outros que ele serve...
- Por enquanto é melhor não. Afinal, você vai ter missões secretas muito importantes e para isso é necessário sigilo absoluto.
- Mestre Harry pode contar com Dobby. Dobby vai ser o elfo mais sigilado do mundo.
- Que bom. Agora pensei em outra coisa, se você aparecer em casa o Ministério vai pensar de novo que eu estou fazendo magia...
- Não é problema, Dobby pode esconder magia do Nimistro. E a magia de Mestre Harry também.
- Isso seria incrível, Dobby.
Quando Harry voltou ao compartimento, Ron e Hermione estavam perguntando semi-histericamente onde ele estava. E ele respondeu a verdade: "Eu estava no banheiro". E nada mais. Após um pouco de conversa normal, Ron e Hermione começaram a brigar novamente e Harry se distraiu tentando entender Daphne.
- HARRY!
- Ahn? O que foi?
- Eu estava tentando avisar você que já estamos chegando. No que você estava pensando que o deixou tão distraído?
- Em James Bond.
- Ele é algum amigo muggle seu?
- James Bond é um personagem de livros e filmes, muito conhecido no mundo muggle. Imaginei que você soubesse, por causa de seu pai. – explicou Hermione. – Mas por que você estava pensando nele?
- Ahn... Por causa do carro voador. James Bond tem um carro submarino.
Hermione aceitou a resposta, mas Ron quis saber mais sobre carros submarinos e ainda estava falando no assunto quando desembarcaram. Harry propôs uma ida ao cinema e eles combinaram de combinar quando os Grangers voltassem de viagem, para tristeza de Arthur Weasley, que estava entusiasmado com a idéia de passear pelo mundo muggle e estava fascinado com a idéia de ir ao cinema.
HPHPHPHP
Notas
1 – Eu baguncei a cronologia, mas eu precisava que Hermione e Harry discutissem sobre as matérias antes do final do segundo ano e em um local em que Daphne pudesse ouvir.
2 – Nessa história a cultura do mundo mágico será bem diferente da cultura do mundo não mágico e boa parte dessa diferença será motivada e fundamentada.
3 – Os elfos domésticos são seres com grande poder mágico, mas esse poder os deixa mentalmente instáveis, a não ser que eles estejam ligados a um bruxo. Isso acontece por que eles foram criados como um último presente dos alto-elfos antes deles separarem seu reino dos humanos. No caso de Dobby, a ligação dele com Lucius Malfoy era imperfeita, pois eles tinham moral e ética opostas. Isso deixou o elfo meio, mas não completamente, maluco. Com o tempo e a ligação com Harry, ele irá mudar muito.
4 – Estou imaginando os personagens como pessoas bonitas. Para ter uma idéia como o meu Harry se parece, pense em Adrian Greenier. Para Daphne, Greta Garbo ou Grace Kelly. Neville, Orlando Bloom. Susan como Gene Tierney quando ela usava cabelo ruivo. Hannah como Drew Barrymore quando resolve ser bonita. Ron e Hermione podem continuar a ser feinhos.
